RESUMO DO TRABALHO

Código: 299

Área Temática: Área VI: Educação

Título: A Educa��o Financeira dos Estudantes do Ensino M�dio de Rede P�blica segundo aspectos Individuais, Demogr�ficos e de Socializa��o

Resumo:
Prop�sito do Trabalho:
A preocupa��o com a educa��o financeira vem crescendo, abrindo espa�o, cada vez maior, para estudos sobre o tema. N�o existe unanimidade de que h� alta aceita��o e ou penetra��o da educa��o financeira em todas as classes e camadas da sociedade, por�m, � indiscut�vel que o assunto n�o pode ser negligenciado (Sav�ia, Saito & Santana, 2007). Costa e Miranda (2013) que investigaram se a educa��o financeira influencia a taxa de poupan�a escolhida pelos indiv�duos. Os resultados indicam que, enquanto o n�vel de escolaridade (medido em termos de anos de estudo) n�o influencia na taxa de poupan�a, o n�vel de educa��o financeira exerce influ�ncia direta na decis�o de poupar. Por outro lado, Lusardi (2009) encontrou evid�ncias de que mulheres, negros, hisp�nicos e pessoas com menor n�vel educacional apresentam resultados piores, que os homens brancos e escolarizados, em testes de educa��o financeira. Denegri, Palavecinos, Ripoll e Y��ez (1999) a socializa��o inicia-se na Educa��o Infantil e deve continuar ao longo da adolesc�ncia. Durante a adolesc�ncia, ocorre uma forte socializa��o econ�mica quanto � valores, atitudes, informa��es e habilidades que podem levar a condutas corretas. Diante do exposto, o objetivo do estudo � verificar o n�vel da educa��o financeira dos estudantes do ensino m�dio de rede p�blica, segundo aspectos individuais, demogr�ficos e de socializa��o. A relev�ncia do estudo sobre educa��o financeira com alunos de n�vel m�dio se d�, pois, apesar de sua import�ncia social, essa tem�tica tem sido pouco discutida pela popula��o brasileira, assim como, tem recebido pouca aten��o nos meios educacionais e, em adi��o, h� uma necessidade de ampliar o desenvolvimento do conhecimento refletido pela baixa produ��o acad�mica e cient�fica (Vieira, Bataglia & Sereia, 2011)

