Resumo: Propsito do Trabalho: A produo de energia eltrica, no Brasil, insumo bsico para alavancar crescimento e desenvolvimento, obtida pela gerao em grandes hidreltricas. A oferta desse insumo to sustentvel quanto forem racionais seu uso e alocao de investimentos. O Brasil reestruturou sua indstria de energia eltrica a partir da ltima dcada do sculo XX, deixando de ser meramente estatal, permitindo a participao do capital privado. Dada a importncia desse insumo para o crescimento da economia, investiga-se como o ROA (Return on Assets) se relaciona com a MC (Margem de Contribuio), PRLV (Produtividade da Receita de Lquida de Vendas) e RCT (Retorno do Capital de Terceiros) no nvel de produo em que a firma eficiente. A amostra composta por demonstraes financeiras de 11 firmas listadas na BM&FBOVESPA de 2003 a 2013. Para obter resposta investigao tem-se por objetivo identificar e associar nveis de ROA com scores da fronteira de eficincia estocstica, utilizando metodologias no-paramtrica e paramtrica ancoradas nas abordagens DEA (Data Envelopment Analysis) e regresso linear. Os resultados mostram que a firma eficiente combina MC com menor nvel de RCT e nveis variados de PRLV na obteno do maior nvel de ROA. Finalmente conclui-se que os resultados so consistentes e relevantes porque satisfazem os requisitos das metodologias utilizadas, mostram significativas diferenas de desempenho/eficincia entre as firmas de energia eltrica, diferenciam-se de pesquisas antecedentes por mostrarem evidncias de que firma eficiente/ineficiente resulta da combinao de variveis de retorno com variveis de desempenho, e trazem como contribuio subsdios que permitem explorar possvel conexo entre o ROA e interrupes no fornecimento de energia eltrica no Brasil.
Base da plataforma terica: 2 Discusso terica
Nesta seo discutem-se algumas das principais contribuies de pesquisas anteriores sobre o desempenho de firmas utilizando o modelo no-paramtrico DEA (Data Envelopment Analysis) e outras metodologias paramtricas como regresso linear. De forma geral esse modelo utilizado para mensurar eficincia/ineficincia na produo de bens tangveis e intangveis.
2.1 Eficincia na viso da fronteira estocstica
Nesta seo discutem-se algumas das principais contribuies de pesquisas anteriores sobre o desempenho de firmas utilizando o modelo no-paramtrico DEA (Data Envelopment Analysis) e outras metodologias paramtricas como regresso linear. De forma geral esse modelo utilizado para mensurar eficincia/ineficincia na produo de bens tangveis e intangveis. Nesta pesquisa o produto informao, que intangvel, extrada das demonstraes financeiras padronizadas para tomada de deciso de firmas brasileiras do negcio de energia eltrica.
A abordagem de estimao pelo DEA utiliza os modelos CCR originalmente atribudo a Charnes et al. (1978) e BCC cujo crdito atribudo a Banker et al. (1984). Por trabalhar com retornos constantes de escala, o modelo CCR cria uma superfcie linear no-paramtrica, por partes, envolvendo os dados de forma que as entradas ou insumos (inputs) produzem variao proporcional nas sadas ou produo (outputs). J o modelo BCC, por trabalhar com retornos variveis de escala, substitui o axioma da proporcionalidade entre insumos e produtos pelo axioma da convexidade, como mostram Mello, Meza, Gomes e Neto (2005).
No contexto do produto intangvel, Halkos e Salamouris (2004) estudaram o sistema financeiro da Grcia, na perspectiva de mensurar a eficincia/ineficincia dos bancos, utilizando a tcnica DEA. Declaram que encontraram evidncias de que quanto maior o ativo total do banco maior sua eficincia.
Com o propsito de medir a eficincia e desempenho dos bancos europeus, Beccalli, Casu e Girardone (2006), com base em dados produzidos pela contabilidade a nvel de preos, utilizaram a tcnica DEA e SFA (Stochastic Frontier Analysis) para investigar se mudanas no preo das aes poderiam ser explicadas por mudanas na eficincia operacional. Corroborando Berger e Humphrey (1992), declaram que medidas de eficincia operacional so os melhores indicadores para avaliar o desempenho dos bancos.
