Anais do 16º International Conference in Accounting - 16º  2016
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 264, Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Código: 264

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: O Uso de Proxies de Controle Gerencial em Micro e Pequenas Empresas Gerenciadas por Mulheres

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O segmento das micro e pequenas empresas contribui de forma representativa no desenvolvimento econmico e social do pas, como exemplo, na gerao de emprego e renda (Souza & Mazzali, 2008). Estas, por sua vez, compreendem grande parte das organizaes existentes e, sobretudo, diferenciam-se dos empreendimentos de maior porte por assumir o papel do fundador tambm como dirigente nas operaes e precursor de ideias. Desse modo, fica a cargo desse indivduo o papel de superar os desafios impostos pelo mercado em busca da sobrevivncia (Leone, 1999). Entende-se que a tomada de deciso no uma tarefa fcil, sendo comumente necessrio instrumentos que auxiliem nesse processo. No entanto, dissemelhante ao complexo uso de controles gerenciais teoricamente disseminados, acredita-se que as prticas de gesto empregadas nas MPEs seguem uma estrutura simples e centralizada, formada por controles gerenciais adaptados aos modelos sofisticados teoricamente difundidos (Stroeher & Freitas, 2008). Aliado a esse cenrio, ao longo dos tempos percebe-se que funo do empreendedor seminalmente exercida por homens tem sido tambm explorada pelo sexo feminino, fomentando uma significativa participao das mulheres na economia. Estudos apontam algumas diferenas bsicas no processo de tomada de deciso entre os gneros, como na forma de traar estratgias, liderar, relacionar-se com empregados, fornecedores e clientes (Verheul, Risseeuw & Bartelse, 2002). Sob esse cenrio, o presente estudo busca verificar se diante do perfil diferente em relao ao gnero, possvel que o sexo do empreendedor-gestor diferencie de alguma forma o uso das proxies de controle gerencial utilizadas em MPEs.

Base da plataforma terica:
Os conceitos seminais sobre empreendedorismo descrevem o empreendedor como agente de transformao que emprega recursos de forma diferenciada (Schumpeter, 1934). Sob essa perspectiva, diversas foram as pesquisas que investigaram caractersticas empreendedoras de homens e mulheres. No Brasil, a participao dos empreendedores j soma significativa parcela das atividades econmicas, sendo o gnero feminino responsvel por 45% do total (GEM, 2014). No entanto, o ato de empreender no envolve somente empregar valores, mas tambm gerir seu negcio. Nas micro e pequenas empresas o empreendedor assume o papel de dirigente no processo de gesto, o que inclui o envolvimento de caractersticas pessoais, aspiraes e motivaes (Leone, 1999). Alm disso, sabe-se que a distino de gnero caracteriza diferentes aspiraes, formas de liderar, relacionar-se com pessoas no ambiente empresarial e traar estratgias (Carter, 2001; Verheul, Risseeuw & Bartelse, 2002; Greco et al., 2006). Pesquisam relatam que as mulheres estimulam-se a partir de uma postura mais conservadora, aplicando recursos prprios no investimento, enquanto os homens acreditam que a ideia de assumir riscos necessria para atingir uma posio mais elevada na sociedade, aumentar o prestgio e o status (Shane, Kolvereid & Westhead, 1991). Ademais, embora o sexo masculino comporta-se mais propenso a arriscar-se, percebe-se que o mesmo lida com os fatos metodicamente, com decises fundamentadas. As mulheres, em contrapartida, parecem processar informaes de forma mais instintiva (Ndemo & Maina, 2007). Isto posto, entende-se que o uso de instrumentos que auxiliem na tomada de decises est intimamente relacionado ao processo de gerenciar. A literatura prega que os controles internos so eficientes mecanismos no planejamento das operaes e para o controle de aes consistentes aos objetivos organizacionais (Merchant & Van Der Stede, 2007). No entanto, estudos destacam que o controle gerencial em organizaes de menor porte realizado de forma centralizada, com estrutura flexvel e simplificada, atendendo de forma acessvel s necessidades empresariais (Leone, 1999; Stroeher & Freitas, 2008). Entende-se que esses artefatos funcionam como proxies de controle gerencial, ou seja, instrumentos informais/alternativos queles disseminados na teoria. No entanto, prope-se que de alguma forma os mesmos contribuem na avaliao do desempenho organizacional e na validao da gesto (Frezatti, Carter & Barrozo, 2014). Sob esse cenrio, acredita-se as diferentes formas de exercer o empreendedorismo entre os gneros (como no ato de explorar decises de curto ou longo prazo, agir com instinto racional ou motivacional) podem aglutinar perfis particulares quanto ao emprego de controles no processo de gesto.