Base da plataforma te�rica:
Um termo concernente ao processo de educa��o financeira � a socializa��o econ�mica, a qual trata do estudo de como as crian�as e jovens constroem os conceitos econ�micos, em quais est�gios do desenvolvimento ocorrem essas constru��es, como manuseiam o dinheiro e como a intera��o social com os pais, a escola, o meio e as vari�veis s�cio demogr�ficas afetam tal processo (Bessa et al., 2014). A falta da socializa��o econ�mica e de conhecimentos mais robustos de educa��o financeiro pode causar problemas pessoais e familiares. Para Lyons (2004), indiv�duos inexperientes ou com conhecimentos financeiros limitados e com atitudes e comportamentos irrespons�veis podem n�o entender conceitos financeiros b�sicos como, por exemplo, o efeito cumulativo da taxa de juros sobre a d�vida no cart�o de cr�dito, aumentando o risco de m� gest�o dos recursos e de problemas financeiros. A OECD (2013) considera que a educa��o financeira pode beneficiar a todas as pessoas, independentemente do n�vel de renda. Para os jovens que est�o iniciando no mercado de trabalho, ela pode ser uma ferramenta b�sica de planejamento e poupan�a de modo que suas despesas e d�vidas fiquem controladas. Al�m disso, pode ajudar �s fam�lias a terem disciplina de poupar, dando a oportunidade de ter melhores condi��es para financiar a educa��o dos filhos, terem um plano de sa�de, e uma vida mais confort�vel. Braunstein e Welch (2002) e Perry (2008) enfatizam que, muitas vezes, as pessoas n�o possuem conhecimento financeiro adequado para decidir sobre suas finan�as pessoais. O objetivo da educa��o financeira � tornar as pessoas mais conscientes das oportunidades financeiras, escolhas e poss�veis consequ�ncias (CLANCY; GRINSTEIN; SCHREINER, 2001). Fox, Bartholomae e Lee (2005) comentam que os americanos tamb�m possuem defici�ncia na educa��o financeira familiar, a qual pode notar-se pelas taxas alarmantes de fal�ncia, elevados n�veis de endividamento do consumidor, baixas taxas de poupan�a e outros resultados negativos que podem ser o resultado da m� gest�o financeira das fam�lias e os baixos n�veis de educa��o financeira. Em particular, indiv�duos financeiramente educados tendem a cometer menos erros e a se expor mais a investimentos din�micos e mais lucrativos (Campbell, 2006). Entretanto, estudos realizados nos Estados Unidos mostram que mesmo pessoas com n�vel universit�rio apresentam baixos n�veis de conhecimento financeiro (Lusardi, 2007). Com essa perspectiva, o desafio comum das institui��es de ensino que oferecem educa��o financeira, de acordo com Fox, Bartholomae e Lee (2005) � mostrar que seus programas fazem a diferen�a na percep��o do aluno. A educa��o financeira exercida nos locais de trabalho demonstra mais consist�ncia tendo taxas de poupan�a melhoradas (TODD, 2002; BERNHEIM; GARRETT, 2003). Em rela��o ao Brasil, Sav�ia et al. (2007) discorrem que as pol�ticas p�blicas e diretrizes do MEC n�o incluem a educa��o financeira como requisito necess�rio para o desenvolvimento da popula��o na sua vida adulta, visualizando a base multidisciplinar adquirida durante a vida escolar seja suficiente para que todos tenham conhecimento e habilidade para administrar seus rendimentos. Sob a �ptica das pesquisas j� citadas, o trabalho prop�e verificar dentro do n�vel de educa��o financeira da amostra se este favorece uma vis�o de poupan�a. Tamb�m permite auferir se os respondentes, ainda numa fase intermediaria de estudos, possuem interesse em assuntos financeiros, sendo capazes de colaborar com decis�es financeiras.

M�todo de investiga��o:
A presente pesquisa � caracterizada quanto aos objetivos, como de cunho descritivo, quanto aos procedimentos, como de levantamento e a abordagem do problema de natureza quantitativa. O acesso para aplica��o da pesquisa, foi obtido junto � Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional de Blumenau (SDR/GERED-Blumenau). A amostra foi delineada conforme o n�mero de respondentes, totalizando em 1.937 alunos. O instrumento de pesquisa foi constru�do buscando absorver informa��es acerca do n�vel de educa��o financeira de alunos do ensino m�dio. Na constru��o, primeiramente foram estabelecidas 6 (seis) quest�es de aspectos individuais, demogr�ficos e de socializa��o dos estudantes (QAP1 a QAP6). Foram estabelecidas 8 (oito) quest�es relativas � educa��o financeira, que buscaram absorver informa��es sobre: a forma de administrar os recursos financeiros (QEF1), a responsabilidade em apresentar relat�rios financeiros (QEF2), o di�logo na hora de decidir sobre a compra de um produto (QEF3), a frequ�ncia em que h� conversas sobre dinheiro com os pais (QEF4), os assuntos financeiros questionados na fam�lia (QEF5), a forma com que tem adquirido conhecimento financeiro (QEF6), o perfil financeiro (QEF7), e a decis�o sobre o que fazer com o dinheiro (QEF8). A aplica��o dos question�rios foi feita in loco durante o segundo semestre de 2015. A limita��o da pesquisa relaciona-se a abrang�ncia parcial da popula��o, isto �, (41,23%) que respondeu, apensar da aplica��o in loco. A explica��o para o fato, � que algumas turmas estavam em provas, trabalhos e ou recuperando conte�dos importantes, e assim, n�o foi poss�vel a aplica��o da pesquisa. O question�rio foi transcrito no google docs, e posteriormente, utilizou-se o excel e software SPSS. Na an�lise dos dados adotou-se a frequ�ncia, e em seguida, foram aplicados os testes de kruskall-wallis e qui-quadrado. O teste de Kruskall-Wallis foi aplicado com os aspectos individuais, demogr�ficos e de socializa��o de ordem ordinal (QAP1, QAP2, QAP3, QAP4), sobre as quest�es de educa��o financeira de ordem nominal (QEF1, QEF2, QEF3, QEF4, QEF5, QEF6, QEF7, QEF8). Por outro lado, o teste qui-quadrado foi aplicado com os aspectos individuais, demogr�ficos e de socializa��o de ordem nominal (QAP5 e QAP6), sobre a educa��o financeira de ordem nominal (QEF1, QEF2, QEF3, QEF4, QEF5, QEF6, QEF7, QEF8).

