Resumo: Propsito do Trabalho: A sustentabilidade segundo Brown et al (2006) baseada em uma perspectiva mais abrangente, onde tem-se uma viso conjunta de desenvolvimento ambiental, social e econmico. Macedo (2009) sustenta que, devido complexidade do tema sustentabilidade, ocorrem diferentes opinies sobre a influncia que uma postura mais voltada a sustentabilidade traz para a empresa, relevante que estudos tragam elucidaes a questes ligadas a responsabilidade das companhias frente ao meio ambiente. Esse fato evidenciaria que essa conduta pode ser defendida em diversos aspectos como algo positivo para a gerao de riqueza para o ambiente, a sociedade, os proprietrios e gestores. Assim, faz-se necessrio um estudo que possibilite adentrar ao meio onde as empresas que buscam uma poltica de prticas sustentveis podem auferir vantagem econmica. Dessa forma, a pesquisa apresenta relevncia em virtude de sua proposta de trazer um panorama comparativo entre as empresas listadas em ndices de sustentabilidade do Brasil e do Mxico, sendo estes os dois maiores pases em poder econmico da Amrica Latina. Dito isto, tem-se o seguinte problema de pesquisa: qual a influncia de polticas de sustentabilidade mais sofisticadas, evidenciadas pela presena em ndices de sustentabilidade, na lucratividade das empresas no Mxico e Brasil?
Base da plataforma terica: O desenvolvimento ambientalmente sustentvel vem na vanguarda das tendncias acerca da gerao de riqueza. A sustentabilidade no uma carga nos processos produtivos das empresas, podendo proporcionar uma reduo de custos e aumento de receitas (NIDUMOLU, PRAHALAD, & RANGASWAMI, 2009). Segundo Porter e Van der Linde (1995), as empresas que possuem uma poltica de investimento para condio de ecoamigvel reduzem seus gastos no longo prazo. Segundo Vellani e Ribeiro (2009) uma empresa concomitantemente com sua atividade de proporcionar valor aos acionistas, pode trazer contribuies atravs da educao, cultura, lazer e justia social a comunidade, sem prejudicar a diversidade e a vida dos ecossistemas. Os autores trazem ainda que ecoeficincia se traduz em uma integrao do desempenho econmico e ecolgico, com a capacidade da empresa de consumir recursos naturais conforme a capacidade de sustentao dos ecossistemas. A sustentabilidade busca proporcionar uma evoluo na viso sobre a misso das companhias. Almeida (2002) traz que a sustentabilidade deve ser entendida como um conjunto agregado de ecoeficincia mais responsabilidade social, exigindo uma postura preventiva, com o intuito de identificar tudo que um empreendimento pode ocasionar, maximizando os lados positivos e minimizando os aspectos negativos. A sustentabilidade um conjunto de princpios que se complementam para formao de uma viso estratgica. Ao aceitar o direito de controlar os recursos econmicos da sociedade, a gesto organizacional aceita a incumbncia de ser responsabilizada pela sua utilizao dos ativos da empresa. Nesse contexto, a responsabilidade corporativa representa o eixo motivacional responsvel pelo comportamento de cada pessoa que compe a gesto. Em todo o mundo, as empresas de capital aberto controlam e transformam os recursos naturais e sociais em bens e servios econmicos. Os ndices so tentativas de se quantificar a qualidade de determinado grupo, buscando respostas sobre o comportamento dos objetos de anlise. Segundo Agostinho et al (2007) ndice definido como um instrumento que possibilita um melhor entendimento de determinado universo para tomada de deciso, considerando-o a melhor ferramenta, frente de indicadores para esta viso que possibilita enxergar situaes e tomar decises. Segundo May et al (2003) a criao de ndices de sustentabilidade se d em virtude de propiciar as empresas um prmio queles que buscam o desenvolvimento sustentvel com eficincia e responsabilidade social. Essa postura voltada ao desenvolvimento scio ambiental apreciada, pois traz uma segurana no consumo de produtos de empresas que consideram os impactos causados.
Mtodo de investigao: A amostra do estudo foi composta pelas empresas com aes listadas nas bolsas de valores do Brasil e do Mxico, as quais participaram ou no dos ndices de sustentabilidade dos respectivos pases e que tiveram dados disponveis para o perodo analisado. Foi composta por 221 empresas brasileiras e 110 empresas mexicanas, totalizando uma amostra de 331 empresas. O perodo considerado no estudo foram os anos de 2013 e 2014. As informaes foram obtidas na base de dados Thomson Reuters Eikon, bem como atravs dos stios eletrnicos das da BM&FBOVESPA e da Bolsa Mexicana de Valores (BMV). Para inferir sobre a relao entre o nvel de sustentabilidade e o desempenho, foram utilizados modelos de regresso mltipla. O ISE o ndice de Sustentabilidade Empresarial, sendo BR para as empresas Brasileiras e MX para empresas mexicanas; Tam representa o porte da empresa evidenciada pelo logaritmo dos ativos totais ao final do perodo, assim como em Andrade, Salazar, Calegrio e Silva, (2009) e Chou, Chung e Yin (2013). Endiv o grau de endividamento das empresas investigadas representado pela relao entre os passivos exigveis e os ativos totais ao final do perodo, do mesmo modo que vrios estudos que utilizaram este indicador para medir a influncia do nvel de endividamento na lucratividade (MAK, KUSNADI, 2005; COLES, DANIEL, NAVEEN, 2008; CHOU, CHUNG, YIN, 2013). e_it mensura a aleatoriedade das variveis. As proxies de lucratividade empresarial normalmente utilizadas, assim como neste trabalho, so o Retorno sobre os Ativos Totais (Return on Assets ROA) e o Retorno sobre o Patrimnio Lquido (Return on Equity ROE). A utilizao destas proxies de lucratividade tem por objetivo inferir sobre o reflexo das caractersticas de cada varivel explicativa no desempenho empresarial. Alm do ROA e ROE, ser utilizado tambm o valor destas variveis ajustado mediana do setor para cada empresa, para inferir de que maneira cada varivel independente afeta a lucratividade ajustada ao mercado.
