Anais do 16º International Conference in Accounting - 16º  2016
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 262

Área Temática: Área II: Auditoria e Perícia

Título: RELATRIO DE AUDITORIA INDEPENDENTE MODIFICADO E O RODZIO DE FIRMA DE AUDITORIA

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A teoria da agncia reconhece a auditoria independente como uma importante ferramenta de monitoramento para regular os conflitos de interesse e reduzir os custos de agncia, conforme Jensen and Meckling (1976). Nesse cenrio, a auditoria independente, por meio da emisso de opinio sobre a propriedade das demonstraes contbeis, visa suprir as necessidades dos usurios das informaes por maior confiabilidade. A fim de assegurar a independncia do auditor e, consequentemente a qualidade da auditoria realizada, proposto o rodzio de firma de auditoria, podendo este ser obrigatrio ou voluntrio. A literatura aponta que diversos so os motivos para as trocas voluntrias das firmas de auditoria. Dessa forma, tendo em vista que a emisso de um relatrio de auditoria modificado pode trazer um impacto negativo na percepo das partes interessadas sobre a empresa, surge a questo problema desse estudo: O recebimento de relatrio de auditoria independente modificado impacta na deciso de realizar rodzio voluntrio de firma auditoria por parte da empresa cliente? Implcito ao problema de pesquisa se encontra o objetivo geral do estudo, ou seja, verificar se o recebimento de relatrio de auditoria independente modificado impacta na deciso, por parte da empresa cliente de auditoria, de realizar rodzio voluntrio de firma auditoria. Especificamente, a pesquisa visa apresentar uma anlise descritiva do cenrio de auditoria no perodo. Adicionalmente, busca identificar outros fatores que podem contribuir para a deciso de trocar a firma de auditoria, como a qualidade da empresa de auditoria e o tamanho, o crescimento e a situao financeira do cliente de auditoria.

Base da plataforma terica:
A teoria da agncia preocupa-se em resolver os problemas que podem surgir na relao entre agente e principal, uma vez que ambos possuem interesses pessoais distintos e atitudes diferentes em relao ao risco (Eisenhardt, 1989). Assume-se que o agente e o principal usam o processo de contratao para maximizar seus interesses, assim, o agente suscetvel de agir contra os interesses do principal para alcanar os seus objetivos particulares (Adams, 1994). A teoria da agncia (Jensen & Meckling, 1976) reconhece a auditoria independente como uma importante ferramenta de monitoramento para regular os conflitos de interesse e reduzir os custos de agncia. A auditoria independente se caracteriza como um importante tipo de servio de assurance (Silva, 2010). Tal termo apresentado pelo Special Committee on Assunrance Services do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), definindo assurance como os servios profissionais independentes que melhoram a qualidade da informao, ou o seu contexto, para os tomadores de decises. O auditor independente tem como objetivo expressar uma opinio sobre a propriedade das demonstraes e assegurar que elas representem adequadamente a posio patrimonial, financeira e o resultado do perodo em anlise (Crepaldi, 2010). Essa opinio o resultado dos exames de auditoria, expressa pelo Relatrio de Auditoria Independente (RAI). Tal opinio pode ser classificada como no modificada ou modificada. O rodzio de firma de auditoria pode ocorrer de forma voluntria, a qualquer tempo, sem que os motivos para a sua ocorrncia sejam expressos e, de forma obrigatria, a cada cinco anos, por determinao da CVM. DeFond and Subramanyam (1998) encontraram resultados que sugerem que o rodzio do auditor motivado por crenas divergentes entre o auditor e a empresa quanto s escolhas contbeis adotadas e a adequada aplicao das normas. Destaca-se que divergncias quanto aplicao das normas contbeis pode levar o auditor a emisso de um relatrio modificado. A emisso de um RAI modificado pode trazer um impacto negativo na percepo das partes interessadas sobre a administrao da empresa, em particular, e sobre a empresa, em geral (Heliodoro & Carreira, 2015). A deciso de trocar a firma de auditoria pode resultar de um processo de avaliao dos efeitos que a publicao de um relatrio modificado pode trazer a empresa, bem como dos custos associados troca (Gmez-Aguilar & Ruiz-Barbadillo, 2003). Os autores acreditam que as empresas mudam de firma de auditoria quando os custos da mudana forem inferiores aos custos de receber um relatrio modificado. Chow and Rice (1982) demonstraram em seu estudo que empresas trocam de firma de auditoria mais frequentemente aps terem recebido um relatrio com opinio modificada. Craswell (1988) identificou uma mudana mais frequente dos auditores aps a emisso de uma opinio modificada, sendo que os novos auditores tendem a emitir relatrios sem modificaes. Corroborando com os achados anteriores, Krishnan, Krishnan and Stephens (1996) confirmaram o efeito positivo de uma opinio com ressalva sobre a mudana da firma de auditoria. Ainda, Carey, Geiger and OConnell (2008) evidenciaram que clientes de auditoria que recebem opinies modificadas so mais propensas a mudar de auditor. Frente ao exposto, formulou-se a seguinte hiptese: H1: O recebimento de RAI modificado impacta na deciso de realizar rodzio voluntrio de firma auditoria por parte da empresa cliente.

