Resumo: Propsito do Trabalho: A contabilidade busca acompanhar as mudan�as tecnol�gicas por meio da reestrutura��o dos procedimentos e t�cnicas cont�beis, que impactam diretamente a forma como os servi�os s�o prestados e como a informa��o chega aos clientes. Neste contexto, a integra��o da comunica��o virtual descortina-se como fundamental para a facilita��o das rela��es de trabalho e aprimoramento da qualidade de servi�os prestados, prevenindo a repeti��o de trabalhos e desperd�cio de tempo e mat�ria prima, o que evita preju�zos �s empresas.
Foram criados softwares de gest�o, conhecidos por Enterprise Resource Planning (ERP), e incorporados ao cotidiano das organiza��es para estreitar e racionalizar a comunica��o entre os diversos setores e controles de uma entidade. A utiliza��o de Sistemas de Informa��o (SI), integrados em seus diversos m�dulos, convergindo para um �nico sistema de informa��es, traz benef�cios em v�rios sentidos para a gest�o organizacional, proporcionando, inclusive, maior tempestividade na tomada de decis�es em virtude da velocidade de gera��o e processamento dos dados coletados e sua transforma��o em informa��o gerencial.
O prop�sito deste trabalho foi medir se h� rela��o entre o n�vel de integra��o interna e externa dos SI e a presta��o de servi�os, partindo da aplica��o de um question�rio junto a escrit�rios de contabilidade em uma cidade do interior de Minas Gerais. Foram elaboradas quest�es para tra�ar paralelos entre diversas vari�veis, utilizando desde aspectos descritivos, como forma de constitui��o, tempo de exist�ncia, qualifica��o, tamanho e quantidade de clientes, at� os tipos de servi�os que s�o oferecidos. Os dados foram tratados visando � obten��o de an�lises estat�sticas descritivas, Teste t de Student e Correla��o de Spearman.
Base da plataforma terica: A .L. Albertin e R. M. M. Albertin (2009) afirmam que um dos componentes que tem sido mais importantes no ambiente empresarial � a TI, e que as organiza��es brasileiras a t�m utilizado de forma ampla e intensa nos n�veis estrat�gicos e operacionais. Na �tica de Porter and Millar (1985), a TI envolve mais que computadores e sistemas. Para eles, vista de uma forma mais abrangente, a TI engloba toda a informa��o gerada e utilizada para a tomada de decis�es das organiza��es.
� medida que a informa��o deixou de exercer a fun��o informativa inaplic�vel e se transformou fundamentalmente em estrat�gica, surgiu a necessidade de jun��o e dinamiza��o dos elementos e fatos administrativos. Com esse fito, no universo dos softwares foram criados os SI.
K. Laudon e J. Laudon (2007, p. 9) qualificam SI como �um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam (ou recuperam), processam, armazenam e distribuem informa��es destinadas a apoiar a tomada de decis�es, a coordena��o e o controle de uma organiza��o�. Para eles, em uma organiza��o podem existir SI com diversas finalidades, que s�o classificados sob a perspectiva funcional (vendas e marketing, contabilidade, finan�as, recursos humanos, entre outros) e sob a perspectiva de grupo de usu�rios (ger�ncia operacional, m�dia ger�ncia, alta ger�ncia). Assim, dentro de uma organiza��o podem existir: Sistema de Processamento de Transa��es (SPT); Sistema de Informa��es Gerenciais (SIG), e/ou Sistema de Apoio � Decis�o (SAD); e Sistema de Apoio ao Executivo (SAE).
Indubitavelmente, a diversidade de informa��es geradas nas empresas � abundante. Em raz�o disso, um desafio inerente � utiliza��o dos SI � a gest�o eficiente de toda informa��o oriunda deles. Como aux�lio na solu��o deste �rduo desafio surgiram os aplicativos integrados, tamb�m conhecidos como ERP.
O principal objetivo dos ERP � integrar todas as unidades de neg�cios, de modo que cada uma possa entender como suas atividades e decis�es afetam as fun��es de outras unidades (Changa, W. Cheung, C. Cheng &. Yeung, 2008). O presente estudo acata como conceito de ERP o descrito por Mabert, Soni and Venkataramanan (2003a), sistemas interativos on-line, que suportam os processos multifuncionais de toda a empresa utilizando uma base de dados comum.