Resultados, concluses e suas implicaes: As estatsticas descritivas revelam disperso nos dados dos desvios padres nas proxies relacionadas a lucratividade, o que pode ser verificado indicando a presena de heterocedasticidade na amostra. J quanto as variveis de controle, ativo e endividamento, foi apresentada pouca disperso nos dados, no ativo em funo da utilizao do log natural do nmero, e para o endividamento devido a sua obteno se d atravs de uma razo. O ISE das empresas mexicanas para o ano de 2013 corroborou correlao significante ao nvel de 10% com o ROE e ROE ajustado ao setor, mostrando semelhana quanto aos resultados encontrados nas empresas brasileiras. Porm, quando analisado o ISE geral de 2013, estar no ISE, de forma geral, traz benefcios quanto a gesto dos ativos, pois a correlao positiva com o ROA evidencia essa relao. Quanto ao endividamento (Endiv 2013), as correlaes com os ndices de Sustentabilidade apresentaram relao positiva, o que pode indicar aumento de contas a pagar, ou investimento em ativos no perodo. O tamanho da empresa tambm teve correlao com o ROA e ROA setor, todavia, de forma negativa. Mediante os resultados encontrados na tabela de correlao de Pearson de 2013, a correlao de 2014 seguiu semelhante, entretanto, o ISE contribuiu para a lucratividade medida tanto pelo ROA, ROA ajustado ao setor, ROE e ROE ajustado ao setor de forma unicamente positiva. Estar nos ndices de sustentabilidade influenciou tanto os retornos sobre o ativo quanto os retornos sobre o patrimnio lquido, para a anlise dos ISEs dos pases em separado, por outro lado, quando ao ISE geral, a ligao entre as variveis s foi percebida com o ROA e ROA ajustado ao setor. Tamanho e endividamento tambm mostraram correlao significativa, com a presena nos ISEs e com os resultados sobre ativos e lucros. Os resultados das regresses utilizadas para verificar a relao entre a participao de empresas em ndices de sustentabilidade e sua lucratividade. As relaes entre as variveis dependentes ROA e ROA_S para o ano de 2013, e as variveis independentes, foram encontradas relaes significantes para as variveis endividamento tanto no ROA quanto no ROA_S ao nvel de 1% e de 5% para a varivel ISE Mx no ROA_S que mostra as empresas presentes no ndice de sustentabilidade da bolsa mexicana, quanto ao ROA E ROA_S 2013, o R traz um poder explicativo de 14,02% para o modelo, sendo que os dados foram analisados de forma robusta devido a presena de heterocedasticidade (teste de White), onde foi verificada tambm a presena de multicolinearidade, apresentando um resultado satisfatrio, mostrando que no h dados multicolineares. Os resultados das variveis regredidas pelos modelos para o ROE e ROE_S. Diferente dos resultados apresentados anteriormente, quando a varivel dependente o retorno sobre o lucro, as significncias das variveis no se confirmam, exceto no caso da varivel Tam, quando a relao elucidada pelo modelo que utiliza o ISE de forma genrica para as empresas, onde a significncia foi confirmada ao nvel de 1%. Neste caso no se confirmaram outras relaes significativas entre as variveis. Como consequncia, o modelo como um todo apresentou R de 2,11% e 2,05%, para os dois modelos, respectivamente. No houve presena de multicolinearidade, por outro lado, nessa anlise tambm foi confirmada a presena de heterocedasticidade. Aps os esforos despendidos na anlise dos dados, foi encontrada relaes significantes entre o ROA e ROA_S dos anos 2013 e 2014 com as variveis Endiv (para ambas proxies de lucratividade nos dois anos) e ISE Mx para a varivel ROA_S nos dois anos, evidenciando que a presena no ndice de sustentabilidade da bolsa mexicana pode ser um determinante para sua lucratividade, o mesmo no foi verificado para a bolsa brasileira. Para as empresas mexicanas, estar no ndice de sustentabilidade empresarial pode indicar maior lucratividade que as demais empresas do pas que no participam deste ndice. Por outro lado, no Brasil essa relao no pde ser confirmada, haja vista que as variveis no mostraram significncia.
Referncias bibliogrficas: Brown, D., Marshall, R. S., & Dillard, J. F. (2006). Triple bottom line: a business metaphor for a social construct. Documents de Treball (Universitat Autnoma de Barcelona. Departament d'Economia de l'Empresa), (2), 2.
Elkington, J. (2004). Enter the triple bottom line. The triple bottom line: Does it all add up, 11(12), 1-16.
Vellani, C. L., & de Souza Ribeiro, M. (2010). Sustentabilidade e contabilidade. Revista Contempornea de Contabilidade, 6(11), 187-206.
May, P. H., Lustosa, M. C., & Vinha, V. (2003). Economia do meio ambiente. Rio de Janeiro: Campus.
Nidumolu, R., Prahalad, C. K., & Rangaswami, M. R. (2009). Why sustainability is now the key driver of innovation. Harvard business review, 87(9), 56-64
Yermack, D. (1996). Higher market valuation of companies with a small board of directors. Journal of financial economics, 40(2), 185-211.
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