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Trabalhos Disponíveis: 42
Anais do 13º Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade - 13º 2016
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RESUMO DO TRABALHO |
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Código: 84 |
Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira |
Título: Ser que a Grama do Vizinho Sempre Mais Verde? Uma Anlise do Disclosure do IAS 41 no Setor de Alimentos do Brasil, da Inglaterra e da Austrlia |
Resumo: Propsito do Trabalho: O agronegcio um setor de grande relevncia para a economia brasileira, correspondendo a 23% do PIB do pas (Cepea, 2014). Segundo o Ministrio da Agricultura (2015;2014), o Brasil apresenta um expressivo crescimento no comrcio internacional do agronegcio, consolidando sua posio como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos para mais de 200 pases. Tendo em vista a importncia da contabilidade de empresas expressarem seus valores o mais prximo da realidade do mercado, Scherch, Olak, Nogueira e Cruz (2012) consideram que a divulgao de ativos biolgicos em conformidade com as normas internacionais um assunto contemporneo, mas pouco abordado na literatura brasileira. Considerando tais aspectos, esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de responder seguinte questo: Qual o nvel de disclosure do IAS 41 das empresas do setor de alimentos do Brasil, da Inglaterra e da Austrlia? E tem como objetivo geral verificar o nvel de disclosure do IAS 41 das empresas do setor de alimentos do Brasil, da Inglaterra e da Austrlia. Na escolha dos pases para realizar a pesquisa, foi considerado o histrico da normatizao de ativos biolgicos: no caso da Austrlia, esta foi a primeira a estabelecer uma legislao especfica aos ativos biolgicos (Herbohn, 2006). A Inglaterra foi um dos primeiros pases a exigir a IAS 41, a partir de 2005. Enquanto no Brasil, o CPC 29 s entrou em vigor em 2010. O estudo da divulgao dos ativos biolgicos pelo presente artigo justifica-se pela relevncia econmica do agronegcio para o Brasil, pelos reduzidos estudos comparativos sobre o tema e a pela dificuldade de aplicao das normas vigentes.
Base da plataforma terica: No Brasil, em 2010, entrou em vigor o CPC 29, aplicvel s empresas que exploram ativos biolgicos e produtos agrcolas. Este pronunciamento corresponde ao IAS 41 e integra o processo de convergncia da Contabilidade brasileira aos padres internacionais. Herbohn (2006) destaca a Austrlia como pioneira ao estabelecer uma legislao especfica aos ativos biolgicos, que serviu como base para elaborao do IAS 41. A Inglaterra, como pas sede do IASB, foi um dos primeiros a exigir a norma, a partir de 2005, juntamente com os demais pases pertencentes Unio Europeia. De acordo com seu pronunciamento, o ativo biolgico envolve o cultivo de qualquer animal ou planta at o momento da colheita (CPC 29, 2009, p. 3). E deve ser mensurado a valor justo excluindo-se a despesa de venda no reconhecimento inicial e no final de cada competncia, com exceo apenas quando o valor de mercado no puder ser mensurado confiavelmente, neste caso dever ser mensurado a custo. Quanto a sua evidenciao, o pronunciamento exige certo nvel de detalhamento. Como descrio de cada grupo de ativo biolgico, especificando a natureza de suas atividades, de forma quantitativa ou dissertativa. A distino dos grupos de ativos biolgicos entre consumveis e de produo, maduros e imaturos. Assim como apresentar mudanas no comeo, durante e fim do perodo. Pesquisas a respeito do nvel de disclosure do ativo biolgico realizadas recentemente no Brasil, como as de Wanderley et al. (2011), Scherch et al. (2012), Barros, Souza, Arajo, Silva e Silva (2012) e Silva et al. (2013), avaliaram demonstraes contbeis de anos anteriores e posteriores s novas exigncias do Comit de Pronunciamento Contbeis. Foi constatado aumento gradativo na qualidade das informaes divulgadas, porm constatou-se notvel a importncia de uma postura mais atuante por parte das empresas. J no mbito internacional, Rech e Oliveira (2011; 2013) pesquisaram sobre a aplicao do CPC 29 e IAS 41. Em ambos os estudos no foi atingido o grau de aderncia exigido pela norma, concluindo-se que as empresas ainda no alcanaram a convergncia de fato s normas internacionais. Elad e Herbohn (2011) analisaram o disclosure do IAS 41 entre empresas da Austrlia, do Reino Unido e da Frana e verificaram que, em geral, o nvel de conformidade foi maior nas empresas australianas, 66%. Os autores atriburam os resultados base histrica de cada pas, no caso da Austrlia, a prvia utilizao do AASB 1037, que continha exigncias similares s do IAS 41, anos antes da publicao da norma internacional.
