Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 43

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Gesto de Custos, Caixa, Risco Operacional e Formao do Preo de Venda em Arranjo Produtivo Local: Um Estudo Exploratrio no Setor de Fruticultura do Nordeste Brasileiro

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O Estado de Pernambuco destaca-se por possuir diversos Arranjos Produtos Locais, dentre eles encontra-se o voltado para o mercado de fruticultura, localizado no submédio do São Francisco, que pelo seu grau de importância para o Estado, será o objeto de estudo desta pesquisa. Conforme Mesquita (2006), o agronegócio, apresenta-se como um setor econômico estratégico para o país, com crescente participação nos vários indicadores econômicos, como PIB e emprego, bem como responde por parte da responsabilidade sobre a busca do crescimento sustentado da economia brasileira. Embora estejam à frente dos seus empreendimentos, inúmeros produtores e empresários persistem em manter o controle das suas atividades baseado na experiência adquirida com a prática, em detrimento do uso das informações contábil-financeira (VANALLE, PELISSARI e GONÇALVEZ, 2007). Tal comportamento representa um entrave à sobrevivência do APL, pois, no atual ambiente de negócios, cada vez mais interdependente e caracterizado pelo elevado grau de mudança e incerteza, torna-se fundamental a utilização de práticas administrativas que promovam a competitividade e o crescimento dos empreendimentos. Nesse ínterim, emerge o seguinte problema de pesquisa: Os produtores/exportadores do APL de fruticultura do vale do São Francisco conhecem, atribuem importância e utilizam as informações advindas da Formação de Preços de Vendas e da Gestão de: Custos, Risco Operacional e Caixa na tomada de decisão?

Base da plataforma terica:
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL Conforme Noronha e Turchi (2005) e Kukalis (2010), durante as duas últimas décadas, geógrafos e economistas, redescobriram ou reinventaram o conceito de Arranjo Produtivo Local criado por Marshall com o conceito de cluster. Como exemplos citam os trabalhos de KRUGMAN (1991); ROSENFELD, (1997) e PORTER (1998). Para Porter (1998, 1999), clusters são concentrações geográficas de empresas e instituições inter-relacionadas em uma determinada área que englobam uma série de indústrias ligadas e outras entidades importantes para a competição. Elas incluem, por exemplo, fornecedores de insumos especializados, como componentes, máquinas, e serviços, e os fornecedores de infraestrutura especializada. ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE FRUTICULTURA DO VALE DO SÃO FRANCISCO Segundo Nota Técnica de um estudo realizado pelo BNDES, em parceria com outras instituições, o Estado de Pernambuco tem 14 APLs que recebem algum tipo de ajuda institucional. Além destes 14 listados, a pesquisa afirma a existência de mais 5 APLs, sendo estes não incluídos em quaisquer listagens/mapeamentos estaduais. Os principais APLs do Estado são: Tecnologia e Informação, Gesso (Araripe), Confecções (Agreste), Fruticultura, Apicultura, Laticínios, e outros. De acordo com Maciel (2011) a atividade de fruticultura da região do Submédio do São Francisco apresenta-se como uma grande geradora de empregos. Estima-se que são gerados em média dois empregos por hectare irrigado totalizando, portanto, cerca de 240.000 empregos diretos e 960.000 empregos indiretos. GESTÃO DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA Callado e Callado (2011, p. 88) destacam que a gestão dos custos fornece informações que possibilitem a gerência tomar decisões, permitindo a identificação de gastos que estejam reduzindo a lucratividade. Contudo, apesar da relevância do controle da atividade rural através das informações fornecidas pela contabilidade, este autores lembram que não tem havido grande aplicação gerencial dessas informações, ficando restritas a fins fiscais. Diversos autores como Thompson e Strickland (2012), Hong (2006), Upchurch (2000) e Porter (1998) enfatizam as vantagens da utilização dos custos como uma ferramenta essencial na gestão da empresa, sejam estas voltadas à estratégia, a rentabilidade dos produtos, monitoramento dos gastos e utilização do ponto de equilíbrio. GESTÃO DE CAIXA Os objetivos de uma Gestão de Caixa adequada são diversos, segundo Roehl-Anderson e Bragg (2005), destacam-se: a empresa utilizar dinheiro efetivamente em todos os momentos; controle da estabilidade do negócio; separar adequadamente o caixa imediato e o de longo prazo. Além do mais, conforme Assaf Neto e Silva (2009) uma administração inadequada do caixa resulta normalmente em sérios problemas financeiros, contribuindo para a formação de uma situação de insolvência. GESTÃO DO RISCO OPERACIONAL Kingsley et al (1998) e Crouhy, Galai e Mark (2004), entendem risco operacional como falhas nos processos operacionais que podem ter origem no ambiente interno ou externo e que geralmente está associada à desorganização e/ou gestão inadequada e inconsistente. Duarte Jr. (2000) traz que os riscos operacionais subdividem-se em três grandes áreas, risco organizacional, risco de operações e risco de pessoal.

