Anais do 13º Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade - 13º  2016
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 196, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 196

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Identificando padres nas decises de investimento e financiamento de hospitais.

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Conforme Assaf Neto (1997) independentemente da natureza da atividade operacional desempenhada pela organizao, essa avaliada como tomadora de duas grandes decises, quais sejam decises de investimento e financiamento. As decises de investimento se referem forma com que os recursos disponveis sero aplicados e, por sua vez, as decises de financiamento esto relacionadas captao de recursos. As decises de financiamento e de investimento devem ser tomadas pelo gestor financeiro de forma coerente com a estratgia organizacional estabelecida. No caso dos hospitais, tema desse estudo, essas so organizaes que se diferenciam quanto sua finalidade institucional, pois buscam a maximizao dos recursos com a finalidade de favorecer e assegurar o atendimento mdico contnuo (Colauto & Beuren, 2003). Ainda assim, Colauto e Beuren (2003) afirmam que no h como no fazer analogia entre os hospitais e outras empresas convencionais dado que esses apresentam os mesmos problemas que aquelas, em relao sistemtica do mercado capitalista, s receitas e despesas, legislao a cumprir, aspectos trabalhistas, etc. Nesse caso a tomada de deciso de investimento como tambm de financiamento deve levar em conta essa premissa. Dessa forma, o presente artigo objetiva investigar possveis padres nas decises de investimento e de financiamento dos hospitais brasileiros de acordo com a natureza de cada organizao. A pesquisa tambm teve como objetivo verificar os resultados trazidos por essas decises considerando o resultado financeiro das organizaes hospitalares estudadas.

Base da plataforma terica:
De modo geral, o sistema de financiamento da sade no Brasil composto pelos sistemas pblico e privado. Em relao aos hospitais pblicos a determinao constitucional garante o financiamento do Sistema nico de Sade (SUS) por toda a sociedade, realizado mediante a cobrana de tributos (Constituio, 1988). Em relao aos hospitais privados estes se dividem entre aqueles sem finalidades lucrativas (filantrpicos) e os de finalidades lucrativas. Segundo Lima et al (2007), a principal fonte de receita dos hospitais filantrpicos advm de verbas do SUS seguido da verba dos convnios com operadoras. Nesse segmento hospitalar tambm se destaca a captao de recursos por meio das doaes que, conforme Assaf Neto, Arajo e Fregonesi (2006) em conjunto com os resultados operacionais representam o capital prprio das instituies sem fins lucrativos. Para os hospitais privados com fins lucrativos uma das principais fontes de recurso so os planos de sade. Conforme Farias e Melamed (2003), no final da dcada de 1990, 91% dos estabelecimentos privados de prestao de servios em sade utilizavam planos de sade como fonte de recursos. Salienta-se que as formas de captao de recursos no setor hospitalar variam tambm conforme o contexto econmico presente. Assim, Thompson e Mckee (2003) afirmam que hospitais europeus podem obter emprstimos de instituies bancarias, fundos governamentais, entre outros. E no Brasil alguns hospitais tambm se financiam por meio de recursos no mercado acionrio (Veloso & Malik, 2010). A melhor forma de captao de recursos dentre as diferentes fontes disponveis um tema recorrente na literatura de finanas, onde se destacam os estudos acerca da estrutura de capital, ou seja, da melhor combinao entre capital prprio e de terceiros (Souza, 2013). Como no h um consenso terico a cerca das implicaes da estrutura de capital, outra forma de se avaliar as decises de financiamento e mesmo as de investimento passa por observar como essas interferem nos resultados apresentados pelas organizaes. Ainda que no seja o objetivo principal os hospitais devem melhorar o desempenho financeiro. Marinho e Faanha (2001) afirmam que necessrio otimizar os recursos disponveis no setor de sade dado o aumento da demanda. Autores como Souza et al (2009) tambm ressalvam a importncia do tratamento dos custos nessas organizaes e por sua vez Bernardes, Castilhos, Dorion e Camargo (2010) salientam a necessidade da melhoria da gesto uma vez que as decises nesse setor nem sempre so tomadas com a mesma racionalidade tcnica tpica dos administradores, dado a interferncia da rea mdica no processo decisrio. Dessa forma, a busca de padres nas decises de investimento e financiamento pode ser feita considerando indicadores operacionais como destacado por Silva, Gonalves, Siqueira e Silveira (2008). Alm dos indicadores operacionais os indicadores financeiros calculados por meio das demonstraes contbeis so importantes uma vez que estes indicam como os recursos so alocados e captados dentre respectivamente, oportunidades e fontes disponveis como destacado por Berk, Demarzo e Peter (2010).