Mtodo de investigao:
A pesquisa se classifica como descritiva, qualitativa e quantitativa e documental. A coleta de dados foi desenvolvida em duas fases. Inicialmente os RAI foram coletados, por meio do stio da BM&FBOVESPA. Posteriormente, foi utilizado o sistema Economtica para obter as variveis financeiras. O perodo de anlise compreende os anos de 2001 a 2014. A populao composta por 250 empresas abertas, o que totaliza 3.500 observaes. Tais empresas so listadas no segmento tradicional da BM&FBOVESPA, entende-se que essa escolha facilita a consecuo dos objetivos do estudo, considerando que os demais segmentos possuem regras mais rgidas e, consequentemente, acredita-se, volume inferior de RAI modificados. Da populao inicial foram excludas as empresas cuja classificao setorial indicava atividade financeira e outra. Ainda, determinadas empresas no possuam os dados necessrios para o estudo, sendo estas desconsideradas do perodo em questo. Dessa forma, a amostra composta, entre os anos de 2001 a 2014, de 2119 observaes. Os RAI coletados foram categorizados entre no modificados ou modificados. Quando modificados, procedendo-se a classificao entre RAI modificado com ressalva, absteno de opinio ou adverso. Foram coletadas informaes sobre o tamanho das firmas de auditoria, classificadas entre Bif Four ou No Big Four. Ainda, foram identificados os rodzios de firma de auditoria, se obrigatrios ou voluntrios. As referidas classificaes originaram uma anlise descritiva do cenrio de auditoria no perodo. Para testar H1 elaborou-se, com base em estudos precedentes, uma regresso linear, utilizando o modelo probit, tendo como varivel dependente a mudana da firma de auditoria e, como variveis independentes, o tipo de opinio recebida no RAI, o tamanho da firma de auditoria, alm do tamanho, endividamento, resultado e crescimento da empresa cliente de auditoria. De forma a testar as variveis propostas, procedeu-se ao teste de correlao de Pearson, que indicou que h um nvel de correlao baixo ou insignificante entre as variveis escolhidas, o que corrobora com o uso em conjunto das mesmas. Por fim, para operacionalizar os clculos da regresso, utilizou-se o software Econometric Views (EViews).

