Resumo: Propsito do Trabalho: No contexto de competitividade atual existe o entendimento de que pa�ses possuem vantagens sobre outros se contam com capacidade de criar e utilizar novas tecnologias, bem como a rapidez de absor��o pelo setor produtivo e por fim sua utiliza��o pela sociedade (Scholze, 2013).
Neste ambiente encontra-se a aplica��o de recursos pelas empresas em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), denominado por Van de Ven (1986) como inova��o, tendo papel fundamental no desenvolvimento social e econ�mico, tanto de pa�ses como de empresas.
A folga organizacional pode ser uma importante ferramenta para as empresas no momento em que as mesmas necessitem realizar uma manobra estrat�gica, quando comparadas as empresas que estejam operando em plena capacidade instalada ou m�o de obra ou ainda tem caixa limitado (Donada & Dostaler, 2005).
Neste contexto, o objetivo central do estudo � verificar a rela��o entre folga organizacional e os gastos com P&D nas companhias de energia el�trica listadas na BM&FBovespa.
A pesquisa se justifica no contexto da verifica��o do impacto da exist�ncia de folga organizacional e o gasto com P&D em um setor que necessita de investimento cont�nuo como o setor de energia el�trica devido ao seu papel estrat�gico no desenvolvimento econ�mico do pa�s.
Este estudo contribui para a verifica��o da real aplica��o de recursos em P&D objetivando a inova��o no setor de energia el�trica e a forma de administrar dos gestores, como j� descrito, de suma import�ncia para a evolu��o econ�mica do pa�s, contribui tamb�m na quest�o social da aplica��o dos recursos ganhos em P&D, visando a melhora da sociedade em geral.
Base da plataforma terica: Folga Organizacional
Em geral, recursos considerados folga organizacional s�o aqueles que est�o vis�veis para os gerentes e tem possibilidade de aplica��o no futuro (Sharfman, Wolf, Chase & Tansik, 1988). Diversos s�o os conceitos abordados at� se chegar a uma defini��o do conceito de folga organizacional.
De acordo com Sender (2004) a folga organizacional pode ser enquadrada fundamentalmente em tr�s tipos de folga, sendo elas apresentadas quanto � disponibilidade, quando � absor��o pela organiza��o e quanto � autonomia de uso. A autora complementa que as vari�veis s�o apresentadas na literatura como Folga Potencial, Folga Recuper�vel e Folga Dispon�vel.
Sender (2004) destaca tamb�m que a folga organizacional tem destaque importante no comportamento estrat�gico da organiza��o, no crescimento da firma, na gest�o de coaliz�es, na resposta ao ambiente em que a empresa atua e na motiva��o dos funcion�rios. A autora complementa que a quantidade de fun��es apresentadas pela folga deve ser avaliada de maneira positiva no caso de exist�ncia de folga organizacional.
As medidas de folga organizacional podem ser divididas em 3 vari�veis de folga, sendo elas folga potencial, folga absorvida e folga inabsorvida.
Para Dallabona e Beuren (2011), a folga potencial � representada pelas habilidades da empresa gerir seus recursos, como aumento de capital. Os autores complementam que a folga recuper�vel � representada pelos recursos j� absorvidas na organiza��o. J� a folga dispon�vel s�o os recursos dispon�vel que n�o foram empregados em objetivos espec�ficos da organiza��o (Dallabona & Beuren, 2011).
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
Para v�rios autores, a denomina��o �pesquisa e desenvolvimento ou P&D� como � comum ser chamada, � alterado para �inova��o�, com o mesmo sentido, caso de Van De Ven (1986) e Kim et al. (2008), sendo que trataremos os dois termos com o mesmo significado.
No estudo de Van De Ven (1986, p. 591), inova��o de uma forma geral � definida como �desenvolvimento e implementa��o de novas ideias que ao longo do tempo se envolvem em transa��es com os outros dentro de um contexto institucional�. Observa-se que � uma defini��o geral de inova��o, podendo incorporar fun��es administrativas e de produ��o (Van de Ven, 1986).
