Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 121, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 121

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Responsabilidade Social e Retornos das Aes: uma anlise de empresas listadas na BM&FBOVESPA

Resumo:
Propsito do Trabalho:
As mudanças nas relações sociais de trabalho e a preocupação com o meio ambiente auxiliaram na mudança de conduta das empresas que passaram a adotar uma postura socialmente responsável. Neste contexto, é natural que se observem ações no meio empresarial, voltadas a atender aos anseios e expectativas de todos os stakeholders, uma vez que destes depende o desempenho econômico das organizações. Assim, a aplicação de práticas consideradas socialmente responsáveis poderia ser inserida no âmbito estratégico das empresas. Nesse cenário, Índices de Sustentabilidade internacionais foram criados, tais como o Dow Jones Sustainability Index – DJSI (Estados Unidos) e o FTSE4Good (Inglaterra). No Brasil, foi criado em 2005 o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que permite analisar as empresas listadas na BM&FBOVESPA sob o prisma da eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Em relação a esta abordagem mais específica, no âmbito das empresas de capital aberto, pode-se supor que empresas componentes das carteiras teóricas do ISE demonstram um diferencial no tocante ao comprometimento com a sustentabilidade, o que por sua vez, pode resultar em retornos anormais em decorrência desta participação, especialmente no momento subsequente a sua inserção na carteira. Nesse contexto, o objetivo da pesquisa foi elucidar a relação entre as ações de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) realizadas pelas empresas e os preços e retornos de suas ações. Adicionalmente, o trabalho buscou complementar as evidências empíricas apresentadas em estudos, em um contexto mais recente, o que possibilitou a confirmação e/ou atualização dos resultados encontrados.

Base da plataforma terica:
Segundo o Instituto Ethos (2006), a RSC, além de integrar o conjunto de interesses das organizações e dos stakeholders, é crucial no fomento do desenvolvimento social e econômico das comunidades existentes no entorno das empresas. Assim sendo, o relacionamento entre estas partes expressarão a complexidade dos interesses das mesmas sob três dimensões: econômica, social e ambiental. Fedato (2005) vai além ao endossar a ideia de que o exercício da sustentabilidade corporativa pode agregar valor às organizações se alinhada à estratégia da empresa. Neste sentido, é necessário que esta visão sustentável reflita os valores da empresa, permeando sua missão, gestão e tomada de decisão. Em relação ao panorama brasileiro, Reis (2007) destaca que o processo de implementação da RSC é muito recente e atravessa obstáculos nas peculiaridades sociais e econômicas do país. Ainda assim, o autor elucida que a responsabilidade social no setor privado vem apresentando novos rumos e decisivas contribuições na questão social, o que pode representar o início de um processo de ruptura da postura geralmente observada, muitas vezes pautada apenas por ações filantrópicas. No Brasil, destacam-se algumas organizações de papel catalisador na divulgação da cidadania empresarial. Dentre elas, pode-se citar o Instituto Ethos e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, que orientam as empresas na elaboração do Balanço Social (Machado Filho, 2002). No campo internacional, destaca-se o trabalho da Global Reporting Initiative (GRI), instituição independente que desenvolveu um modelo de relatório de sustentabilidade internacionalmente aceito. A GRI publica diretrizes que orientam a confecção dos relatórios, que contemplam indicadores qualitativos e quantitativos, orientados por parâmetros que garantem a qualidade e precisão das informações relatadas (Oliveira, 2010). Oliveira (2010) acrescenta que além dos relatórios de sustentabilidade, o desenvolvimento de índices de sustentabilidade também contribuiu fortemente para o desenvolvimento dos conceitos de sustentabilidade nas empresas, uma vez que possibilitam comparações entre as entidades. Dentre estes índices, o autor menciona os índices de mercado acionário, que são carteiras teóricas constituídas pelo valor médio de um grupo de ações, definidas, na maioria das vezes, por sua representatividade no movimento total do mercado. Entre os índices de sustentabilidade associados ao mercado de ações, Oliveira (2010) cita: Dow Jones Sustainability Index (DJSI), Johannesburg Stock Exchange Socially Responsible Investment Index (JSE SRI), FTSE4GOOD e, no Brasil, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&FBovespa. Lançado em dezembro de 2005, o ISE mede o retorno total de uma carteira teórica composta por empresas listadas em bolsa, que possuam reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e sustentabilidade empresarial. Estas ações são selecionadas dentre as mais negociadas na BM&FBOVESPA em termos de liquidez, e são ponderadas na carteira através do valor de mercado das suas ações disponíveis para negociação (BM&FBOVESPA, 2012).