Mtodo de investigao: Para alcanar o objetivo deste estudo, foi realizada uma pesquisa descritiva e documental com abordagem quantitativa. Compem a amostra de empresas brasileiras, 9 companhias ativas do setor de agricultura e alimentos processados, listadas na BM&F BOVESPA, e que possuam saldo de Ativos Biolgicos nas demonstraes financeiras, publicadas em 31 de dezembro de 2014. No site da BM&F Bovespa, foram coletados o Balano Patrimonial, a Demonstrao de Resultado, as Notas Explicativas e o Relatrio de Auditoria das companhias. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram tambm analisadas 9 empresas do setor de alimentos, assim classificadas pela Australian Stock Exchange (ASX), que apresentavam saldo de ativos biolgicos nos relatrios anuais de 2014. O mesmo procedimento foi adotado no caso das empresas da Inglaterra: foram coletadas as demonstraes de 8 produtoras de alimentos, segundo a classificao da Bolsa de Londres, com saldo de ativos biolgicos nos relatrios anuais de 2014. Para a anlise das demonstraes, utilizou-se um check list dos itens de divulgao requeridos pelo pronunciamento tcnico CPC 29. Com o auxlio desse check list, analisou-se as demonstraes contbeis e notas explicativas das empresas, atribuindo os cdigos 0 para itens no aplicados, 1 quando ocorreu a aplicao do item e NA nos casos em que o item no se aplicava companhia. Aps a codificao das anlises de conformidade foi realizada a anlise da divulgao por pas, em seguida, executou-se o teste estatstico para confirmar se a diferena nas mdias de divulgao entre os pases era estatisticamente significante. Optou-se pela utilizao do teste Kruskal-Wallis devido ao nmero reduzido de empresas analisadas.
Resultados, concluses e suas implicaes: A anlise das demonstraes revelou que, em mdia, as empresas brasileiras do setor de alimentos divulgaram 75% das exigncias do IAS 41. Foram informados por todas as companhias os itens 40, 41, 46-a e 50, que dizem respeito divulgao do ganho ou perda do perodo em relao ao valor inicial, descrio dos ativos biolgicos, natureza das atividades em que esto envolvidos e conciliao das mudanas no valor contbil. A quantidade de ativos biolgicos consumveis e de produo ou maduros e imaturos (item 43), foi informada por apenas 22% das empresas, mesmo percentual que divulgou a existncia e o total de ativos biolgicos cuja titularidade restrita, e o montante dado como garantia. Diferentes critrios podem ter sido utilizados na anlise dos dados, mas em relao s demonstraes de 2010 das empresas de capital aberto estudadas por Scherch et al. (2012), verificou-se que nas divulgaes das empresas brasileiras do setor de alimentos houve um aumento no grau de evidenciao exigida pelo CPC 29. Quanto ao nvel de disclosure do IAS 41 das empresas do setor de alimentos da Austrlia, pode-se inferir que houve, em mdia, 80% de divulgao em conformidade com a norma. Assim como nas empresas brasileiras, entre as australianas os itens 40, 41, 46-a e 50 foram divulgados em todos os relatrios; alm destes, o item 46-b, que trata da mensurao da quantidade fsica dos ativos biolgicos tambm foi atendido por todas as companhias. Mais uma vez, o item 43 foi o que teve menos ocorrncia nas demonstraes, apenas 13%. As empresas australianas foram as que apresentaram maior aderncia s exigncias do IAS 41, resultado semelhante ocorreu no estudo de Elad e Herbohn (2011), que atriburam o resultado ao fato de que as companhias da Austrlia j utilizavam o AASB 1037, que continha exigncias similares s do IAS 41, muitos anos antes da publicao da norma internacional. A anlise das empresas inglesas do setor de alimentos mostrou que, em geral, as companhias