Para Niyama (2005) o conceito de P&D � amplo, significando tanto o desenvolvimento de novos produtos ou marcas como a efici�ncia das atividades da empresa. Ainda para Niyama (2005) a denomina��o P&D pode ser dividida em pesquisa relacionada a algo novo e desenvolvimento relacionada a melhora de algo que j� existe (Niyama, 2005).
Conforme legisla��o da ANEEL (Lei n� 9.991/2000), as empresas do setor de energia el�trica, sendo empresas concession�rias, permission�rias e autorizadas, devem obrigatoriamente investir anualmente um percentual de sua receita operacional l�quida em pesquisa e desenvolvimento. Os recursos destinados a P&D conforme a legisla��o deve ser na seguinte propor��o aos programas de desenvolvimento: i) 40% recolhidos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (FNDCT), fundo gerido pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP); ii) 40% destinados a projetos de pesquisa e desenvolvimento, estabelecidos pela Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (ANEEL) e; iii) 20% recolhido ao Minist�rio das Minas e Energia (MME) a fim de custear os estudos e pesquisas de planejamento da expans�o do sistema energ�tico.
Mtodo de investigao: A presente pesquisa foi realizada por meio de estudo documental, com car�ter descritivo e abordagem quantitativa dos dados.
A pesquisa apresentada tem como popula��o as companhias abertas listadas na BM&FBovespa. Dentre essas empresas constitu�ram-se como amostra do estudo as companhias listadas no setor de Energia El�trica com informa��es referentes a investimentos com P&D nas demonstra��es cont�beis.
A coleta de dados realizou-se atrav�s de dados secund�rios, sendo coletadas as vari�veis econ�mico financeiras que comp�e os itens de folga, vendas, ROE e ROA na Economatica e a vari�vel P&D sendo coletada nos demonstrativos financeiros das companhias, sendo o per�odo de an�lise de dados de 2010 a 2012.
As vari�veis selecionadas para compor a an�lise foram submetidas a alguns testes preliminares, a fim de realizar a an�lise de dados em painel, visando identificar a confiabilidade da regress�o. Foi realizado o teste VIF que busca identificar quanto � vari�ncia de cada coeficiente de regress�o estimado aumenta devido a multicolinearidade (F�vero, Belfiore, Silva & Chan, 2009). O teste proporciona identificar problemas de alta correla��o entre vari�veis independentes, sendo que o ideal � que os valores VIF das vari�veis sejam menores que cinco.
Para a realiza��o da an�lise, os dados foram normalizados a partir de seu logaritmo neperiano. Para testar a sua normalidade, foram submetidos ao teste n�o param�trico K-S, por meio do software estat�stico SPSS�. Ap�s testar a colinearidade de vari�veis e se a distribui��o dos dados � considerada normal, os dados foram submetidos aos testes de Breusch e Pagan e o teste de Hausman, para verificar qual t�cnica de dados em painel seria utilizada, efeitos pools, efeitos aleat�rios ou efeitos fixos.
Como principal limita��o da pesquisa, apresenta-se o fato da n�o possibilidade de replica��o de todas as vari�veis do estudo de Kim et al. (2008), al�m do reduzido numero de empresas utilizadas na an�lise.
O n�mero reduzido de companhias com a divulga��o dos dados de pesquisa e desenvolvimento nos anos de an�lise tamb�m pode ser considerado uma limita��o da pesquisa, sendo que, com um maior n�mero de companhias na amostra, aumenta-se o rigor estat�stico do modelo apresentado no estudo.
Resultados, concluses e suas implicaes: Os investimentos em P&D tem reflexo direto com os processos de inova��o, apresentando reflexos no desenvolvimento social e econ�mico, tanto de pa�ses como de empresas. No contexto do desenvolvimento social e econ�mico, as empresas de energia el�trica apresentam vital import�ncia para a sociedade. Para que as empresas possam alocar um maior volume de recursos, temos que a folga organizacional pode contribuir com esse processo, sendo uma folga de recursos � disposi��o das organiza��es.
