Anais do 16º International Conference in Accounting - 16º  2016
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 2, Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Código: 2

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Confianca e Sistemas de Controle Gerencial: um estudo sobre as relacoes meta-sinteticas

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A contabilidade gerencial tem sido associada a institucionalizacao de confianca dentro de uma organizacao (Johansson & Baldvinsdottir, 2003; Bardy, 2006; Langevin & Mendoza, 2013). Para Tomkins (2001), a confianca e a adocao de uma crenca por uma das partes em um relacionamento no qual a outra parte nao vai agir contra os seus interesses, onde essa crenca e realizada sem duvida ou suspeita indevida e na ausencia de informacoes detalhadas sobre as acoes da outra parte. O constructo da confianca na relacao avaliador-avaliado vem sendo trabalhado na Contabilidade, buscando sua relacao com o Sistema de Controle Gerencial (SCG) no alcance dos objetivos organizacionais nas empresas (Ross, 1994; Johansson & Baldvinsdottir, 2003; Smith, 2005; Busco, Riccaboni & Scapens, 2006; Lavarda, Feliu & Palanca, 2009; Bruno, 2013). Entretanto, ainda nao ha consenso sobre um modelo que busque unir estas tres variaveis. Portanto, este estudo questiona de que maneira os estudos anteriores vem relacionando a confianca com o Sistema de Controle Gerencial para o alcance dos objetivos organizacionais? Para tanto, objetiva-se aplicar a metodologia da meta-sintese de Hoon (2014) para examinar como a confianca vem sendo relacionada com o Sistema do Controle Gerencial, a partir de estudos de caso qualitativos publicados anteriormente, bem como a relacao desse constructo com o alcance dos objetivos organizacionais.

Base da plataforma terica:
Conforme Tomkins (2001), confiar em alguem permite agir como se a incerteza que se enfrenta e reduzida, apesar de nao haver reducao real de tal incerteza. A confianca e, portanto, onipresente: e um alicerce fundamental da vida social. Se alguem quiser entender como funciona qualquer relacionamento, e preciso, portanto, abordar os limites de confianca dentro desse relacionamento (Tomkins, 2001). Quanto aos tipos, Reina e Reina (2007) discutem que a confianca na sua forma transacional, ou seja, reciproca e incremental, pode ser de competencia, contratual ou de comunicacao. A confianca na competencia relaciona-se a capacidade, ou seja, ao conhecimento das habilidades e competencias das pessoas, permitindo que tomem decisoes envolvendo outros e buscando os inputs, o que ajuda a aprender competencias (Reina & Reina, 2007). O tipo contratual e a confianca na pessoa, cujas caracteristicas sao: gerenciar expectativas; estabelecer fronteiras; delegar apropriadamente; encorajar mutuamente a servir as intencoes; manter acordos; e ser consistente. Ja a confianca na comunicacao refere-se ao disclosure, ou seja, ao compartilhamento de informacoes, impulsionada quando os individuos falam a verdade, admitem erros, fornecem e recebem feedback e mantem a confidencialidade (Reina & Reina, 2007). Estudos anteriores sobre confianca e Sistemas de Controle Gerencial dividem-se em tres frentes principais. A primeira delas sao os estudos teoricos sobre a confianca na contabilidade, em especial sua relacao com os Sistemas de Controle Gerencial, como os estudos de Mayer, Davis e Schoorman (1995), Tomkins (2001), Smith (2005), Busco et al. (2006), Baldvinsdottir et al.(2011) e Sabatier (2014). A segunda frente engloba os estudos empiricos que analisam a confianca na relacao entre lideres e liderados. Dentre estes, destaca-se o estudo de Johansson e Baldvinsdottir (2003), que verificaram que a avaliacao de desempenho e dependente de confianca, como tambem sao a producao e reproducao de rotinas de avaliacao, considerando todas as partes envolvidas, ou seja, o avaliador, o avaliado e o contador. Ja a terceira frente e composta pelos estudos empiricos que tratam da confianca nas relacoes interorganizacionais, a exemplo do estudo de Cuganesan (2007), que investigou o funcionamento do controle de confianca formal na dinamica das relacoes de colaboracao, verificando os controles formais (controles contabeis e contratos) e a confianca.