evidenciaram 79% dos itens exigidos pelo IAS 41 nos relatrios selecionados para esta pesquisa. Os itens 41, 46-a e 50 foram divulgados por todas as empresas inglesas, porm apenas 25% informou o total de ativos biolgicos com titularidade legal restrita dado como garantia (item 49-a) ou o montante de compromissos relacionados a esses ativos (item 49-b). A anlise comparativa entre as empresas do setor de alimentos do Brasil, da Austrlia e da Inglaterra permite afirmar que houve maior conformidade com o IAS 41 nas empresas australianas (80%), seguidas pelas inglesas (79%), enquanto as brasileiras foram as que apresentaram o menor grau de aderncia, 75%. No houve divergncia relevante em relao aos itens de maior ou menor evidenciao. As informaes requeridas s empresas que mensuram os ativos biolgicos seu custo menos depreciao e perda no valor recupervel acumulada apresentaram baixo nvel de disclosure nos 3 pases. Visando confirmar os resultados procedeu-se ao teste estatstico de diferena de mdias de disclosure entre os pases pesquisados. A partir do resultado do teste de Kruskal-Wallis no se pode afirmar que as empresas pesquisadas da Austrlia e Inglaterra tm uma mdia de divulgao do IAS 41 estatisticamente diferente da divulgao realizada pelas companhias brasileiras. Considerando as particularidades dos Ativos Biolgicos, o detalhamento de suas caractersticas e critrios de mensurao, torna as divulgaes mais compreensveis, aprimora a qualidade das informaes e contribui para o grande propsito da adoo de uma norma internacional, estabelecer um padro de comparabilidade, alm de promover o objetivo maior da Contabilidade, fornecer informaes teis para a tomada de deciso dos usurios. Por fim, vale lembrar, que nem sempre a grama do vizinho mais verde. Afinal, neste contexto, observou-se, estatisticamente, que no h diferena entre o disclosure do IAS 41 nas empresas do setor de alimentos do Brasil, da Inglaterra e da Austrlia.
Referncias bibliogrficas: Barros, C. C., Souza, F. J. V., Arajo, A. O., Silva, J. D. G. & Silva, M. C. (2012). O impacto do valor justo na mensurao dos ativos biolgicos nas empresas listadas na BM&BOVESPA. Revista de Contabilidade do Mestrado em Cincias Contbeis da UERJ (online), 17(3), 41-59. Elad, C. & Herbohn, K. (2011). Implementing Fair Value Accounting in the Agricultural Sector. Edinburgh: The Institute of Chartered Accountants of Scotland. Herbohn, Kathleen. (2006). Accounting for SGARAs: a stocktake of accounting practice before compliance with AASB 141 Agriculture. Australian Accounting Review, 16(2), 62-76.Rech, I. J. & Oliveira, K. G. (2013). Anlise do grau de aderncia IAS 41 no setor de papel e celulose. 10o Congresso USP Iniciao Cientfica em Contabilidade. So Paulo-SP. Scherch, C. P., Olak, P. A., Nogueira, D. R. & Cruz, C. V. O. A. (2012). Nvel de conformidade do CPC29 nas empresas brasileiras: uma anlise com as empresas de capital aberto. 19o Congresso Brasileiro de Contabilidade, Belm-PA. Silva, R. L. M., Figueira, L. M., Pereira, L. T. O. A. & Ribeiro, M. S. (2013). CPC 29: Uma anlise dos requisitos de divulgao entre empresa de capital aberto e fechado do setor de agronegcios. Sociedade, Contabilidade e Gesto, 8(1), 26-49. Wanderley, C. A. N., Silva, A. C. & Leal, R. B. (2011). Tratamento contbil de ativos biolgicos e produtos agrcolas: uma anlise das principais empresas do agronegcio brasileiro. Anais do 4o Congresso UFSC de Controladoria e Finanas. Williams, B. R. Wilmshurst, T. (2006). The Achievability of Sustainable Reporting Practices in Agriculture. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 16, 155-166.
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