Rao (2000) explica que os sistemas ERP s�o constru�dos com uma clara separa��o de componentes funcionais, e que o desafio � configurar e integrar de forma otimizada os recursos de informa��o entre as unidades de neg�cios que est�o espalhadas geograficamente. Um exemplo de aplica��o desta funcionalidade est� na forma de agrupar dados para a elabora��o da folha de pagamento. Com a obrigatoriedade de ado��o do registro eletr�nico de ponto para as organiza��es que possuem mais de 10 (dez) funcion�rios, inclusive para as micro e pequenas empresas, conforme disposto na Portaria n� 1.510/2009 do Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE), a elabora��o da folha de pagamento foi facilitada pelo envio autom�tico para os escrit�rios de contabilidade dos registros eletr�nicos de pontos situados nas empresas clientes.
Mtodo de investigao: Este estudo pode ser classificado como uma pesquisa descritiva quanto aos objetivos, pois o intento foi verificar a exist�ncia de rela��o entre o n�vel de integra��o interna e externa na presta��o de servi�os de escrit�rios de contabilidade, ou seja, o estabelecimento de rela��es entre vari�veis. Quanto � abordagem do problema, a pesquisa pode ser caracterizada como quantitativa. Quanto aos procedimentos t�cnicos, classifica-se como um levantamento, em que o instrumento de coleta utilizado foi um question�rio.
Foi realizado um pr�-teste junto aos professores da Faculdade de Ci�ncias Cont�beis da Universidade Federal de Uberl�ndia, que apresentaram algumas sugest�es de melhoria. Os ajustes realizados culminaram na vers�o final do question�rio, que foi postada em uma ferramenta on-line de aplica��o de question�rios chamada SurveyMonkey.
Os dados obtidos dos 46 question�rios v�lidos respondidos foram tratados inicialmente por meio da estat�stica descritiva, que apresentou um panorama sobre a idade dos escrit�rios, seu faturamento m�dio anual, n�mero de funcion�rios e de clientes, al�m de verificar o oferecimento de servi�os relativos �s escritas fiscal e cont�bil, rotinas trabalhistas, participa��o dos softwares utilizados e n�vel de integra��o interna e externa dos sistemas de inform�tica utilizados.
Realizou-se tamb�m o Teste t de Student, um m�todo que avalia a exist�ncia de diferen�as estat�sticas significativas entre as m�dias de dois grupos. Esse teste foi aplicado nas respostas que tratavam da forma jur�dica utilizada para a presta��o dos servi�os e da qualifica��o do registro junto ao Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRC/MG).
Em seguida procedeu-se � an�lise por meio de Correla��o de Spearman, que visa medir a rela��o entre duas vari�veis, considerando-se um n�vel de signific�ncia de 5%, que em geral, � o adotado para pesquisas acad�micas na �rea de gest�o, com melhor indica��o para o tratamento de escalas nominais ou ordinais (Hair, Babin, Money, & Samouel, 2005). Foi considerado o tempo de atua��o no mercado, o faturamento anual aproximado, o n�mero de funcion�rios e a quantidade de clientes em rela��o �s vari�veis n�vel de integra��o interna e n�vel de integra��o externa.
Resultados, concluses e suas implicaes: Em termos gerais a estat�stica descritiva sumariza a amostra de forma otimizada, constituindo-se em indicador para an�lises prim�rias. foi poss�vel observar que a amostra estudada tem como foco a presta��o de servi�os em escritura��o fiscal e folha de pagamento, o que denota a tend�ncia de atendimento de obriga��es tribut�rias e cumprimento de rotinas trabalhistas. Os resultados demonstraram desfavor�vel n�vel de integra��o externa, tendo em vista que o percentual de respondentes que concentram a digita��o de documentos no escrit�rio � bem mais significativo, e pode indicar que os softwares s�o voltados apenas para o atendimento das necessidades internas dos escrit�rios.
Observou-se que apenas um respondente utiliza de fato ERP, e que os demais utilizam mais de um software e declaram possuir razo�vel n�vel de integra��o interna, o que induz � importa��o de dados. Isso pode ser explicado pela utiliza��o de plataformas universais na constru��o dos SI, como a extens�o de arquivo .txt, o sistema gerenciador de dados SQL Server e mais recentemente o padr�o XML, utilizado para acesso em ambientes remotos, capaz de identificar autoria, origem e destino do arquivo. Logo, o que na pr�tica � amplamente conhecido como ERP, s�o na verdade softwares que permitem o interc�mbio de dados por meio da importa��o.