Mtodo de investigao:
A metodologia selecionada para o presente estudo e a meta-sintese exposta por Hoon (2014), que objetiva a construcao de uma teoria a partir de estudos de caso qualitativos primarios, definido conforme determinados criterios e passos (Hoon, 2014). Conforme Hoon (2014), o primeiro passo corresponde ao enquadramento da questao de pesquisa, com objetivo de adequar a metodologia da meta-sintese no contexto desejado. A questao de pesquisa especifica deve facilitar a operacionalizacao das variaveis, alem da separacao dos estudos primarios. O segundo passo compreende a localizacao de uma pesquisa relevante, no qual sao identificados os artigos que farao parte da meta-sintese. Para a localizacao dos estudos alinhados com os objetivos da pesquisa, e necessario um extenso levantamento bibliografico, visando excluir informacoes irrelevantes. O terceiro passo e a especificacao dos criterios de exclusao, a fim de determinar quais estudos incluem metodos, fundamentos teoricos, foco e qualidade alinhados a pesquisa. Este passo garante a validade e confiabilidade do estudo (Hoon, 2014). Apos essa etapa, inicia-se a analise dos artigos selecionados para a meta-sintese. O quarto passo e a extracao e codificacao dos dados, ou seja, exige uma leitura cuidadosa integral de todos os artigos selecionados, codificando as caracteristicas do estudo, bem como fornecendo insights primarios, de acordo com a questao de pesquisa em tela. Ja o quinto passo e composto por uma analise especifica de cada caso, identificando a sequencia de variaveis que foram encontradas em cada estudo de caso e que se mostraram mais relevantes para o desenvolvimento dos objetivos da pesquisa. O passo seguinte e a sintese dos estudos selecionados em um nivel cruzado, isto e, a reuniao dos artigos selecionados com a elaboracao de uma rede meta-causal. Nesta etapa, as sequencias de variaveis obtidas na analise especifica de cada caso, resultante do quinto passo, sao acumuladas para derivar em um padrao entre tais variaveis (Hoon, 2014). Os dois ultimos passos envolvem, respectivamente, a construcao de uma teoria a partir da meta-sintese e a discussao. No primeiro destes, ocorre a identificacao dos conceitos que explicam a interdependencia entre as variaveis representadas. O segundo e uma reflexao final do processo, espaco no qual sao discutidos os resultados da meta-sintese e potenciais limitacoes.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Na elaboracao dos passos da meta-sintese, depreendeu-se quatro redes causais nos estudos selecionados: instituicoes, Sistema de Controle Gerencial, confianca e objetivo organizacional. As instituicoes representam o contexto de realizacao dos estudos de caso, especialmente sua caracterizacao como uma sucessao de habitos, regras, rotinas e procedimentos. As abordagens sobre o Sistema de Controle Gerencial incluem a avaliacao de desempenho e o orcamento. Com relacao a confianca foram discutidas, sobretudo, as vertentes contratual, comunicativa e de competencia desta variavel. Quanto aos objetivos organizacionais, os estudos analisam aspectos como mudanca no sistema vigente, foco no desempenho e reducao do risco do negocio. Ao final da analise, o item de feedback se apresentou nos estudos como a etapa apos o alcance dos objetivos, na qual a gestao interioriza a confianca nas relacoes pessoais, passando a ser parte importante no alcance das metas e objetivos. Importante destacar, tambem, a bidirecionalidade na relacao entre a confianca e os Sistemas de Controle Gerencial. Conforme Cuganesan (2007), isto se deve ao uso continuo de controles baseados nas saidas e no comportamento, que pode ser visto como justificativa insuficiente para os custos de faze-lo, resultando em diminuicao do uso do controle gerencial e sua possivel descontinuidade ao longo do tempo. Contrariamente, caso as expectativas iniciais dos niveis de confianca sejam diluidas, entao uma maior dependencia nos controles pode ocorrer, devido sua aparente objetividade em representar niveis de desempenho como mera percepcao do comportamento dos participantes. A neutralidade ou independencia dos controles e sua natureza quantificavel o tornam um dispositivo consistente na gestao das pessoas. Se os mecanismos baseados no processo (como pode ser o controle gerencial) reforcam ou recalibram a confianca, o SCG pode se tornar menos dependente das interacoes pessoais futuras. Caso contrario, se os mecanismos diminuirem os niveis de confianca, o SCG se torna mais dependente das futuras relacoes entre as pessoas (Cuganesan, 2007). As evidencias dos estudos de caso qualitativos analisados desdobraram-se na seguinte expressao: a confianca entre as partes relaciona-se com o Sistema de Controle Gerencial, a fim de cooperar para o alcance dos objetivos organizacionais pre-determinados. Como contribuicao teorica, este estudo propoe um modelo teorico para analisar conjuntamente o Sistema de Controle Gerencial e as vertentes da confianca, relacionando com os objetivos organizacionais. Este modelo podera servir de base para estudos futuros, visando sua aplicacao e validacao em diversos ambientes institucionais. Como contribuicao pratica, inova ao proporcionar uma discussao no ambito interno das organizacoes, destacando o papel da confianca como relevante no alcance da eficacia dos componentes do Sistema de Controle Gerencial e dos objetivos organizacionais. Uma sugestao de estudo futuro e a validacao deste modelo teorico nas organizacoes, enriquecendo o debate sobre a relacao entre a confianca e os Sistemas de Controle Gerencial. Sugere-se, tambem, a analise da percepcao da confianca em todos os niveis da organizacao, possibilitando, assim, verificar outros aspectos do Sistema de Controle Gerencial, como as politicas e procedimentos e os demais controles administrativos.

Referncias bibliogrficas:
Baldvinsdottir, G., Hagberg, A., Johansson, I., Jonll, K, & Marton, J. (2011). Accounting research and trust: a literature review. Qualitative Research in Accounting & Management, 8(4), 382-424. Busco, C.; Riccaboni, A.; & Scapens, R. W. (2006). Trust for accounting and accounting for trust. Management Accounting Research, 17(1), 11-41. Cuganesan, S. (2007). Accounting, contracts and trust in supply relationships. Journal of Accounting & Organizational Change, 3(2), 104 125. Hoon, C. (2014). Meta-synthesis of qualitative case studies: an approach to the building. Organizational Research Methods, 16(4), 522-556. Johansson, I. L.; & Baldvinsdottir, G. (2003). Accounting for trust: some empirical evidence. Management Accounting Research, 14(3), 219-234. Reina, D. L.; & Reina, M. L. (2007). Building Susteinable Trust. Od Practitioner, 39(1), 36-41. Rousseau, D. M.; Sitkin, S. B.; Burt, R. S.; & Camerer, C. (1998). Not so different after all: a cross-discipline view of trust. Academy of Management Review, 23(3), 393-404. Tomkins, C. (2001). Interdependencies, trust and information in relationships, alliances and networks. Accounting, Organizations and Society, 26(2), 161-191.

 

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