Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 250

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Avaliação de Desempenho Econômico-Financeiro de Cooperativas de Crédito de Livre Admissão de Minas Gerais por meio da Análise Fatorial das Demonstrações Contábeis.

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Este artigo tem como objetivo principal propor um modelo de análise parcimonioso, que contemple, então, os principais índices econômico-financeiros provenientes da Análise das Demonstrações Contábeis por meio da Análise Fatorial Exploratória, para um conjunto de quarenta e quatro cooperativas de crédito de livre admissão do Estado de Minas Gerais, para os anos de 2010, 2011, e 2012, de forma a otimizar o processo de tomada de decisões. O problema, então confrontado nessa pesquisa, pode ser assim resumido: Quais os principais índices econômico-financeiros devem compor um modelo a ser considerado na análise do desempenho de cooperativas de crédito de livre admissão do Estado de Minas Gerais? A pesquisa se mostra relevante, pois pretende contribuir para aumentar a capacidade de interpretação dos indicadores econômico-financeiros utilizados para avaliação de desempenho de cooperativas de crédito, permitindo, assim, que critérios menos subjetivos sejam utilizados, e que as variáveis mais importantes sejam consideradas. A relevância da pesquisa também se evidencia na constatação da escassez de estudos na área de mensuração do desempenho econômico-financeiro de cooperativas de crédito de livre admissão, o que prejudica a correta gestão e tomada de decisões nesse tipo de organização.

Base da plataforma terica:
O desempenho empresarial se caracteriza por diversas dimensões e, dentre elas, se encontra a dimensão econômico-financeira, imprescindível para tomada de decisão e planejamento estratégico (SEGUÍ-MAS e IZQUIERDO, 2009). De fato a geração de riqueza se revela, necessariamente, por meio da remuneração adequada dos investidores e da sustentabilidade financeira. Estando a organização sob a forma de cooperativa de crédito o desempenho deve ser medido de maneira distinta à das instituições de crédito convencionais, haja vista o caráter de sociedade civil que apresenta fins econômicos, mas não lucrativos, então, o aspecto operacional principal é a sustentabilidade financeira por meio da prestação adequada de serviços a seus associados. Dentre as fontes de financiamento das atividades organizacionais uma das mais importantes é o cooperativismo de crédito, que apresenta solução eficiente e eficaz na popularização do crédito, haja vista que cooperativas de crédito são instituições que proporcionam a seus associados assistência financeira, captação de recursos, prestação de serviços, concessão de créditos, empréstimos a juros menores do que a média praticada pelo mercado tradicional; tornando o acesso ao crédito mais acessível e rápido, reduzindo as taxas de juros principalmente de produtos como cheque especial e empréstimos (LIMA, 2011). Pinheiro (2008) declara que as organizações cooperativas são sociedades de pessoas, que, por meio de forma e natureza jurídicas próprias são constituídas para prestar serviços a seus associados, cujo regime jurídico é instituído pela Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971. Analisando atentamente a definição apresentada pode-se entender o motivo do sucesso deste tipo de organização, pois os associados são, ao mesmo tempo, clientes e sócios, e em alguns casos também funcionários, assumindo cargos de direção e chefia, fato este que leva a um estreitamento das relações, maior acesso a informações, e maior uniformização de objetivos. Segundo Kai (2013) o modelo tradicional de instituições creditícias apresenta maiores riscos em função dos custos de transação, principalmente da assimetria de informação. De acordo com Onate e Lima (2012) as cooperativas de crédito são organizadas com objetivo de, por meio de ajuda mútua, atenderem suas necessidades de crédito de seus associados e prestar-lhes serviços do tipo bancário. Os serviços prestados pelas cooperativas de crédito aos seus membros cooperados são bastante similares àqueles ofertados por instituições bancárias, podendo-se citar operações por meio de cartões de crédito, contas correntes, fundos de investimentos, seguros, aplicações, diversas modalidades de empréstimos, entre outros (VILELA; NAGANO, e MERLO, 2007). Uma das ferramentas mais importantes na análise do desempenho econômico-financeiro das organizações é a Análise das Demonstrações Contábeis por meio da criação de índices. Utilizando-se indicadores bidimensionais a análise resulta em números-índices que relacionam duas contas do Balanço Patrimonial e, ou, da Demonstração do Resultado do Exercício (HERRERA, GOMEZ, e GRANADILLO, 2012). A técnica, porém, apresenta algumas limitações, como o número elevado de índices que podem ser calculados e o caráter bidimensional da análise, pois cada índice é composto por apenas duas contas das demonstrações contábeis (VILELA; NAGANO, e MERLO, 2007). Outro problema também reside no fato de que a informação resultante não é padronizada e deste modo o fator subjetividade acaba por influenciar a análise acima do desejado.