N�o houve ind�cios significativos que o tempo de exist�ncia no mercado, forma de constitui��o jur�dica, qualifica��o profissional ou n�mero de funcion�rios influencie no n�vel de integra��o, interno e externo, dos escrit�rios da amostra. Todavia, os resultados encontrados permitem inferir que o volume de faturamento apresenta ind�cios de uma associa��o positiva e linear com o n�vel de integra��o interna, por�m, com um coeficiente de magnitude modesta. O mesmo n�o ocorre com o n�vel de integra��o externa. Desta maneira, mesmo que calcado em fr�geis indicadores, pode-se constatar a exist�ncia de ind�cios de que o n�vel de integra��o interna dos SI influencia o montante de faturamento, n�o sendo poss�vel afirmar se por fatores econ�micos, culturais, ou frutos do acaso.
A tentativa de estabelecimento de rela��o ou associa��o do n�mero de funcion�rios com o n�vel de integra��o dos escrit�rios de contabilidade objeto da amostra da pesquisa, n�o apresentou qualquer signific�ncia ou possibilidade de vincula��o. Logo, � imposs�vel afirmar que n�o existam mecanismos influenciadores que possam ocasionar alguma altera��o que mere�a destaque, mas no presente estudo, estes n�o foram detectados.
Por outro lado, houve ind�cios de associa��o positiva e linear para faturamento anual aproximado e volume de clientes com o n�vel de integra��o interna, por�m, ambos com coeficientes de magnitude modesta. � prov�vel que o n�vel de organiza��o dos escrit�rios seja fator relevante para a contrata��o dos servi�os cont�beis, de forma que quanto melhor seja a operacionaliza��o interna, maior a carteira de clientes e consequentemente, maior o faturamento. No entanto, os ind�cios encontrados de influ�ncia no n�vel de integra��o interna dos sistemas quando h� varia��o no volume de clientes e no volume de faturamento, n�o foram suficientes para identificar quais os fatores determinantes de tais influ�ncias.
Como limita��es o presente trabalho traz a dificuldade de generaliza��o, pois al�m da amostra reduzida, refere-se a um universo restrito a apenas uma cidade do interior do estado de Minas Gerais, com peculiaridades que podem atribuir especificidades n�o pass�veis de serem reproduzidas. Para pesquisas futuras surgem in�meras possibilidades de verifica��es, que v�o desde a simples replica��o do presente estudo, com tentativa de obten��o de uma amostra maior, nas in�meras cidades do Brasil, passando pela possibilidade de refinamento do instrumento e m�todos de coleta de dados e informa��es, imputando-se a este um car�ter mais espec�fico, at� uma pesquisa mais aprofundada onde seja poss�vel a verifica��o efetiva do n�vel de integra��o dos sistemas e a confer�ncia mais detalhada dos quesitos apresentados para a coleta de dados, mesmo que a amostra seja um pouco mais reduzida.
Referncias bibliogrficas: Albertin, A.L., & Albertin, R.M.M. (2009). Tecnologia de informa��o e desempenho empresarial: as dimens�es de seu uso e sua rela��o com os benef�cios de neg�cio. (2� ed.). S�o Paulo: Atlas.
Changa, M.-K, Cheung, W., Cheng, C.-H, &. Yeung, J.F.Y. (2008). Understanding ERP system adoption from the user�s perspective [Eletronic version]. International Journal of Production Economics, 113, 928-942. Recuperado de http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S092552730700357X.
Hair, J. F., Jr., Babin, B., Money, A. H., & Samouel, P. (2005). Fundamentos de m�todos de pesquisa em administra��o. (L. B. Ribeiro, Trad.). Porto Alegre: Bookman.
Laudon, K.C., & Laudon, J.P. (2007). Sistemas de informa��o gerenciais. (7a ed., T. Guimar�es, Trad., B. N. Jo�o, Rev T�c.). S�o Paulo: Pearson Prentice Hall.
Mabert, V.A.,Soni, A., & Venkataramanan, M.A. (2003a, april). Enterprise resource planning: managing the implementation process [Eletronic version]. European Journal of Operation Research, 146, 302-314. Recuperado de http://www.student.oulu.fi/~jolahti/accinfo/11%20ERP%20Managing%20the%20implementation%20process.pdf
Portaria n� 1.510, de 21 de agosto de 2009. (2009) .Disciplina o registro eletr�nico de ponto e a utiliza��o do sistema de registro eletr�nico de ponto. Minist�rio do Trabalho e Emprego. Recuperado de http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2009.
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