Anais do 16º International Conference in Accounting - 16º  2016
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 143, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 143

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Avaliao da Capacidade Preditiva do Lucro Lquido, do Fluxo de Caixa Operacional e dos Accruals Antes e Aps a Convergncia s Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Haja vista o quadro de divergncia no mbito acadmico sobre a capacidade preditiva de variveis contbeis em relao a fluxos de caixa futuros, este estudo teve como objetivo avaliar a capacidade do FCO, do LL e dos ACC correntes em predizer FCOs de perodos subsequentes antes e aps a convergncia s normas internacionais de contabilidade no Brasil. Inspirando-se em Barth, Cram & Nelson (2001), emergem as seguintes hipteses de pesquisa: a) Hiptese 1: O FCO corrente possui maior capacidade do que o LL corrente de predizer o FCO do perodo subsequente. b) Hiptese 2: Os ACC correntes agregados incrementam a capacidade do FCO corrente em predizer o FCO do perodo subsequente. c) Hiptese 3: Os ACC correntes desagregados incrementam, em relao aos ACC agregados, a capacidade do FCO corrente em predizer o FCO do perodo subsequente. d) Hiptese 4: H ganho informacional das variveis FCO, LL e ACC geradas aps a convergncia s normas internacionais de contabilidade no Brasil em relao ao perodo anterior convergncia. Nesta pesquisa, optou-se por usar dados anteriores a 2008 e posteriores a 2009, como perodos alusivos, respectivamente, no utilizao e utilizao completa das normas internacionais de contabilidade no Brasil. Haja vista que CVM (2005) estabeleceu que as empresas nacionais de capital aberto publicassem suas DFCs, utilizaram-se os anos de 2005 a 2007 como perodo anterior convergncia. Os dados coletados aps a convergncia s normas internacionais de contabilidade se referiram aos anos de 2010 a 2014. Em funo da adoo obrigatria apenas parcial das normas internacionais de contabilidade, os anos de 2008 e 2009 no foram considerados nesta pesquisa.

Base da plataforma terica:
Segundo Biddle, Seow & Siegel (1995), no mbito das pesquisas contbeis, dois distintos tipos de estudos so frequentemente realizados: avaliao do contedo informacional adicional e avaliao do contedo relativo das informaes financeiras. O primeiro tipo de estudo averigua se uma medida contbil agrega contedo informacional suplementar quele oferecido por outra medida. A avaliao de contedo relativo ocorre, por sua vez, quando se quer verificar o contedo informacional relativo de duas ou mais medidas. Diante disso, quando usurios das demonstraes contbeis se deparam com diferenas normativas, de cenrio econmico ou diferentes possibilidades de medidas, torna-se interessante estudar o contedo informacional em termos incrementais e relativos. Assim, muitas pesquisas, conforme os dizeres de Biddle, Seow & Siegel (1995), avaliaram o contedo incremental de variveis contbeis, na adio de contedo informacional (tais como ACC agregados e desagregados) alm daquele disponibilizado por outra varivel (tais como LL e FCO), e o contedo relativo, isto , se uma determinada varivel apresenta maior contedo informacional do que outra (FCO em relao ao LL, por exemplo). A paradigmtica pesquisa de Barth, Cram & Nelson (2001) investigou o papel dos ACC agregados e desagregados em prever FCOs baseando-se em uma amostra de 10.164 observaes, excluindo as empresas financeiras, entre 1987 e 1996. Nesse estudo, os autores utilizaram quatro modelos economtricos, destacados na prxima seo, para avaliar a capacidade preditiva de FCOs futuros: (i) considerando somente o FCO do perodo corrente para estimar o FCO do perodo subsequente; (ii) considerando apenas o LL do perodo corrente para estimar o FCO do perodo subsequente; (iii) considerando o FCO e os ACC agregados do perodo corrente para estimar o FCO do perodo subsequente; e (iv) considerando o FCO e os ACC desagregados do perodo corrente para estimar o FCO do perodo subsequente. Os achados dos autores indicaram que houve melhora significativa na capacidade preditiva de FCOs futuros com a desagregao de ACC. Barth, Cram & Nelson (2001) destacaram que a desagregao dos ACC explicita o papel singular dos ACC em estimar fluxos de caixa futuros. Salientam que a habilidade preditiva dos ACC deriva de investimentos em ativos operacionais pela administrao, alm de recebimentos e pagamentos relacionados a transaes passadas. Ao contrrio de pesquisas anteriores, os autores ressaltam o importante papel de ACC de longo prazo, como imobilizados e intangveis, representados pelas despesas de depreciao e amortizao, na predio de FCOs futuros. Pases emergentes, como o Brasil, tendem a possuir mercados de capitais menos desenvolvidos e ambientes regulatrios mais vulnerveis e menos consolidados do que pases desenvolvidos, como o caso dos Estados Unidos da Amrica (Ebaid, 2011). Ademais, como o Brasil caracterizado como uma pas de code-law, influncias polticas do Estado em termos tributrios e de outros interessados como sindicatos, empresas de auditoria, investidores, financiadores tambm podem influenciar de forma negativa a produo de informaes contbeis e, portanto, no permitir a retratao fidedigna da realidade dos acontecimentos econmicos. Nesse sentido, h razes para certo ceticismo sobre a qualidade das informaes contbeis nacionais como medidas preditoras, apesar da recente adoo obrigatria das normas internacionais de contabilidade no Brasil.

