RESUMO DO TRABALHO

Código: 380

Área Temática: Track III: Gênero, Raça e Sexualidade

Título: GÊNERO E CARREIRA: UM ESTUDO DE CASO DAS PERCEPÇÕES DE CONTADORES PÚBLICOS

Resumo:
Prop�sito do Trabalho:
No campo das Ciências Contábeis, que era tida até pouco tempo como profissão masculina, a presença das mulheres tem crescido nos cursos de graduação. Nesse sentido o que se pretende investigar é se as percepções entre homens e mulheres atuantes na profissão contábil são divergentes. Desse modo, será realizado um estudo em um órgão público com profissionais que atuam na área de Ciências Contábeis a fim de verificar se as percepções são significativamente diferentes entre os gêneros masculino e feminino. As variáveis a serem analisadas são: adequação da remuneração, satisfação com a chefia imediata e motivação prioritária para escolha do concurso realizado.

Base da plataforma te�rica:
Diferenças entre homens e mulheres foi objeto de estudo de muitos cientistas sociais no começo do século XX, que focavam suas análises basicamente nas diferenças biológicas entre os sexos. A partir dos anos 50, emergiu a teoria dos papéis sexuais, relacionando as características e comportamentos de homens e mulheres aos seus papéis na sociedade norte-americana. Segundo Parsons e Bales (1956), a existência destes papéis pré-definidos e complementares garantia a estabilidade social. Ao homem cabia à esfera pública, o local de trabalho, a produção e a razão. A mulher estaria restrita à esfera privada, ao lar, ao consumo e à emoção (COSTA, 1994). O conceito de gênero, derivado dos papéis sociais, foi fundamental como ponto de partida para o Movimento Feminista, que questionava a forma que o gênero era construído socialmente e, consequentemente, o papel secundário destinado às mulheres (GOMES, 2010). Mais recentemente, esta questão da tem sido amplamente discutida e difundida por organismos internacionais (BANCO MUNDIAL, 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2007 e UNICEF, 2011). Esse movimento conhecido por The Gender equality refere-se à visão de que homens e mulheres devem receber igualdade de tratamento, e não devem ser discriminados em razão do gênero, a menos que haja um som biológico razão para tratamento diferenciado. A questão da igualdade de gênero ainda encontra barreiras em alguns países. Por exemplo, a Declaração do Cairo sobre os Direitos Humanos no Islã declarou que as mulheres têm igual dignidade, mas não a igualdade de direitos, o que foi aceito por muitos países predominantemente muçulmanos. Na China, a preferência cultural por um filho homem resultou em um déficit de mulheres na população. Em um contexto mais amplo pode-se olhar para um fenômeno largamente investigado internacionalmente: o gap salarial entre gêneros. De maneira consistente, em vários setores econômicos nas diversas posições da carreira, as mulheres recebem menos por um trabalho semelhante. Também no Brasil, quando se examina o aspecto da remuneração, percebe-se que existem ainda diferenças na remuneração por hora de trabalho. Outro ponto de divergência no tratamento de gêneros refere-se ao fato de mulheres se concentram em setores diferentes. Quanto ao tipo de ocupação verifica-se que os homens predominam na produção de bens e serviços industriais e as mulheres predominam nos setores de serviços e comércio (CASA NOVA, 2012). A necessidade de realizar pesquisas no Brasil que abordem essa temática é enfatizada por Costa e Sardenberg (1994): Nesse tocante, vale lembrar que, se no plano internacional há tempo já não se questiona a relevância científica e social desses estudos, no Brasil esse reconhecimento e a conquista de um espaço específico para reflexões sobre a temática Mulher e seus desdobramentos são conquistas relativamente recentes e ainda não de todo consolidadas. Casa nova (2012) explica que presença feminina em contabilidade no Brasil é pequena e o tema tem sido pouco explorado. Para a autora, fenômenos como critical mass, role model, glass ceiling ou pipeline podem estar presentes e significar uma possibilidade de modificar o quadro por meio da conscientização e da instituição de políticas de apoio.

M�todo de investiga��o:
Para Fachin (2001), método é um instrumento de conhecimento que proporciona aos pesquisadores, orientação para facilitar e planejar uma pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações, realizar experiências e interpretar resultados. Já na concepção de Kerlinger (1980) metodologia é um termo geral, que significa maneiras de fazer as coisas para propósitos diferentes. Ademais, o presente trabalho classifica-se como uma estudo de caso, pois busca entender as diferenças de percepções em uma população. A população alvo desta pesquisa compreende os contadores de um órgão público do estado do Rio de Janeiro ingressos nos últimos três anos por intermédio de concurso público. A escolha da população deu-se em razão da acessibilidade e a amostra a ser analisada é composta que se propuseram a responder o questionário. Os dados foram coletados, utilizando-se a metodologia survey , que segundo Hair Júnior, Babin, Money e Samouel (2005, p. 157) “é um procedimento para coleta de dados primários a partir de indivíduos”, cujos dados podem variar entre crenças, opiniões, experiência do indivíduo, e outras. Para Cooper e Schindler (2008), survey é um processo de mensuração apropriado para o levantamento de informações em uma entrevista altamente estruturada, utilizando geralmente um questionário, com ou sem o envolvimento do entrevistador.

Resultados, conclus�es e suas implica��es:
O presente estudo buscou entender se havia diferenças de percepções entre homens e mulheres em um órgão público. As variáveis analisadas no estudo de caso foram: adequação da remuneração, satisfação com a chefia imediata e motivação prioritária para escolha do concurso realizado. Os resultados apontaram que não há diferenças significativas nas opiniões emitidas pelos homens e mulheres, o que pode demonstrar uma igualdade de gênero que pode ser motivada pelo ingresso por intermédio de processo seletivo objetivo, que no caso em questão ocorreu em razão de concurso público via realização de provas. Cabe ressaltar que a presente pesquisa está limitada a investigação de apenas 59 servidores formados em contabilidade e trabalham em um órgão público, razão pela qual os resultados aqui revelados não podem ser generalizados. Assim pesquisas futuras poderão se há diferenças de percepção entre gêneros em outras organizações de modo a investigar se o fenômeno lá ocorre de maneira diferenciada.

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