Resumo: Propsito do Trabalho: A Contabilidade de Custos possui inúmeras utilidades como auxiliar o controle e ajudar na tomada de decisões, o que é extremamente relevante para as empresas conseguirem ser competitivas maximizando os lucros e reduzindo os custos. Com o crescimento das empresas industriais, a Contabilidade de Custos teve que acompanhar este desenvolvimento surgindo então, uma nova necessidade, a Contabilidade como ferramenta de gestão. A questão que motiva este trabalho é: como se encontra o cenário brasileiro da produção científica em Contabilidade de Custos? Em decorrência desta, se estabeleceu o objetivo desse estudo, que é descrever e analisar as opções temáticas em custos utilizadas na produção científica brasileira em trabalhos apresentados na área de Contabilidade Gerencial no Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, a escolha deste é por ser um dos congressos mais representativos e de maior interesse pelos autores. Tem-se como justificativa a própria relevância da Contabilidade de Custos, uma vez que esta auxilia todo um processo de gerenciamento, com vistas a detectar e corrigir problemas, potencializando o crescimento e geração de lucros, além de gerar muitas informações
Base da plataforma terica: Estágios evolutivos da contabilidade gerencial
Importante se faz mencionar que por meio do desenvolvimento das empresas, a Contabilidade Gerencial é coagida a evoluir para suprir as necessidades informacionais dos gestores. Assim, “A análise destes estágios permite verificar a mudança de foco e posicionamento da contabilidade gerencial, bem como indica a possibilidade de classificação dos artefatos que surgiram em função destas mudanças” (SOUTES, 2006, p. 1-2).
Desse modo, apresentam-se os quatros estágios evolutivos da Contabilidade Gerencial definida pelo IFAC (1998), que considera o cenário evolutivo e em constante transformação em termos de práticas da Contabilidade Gerencial, descrevendo-os em diferentes períodos, apreciados a seguir.
2.2.1 Estágio 1
Esse estágio compreende o período anterior a 1950 e traz como finalidade básica a determinação do custo de produção e o controle financeiro por meio do orçamento e da contabilidade de custos (ITTNER e LARCKER, 2001 apud SOUTES, 2005, p. 2). Para Ribeiro (2011, p. 32), “esse estágio representa um período durante o qual o ambiente era pouco competitivo e a tecnologia disponível para as empresas empregarem em seus processos era pouco desenvolvida.” As técnicas de Contabilidade Gerencial que se destacaram neste período são custeio por absorção, custeio variável, custeio padrão e retorno sobre investimento. Convém explanar a conceituação de cada um deles a seguir.
Estágio 2
Entre 1950 e 1960, o foco da Contabilidade Gerencial passou a ser o fornecimento de informações que provessem a necessidade de planejamento gerencial e controle, o que ficou conhecido como o segundo estágio evolutivo (SOUTES, 2005, p. 2). Ribeiro (2011, p. 33) reafirma a ideia que “Tal fato é percebido quando se observa que há utilização de novas práticas que auxiliam no planejamento e não mais apenas no controle que incluem, por exemplo, análise de decisão e contabilidade por responsabilidade.” As práticas gerenciais utilizadas neste período foram preço de transferência, moeda constante, valor presente, orçamento e descentralização.
Estágio 3
No período de 1965 e 1985, definido como o terceiro estágio evolutivo, verificou-se uma ampla carência por informações de caráter gerencial, como resposta a esta necessidade, houve o aprimoramento das tecnologias de análise de processos e a administração estratégica de custos com objetivo de reduzir o desperdício de recursos nos processos industriais (RIBEIRO, 2011, p. 35). Os artefatos que representam este período são custeio baseado em atividades – ABC, custeio meta, kaizen, just in time –JIT, teoria das restrições, planejamento estratégico, gestão baseada em atividades – ABM e benchmarking.
Estágio 4
O período após 1995 até os dias atuais é caracterizado como o Estágio 4 da Contabilidade Gerencial e tem como principal atração a geração e criação de valor por meio de tecnologias que permitissem uma união entre acionistas, clientes e inovação organizacional (TEIXEIRA et al. 2009, p. 4). As principais ferramentas gerenciais adotadas nesta fase foram Economic value added (EVA), Gestão Econômica (GECON), Balanced Scorecard, Gestão baseada em valor (VBM) e Simulação.
Mtodo de investigao: Tipologia da pesquisa:Com relação aos objetivos da pesquisa, tem-se que esta é descritiva, pois buscou relatar o cenário da produção científica em Contabilidade Gerencial na área de custos. A natureza do problema remete à pesquisa aplicada;
A abordagem do problema, a categoriza como uma pesquisa mista, conjugando aspectos tanto da pesquisa qualitativa como quantitativa em fases distintas. Quanto aos procedimentos técnicos empregados, esta fez uso da pesquisa bibliográfica e da pesquisa documental; o método utilizado foi o dedutivo; por fim, tem-se que esta pesquisa, no que tange ao ambiente é de campo, pois foi realizada mediante observação direta das atividades.
