Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 330

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: CUSTOS E PREÇO DE VENDA: UMA ABORDAGEM INTERVENCIONISTA EM PEQUENAS INDÚSTRIAS

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Devido a sua representatividade as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) têm sido consideradas como muito importantes para o crescimento econômico dos países (Robson & Benett, 2000), porém, uma preocupação crescente está relacionada à sobrevivência dessas empresas, a qual requer adequado acompanhamento de receitas, custos e despesas (SEBRAE. 2010).De forma geral, alguns pesquisadores têm alertado para falta de relevância das pesquisas para os práticos (Malmi & Grandlund, 2009; Baldvinsdottir, Mitchell & Norreklit, 2010) e a Pesquisa Intervencionista tem sido bastante recomendada como uma técnica que pode produzir resultados relevantes, mas para isso é necessário que a academia aceite que os objetos de estudo possam ser afetados pela própria pesquisa (Jönsson, 2010). Outro ponto recomendado é que as pesquisas foquem em determinados segmentos (Chenhall & Langfield-Smith, 2007) Tendo em vista os pontos elucidados de que as pesquisas devam (1) privilegiar o interesse dos práticos, (2) devam gerar respostas para segmentos específicos da sociedade, no caso as PMEs, (3) a pesquisa intervencionista é uma abordagem para transformar essa realidade, este artigo teve como questão de pesquisa: Quais são as contribuições para a teoria que podem ser obtidas por meio de uma pesquisa intervencionista na apuração de custos e formação do preço de venda nas pequenas indústrias.

Base da plataforma terica:
Importância dos custos para decisões Um ambiente econômico cada vez mais agressivo e formado por um número cada vez maior de competidores exige das empresas melhor planejamento e informações de qualidade fornecidas através de controles dos fatores produtivos, de custos e receitas (Machado & Souza, 2006). Por outro lado, o gestor precisa entender seus custos e despesas para então usá-los nas decisões que deverão ser tomadas. Para as pequenas empresas, mesmo não necessitando de complexos sistemas de controles de custos, faz-se necessário ter controles que permitam: (1) determinar os custos dos produtos que serão base do preço de venda; (2) conhecer a rentabilidade dos produtos e (3) entender a estrutura dos custos (Callado, Miranda & Callado, 2003). Framework de Geração de Conhecimento A literatura demonstra que dentre os fatores que podem favorecer o compartilhamento e a criação de conhecimento, um deles é a formação de equipes para desenvolver projetos, a qual é considerada crucial para criação de conhecimento, pois nesse contexto os profissionais podem interagir e por meio do diálogo e confrontação de ideias opostas e identificar novos pontos de vista (Nonaka, 1991). O Modelo de Nonaka e Takeuchi de 1995 é referendado por ser o mais utilizável em diversos campos do conhecimento gerencial, e por integrar criação e compartilhamento (Choi, and Lee, 2002). É baseado no modelo de Nonaka (1991), que divide o conhecimento em Explícito e Tácito. O conhecimento explícito é o que é utilizado pelas pessoas no dia a dia de suas funções e é fruto das experiências obtidas durante a realização das atividades, as quais são base para o desenvolvimento das capacidades de fazer julgamentos intuitivos sobre o desempenho de uma atividade (Choo, 2006). Em outra obra Nonaka, Konno e Toyama (2001) explicitaram a abordagem denominada SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização), a qual foi utilizada para esse trabalho. Pesquisa Intervencionista A abordagem intervencionista teve seu lançamento em Contabilidade Gerencial há cerca de 20 anos pelo Professor Sten Jönsson e seus estudantes de doutorado na Suécia, e agora já não é mais desconhecida, tendo ganhado relevância em um momento em que se reconhece que a prática e a teoria precisam convergir (Westin & Roberts, 2010).Muito embora o aspecto que a distingue das outras pesquisas seja o propósito de atingir determinados resultados no estudo de campo, a mais importante diferença é a construção de um experimento de campo (Jönsson & Lukka, 2007), com a oportunidade de coletar material que não estaria acessível por meio dos métodos tradicionais de pesquisa. Labro e Tuomela (2003) desenvolveram um framework a partir de um modelo elaborado por Lukka (2000) para analisar dois estudos de caso em pesquisas construtivas que solucionaram problemas práticos e contribuíram com a teoria (Labro & Tuomela, 2003). Este modelo é dividido em duas grandes fases: fase de campo e fase teórica. A fase de campo contempla (1) encontrar um problema relevante na prática e teoricamente interessante; (2) analisar possibilidade de termo de cooperação de longo prazo; (3) ter conhecimento do tema. A fase teórica considera a (1) criar um construto; (2) implementar e testar o construto; (3) examinar o escopo e aplicabilidade e (4) mostrar as contribuições teóricas.