Farrell (1957), estudando a mensurao de eficincia produtiva de firmas do agronegcio nos Estados Unidos, considerando inicialmente a fabricao de nico produto sob condies de retorno constante de escala, descreve e prope um mtodo de mensurao de eficincia, que utiliza a funo de produo, preos e medidas orientadas para insumos, com auxilio do diagrama isoquant, que usa para explicar o modelo de avaliao.
2.2 Eficincia como timo desempenho de outras variveis
Estudos de eficincia, como medida de timo desempenho de firma, tem como marco os estudos de Knight (1921), cujas contribuies subsidiaram os estudos de Kaldor (1934) com a discusso sobre o equilbrio da firma, e, mais tarde, com os estudos de Coase (1937) sobre a natureza da firma.
Mais recentemente a sinalizao de eficincia vem sendo estudada no mbito do desempenho das firmas por meio do grau de alavancagem operacional (GAO), como discutem Obrien e Vanderheiden (1987); Huo e Kwansa (1994), Li e Li (2004); Hodgin e Kiymaz (2005); Jorgensen et al (2009) e Frana e Lustosa (2011). Esses estudos elegem a alavancagem operacional como uma medida de elasticidade do lucro capaz de ser capturada pelo mercado
Mtodo de investigao: 3 Metodologia e amostra
A metodologia utilizada positivista, com uso de modelos no-paramtrico e paramtrico. O modelo no-paramtrico utiliza a abordagem DEA (Data Envelopment Analysis) e o modelo paramtrico faz uso de abordagens analticas, e regresso linear multivariada, rodada com dados em painel com efeitos aleatrios. A abordagem DEA investiga a eficincia/ineficincia, por firma e na mdia, na gerao de desempenho em relao fronteira de eficincia estocstica, tendo como insumo as variveis explicativas (input) e como resultado (output) a varivel dependente ROA (Return on Assets). A abordagem dos efeitos aleatrios utilizada para testar a significncia estatstica agregada de cada insumo na gerao do desempenho, no conjunto das firmas, na extenso da amostra. Essas abordagens foram rodados sobre um conjunto de dados de valores mdios e individuais contemplando as variveis de interesse da pesquisa, utilizando os aplicativos DEA-Solver e gretl.
As variveis de interesse da pesquisa foram derivadas das variveis contbeis e so (a) retorno do ativo (ROA); (b) produtividade da receita lquida de vendas (PRLV); (c) retorno do capital de terceiros (RCT); e (d) margem de contribuio (MC). Os resultados dos testes rodados com o modelo DEA so individuais por firma e mdia de agregados. No modelo DEA, firma denominada DMU (Decision Maker Unit) da qual se espera desempenho e eficincia. Os resultados obtidos com o modelo de regresso linear multivariada se reportam ao conjunto das observaes, em termos mdios, por varivel na extenso da amostra.
O detalhamento segue em 3.1 para a precificao das variveis contbeis modelando a receita lquida de vendas (RLV), custo dos produtos vendidos (CPV), lucro lquido (LL) e lucro antes dos juros e tributos diretos (EBIT); em 3.2 para precificao das variveis de interesse da pesquisa como ROA, PRLV, MC e RCT; em 3.3 para modelagem no-paramtrica (DEA) e em 3.4 para modelagem paramtrica (regresso linear multivariada).
Esses modelos analiticamente definidos sero aplicados aos dados da amostra para obteno dos resultados que permitem responder o problema de pesquisa.
Resultados, concluses e suas implicaes: 4 Anlise dos resultados
Os resultados dos testes no-paramtricos so rodados com as variveis em nvel, para se obter o efeito eficincia do uso dos insumos, e os do teste paramtrico so rodados com as variaes de um perodo para todas as variveis, ou primeira diferena, para que seja mitigado o efeito simultaneidade dos saldos contbeis.