Resultados, conclus�es e suas implica��es:
As evid�ncias preliminares sobre aspectos individuais, demogr�ficos e de socializa��o, indicam que a renda m�dia mensal familiar predominante para o grupo pesquisado � de R$ 788,00 a R$ 2.364,00. A maioria dos alunos n�o tem remunera��o, e outra parcela significativa recebe ajuda financeira por parte da fam�lia. Al�m disso, a maioria dos respondentes cursa a segunda s�ria do ensino m�dio, e possuem idade inferior ou igual � 16 anos. Por fim, a maioria dos respondentes vive em um grupo familiar composto por quatro pessoas, e h� uma distribui��o equivalente de respondentes do g�nero masculino e feminino. Em rela��o ao n�vel de educa��o financeira dos alunos sobre os aspectos individuais, demogr�ficos e de socializa��o, fazem emergir que h� um amadurecimento dos alunos para o planejamento financeiro com o avan�o no tempo de ensino m�dio. Os estudantes de fam�lias com maiores rendas apresentam maior n�vel de educa��o financeira, visto que guardam seus recursos e gastam conforme planejado. Al�m disso, sugere-se uma menor contribui��o de grupos familiares maiores, justo dos quais poderia se esperar uma maior colabora��o afinal. Por fim, os achados indicam que os alunos do g�nero masculino possuem maior predomin�ncia para n�o explicar sobre o uso de seus recursos financeiros, menor di�logo na hora de decidir sobre a compra de um produto para o uso da fam�lia, menor frequ�ncia de di�logo familiar sobre assuntos financeiros, menor propens�o para abordar sobre estudos, carreira e uso consciente do dinheiro, e perfil de conservador/poupador. Em rela��o � educa��o financeira, conclui-se que parte de alunos do ensino m�dio costuma guardar recursos para gastar somente conforme necess�rio, mas, parcela significativa de jovens guarda dinheiro somente quando sobra, e poucos possuem investimentos. O resultado indica que n�o h� uma educa��o financeira efetiva entre os jovens estudantes do ensino m�dio. Um fator importante observado � que parte significativa dos jovens n�o s�o obrigados a explicar aos pais em que est�o gastando seus recursos financeiros. Al�m disso, apesar de jovens n�o explicarem sobre seus gastos, e n�o terem um efetivo conhecimento sobre educa��o financeira, ainda assim, tem suas opini�es consideradas pelos pais na hora de decidir sobre a compra de um produto para o uso da fam�lia. Os achados oferecem ind�cios para inferir que n�o h� uma educa��o financeira efetiva entre os jovens estudantes do ensino m�dio, o que transparece em achados como: parte dos jovens n�o s�o obrigados a explicar aos pais em que est�o gastando seus recursos financeiros; os alunos t�m adquirido, em boa parte, conhecimentos financeiros com pais e parentes, e na pr�tica do dia-a-dia, por�m h� pouco di�logo, no ambiente familiar, sobre assuntos financeiros. O conhecimento financeiro advindo da escola � baixo, sendo necess�rio uma melhoria na qualidade deste conhecimento, nesta fase ou futuramente, inclusive na gradua��o. Por fim, os futuros adultos podem causar problemas sociais pela incapacidade de administrar seus pr�prios recursos e os gastos de suas fam�lias. Conclui-se que a escola repassa poucos ensinamentos sobre educa��o financeira, remetendo que deve haver maior envolvimento no processo de forma��o financeira dos indiv�duos, principalmente crian�as e adolescentes. Caso n�o ocorra uma melhoria neste processo, os futuros adultos podem causar problemas sociais pela incapacidade de administrar seus pr�prios recursos e os gastos de suas fam�lias.

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