Mtodo de investigao:
METODOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E DA AMOSTRA A população da pesquisa foi composta pelas empresas exportadoras de frutas situadas no cluster de fruticultura do submédio do Vale do São Francisco. O total de produtores exportadores deste cluster, ou seja, a população dessa pesquisa, conforme lista fornecida pela Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco é de 38 empresas. Tal relação foi confrontada com lista dos produtores aptos a exportar, disponível no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Essa segunda lista possui os exportadores de todo o país, mas não contém informações precisas quanto aos telefones e e-mails, assim uma lista foi complementar a outra, e só com a posse das duas foi possível obter 31 questionários respondidos. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Os dados foram coletados através da aplicação de um questionário estruturado, composto de questões objetivas ao gestor de cada uma das empresas pertencentes à amostra desse estudo. O questionário aplicado estava dividido em dois grupos; no primeiro com informações sobre a identificação do respondente e da empresa, tais como: idade, gênero, grau de instrução e tempo de atuação no negócio, ramo de atividade e o seu faturamento médio. No segundo grupo tinha informações sobre as três dimensões objeto desta pesquisa, quais sejam: Gestão de Custos e formação de preço, Gestão de Caixa e gestão do risco operacional. TRATAMENTO DOS DADOS Realizou-se a análise descritiva para sumariar e descrever os dados que representam o conjunto da amostra. Também foi aplicada a análise inferencial não paramétrica com o intuito de verificar possíveis associações entre o nível de conhecimento, o grau de importância e o uso das informações para cada uma das dimensões estudadas presentes no segundo grupo do questionário, anteriormente citadas.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Os principais achados revelaram que, em relação à Gestão de Custos e Formação do Preço de Venda, os exportadores conhecem a definição de custos e consideram que a Gestão de Custos é importante. E os gestores usam métodos de custeio, acompanham os custos mais relevantes dos produtos e utilizam essa informação para formação de preço. Ao realizar a Tabulação Cruzada, verificou-se que a maioria dos entrevistados que conhece o conceito de custos (64,5%) considera esta informação muito importante (75%), porém, o teste Exato de Fischer evidenciou que a atribuição de importância à informação sobre custos independe do nível de conhecimento dos entrevistados sobre este assunto (p valor >5%). Quando se analisou o conhecimento sobre o assunto e a sua utilização na tomada de decisão observou-se relação semelhante: os gestores utilizam metodologias para gerenciar seus custos mesmo que não as conheçam com profundidade. Já em relação à dimensão Gestão de Caixa, pode-se afirmar que os exportadores não possuem um bom conhecimento sobre a definição de disponibilidades de caixa, embora considerem-na muito importante em seus negócios. Observou-se ainda que os gestores acompanham seus fluxos de caixa apenas no curto prazo. Quanto ao planejamento dos seus fluxos de caixa relacionado aos recebimentos e pagamentos, verificou-se situação análoga, em que o acompanhamento destas contas se estende até um mês. Sobre o destino das sobras de caixa, os gestores, em sua maioria, aplicam tais sobras no mercado financeiro, direcionando poucos recursos ao reinvestimento em ativos fixos. As associações encontradas para a Gestão de Caixa revelaram que a atribuir importância à informação sobre disponibilidades de caixa independe do nível de conhecimento dos entrevistados sobre o assunto. Verificou-se, também, que não há associação entre conhecimento e utilização da informação, isto é, a maioria dos entrevistados não conhece o conceito de disponibilidades de caixa, embora realize a administração das disponibilidades por dia (43,4%) ou por semana (53,6%). O mesmo ocorreu com a associação do conhecimento sobre o conceito de disponibilidades de caixa e a frequência com que os gestores administram os recebimentos e os pagamentos. Em relação nível de importância atribuído a Gestão de Caixa, a maioria dos respondentes que declarou muito importante a Gestão de Caixa (80,6%) faz também algum tipo de análise para o destino das sobras de caixa, embora não haja associação significativa entre estas duas variáveis. Quanto à Gestão do Risco Operacional, pode-se afirmar que os exportadores não possuem um bom conhecimento sobre o assunto, por mais que considerem importante. Para tomar decisão sobre o risco operacional, a maioria dos entrevistados possui métodos preventivos que minimizem alguns riscos operacionais, mas, ainda existem lacunas da Gestão de Risco a serem monitoradas. Observou-se ainda que a maioria dos respondentes não demonstrou conhecer o conceito da Gestão do Risco Operacional (77,4%), embora considerem a informação importante (45,8%) ou muito importante (41,7%). Nesta dimensão também não se identificou associação significativa entre as variáveis, indicando que a atribuir importância à informação independe do nível de conhecimento dos entrevistados sobre este assunto, isto também foi observado quanto ao comportamento das variáveis relativas ao conhecimento e utilização da informação.

