Diretrizes específicas da área XI - Pesquisa orientada à prática
Caracterização dos artigos orientados à prática: tecnológicos e em relato técnico
No exterior, em língua inglesa, os artigos orientados à prática são tratados como Practice-oriented research, conforme Ryan, Scapens & Theobald (2002, pp. 90-91), segundo os quais esse tipo de artigo é publicado tanto em revistas acadêmicas (academic journals) quanto em revistas profissionais (professional journals). Um exemplo de aplicação da abordagem orientada à prática, practice-oriented approach, é o estudo de Walkiewicz, Lay-Kumar & Herzig (2021).
No Brasil tem se desenvolvido uma tendência de tratar os artigos orientados à prática como “artigos tecnológicos e relatos técnicos” os quais podem decorrer de ações práticas nas organizações, sejam elas governamentais, privadas ou do terceiro setor, tais como: i) estudos intervencionistas; ii) relatos técnicos de implantação de políticas contábeis, de sistemas e de outras práticas; iii) desenvolvimento de tecnologias ou artefatos, por exemplo, com o uso da abordagem da Design Science Research Methodology (DSRM). (Peffers, Tuunanen, Rothenberger & Chatterjee, 2007). A DSRM é uma abordagem apropriada quando a solução da questão de pesquisa é o desenvolvimento de um artefato; e, iv) outras formas de aplicação, empreendidas por praticantes “practioners” e/ou por pesquisadores, por exemplo, de programas de mestrado ou doutorado profissionais que possam ser replicados ou adaptados por outras organizações ou outros praticantes.
Os artigos tecnológicos e os relatos técnicos são caracterizados por estudos que visem à solução de problemas ou melhorias e inovações de processos empresariais, ou seja, é uma “[...] produção com ênfase profissional [...] deve ter abordagem predominante na solução de problemas e, por isso, sua audiência é formada por, além de professores e pesquisadores, praticantes [...]” (Motta, 2017, p. 1).
Mesmo com ênfase profissional, “Espera-se que as alternativas sejam fundamentadas em bases teóricas e que a análise seja descrita de forma objetiva, indicando as etapas e os passos percorridos para chegar à construção da proposta.” (ANPAD, 2017, p. 7). Ou seja, os artigos devem ser escritos e fundamentados em bases teóricas apropriadas e com análise e descrição objetiva e sistemática, que indiquem as etapas e os passos para chegar na solução com vistas à avaliação da consistência e a replicação ou adaptação por outros profissionais ou organizações.
Os relatos técnicos foram tratados no estudo de Aquino, Cortese e Shibao (2019). Pela sua ênfase profissional os artigos técnicos podem surgir, por exemplo, de consultorias, de auditorias, de perícias, de assessorias, dentre outras. Nas diretrizes da área, enquanto o artigo tecnológico é o estudo com a resolução de problemas da prática profissional nas organizações que proponha ou desenvolva uma tecnologia ou artefato, o artigo em relato técnico é o estudo com a resolução de problemas da prática profissional nas organizações, mas que não chega a propor uma tecnologia ou artefato.
Apresentação e estrutura do artigo
Apresentação e escrita do artigo de acordo com as Normas de Formatação de Trabalhos do USP International Conference e, dada as características práticas dos artigos tecnológicos e dos relatos técnicos, escrever o artigo na estrutura a seguir:
Título (em português e inglês)
Resumo
Abstract
1. Introdução com a caracterização da situação-problema, o objetivo e a justificativa com a relevância da solução do problema para prática.
2. Fundamentação e caracterização da tecnologia (conceito, processo, sistema, politica contábil); ou do relato técnico (com a caracterização da intervenção proposta para resolver o problema apresentado).
3. Desenvolvimento da tecnologia (quando se tratar de artigo tecnológico, que deverá utilizar a DSRM) ou Método e técnica (quando se tratar de relato técnico) em ambos os casos, a descrição sistemática da solução com os protocolos, materiais, desenvolvimento da tecnologia e mecanismos ou processos adotados, ou seja, a caracterização de como o problema foi solucionado, com vistas à sua replicabilidade ou adaptação por outras organizações ou outros profissionais.
4. Apresentação e discusão dos resultados que foram obtidos com a solução, descrita de forma objetiva e especifica da tecnologia ou relato técnico, com destaque para eventuais fatores que podem ter afetado os resultados e que não foram avaliados ou estavam fora do escopo da solução.
5. Conclusão ressaltando como o objetivo foi alcançado e o impacto da ação e do conhecimento gerado na prática.
Referências
Nos formulários de avaliação dos artigos estão descritas observações para adaptar os itens quando se tratar de artigos orientados à prática: tecnológico e em relatos técnicos.
Os artigos, tecnológico e em relatos técnicos aprovados no Congresso, também, serão apreciados no fast-track+ da Revista Fipecafi de Contabilidade, Controladoria e Finanças (RFCC) para avaliação própria do periódico e publicação dos que forem aprovados, conforme as regras do “Fast-track+: USP International Conference on Accounting.”
Referências
ANPAD – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. (2017). Diretrizes para publicação na Revista de Administração Contemporânea. Capturado de: http://www.anpad.org.br/periodicos/Diretrizes-para-Publicacao_2017.pdf. Acesso em 11/09/2019
Aquino, S.; Cortese, T. T. P.; Shibao, F. Y. (2019). Produção técnica de mestrados profissionais em administração: análise da divulgação de relatos técnicos entre os anos de 2013 a 2017. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, São Paulo, v.8, n.1,p.188-204, jan./abr. Capturado de: https://periodicos.uninove.br/geas/article/view/11238/6689
Motta, G. da S. (2017). Como escrever um bom artigo tecnológico? Revista Contemporânea de Administração. RAC, Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, setembro/outubro, 2017. Recuperado de: http://www.scielo.br/pdf/rac/v21n5/1415-6555-rac-21-05-00004.pdf. Acesso em: 30 set. 2019.
Peffers, K., Tuunanen, T., Rothenberger, M. A. & Chatterjee, S. (2007). A Design Science Research Methodology for Information Systems Research. Journal of Management Information Systems, 24, 45-77.
Ryan, B., Scapens, R. W. & Theobald, M. (2002). Research method & Methodology in finance & accounting. 2nd edition. Cengage Learning: London.
Walkiewicz, J, Lay-Kumar, J. & Herzig, C. (2021). The integration of sustainability and externalities into the “corporate DNA”: a practice-oriented approach. Corporate Governance, v. 21, n. 3, 2021, pp. 479-496, © Emerald Publishing Limited, ISSN 1472-0701.