Mtodo de investigao:
A populao foi constituda por empresas de capital aberto, exceto as empresas financeiras por suas peculiaridades que limitam a comparao com as demais, listadas na Bovespa e BM&FBovespa nos anos de 2005 a 2007 e 2010 a 2014. As amostras no probabilsticas por convenincia contemplaram empresas, naqueles respectivos perodos, que apresentaram todos os dados das variveis das empresas em cada um dos anos analisados. Os dados empregados na pesquisa foram coletados por meio da base de dados da Economtica, sendo agrupados/combinados (pooling) por ano. Os provveis outliers foram retirados das amostras considerando os quartis superiores e inferiores (Fvero et al., 2009, p. 55-56). Assim, nas amostras de 2005 a 2007, os modelos 1, 2, 3 e 4, inspirados em Barth, Cram & Nelson (2001), consistiram, respectivamente, de 297, 395, 293 e 209 observaes. Nas amostras de 2010 a 2014, os modelos 1 a 4 compreenderam, respectivamente, 1684, 1630, 1624 e 1424 observaes. A varivel dependente foi, na amostra de 2005 a 2007, FCO de 2006 a 2007 e, na amostra de 2010 a 2014, FCO de 2011 a 2014. J as variveis independentes foram, na amostra de 2005 a 2007, FCOs, LLs e ACC agregados e desagregados de 2005 a 2006 e, na amostra de 2010 a 2014, FCOs, LLs e ACC agregados e desagregados de 2010 a 2013, para os modelos 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Destaca-se que, influenciado por Barth, Cram & Nelson (2001), os valores das variveis dependente e independentes foram ajustados pela mdia do ativo total entre o incio e o final do perodo analisado. Foram empregadas planilhas do Microsoft Excel para fins de compilao e organizao dos dados. Tambm foram usados os softwares SPSS verso 17.0 e GRETL verso 1.10.2 para realizar testes estatsticos. Nos casos em que se encontrou problema de heterocedasticidade, foram usados erros padro robustos (Gujarati, 2006). Alm disso, empregaram-se os critrios de informao de Akaike e de Schwarz para identificar os modelos que apresentam melhoria ou reduo dos contedos informacionais (Fvero et al., 2009) na predio de FCOs. Diferentemente de Machado, Silva Filho & Callado (2014), ainda foi efetuado o teste de Chow (ver Gujarati, 2006, p. 221) a fim de examinar se o intercepto ou os coeficientes angulares da regresso mantiveram-se estatisticamente estveis aps a convergncia s normas internacionais de contabilidade no Brasil.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Diante dos R2 ajustados das equaes de regresso linear, constatou-se que os FCOs correntes possuem maior capacidade preditiva do que os LLs correntes em referncia aos FCOs de perodos subsequentes em ambos perodos analisados, corroborando a Hiptese 1 desta pesquisa. Por sua vez, somente no perodo de 2010 a 2014, os ACC correntes agregados incrementam capacidade preditiva do FCO corrente em predizer o FCO do perodo subsequente, confirmando a Hiptese 2 desta pesquisa. Os resultados de 2005 a 2007, anteriores ao processo de convergncia s normas internacionais de contabilidade no Brasil, apontam que no houve acrscimo de poder explicativo varivel dependente por parte dos ACC agregados. Somente possvel assegurar que a Hiptese 3 no foi rejeitada, sinalizando ganho informacional com os ACC desagregados, no perodo 2010-2014. No perodo de 2005-2007, os ACC desagregados no foram estatisticamente significativos e os valores dos critrios informacionais de Akaike e Schwarz foram maiores do que os modelos 1 e 3. Foi aplicado o Teste de Chow e identificou-se quebra estrutural na regresso dos quatro modelos analisados. Infere-se, ento, que os parmetros no se mantiveram estatisticamente estveis aps a convergncia s normas internacionais de