Resultados, concluses e suas implicaes:
No que tange anlise descritiva dos dados, os principais resultados evidenciam que os RAI modificados representam uma mdia de 16% dos relatrios recebidos no perodo. Destaca-se que entre 2001 a 2007 h uma reduo de 69% no recebimento de RAI modificados, passando de 26% do total dos RAI em 2001 para 8% em 2007. Quanto ao tipo de modificao, a amostra observada apresenta somente opinies modificadas por ressalva (mdia de 91%) ou relatrios com absteno de opinio (mdia de 9%). Ressalta-se ainda que, aps 2010, as firmas de auditoria comearam a emitir um maior nmero de RAI com absteno de opinio. Quanto ao tamanho das firmas prestadoras dos servios de auditoria no perodo de anlise, as Big Four concentram em mdia 54% das auditorias realizadas no perodo. Os resultados apresentam que a maioria dos RAI no modificados so emitidos pelas Big Four, correspondendo, em mdia, a 58% de tais relatrios. J empresas de tamanho menor, com exceo do ano de 2001, denominadas nesse estudo de No Big Four so as emissoras do volume mais expressivo de RAI modificados, perfazendo uma mdia de 70% de emisso do referido relatrio entre 2002 e 2014. Com relao aos rodzios voluntrios de firma de auditoria, no perodo de 2001 para 2002 houve o nmero de trocas mais expressivo do perodo, correspondendo a 36%. Tal fato pode ser explicado pela sada da Arthur Andersen LLP do mercado de auditoria. Ainda, observa-se que nos anos de 2009 a 2011, perodo de suspenso da obrigatoriedade do rodzio, em mdia, 18% das empresas realizaram rodizio de firma de auditoria voluntariamente. Os resultados a partir da utilizao do modelo de regresso probit indicam que a varivel opinio recebida no RAI do ano anterior apresentou significncia estatstica e coeficiente positivo. Este resultado sugere que a emisso de RAI modificado no ano anterior contribui para o rodzio voluntrio da firma de auditoria. Tal resultado impacta na aceitao de H1 e corrobora os resultados encontrados em pesquisas anteriores (Chow & Rice, 1982; Craswell, 1988; Krishnan, Krishnan & Stephens, 1996; DeFond & Subramanyam, 1998; Gmez-Aguilar & Ruiz-Barbadillo, 2003; Carey, Geiger & OConnell, 2008; Heliodoro & Carreira, 2015). Quanto varivel tamanho da firma de auditoria, a mesma tambm apresentou significncia estatstica, no entanto, o sinal negativo do coeficiente indica que as firmas de auditoria classificadas como Big Four esto menos vulnerveis a trocas voluntrias. Em relao s demais variveis testadas referentes ao tamanho, endividamento, resultado e crescimento da empresa cliente de auditoria, estas no se mostraram significantes estatisticamente, sugerindo que as mesmas no exercem influncia sobre o rodzio voluntrio da firma de auditoria. Embora os resultados encontrados tenham demonstrado a significncia e a aderncia do modelo, o R de McFadden no valor de 1,53% indica o baixo poder de explicao apresentado pelo modelo testado. Tal fato pode ser explicado pela diversificao da amostra ou por variveis no includas no modelo testado e que poderiam elevar o poder de explicao do mesmo. Buscando colaborar com futuras pesquisas, sugere-se um estudo comparativo, a nvel internacional, de forma a identificar se ocorre essa relao em diferentes economias. Tambm se sugere a replicao do estudo, com acrscimo de variveis, a fim de identificar outros fatores atrelados ao rodzio voluntrio de firma de auditoria. Outra sugesto refere-se ao estudo aprofundado com o propsito de identificar se pode existir relao entre a convergncia aos padres internacionais de contabilidade e a reduo no recebimento de RAI modificado aps 2007. Tambm pode resultar em um novo estudo, a identificao dos fatores que contriburam para o aumento, a partir do ano de 2010, de abstenes de opinies por parte das firmas de auditoria.

Referncias bibliogrficas:
Adams, M. B. (1994). Agency theory and the internal audit. Managerial Auditing Journal, 9(8), 8-12. Carey, P. J., Geiger, M. A., & OConnell, B. T. (2008). Costs Associated With Going-Concern-Modified Audit Opinions: An Analysis of the Australian Audit Market. Abacus, 44(1), 61-81. Chow, C. W., & Rice, S. J. (1982). Qualified audit opinions and auditor switching. Accounting Review, 326-335. Craswell, A. T. (1988). The association between qualified opinions and auditor switches. Accounting and Business Research, 19(73), 23-31. Crepaldi, S. A. (2010). Auditoria contbil: teoria e prtica. Editora Atlas SA. DeFond, M. L., & Subramanyam, K. R. (1998). Auditor changes and discretionary accruals. Journal of accounting and Economics, 25(1), 35-67. Eisenhardt, K. M. (1989). Agency theory: An assessment and review. Academy of management review, 14(1), 57-74. Gmez-Aguilar, N., & Ruiz-Barbadillo, E. (2003). Do Spanish firms change auditor to avoid a qualified audit report?. International Journal of Auditing, 7(1), 37-53. Heliodoro, P. A., Carreira, F. A., & Lopes, M. M. (2015). The change of auditor: The Portuguese case. Revista de Contabilidad. Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1976). Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of financial economics, 3(4), 305-360. Krishnan, J., Krishnan, J., & Stephens, R. G. (1996). The simultaneous relation between auditor switching and audit opinion: An empirical analysis. Accounting and Business research, 26(3), 224-236. Silva, S. P. (2010). Auditoria independente no Brasil: evoluo de 1997 a 2008 e fatores que podem influenciar a escolha de um auditor pela empresa auditada (Doctoral dissertation, Universidade de So Paulo).

 

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