Resumo: Propsito do Trabalho: O reconhecimento de empresas que se revelam receosas com o seu impacto ambiental e que atua com práticas para um desenvolvimento social e para a concepção de uma nova realidade empresarial vem estando em evidência no mercado de ações brasileiro. Os investidores também começaram uma busca por aplicações em empresas que além de proporcionarem uma boa rentabilidade também sejam socialmente responsáveis e sustentáveis. Logo, com o crescimento da demanda por este tipo de investimento, assim como visando incentiva-lo, a BM&FBOVESPA criou índices com práticas diferenciadas para pôr em evidencia as empresas que possuem melhores práticas de Gestão Ambiental, Sustentabilidade Empresarial e Governança Corporativa. Diante disso, a partir da comparação de índices da BM&FBOVESPA, esse artigo objetiva analisar se a performance das empresas com práticas diferenciadas que compõe os Índice Carbono Eficiente (ICO2), Índice Sustentabilidade Empresarial (ISE), Índice de Governança Corporativa Diferenciadas (IGC) apresentam diferenças quanto à performance em relação às demais empresas do Índice Bovespa (IBOV), que representa a proxy de mercado. Esse estudo mostra a sua importância à medida que busca enriquecer o debate contemporâneo a cerca da relação entre responsabilidade social corporativa e performance financeira, por meio da análise econômico-financeira dos índices ICO2, ISE e IGC e das empresas que o integram, com escopo de compreender melhor a relação. Evidenciando também, o conhecimento sobre o desempenho econômico-financeiro dos índices de ações consideradas socialmente responsáveis da BM&FBOVESPA, incluindo o recente ICO2.
Base da plataforma terica: Na década de 1990, surgem as primeiras discussões sobre uma sustentabilidade no ambiente organizacional, que segundo Rezende et al. (2007) se refere ao equilíbrio entre a atuação socialmente responsável e o sucesso financeiro. Adicionalmente, o conceito de sustentabilidade empresarial reconhece e abrange variáveis econômicas, sociais e ambientais (GOMES; TORTATO, 2011). De acordo com Barros et al. (2008), nesse novo cenário mundial, as organizações estão sendo desafiadas a participar dessa discussão e implementar estratégias que as direcionem para esse caminho. Esse novo paradigma da sustentabilidade das organizações se ampara em conceitos tais como o Triple Bottom Line (TBL) e teorias dos Stakeholders. O foco do conceito do TBL é de que o sucesso e saúde de uma empresa não devem ser avaliados somente por medidas financeiras tradicionais, mas também por sua ética, responsabilidade social, e seu desempenho ambiental (NORMAN; MACDONALD, 2003). Nesse contexto, como afirma Ferreira (2005), o mercado global tem exigido das empresas “um comportamento ético e transparente, em que o foco nos aspectos sociais e ambientais, visando a um desenvolvimento econômico sustentável, ganha cada vez mais importância”. A partir dessas modificações na sociedade e no ambiente, novos conceitos foram ponderados no âmbito do cenário organizacional, tais como Responsabilidade Social Empresarial (Corporativa), Governança Corporativa, Gestão Ambiental, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável. Mesmo considerando que possa haver distintos fins para esses conceitos, no geral, todos almejam uma atitude de consciência moral para com os stakeholders e o ambiente. Considerando a carência de indicadores que sinalizassem aspectos para além da esfera econômica e/ou financeira e que levassem em consideração as dimensões da sustentabilidade das empresas no mercado financeiro, algumas bolsas de valores, como a de Nova Iorque, de Londres, de Johanesburgo e de São Paulo, passaram a adotar os princípios de sustentabilidade e governança corporativa como uma nova dimensão na composição de índices no mercado financeiro (BEATO; SOUZA; PARISOTTO, 2009).Como frutos da repercussão do debate social e do interesse de investidores na temática, surgiram os índices do mercado que classificam as ações de acordo com a sua responsabilidade social. Para os investidores, criou-se a possibilidade de compor uma carteira de ações advindas de empresas rentáveis e geradoras de dividendos, além de considerar elevadas práticas sociais, ambientais e de governança corporativa.
Mtodo de investigao: A fim de responder a questão proposta sobre qual a relação entre a performance dos retornos médios diários dos índices com práticas diferenciadas, Índice Carbono eficiente (ICO2), Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e Índice de Governança Corporativa Diferenciada (IGC), com o índice de mercado Índice Bovespa (IBOV), diante do mercado de capitais brasileiro, utilizou-se o teste paramétrico de Análise de Variância (Anova one-way), que tem como pressupostos amostras aleatórias e independentes, extraídas de uma população normal com variâncias iguais. O próximo passo foi a realização de testes para verificar os pressupostos exigidos pela ANOVA, os testes Jarque-Bera, Kolmogorov-Smirnov, Shapiro-Wilk para testar a normalidade da variável de retorno diário dos índices, e Levene, para testar a homogeneidade da variância. Porém, a amostra não obteve variâncias iguais, dessa forma o teste ANOVA não é indicado para ser utilizado para esta amostra, devido a não obedecer a seu pressuposto de homogeneidade das variâncias. Diante dessa implicação, como alternativa paramétrica à ANOVA e buscando resolver o problema da comparação de médias num cenário de heterocedasticidade, foram aplicados os testes de Brown-Forsythe e de Welch para igualdade de médias, que consiste num ajustamento dos graus de liberdade. Não obstante, em busca de um resultado mais robusto para responder o proposto pela hipótese, recorreu-se a um teste não paramétrico equivalente ao teste ANOVA, o teste de Kruskal Wallis, que não exige homogeneidade das variâncias. Seguindo esses métodos, será apresentada uma analise teórico-matemática da sinuosidade dos dados através de uma análise descritiva dos índices de ações e da análise estatística da hipótese.