Mtodo de investigao:
Na consecuo deste artigo foi utilizada pesquisa descritiva com abordagem quantitativa de dados. O mtodo de amostragem utilizado foi o de amostragem no-probabilstica por convenincia. Conforme Cooper e Schindler (2003) este mtodo empregado quando h restries como de custo e tempo e mesmo quando a populao total no encontra-se disponvel. Neste estudo foram selecionados 19 hospitais de 5 estados brasileiros entre os anos de 2006 e 2013. Com relao aos indicadores operacionais os mesmos foram coletados no intervalo de 2008 a 2013 uma vez que os hospitais no apresentavam alguns dados para o ano de 2006. A amostra contou com hospitais pblicos, privados e filantrpicos sendo que os hospitais filantrpicos representaram a maior parte da amostra. Os dados financeiros foram coletados na imprensa oficial dos estados onde os hospitais tm sua sede instalada, como tambm por meio do site das organizaes, e os dados operacionais foram coletados por meio do site do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sade. Aps a coleta dos dados os mesmos foram trabalhados com a ajuda do software Microsoft Excel e em seguida iniciou-se a etapa de anlise estatstica onde foram implementadas as seguintes tcnicas estatsticas: Coeficiente de correlao de Pearson, teste Wilcoxon-Mann-Whitney e teste Kruskal-Wallis, conforme os objetivos da pesquisa. Com relao aos testes Wilcoxon-Mann-Whitney e teste Kruskal-Wallis os mesmos se classificam como mtodos no-paramtricos e foram escolhidos, pois conforme Maroco (2010) no exigem o conhecimento prvio da distribuio da varivel estudada. Para auxlio da anlise estatstica tambm foram utilizados nesta pesquisa os softwares: SPSS e STATA 12.0.

Resultados, concluses e suas implicaes:
No intuito de verificar padres nas decises de financiamento e investimento primeiramente foram selecionadas as principais variveis contbeis relacionadas com a captao e alocao dos recursos. As variveis selecionadas foram: (i) Imobilizado; (ii) Intangvel; (iii) Relao Capital Terceiros e Capital Prprio; (iv) Emprstimos; (v) Emprstimo/ Ativo; (vi) Passivo oneroso de curto prazo/ Passivo oneroso total, (vii) Passivo Circulante/ Passivo Total. Da mesma forma tambm selecionou-se variveis com vistas a demonstrar o desempenho econmico-financeiro dos hospitais estudados. Para tanto as seguintes variveis foram selecionadas: (i) Margem EBITDA; (ii) EBITDA; (iii) EBITDA/ Despesa Financeira; (iv) Custos e Despesas/ Receita. To importantes como as variveis relacionadas ao desempenho financeiro so as variveis operacionais. As variveis usadas nesse estudo foram: (i) Taxa de permanncia; (ii) Leitos SUS; (iii) Leitos No SUS; (iv) Leitos Total; (v) Nmero de profissionais ajustado; (vi) Nmero de Mdicos ajustado; (vii) Nmero de Competncias. Analisando a variabilidade das variveis utilizadas no estudo constatou-se que as mesmas so heterogneas e a principio no indicaram um padro definido para todos os hospitais da amostra. Fato que em parte decorre de diferenas tcnicas existentes entre as organizaes hospitalares, tais como: natureza jurdica, complexidade do atendimento, localizao geogrfica, porte hospitalar, como tambm diferenas existentes nas prticas de gesto empregadas em cada organizao. Alm de no ter sido encontrado um padro comum para toda a amostra, a estatstica descritiva revelou que em mdia os hospitais estudados apresentam Margem EBITDA negativa, o que indica problemas financeiros. Tambm se constatou que a utilizao de capital de terceiros em mdia muito maior que a utilizao de capital prprio, o que em parte ocorre devido ao baixo desempenho financeiro mdio apresentado pelos hospitais estudados. As estratgias utilizadas pelos hospitais no so eficazes levando-se em considerao a rentabilidade dos mesmos. A avaliao da correlao entre variveis refora a ideia da utilizao de capital de terceiros para o financiamento das atividades de investimento dos hospitais, pois foi verificado correlao considervel das variveis Imobilizado e Intangvel com a varivel Emprstimo. Outra concluso obtida refere-se ao fato de que os hospitais com atendimento mais amplo no apresentam melhor rentabilidade. Na sequncia foi utilizado o teste Wilcoxon-Mann-Whitney para verificar existncia de diferenas estatsticas nos escores das variveis e dessa forma inferir padres para os hospitais da amostra. Com a anlise da estatstica do teste verificou-se que a Taxa de Permanncia (varivel relacionada complexidade dos procedimentos), o Nmero de Competncias e o Nmero de Leitos foram as que apresentaram os maiores impactos nas caractersticas operacionais da amostra. A natureza jurdica foi outra varivel de influenciou substancialmente as demais conforme o teste de Kruskal-Wallis, e contrariando as expectativas, o Nmero de Mdicos ajustado e o Nmero de Profissionais ajustado ficaram entre as variveis com menor influncia. Com relao natureza jurdica destacam-se as implicaes legais relacionadas aos hospitais, que influenciam diretamente nas decises tomadas. No tocante aos funcionrios uma hiptese seria a de que os hospitais tendem a contratar funcionrios conforme suas necessidades de trabalho e assim a varivel se mantm relativamente estvel nos diferentes hospitais. Dado o exposto concluiu-se que fatores como a natureza jurdica, a complexidade do atendimento, o nmero de leitos (se o hospital grande porte em relao ao atendimento hospitalar) e a especializao hospitalar (relacionado ao nmero de competncias) interferem nas decises tomadas pelas instituies. Portanto, o simples fato de pertencerem ao mesmo ramo no configura padres nas decises dos hospitais analisados, ainda assim fatores conjunturais dessas organizaes proporcionam semelhanas nas decises acerca do investimento e financiamento.