contabilidade no Brasil. Assim, as informaes produzidas aps esse processo de convergncia possuem ganho informacional em referncia quelas produzidas antes. Diante disso, das correlaes evidenciadas e dos R2 ajustados dos modelos de 2010-2014, possvel concluir que a Hiptese 4 desta pesquisa no foi rejeitada. No caso especfico das informaes contbeis produzidas aps a convergncia, possvel asseverar que, principalmente, ACC do ativo circulante, como o caso das contas a receber, possuem capacidade preditiva para estimar FCOs futuros. Tambm possuem essa capacidade preditiva ACC de ativos no circulantes, como o caso dos ativos imobilizados e dos ativos intangveis, por exemplo, em funo da significncia estatstica das despesas de depreciao e amortizao na estimao de FCOs futuros. Dentre as possveis explicaes para o fato de as contas a receber serem significativas para predizer FCOs futuros aps a adoo das normas internacionais de contabilidade, destaca-se a necessidade de registro da receita pelo valor justo, geralmente a valor presente, da contraprestao recebida ou a receber, diferentemente de antes quando as receitas geralmente eram reconhecidas contabilmente por valores nominais (CPC, 2012a; EY, 2010). No que se refere s despesas de depreciao, antes da adoo das normas internacionais de contabilidade, tais despesas eram primordialmente calculadas segundo taxas estabelecidas por organismos estatais, como a Receita Federal. Desde 2010, a depreciao pode ser feita de acordo com a vida til do ativo imobilizado, conforme critrios devidamente fundamentados pela prpria empresa. Desde 2007, empresas tm registrado e movimentado contabilmente, em virtude sobretudo de aquisies e combinaes de negcios, ativos intangveis referentes a contratos como de concesses, autorizao e permisso, goodwill, softwares, carteiras de clientes, marcas e patentes, direitos de propriedade, ativos em desenvolvimento, dentre outros (EY, 2013). Esses ativos intangveis so amortizados geralmente em funo da vida til do ativo, considerando a utilizao prevista de um ativo pela entidade, os ciclos de vida tpicos dos produtos do ativo, a obsolescncia tcnica, tecnolgica ou comercial, o perodo de controle sobre o ativo, os limites legais para a sua utilizao, dentre outros (CPC, 2010a). Diante dos resultados deste trabalho, acredita-se que as normas internacionais de contabilidade beneficiaram, de certa forma, as informaes contbeis produzidas por empresas listadas na BMF&Bovespa. Notadamente, aumentou-se a capacidade preditiva dos ACC em estimar fluxos de caixa futuros, conforme IASB (2010) e FASB (1978), e, por que no dizer, promoveu-se melhorias na qualidade das informaes contbeis, indo ao encontro dos achados de Barth, Landsman & Lang (2008).

Referncias bibliogrficas:
Barth, M. E.; Cram, D. P. & Nelson, K. K. (2001). Accruals and the Prediction of Future Cash Flows. The Accounting Review, 76(1), p. 27-58. Barth, M. E.; Landsman, W. R. & Lang, M. H. (2008). International accounting standards and accounting quality. Journal of Accounting Research, 46, p. 467-498. Biddle, G. C., Seow, G. S. & Siegel, A. F. (1995). Relative versus Incremental Information Content. Contemporary Accounting Research, 12(1), p. 1-23. Dechow, P. M., Kothari, S. P. & Watts, R. L. (1998). The Relation Between Earnings and Cash Flows. Journal of Accounting & Economics, 25(2), p.133-168. Ebaid, I. El-S. (2011). Accruals and the prediction of future cash flows: Empirical evidence from an emerging market. Management Research Review, 34(7), p. 838-853. Lopes, A. B. & Martins, E. (2007). Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. So Paulo: Atlas.

 

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