Referncias bibliogrficas:
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L. C. Financial Management: Theory and Practice. Florida: The Dryden Press, 1994. CALLADO, A. A. C.; CALLADO, A. L. C. Gestão de Custos no Agronegócio. In: CALLADO, A. A. C. (Org.). Agronegócio. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CARNEIRO, C. M. B.; ZORZAL, E. J.; SANTOS, G. P.; BASTOS, M. M. M. A redução dos custos no uso de arranjos produtivos locais na gestão competitiva da logística de suprimentos. Estudo de caso no APL leite & sol da cadeia produtiva do leite no estado do ceará. Revista Científica Eletrônica de Engenharia de Produção, Florianópolis. Edição especial, Dez/2007. CARVALHO, L. N.; TRAPP, A. C. G.; CHAN, B. L. Disclosure e risco operacional: uma abordagem comparativa em instituições financeiras que atuam no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Revista de Administração da USP, v. 39, jul./ago./set. 2004. CATELLI, A. Introdução: o que é Gecon. In: CATELLI, A. (Org.). Controladoria – Uma abordagem da Gestão Econômica – Gecon. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CROUHY, M.; GALAI, D.; MARK, R. Gerenciamento de Risco: Abordagem Conceitual e Prática: Uma Visão Integrada dos Riscos de Crédito, Operacional e de Mercado. Rio de Janeiro: Qualitymark, São Paulo: SERASA, 2004. DUARTE JR, Antonio M. Riscos: Definições, tipos, medição e recomendações para o seu gerenciamento. Working paper, São Paulo: IBMEC, 2000. FIGUEIREDO, S., CAGGIANO, P. C. Controladoria - teoria e prática. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2008. FONSECA, J. S. da.; MARTINS, G. de A.. Curso de Estatística. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2011. FRIEDRICH, J.; BRONDANI, G. Fluxo de Caixa: sua importância e aplicação nas empresas. Revista Eletrônica de Contabilidade - UFSM/RS, Cascavel, v. 2, n. 2, p. 1-21. jun/nov, 2005. HANSEN, P. B.; OLIVEIRA, L. R. Proposta de modelo para avaliação sistêmica do desempenho competitivo de arranjos produtivos – O caso do arranjo coureiro-calçadista do vale dos sinos. Revista Produto e Produção, Porto Alegre, v. 10, n. 3, p. 61-75, 2009. HONG, Yuh C. Contabilidade gerencial. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. JOHNSON, H. T.; KAPLAN, R. S. Relevance cost. Boston: Harvard Business School, 1987. JORION, P. Value at risk: the new benchmark for managing risk. The McGraw-Hill Companies, Inc, 2001. KINGSLEY, S.; ROLLAND, A.; TINNEY, A.; HOLMES, P. Operational Risk and Financial Institutions: Getting Started. In: Operational Risk and financial Institutions. London: Risk Books, 1998. KRUGMAN, P. Geography and trade. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, 1991. KUKALIS, Sal. Agglomeration Economies and Firm Performance: The Case of Industry Clusters. Journal of Management, v. 36,n. 2, p. 453-481, Mar, 2010. MARSHALL, A. Princípios de Economia. Traduzido por Rômulo Almeida e Ottolmy Strauch. Primeira Edição, São Paulo: Nova Cultural, 1982. MESQUITA, A. S. O agronegócio brasileiro e suas particularidades. Revista Bahia Agrícola, Salvador, v. 7, n. 2, p. 47-52, abr. 2006. MORAES, S. C. S.; PAGANI, R.N; REZENDE, L.M; PILATTI, L. A. Liderança compartilhada na era da conectividade: uma análise em um arranjo produtivo local. In: A energia que move a produção: um diálogo sobre integração, projeto e sustentabilidade, 2007, Foz do Iguaçu. XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2007.

 

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