Referncias bibliogrficas:
Bernardes, J. G., Castilhos, J. T., Dorion, E. & Camargo, M. E. Gerenciamento de Hospitais Filantrpicos: Confronto entre a Tcnica Mdica, o Poder Poltico e a Administrao Hospitalar. VII Simpsio de Excelncia em Gesto e Tecnologia. Recuperado em 23 de Setembro, 2015 http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/237_Gerenciamento%20de%20Hospitais%20Filantropicos%20-%20SEGET.pdf. Farias, L. O. & Melamed, C. (2003) Segmentao de mercados da assistncia sade no Brasil. Cincia e Sade Coletiva, 8(2), 585-598. Recuperado em 23 de Setembro,2015 de http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n2/a19v08n2.pdf. Lima Neto, L. Anlise da situao econmico-financeira de hospitais. (2011). O Mundo da Sade, 35(3), 270-277.Recuperado em 23 de Setembro, 2015 de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/analise_situacao_economico_financeira_hospitais.pdf.Maroco, J. (2010). Anlise estatstica: com utilizao do SPSS (3 Ed). Lisboa: Edies Slabo. Silva, S. R. A.; Gonalves, M. A.; Siqueira, C. P. & Silveira, C. A. C. As decises de investimento na Fundao Hospitalar de Minas Gerais e seus reflexos nos indicadores de qualidade. Revista de Administrao Hospitalar e Inovao em Sade, n.1 jul/dez, 2008. Sousa, S. A. C. (2013). Governana Corporativa e Estrutura de Capital: o caso de uma empresa familiar do setor de sade. Dissertao de mestrado, Centro de Cincias Sociais Aplicadas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, 2013. Souza, A. A., Guerra, M., Lara, C. O., Gomide, P. L. R., Pereira, C. M. & Freitas, D. A. Controle de Gesto em Organizaes Hospitalares (2009). Revista de Gesto USP, 16(3), 15-29. Recuperado em 25 de setembro, 2015 de http://www.revistas.usp.br/rege/article/view/36675/0. Veloso, G. G. & Malik, A. M. (2010). RAE-eletrnica, 9(1). Recuperado em 23 de Setembro, 2015 de http://www.scielo.br/pdf/raeel/v9n1/v9n1a3.pdf.

 

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