O teste paramtrico sinaliza que as variveis testadas apresentam sinais de acordo com o esperado considerando a relao direta da MC e PRLV com o ROA, e relao indireta do ROA com RCT, em que um aumento na PRLV e na MC implica aumento no ROA e de forma contrria, um aumento no RCT impacta reduo no ROA. Com estes resultados os testes de hipteses sinalizam que o ROA depende fortemente da MC e a no significncia da PRLV pode ser explicada pelo fato de que a MC depende da receita lquida de vendas, confirmando as sinalizaes da anlise da descrio da amostra em que maior ROA est associado maior MC e ao menor RCT.
Os resultados obtidos com o uso da abordagem DEA, fronteira de eficincia estocstica, sugerem que a firma tem desempenho eficiente, em mdia, quando h associao da MC com o maior nvel de ROA e menor RCT como mostram os dados da Tabela 7, confirmado pelo resultado do teste paramtrico apresentado na Tabela 8. Mas esses resultados diferem dos achados de Halkos e Salamouris (2004) que encontraram evidncias de que a eficincia dos bancos gregos est associada com o maior valor de ativo.
5 Concluses
A metodologia positivista utilizou modelos no-paramtrico, DEA, e paramtrico, regresso linear multivariada, para investigar a eficincia/ineficincia das firmas de negcio de energia eltrica no Brasil, na viso do ROA. O mtodo DEA foi utilizado na viso orientada a produo (output) e nas modalidades retorno constante de escala (CCR) e retorno varivel de escala (BCC).
Os achados da pesquisa, sustentados pelas anlises dos resultados dos modelos no-paramtrico e paramtrico, revelam que:
(a) o ROA das mdias amostrais varia de 9,198% e 26,959% como mostra a Tabela 2, e por DMU/ano varia de 0,55% a 42,75%, como mostra a Tabela 3, com mdia 20,353% inferior mdia do RCT da ordem de 21,524%. Esses resultados sinalizam significativas diferenas no desempenho/eficincia de cada firma. Ainda em termos mdios como mostra a Tabela 2, o maior desempenho do ROA de 26,959% est associado maior MC de 0,57010 e ao menor RCT de 0,10018. Assim de forma contrria aos achados de Halkos e Salamouris (2004) a eficincia estocstica no estar associada ao tamanho da fima, mas sim ao maior desempenho;
(b) como j se poderia esperar o ROA positivamente relacionado com a MC e com a PRLV, mas o RCT negativamente relacionado com ROA, MC e PRLV, como mostram os coeficientes da matriz de correlao (Tabela 4);
(c) somente as firmas, DMU7 e DMU9, das 11 da amostra, exibem eficincia em todo perodo de 2003 a 2013, com retorno varivel de escala, sendo as mais eficientes entre todas. Entre as firmas menos ineficientes com retorno constante de escala a que mais pontuou sobre a curva da fronteira de eficincia foi a DMU11 com 10 dos 11 perdos;
(d) os resultados da regresso linear multivariada mostram-se estatisticamente significativos em relao varivel MC com 90% e 95% de confiana em que para cada variao de 1% na MC o ROA aumenta em 26,86%, porm no foi encontrada significncia estatstia em relao s variveis PRLV e RCT. Contudo, os sinais dos estimadores esto de acordo com esperado, considerando a relao direta da MC e PRLV com o ROA e indireta do ROA com o RCT;
(e) a sinalizao dos resultados da regresso linear, significncia da varivel MC na explicao do ROA, confirma os resultados obtidos com o DEA de associao da MC com o maior ROA e menor RCT para obteno de eficincia da produo tima;
(f) por fim, os resultados mostram-se consistentes e relevantes pelas evidncias de significativas diferenas de desempenho/eficincia entre as firmas de energia eltrica, e revelam possvel associao dos ROAs ineficientes com as interrupes no fornecimento de energia eltrica (apages), ainda que na mdia o retorno dos ativos seja atrativo.
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HIROTA, H. H. (2006). O mercado de concesso de transmisso de energia eltrica no Brasil. Dissertao (Mestrado em Economia Aplicada) - Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2006. Disponvel em: . Acesso em: 21 ago 2015.
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