Resultados, concluses e suas implicaes: Diante dos resultados obtidos pelas estatísticas descritivas, pode-se verificar que o Índice Bovespa (IBOV) apresentou a menor amplitude e o menor retorno médio diário, comparado aos índices Índice Carbono Eficiente (ICO2), Índice Sustentabilidade Empresarial (ISE), Índice de Governança Corporativa Diferenciadas (IGC), dando indícios de que esse índice seja o de menor performance, assim como o desvio-padrão indica que sua volatilidade seja mais alta. Em suma, as estatísticas descritivas apontam que o IBOV é o índice com menor retorno diário médio. Conforme os resultados observados pelos testes de Normalidade, no teste Kolmogorov-Smirnov os índices ICO2 e IBOV apresentarem-se como uma distribuição normal, os testes de Jarque-Bera e Shapiro-Wilk evidenciam que estatisticamente as séries de variáveis de retorno dos índices não apresentam distribuição normal, ao nível de 5%, uma vez que todos os índices apresentam p-valor menor que o nível de significância (0,05). De acordo com o teste de Levene para homogeneidade de variância, conclui-se que as variâncias são heterogêneas, ao nível de 5%, já que o p-valor apresentou-se menor que 0,05. Logo, por a amostra não possuir variâncias iguais, como confirmado no teste de Levene, o teste ANOVA não é indicado para ser utilizado para esta amostra, devido a não obedecer a seu pressuposto de homogeneidade das variâncias. Conforme os testes estatísticos, e admitindo para todos os testes o nível de significância de 5%, pode-se observar que a heterocedasticidade foi considerada pelos testes de Welch e Brown-Forsythe, apresentando um nível de significância de 0,811 e 0,776, respectivamente, podendo assim validar o resultado obtido pelo Teste ANOVA. Diante dos resultados, pela estatística do teste de Kruskal Wallis, o p-valor igual à 0,676 (maior que 0,05), não rejeita a hipótese de mediana dos retornos diários iguais. Logo, pode-se concluir que, ao nível de significância de 5%, que as medianas e médias dos retornos diários referentes aos ICO2, ISE, IGC e IBOV não são estatisticamente diferentes. Em suma, vale ressaltar que todos os testes empíricos realizados nesta pesquisa indicam que relação entre a performance dos retornos diários médios da carteira dos índices que se utilizam de práticas diferenciadas (ICO2, ISE e IGC) são semelhantes ao retorno do índice de mercado, representado pelo IBOV. Faz-se mister ressaltar, que este artigo analisou a relação entre a performance de alguns índices calculados pela BMF&BOVESPA, a fim de verificar se há diferenças entre índices que listam empresas com melhores práticas de Gestão Ambiental, Sustentabilidade Empresarial e Governança Corporativa e o Índice Bovespa, que representa o mercado. As implicações decorrentes dos testes empíricos realizado neste estudo geraram um conjunto de evidências que expandem a discussão sobre a relação entre adoção de práticas de responsabilidade social e retorno financeiro. O estudo obteve como resposta, a questão levantada, que há semelhança entre a relação da performance dos retornos médios diários dos índices com práticas diferenciadas, ICO2, ISE e IGC, com o índice IBOV, sendo alcançada por meio dos testes paramétricos e não paramétrico. Cabendo ressalta que o IBOV apresentou indícios de possuir o menor performance durante o período analisado, apresentando o menor retorno diário médio. Em síntese, os resultados indicam que as empresas listadas nos índices de práticas diferenciadas tiveram performance semelhante aos das empresas listadas no IBOV, que representam o mercado de ações brasileiro como um todo. Assim, o resultado auferido não pode levar ao entendimento de que empresas socialmente responsáveis obtêm um retorno de investimentos superior ao de empresas que não adotam postura similar.
Referncias bibliogrficas: BARROS, L.; DIAS, E. Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE): O impacto do Anúncio da Carteira e o Retorno ao Acionista. Revista Brasileira Finanças, V.8, p. 1-29, 2008.
GOMES, F. P; TORTATO U. Adoção de práticas de sustentabilidade como vantagem competitiva: evidências empíricas. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, n.2, p. 33-49, 2011.
HAWKEN, P. The ecology of commerce: a declaration of sustainability. New York: Harper Business, 2010.
MACHADO, Márcia R.; MACHADO, Márcio A. V.; CORRAR, Luiz J. Desempenho do Índice de Sustentabilidade Empresarial – (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo. Revista Universo Contábil, v. 5, n. 2, p. 24-38, 2009.
SHARFMAN, M.; FERNANDO, C. Environmental risk management and the cost of capital. Strategic Management Journal, v. 29, 569–592, 2008. Disponível em:< http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1129032>. Acesso em: 10 jan. 2014.
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