Mtodo de investigao:
A abordagem da pesquisa é intervencionista, pois se pretende entender e conhecer com maior profundidade as dificuldades enfrentadas pelas pequenas empresas em custeio e formação do preço de venda e participar ativamente do processo de mudança dessa realidadea qual teve como fundamentação a proposta de Labro e Tuomela (2003). Duas empresas vinculadas ao SINAFER composto por 2.380 empresas paulistas (em sua maioria de pequeno porte) do setor metalúrgico Anteriormente foi feito um survey para identificar “gap” de técnicas de Controle Gerencial. Neste survey, das sessenta e cinco empresas respondentes, cinquenta e sete empresas (88%) disseram que ter custos competitivos era importante ou muito importante para suas atividades enquanto que trinta e sete empresas (57%) afirmaram não saber seus custos de forma precisa. Seleção das Empresas Em três empresas foi possível desenvolver todo o projeto, as quais foram escolhidas por se mostrarem dispostas a fazerem parte e cooperarem com esta pesquisa, em receber o pesquisador para as entrevistas e para as demais visitas necessárias para o processo de intervenção. Por questão de espaço são relatados somente duas empresas, embora tenham sido as mais relevantes. Criação e Compartilhamento de Conhecimento Os participantes foram convidados a comparecer na sede do SINAFER, onde em formato de aulas ministradas pelos pesquisadores integrantes do projeto foram transmitidos os principais conceitos sobre custos, despesas, técnicas de Custo-Volume-Lucro (CVL) e formação de preço de venda utilizando mark-up, bem como estudos de casos para serem solucionados em sala de aula e tarefas “de casa” para que os participantes aplicassem na empresa aquilo que estavam assimilando, consoante o modelo SECI (Sociabilização, Externalização, Combinação e Internalização), desenvolvido por Nonaka, Konno e Toyama (2001). Entrevistas A penúltima etapa do modelo de Labro e Tuomela (2003) sugere saber se o formato da pesquisa e se sua aplicabilidade foi ou está sendo adequado. Então foi elaborada uma entrevista semiestruturada baseada na revisão de literatura, nas observações de sala de aula. Intervenção A última etapa do desenho desta pesquisa consistiu nas visitas às empresas com o propósito de identificar pontos de melhorias em custos e formação de preço de venda.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Um resultado importante foi o que mostrou que a metodologia utilizada, dividida em duas fases - uma de treinamento e outra de implementação, foi considerada bastante adequada, onde a fase de treinamento teve uma participação relevante na consecução dos objetivos da pesquisa. Esses resultados podem estimular que para disseminar o conhecimento sobre Custeio e Formação de Preço de Venda em larga escala, um adequado programa de treinamento com maior intensidade, seguido de um programa de intervenção com menor intensidade em termos de tempo pode ser importante. Isso pode estimular que organizações como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Departamento da Micro e Pequena Indústria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), bem como outros sindicatos patronais, possam usar as experiências dessa pesquisa para junto com pesquisadores acadêmicos intervencionistas ampliarem o universo de organizações potenciais beneficiárias desse tipo de intervenção. Por outro lado, a replicação dessa metodologia requer alguns cuidados importantes, (1) há que se evitar que empresas concorrentes participem do mesmo grupo de treinamento e também de intervenção; (2) faz-se necessário que os pesquisadores tenham experiências profissionais com o tema e com a realidade de micro e pequenas empresas; (3) a fase de treinamento tem que ser apresentada em uma linguagem adequada à realidade desses gestores/empresários; (4) é extremamente importante que o empresário participe junto com um gestor financeiro; (5) há que se ter um apoio institucional de uma associação de classe; (6) faz-se necessários esforços para captação dessas empresas, a despeito da necessidade premente desse tipo de controle; (7) ter uma empresa como benchmark funciona como controle social estimulando o comportamento dos demais participantes, além de compartilhar conhecimentos. Outro resultado importante para a literatura é que a despeito de serem empresas sem grande poder de fogo na determinação dos preços de venda, um melhor conhecimento dos custos permitiu um aumento da confiança dos empresários na negociação dos preços com os seus clientes, inclusive com eliminação de produtos deficitários ou de margem abaixa da desejada, o que demonstra uma evidência da transformação da realidade através dessa pesquisa. Alguns pontos podem ser melhorados em pesquisas futuras, um deles é o cuidado com o intervalo de tempo entre a realização do workshop e o início da intervenção, que nesta pesquisa foi de aproximadamente três meses e considerado não apropriado. Esse intervalo foi prejudicial, pois demandou mais tempo do empresário para fornecer as informações necessárias para a implementação das mudanças. Assim futuras pesquisas podem se beneficiar dessa experiência e diminuir esse intervalo de tempo, de forma a manter a motivação e o próprio aproveitamento do conhecimento assimilado nos workshops

Referncias bibliogrficas:
Berry, A.J., Coad, A.F., Harris, E.P., Otley, D. T., Stringer, C. (2009). Emerging themes in management control: A review of recent literature. The British Accounting Review, 41, p.2-20. Callado, A. L. C., Miranda, L. C., Callado, A. A. C. (2003). Fatores associados à Gestão de Custos: um estudo nas micro e pequenas empresas do setor de confecções. Revista Produção, v. 13, n. 01, p. 64-75. Jönsson, S., Interventionism – an approach for the future? Qualitative Research in Accounting & Management, vol.7, no.1, pp 124-134, 2010. Labro, E., & Tuomela, T. (2003). On bringing more action into management accounting research: process considerations based on two constructive case studies. European Accounting Review, vol.12, no.3, p. 409-442. Leone, N. M. de C. P. G. (1999). As especificidades das pequenas e médias empresas. RAUSP – Revista de Administração da USP, vol. 34, número 2, p.91-94. Nonaka, I., Konno, N., Toyama, R. (2001). Emergence of “Ba”: A Conceptual Framework for the continuous and Self-transceding Process of Knowledge Creation.p.13-29. In: Nonaka, Ikujiro.; Nishiguchi, Toshihiro. (eds) Knowledge Emerge: Social, Technical, and Evolutionary Dimensions of Knowledge Creation. 303p. Oxford. Robson, P. J. A., & Bennett, R. J. (2000). SME Growth: The Relationship with Business Advice and External Collaboration. Small Business Economics, vol.15, p.193-208. Sebrae / SP, 12 anos de monitoramento de sobrevivência e mortalidade das empresas – agosto/10. Disponível em: http://www.sebraesp.com.br/TenhoUmaEmpresa/Biblioteca/OutrosConteudos/EstudosEPesquisas/MortalidadeDasEmpresas/Paginas/MortalidadeDasEmpresas.aspx#bottom Acesso em 18 março de 2012.

 

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