Método de coleta dos dados teve por base os artigos de todas as edições do congresso; em seguida, selecionados os exclusivos em contabilidade gerencial conforme os estágios evolutivos preconizados pelo IMAP – 1 (International Accounting Management Practice 1 - 1998). Desta forma coletou-se 251 artigos, compreendendo todas as edições do evento (2004 a 2012), publicados nos Anais do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, restrito á área da Contabilidade Gerencial, que compõem então o universo da pesquisa.
Após a coleta os mesmos foram organizados e analisados para classificação quanto às opções temáticas de custos, partindo do modelo de classificação do IMAP1 (1998), considerando as práticas e os estágios evolutivos. As técnicas empregadas foram: a análise de conteúdo, para seleção e classificação que é a fase qualitativa, e; posteriormente, a fase quantitativa, mediante uso de planilhas eletrônicas com o software Microsoft Excel para auxiliar a análise que se fez com estatística descritiva.
Resultados, concluses e suas implicaes: A primeira etapa para o cumprimento desta pesquisa propõe “estudar os estágios evolutivos determinados pelo IMAP, como também os artefatos utilizados pela Contabilidade Gerencial em custos”. Pondera-se como cumprido, uma vez que foram apresentados na seção 2 desde o surgimento e os conceitos de Contabilidade Gerencial, como também um esboço dos estágios evolutivos e as práticas abordadas em cada estágio. O segundo passo foi definido como “Classificar os artigos publicados no Congresso USP conforme sua opção temática” e foi cumprido através da breve leitura dos artigos, dando origem a uma planilha de dados com a classificação por opção temática de cada artigo, o que serviu de alicerce para a elaboração dos gráficos e análises constantes na seção 4.
E por último, “descrever o cenário brasileiro da produção científica em Contabilidade Gerencial na área de custos”. Este objetivo obteve êxito, sendo que foi realizado em conjunto com o objetivo anterior na seção 4, pois à medida que foram apresentados os gráficos também foram feitas análises que definiram o atual cenário da produção científica brasileira conforme os artigos publicados no Congresso USP Controladoria e Contabilidade. Tendo em vista os aspectos apresentados, torna-se imprescindível destacar os pontos importantes que foram concluídos nesta pesquisa.
No Estágio 1 a opção temática que mais se destacou foi o Custeio Variável, representando 9% do total das classificações. Já o Estágio 2, apresentou apenas uma opção temática com abordagem em Contabilidade de Custos, o Preço de Transferência, com 4%. O Estágio 3 tem mais enfoque na opção temática Custeio Baseado em Atividades e representa 17% em relação a todas as classificações dos artigos. O Estágio 4 não foi mencionado devido não utilizar nenhuma prática em Contabilidade de Custos. Com relação aos temas que não estão no IMAP, às Outras opções temáticas, a que mais se destacou foi à prática de Custos com representatividade de 17% em relação ao total das classificações, seguido da Gestão Estratégica de Custos que alcançou 10%.
É oportuno enfatizar as práticas que foram menos publicadas no Congresso USP, as quais estão em desuso pelos autores. No Estágio 1, a prática Custeio Padrão obteve apenas 1%. No Estágio 3, a Gestão Baseada em Atividades representou apenas 1% em relação ao total. Das práticas que não estão no IMAP com opções temáticas em Contabilidade de Custos que apresentaram menos artigos publicados e apresentaram 1% em relação ao total são Método do Rateio Progressivo ou Sequencial, Custeio Pleno, Comportamento dos Custos e Unidade de Esforço de Produção.
Algumas práticas obtiveram apresentação no início do período, porém com o decorrer dos anos foi caracterizado nenhuma apresentação no fim do tempo estudado. Pode ser representado pelo Custeio Variável, que em 2004 tinha duas classificações e passou à zero em 2012, como também o Custeio Baseado em Atividades que iniciou em 2004 com 3 classificações passando para zero no último ano estudado.
Não foi encontrada nenhuma opção temática que tenha crescimento regular durante o período analisado de classificações. Do total, seis opções temáticas tiveram apenas uma apresentação durante a análise que foram: Custeio Padrão em 2010, Gestão Baseada em Atividades em 2004, Método do Rateio Progressivo ou Sequencial em 2007, Custeio Pleno em 2004, Comportamento dos Custos em 2004 e Unidade de Esforço de Produção em 2006, sendo que para estes temas, não foram apresentados nenhum artigo com o respectivo tema nos outros anos.
Em suma, conclui-se que esta pesquisa contribuiu significativamente para a definição do cenário brasileiro de produção científica por meio dos artigos publicados no Congresso USP Controladoria e Contabilidade, evidenciando as opções temáticas mais acometidas e gerando expectativas para as opções temáticas que foram pouco utilizadas serem contempladas em estudos futuros, como o custeio padrão, gestão baseada em atividades, método do rateio progressivo, custeio pleno, comportamento dos custos e unidade de esforço de produção.
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