Mtodo de investigao:
Em relação ao desenho metodológico, esta pesquisa buscou descrever o comportamento do mercado financeiro, por meio da análise das ações de sustentabilidade das empresas e o comportamento dos retornos das ações das mesmas em relação a isso. Como proxy para ações de sustentabilidade, considerou-se o evento de entrada ou saída de empresas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&FBOVESPA. Para atender aos objetivos estabelecidos pelo trabalho, executou-se procedimento de estudo de eventos, que segundo Camargos e Barbosa (2003) são análises do efeito da divulgação de informações específicas de determinadas firmas sobre os preços e retornos de suas ações. Cabe destacar, em adição, a realização de uma pesquisa documental, através do site de buscas Google, buscando-se encontrar possíveis notícias relevantes relacionadas às empresas objeto desta pesquisa, publicadas na janela do evento de divulgação da carteira do ISE. Esta pesquisa justifica-se pela possibilidade de outros eventos causarem comportamentos anormais nos retornos das empresas, o que comprometeria a fidedignidade dos resultados do trabalho. Portanto, optou-se por excluir da pesquisa empresas que tenham sido foco deste tipo de ocorrência. Neste estudo, foram consideradas para análise as empresas inseridas e excluídas da carteira do ISE nos anos de 2010, 2011 e 2012, para compor as carteiras dos anos de 2011, 2012 e 2013, respectivamente. Ainda, empresas que deixaram de participar do ISE devido a procedimentos de cisão ou incorporação não fizeram parte da amostra analisada. A única empresa componente do setor financeiro foi excluída da análise, uma vez que suas especificidades poderiam interferir na comparabilidade dos resultados. Posteriormente, avaliou-se a presença de empresas com negociações infrequentes, o que resultou na exclusão de três companhias da amostra (Ultrapar, BICBANCO e Anhanguera). Especificamente com relação à empresa Anhanguera, sua exclusão deu-se apenas para o ano de 2010, uma vez que os dados dos pregões ocorridos em 2012 foram encontrados. Finalmente, a empresa Embraer foi excluída da pesquisa, uma vez foram detectadas notícias relevantes no período compreendido pela janela do evento de divulgação da carteira do ISE de 2013. Foram utilizadas as cotações diárias das empresas objetos de estudo, coletadas do sítio da BM&FBOVESPA e do banco de dados da Economática.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Avaliou-se, portanto, se evento da adição ou exclusão de empresas do portfólio teórico de ações componentes do Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA impactaria nos preços e retornos das ações dos ativos envolvidos. Apesar da existência de estudos prévios sobre o tema, observa-se a demanda de estudos adicionais, permitindo o entendimento do papel da Responsabilidade Social na atualidade, propiciando a evolução da literatura até um ponto em que se obtenha uma teoria consistente e sólida sobre o assunto. Os resultados obtidos levam à conclusão de que o mercado reage ao evento de divulgação das carteiras teóricas do ISE. A divulgação das carteiras demonstrou associação com o comportamento dos retornos das ações das empresas que passaram a integrar ou deixaram o índice, em resultados delimitados às carteiras analisadas, referentes aos anos de 2011, 2012 e 2013. Os retornos anormais indicados pelo presente estudo evidenciaram que a divulgação das carteiras provocaram desequilíbrios nos preços das ações das empresas envolvidas no evento, ocasionando sobrevalorização ou subvalorização dos papéis em relação ao comportamento prévio de retornos exibidos no período anterior ao evento. Por meio da utilização da metodologia de estudo de eventos, verificou-se que, em média, os retornos anormais foram positivos para as empresas adicionadas à carteira, e negativos para as empresas que deixaram a carteira. Para se verificar com mais facilidade o comportamento das empresas adicionadas e excluídas, o conjunto de empresas analisadas foi estratificado em 2 (duas) subamostras. Verificou-se que as médias dos retornos das empresas 2 (dois) dias após o evento diferiram-se substancialmente dos retornos apresentados pelas empresas anteriormente, na janela de estimação. Entretanto, o mesmo não ocorreu quando verificados 5 (dias) após o evento, o que demonstrou que os retornos das empresas regressaram à sua normalidade. Verificou-se, portanto, que a participação das empresas sustentáveis em índices como o ISE agregou efeitos positivos no mercado financeiro. Todavia, a manutenção das práticas sustentáveis e consequente permanência na carteira dos índices são importantes para a imagem institucional, evitando-se resultados desfavoráveis. Para futuras pesquisas, sugere-se, primeiramente, replicar este estudo nos próximos anos de forma a se verificar possíveis alterações do comportamento do mercado. Além disso, sugere-se que o estudo seja feito com empresas e índices de outros países, que porventura ainda não tenham sido analisados, visando à comparação de resultados entre países, sob o aspecto dos índices de sustentabilidade. A ampliação da amostra poderia ser focada, por exemplo, especificamente em mercados emergentes. Nesses mercados, a fraca proteção dos investidores, em tese, reduz a capacidade das informações publicamente disponíveis influenciar a tomada de decisões. Dessa maneira, ao comparar os resultados obtidos em diferentes países poder-se-ia identificar níveis distintos de eficiência informacional nos mercados, e capturar como diferenças institucionais e de regime legal adotado poderiam influenciar nos resultados alcançados.

Referncias bibliogrficas:
BM&FBOVESPA.(2012) Índice de sustentabilidade empresarial (ISE). São Paulo Recuperado em 24 de Abrl, 2013 de <http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/download/Metodologia-ISE.pdf> Acesso em: 24.04.2013. Camargos, M. A.& Barbosa, F.V.(2003) Estudo de eventos: teoria e operacionalização. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, 10 3). Fedato, M. C. L. (2005) Responsabilidade social corporativa: benefício social ou vantagem competitiva?. 142f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Instituto Ethos de empresas e responsabilidade social. (2006) Responsabilidade social empresarial nos processos gerenciais e nas cadeias de valor. São Paulo. Machado Filho, C. A. P. (2002) Responsabilidade social corporativa e a criação de valor para as organizações: um estudo multicasos. 106 f. Tese (Doutorado em Economia) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Oliveira, A. E. M. (2010) Sustentabilidade e equilíbrio do crescimento: uma abordagem contábil-financeira. 2010, 131 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, São Paulo, Brasil. Reis, C. N. (2007) A responsabilidade social das empresas: o contexto brasileiro em face da ação consciente ou do modernismo do mercado?. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, 11(2).

 

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