Para atender ao objetivo do estudo em verificar a rela��o entre folga organizacional e os gastos com P&D nas companhias de energia el�trica listadas na BM&FBovespa utilizou-se presente pesquisa a t�cnica de dados em painel no modelo de efeitos aleat�rios.
Os resultados apresentados no presente estudo demonstram uma rela��o significativa positiva da vari�vel folga potencial com a aloca��o de recursos em pesquisa em desenvolvimento de companhias listadas no setor de energia el�trica da BM&FBovespa no per�odo de 2010 a 2012, tendo como amostra 22 companhias em cada ano.
A vari�vel folga potencial � representada pela raz�o do patrim�nio l�quido pelo total de passivo, tal rela��o mostra que quanto maior o volume de recursos oriundos do patrim�nio das organiza��es, maior tende a ser a aloca��o de recursos em investimentos em pesquisa e desenvolvimento, visto que as companhias tem a obrigatoriedade de aplicar no m�nimo 1% do total das vendas do per�odo com P&D.
Quando analisadas as demais vari�veis de folga organizacional, sendo elas folga recuper�vel e folga dispon�vel, as mesmas n�o apresentaram rela��o significativa no modelo de an�lise dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento das companhias de energia el�trica.
Tal rela��o pode ser explicada na presente amostra pela n�o rela��o das vari�veis de controle de rentabilidade de ativos e de patrim�nio l�quido, as quais, pelo estudo de Dallabona e Beuren (2011) apresentaram rela��o significativa com as vari�veis de folga recuper�vel e folga dispon�vel.
Resumindo, os resultados demonstraram que existe uma rela��o significativa positiva da vari�vel folga potencial com a aplica��o de recursos em P&D, por�m, entre folga recuper�vel e folga dispon�vel e a aplica��o de recursos P&D n�o houve rela��o significativa. Conclui-se assim que, quanto maior a origem de recursos das empresas de energia el�trica for de capital pr�prio, maior tende a ser a aplica��o de recursos em P&D.
No presente estudo conclui-se que quanto maior a origem de recursos das companhias de energia el�trica for de capital pr�prio, maior tende a ser a aplica��o de recursos em P&D, podendo levar essas companhias a um maior desenvolvimento e inova��o do processo de gera��o de energia e aproveitamento dos recursos.
Como sugest�o de pesquisas futuras, sugere-se a aplica��o do modelo a um maior n�mero de empresas, podendo ser realizada uma compara��o com empresas de outros pa�ses do mesmo setor, ou, at� ent�o, uma amplia��o da amostra com uma diversidade maior de empresas, incluindo outras atividades empresariais.
Referncias bibliogrficas: Chen, W. R., & Miller, K. D. (2007). Situational and institutional determinants of firms� R&D search intensity. Strategic Management Journal, 28(4), 369-381.
Donada, C., & Dostaler, I. (2005). Relational Antecedents of Organizational Slack: Na Empirical Study into Supplier-Customer Relationships. Management, 8(2), 25-46.
Kim, H., Kim, H., & Lee, P. M. (2008). Ownership Structure and the Relationship Between Financial Slack and R&D Investments: Evidence from Korean Firms. Organization Science, 19(3), 404-418.
Koller, T., Goedhart, M., & Wessels, D. (2005). The Right Role for Multiples in Valuation. McKinsey of Finance. 15, 7-11.
Scholze, S. H. C. (2013) A retomada dos esfor�os em P&D nas telecomunica��es brasileiras: uma perspectiva das teorias regulat�rias. Revista de Direito, Estado e Telecomunica��es, 5(1), 107-134.
Sender, G. (2004). O papel da folga organizacional nas empresas: um estudo em bancos
brasileiros. Disserta��o de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Sharfman, M. P., Wolf, G., Chase, R. B., & Tansik, D. A. (1988). Antecedents of Organizational Slack. Academy of Management Review, 13(4), 601-614.
Van de Ven, A. H. (1996). Central problems in the management of innovation. Management Science, 32(5), 591-607.
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