Mtodo de investigao:
A fim de atingir o escopo definido, a pesquisa adotou um carter epistemologicamente positivista, sendo operacionalizada por meio de um survey com 196 MPEs (39% de retorno) sediadas na regio noroeste do Paran. A populao da pesquisa compreende 500 MPEs localizadas em Paranava/PR e sua microrregio (outras onze cidades da regio noroeste do Paran), sendo a amostra estabelecida por convenincia a partir de 100 questionrios enviados eletronicamente e 400 por meio impresso. As empresas participantes so cadastradas no Programa Bom Negcio Paran (um programa da Secretaria de Tecnologia e Ensino Superior do Paran - SETI). O instrumento de pesquisa estruturou-se a partir 30 questes segmentadas em quatro blocos (alm da varivel gnero). Cada um deles incorporou os controles gerenciais mais recorrentes na literatura adaptando-os s proxies de (1) planejamento, (2) controles financeiros e de contabilidade, (3) aspectos mercadolgicos e (4) gesto de pessoas (Carter e Van Auker, 2006; Lacombe, 2006; Mehralizadeh e Sajady, 2006; Abbade, Zanini e Souza, 2012; Raifur, 2013). O questionrio foi preliminarmente formatado em escala de cinco pontos relativa ao nvel de discordncia e concordncia com as operaes, e posteriormente adaptado em vertentes de uso (escalas 4 e 5), desuso (escalas 1 e 2) e indiferena (escala 3) quanto as prticas gerenciais. A Anlise de Correspondncia Mltipla (ACM) foi empregada a fim de apurar a existncia de aglomeraes entre as variveis categricas elencadas e o gnero do empreendedor da MPEs. O pacote estatstico utilizado para tal procedimento foi o Statistical Software Package for Social Science (SPSS), sendo observados os indicadores de inrcia e mapa perceptual.

Resultados, concluses e suas implicaes:
O emprego da ACM no objeto estudado permitiu apurar algumas relaes existentes entre as variveis por meio da tcnica de reduo e agrupamento de dados. Quanto ao emprego dos artefatos de planejamento, observou-se que posicionamentos distintos so verificados em relao ao gnero do empreendedor, sendo o sexo feminino menos propenso a aplicar mecanismos relativos a esta proxy. Os achados dispem que as mulheres tendem a no estabelecer como guia em seus empreendimentos os elementos de misso e viso, so avessas a idealizar planos de ao e estratgico. Alm disso, percebe-se um distanciamento das empreendedoras quando o assunto contribuir na soluo de problemas vistas a garantir o cumprimento das metas organizacionais. Ratificando estudos como de Ndemo e Maina (2007), que defendem que homens concentram suas decises com base em fatos, os resultados no mapa perceptual apontaram o sexo masculino mais associado ao emprego dessas prticas na sua gesto, exceto quanto a participao direta na resoluo de problemas. A proxy de elementos financeiros e contbeis, por sua vez, no apurou posicionamentos particulares quanto ao uso [ou desuso] de controles gerenciais em empresas conduzidas por mulheres. No entanto, 90% das variveis de mensurao dessa proxy mostram-se relacionadas ao emprego nas operaes por empreendedores (homens). Verificou-se que onze das doze variveis da rea financeira e de contabilidade apresentaram fortemente agrupadas no vertente de uso, sendo ento entendidas com maior tendncia ao empregado no processo de gesto do sexo masculino. O terceiro bloco apurou aes relacionadas a prticas mercadolgicas na organizao. Os resultados encontrados convergem aos achados de Ahmad (2014) que defende que empresas de menor porte esto mais dispostas a empregar em suas operaes instrumentos vinculados a rea de marketing. Desse modo, o gnero feminino mostrou-se associado um comportamento indiferente em duas principais prticas gerenciais, (1) na participao de atividades ou projetos com outras empresas do ramo a fim de trocar experincias e (2) na divulgao de seus produtos/servios/imagem em meios de comunicao a fim de aumentar suas vendas. Na mesma tendncia que as prticas anteriormente apuradas, o sexo masculino comportou-se positivamente propenso a utilizar essas ferramentas de controles gerenciais. O plano grfico agrupou sete das oito variveis elencadas na proxy, sendo duas delas fortemente associadas a esse gnero, (1) o uso de mecanismo que auxiliem na deteco de riscos que o mercado dispe e (2) o fornecimento aos colaboradores de uma poltica de atendimento aos clientes. Por fim, o comportamento relativo ao gerenciamento de pessoas apresentou caractersticas particulares quanto a gnero. O primeiro perfil de empreendedores sexo masculino mostram-se motivados a estabelecer em suas atividades polticas de recompensa por desempenho de funcionrios. Essa caracterstica comporta-se um pouco diferente entre as mulheres, uma vez que tendem a no aplicar em seu processo de gesto esta prtica. Compreende-se que as mulheres optam por manter relaes flexveis e interativas, talvez baseadas na confiana ou ainda na contribuio pessoal de cada indivduo, conforme discutido por Machado (2002). Ademais, por meio das preliminares anlises descritivas, observou-se que o emprego de controles gerenciais ainda incipiente nessas organizaes, elemento que pode ser propagado no ambiente como forma de estmulo social. Assume-se que esta discusso o incio de investigaes acerca no somente do perfil de liderana e estratgico entre mulheres e homens, como tambm anlise das implicaes que o uso de diferentes instrumentos podem causar na performance empresarial.

Referncias bibliogrficas:
Ahmad, K. (2014). The Adoption of Management Accounting Practices in Malaysian Small and Medium-Sized Enterprises. Asian Social Science, 10(2), 236-249. Chenhall, R.H., Morris, D. (1986). The Impact of Structure, Environment, and Interdependence on the Perceived Usefulness of Management Accounting Systems. The Accounting Review, 61, 16-35. Frezatti, F., Carter, D.B., Barroso, M.F.G. (2014). Accounting without accounting: Informational proxies and the construction of organisational discourses. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(3), 426-464. Schumpeter, J. (1934). The Theory of Economic Development, Cambridge, MA: Harvard University Press. Stroeher, A. M., Freitas, H. O uso das informaes contbeis na tomada de deciso em pequenas empresas. Revista de Administrao eletrnica, 1(1), 2008.

 

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