Mtodo de investigao:
Como procedimentos metodológicos realizou-se um estudo quantitativo, descritivo e exploratório das demonstrações contábeis de 44 cooperativas de crédito de livre admissão de Minas Gerais para os anos de 2010, 2011, e 2012 de forma que os dados da pesquisa somam, então, 132 observações. Os dados foram analisados por meio da metodologia estatística multivariada de Análise Fatorial Exploratória, sendo utilizados dados secundários obtidos junto à Cooperativa Central de Crédito de Minas Gerais Ltda. - SICOOB CENTRAL CREDIMINAS. Foram calculados 17 índices de desempenho econômico e financeiro. Os nomes das cooperativas, bem como a localização no Estado de Minas Gerais, não foram revelados por questões de confidencialidade. Segundo Buesa, Heijs, e Baumert (2010) a AFE busca definir a estrutura subjacente em uma matriz de dados, com a finalidade de reduzir um grande conjunto de variáveis num pequeno número de fatores que sintetizam a capacidade explicativa dos dados originais. A adequação da Análise de Fatores Exploratória ainda foi testada por meio dos testes de Kaiser-Meyer-Olkim (KMO), Measure of Sampling Adequacy (MSA), e do Teste de Esfericidade de Bartlett. O número de fatores foi selecionado por meio do método da raiz latente, denotando-se a medida de variância que o fator explica, definindo-se a quantidade de fatores com autovalor maior que 1 (HAIR JR. et al., 2009). O método de extração foi a análise dos componentes principais e o resultado das cargas fatoriais encontradas foi com base na matriz rotacionada, então, a fim de melhorar a interpretação dos resultados obtidos utilizou-se a rotação dos fatores no espaço geométrico, sendo o método de rotação utilizado a Rotação Ortogonal Oblimin Direto. O software utilizado para a análise dos dados foi o programa computacional Statistical Package for Social Science for Windows, versão 20.0.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Análise com 17 índices: Analisando-se a matriz-R obtida verifica-se que o determinante desta matriz foi de 1,441 x 10-12. Conforme Field (2009) o resultado do determinante da matriz-R não deve ultrapassar 1,000 x 10-5. O Teste de Esfericidade de Bartlett rejeitou a hipótese nula que estabelece que a matriz de correlação dos dados seja a matriz identidade, ao valor de p < 0,001. O Teste KMO apresentou valor de aproximadamente de 0,609, sendo que Kaiser (1974) recomenda um mínimo de 0,500 para que a análise se mostre apropriada. Como os testes anteriores indicaram a adequação da AFE para análise e tratamento dos dados estes foram submetidos à metodologia, sendo retidos, então, 5 fatores. Finalmente, a Matriz de Variância Total Explicada mostra que o poder de explicação é de 81,07% das variações totais. A Matriz de Correlação Anti-imagem mostrou que os índices Juros Passivos (JP), Lucratividade dos Ativos (LA) e Margem Financeira (MF) apresentaram um nível de MSA menor do que 0,500, sendo, por isso, excluídos da análise. Field (2009) ressalta que índices com valores de comunalidade inferiores a 0,700 devem ser descartados. Os índices Encaixe Voluntário (EV), Custo Médio de Captação (CMC), e Índice de Sensibilidade de Juros (ISJ) obtiveram valores inferiores a 0,700, sendo, portando, retirados da análise. Análise com 11 índices: Analisando-se a matriz-R obtida verifica-se que o determinante desta matriz foi de 5,663 x 10-8. O Teste KMO apresentou resultado com valor de 0,654, e o Teste de Esfericidade de Bartlett rejeitou a hipótese nula com valor de p < 0,001. A Matriz de Variância Total Explicada mostra que com a retirada dos 6 índices citados houve a extração de 3 fatores, e que o poder de explicação melhorou para 84,75%. A Matriz de Correlação Anti-imagem apresentou todos os valores das variáveis individuais superiores a 0,500, evidenciando adequacidade pelo teste MSA. Finalmente, todos os índices da matriz de comunalidades apresentaram valor superior a 0,700, com exceção do índice Eficiência (EF), sendo este, então, retirado da análise. Análise com 10 índices: Analisando-se a matriz-R obtida verifica-se que o determinante desta matriz foi de 1,039 x 10-7. O Teste KMO apresentou valor de 0,631. Para esta terceira tentativa o Teste de Esfericidade de Bartlett rejeitou a hipótese nula com valor de p < 0,001. A Matriz de Variância Total Explicada mostra que com a retirada do EF ainda há a extração de 3 fatores, e que o poder de explicação aumentou para o valor de 89,23%. A Matriz de Correlação Anti-imagem mostrou que o índice Participação dos Empréstimos (PDE) apresentou valor de MSA menor do que 0,500, sendo, por isso, excluído da análise. Análise com 9 índices: Analisando-se a matriz-R obtida verifica-se que o determinante desta matriz foi de 3,366 x 10-6. O Teste KMO apresentou valor de 0,721. O Teste de Esfericidade de Bartlett rejeitou a hipótese nula com valor de p < 0,001. A Matriz de Variância Total Explicada mostra que com a retirada do PDE o poder de explicação aumentou para o valor de 89,90%. A Matriz de Correlação Anti-imagem apresentou todos os valores das variáveis individuais superiores a 0,500, evidenciando, então, a adequacidade amostral pelo Teste MSA. Todos os índices da matriz de comunalidades apresentaram valor superior a 0,700. Análise dos fatores obtidos: O primeiro fator, denominado de Capital e Risco, é composto pelos índices Independência Financeira, Leverage, Relação Capital/Depositante, e Imobilização do Capital Próprio. O primeiro fator é responsável por 51,91% das variâncias. O segundo fator, denominado de Rentabilidade e Lucratividade, é composto pelos índices de Retorno sobre o Patrimônio Líquido, Retorno sobre o Investimento Total, e Margem Líquida. O segundo fator é responsável por 24,10% das variâncias. O terceiro fator, denominado Solvência e Liquidez, é composto pelos índices de Liquidez Imediata e Empréstimos sobre Depósitos (ESD). O terceiro fator é responsável por 13,88% das variâncias.

Referncias bibliogrficas:
BUESA, M.; HEIJS, J.; BAUMERT, T. (2010). The determinants of regional innovation in Europe: A combined factorial and regression knowledge production function approach. Research policy, 39(6), 722-735. FIELD, A. (2009). Descobrindo a Estatística Utilizando o SPSS. Porto Alegre: Artmed. HAIR JR., J. F.; BLACK, W. C.; BABIN, B. J.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L. (2009). Multivariate data analysis. 7th edn. Upper Saddle River, NJ: Pearson Education. HERRERA, T. F.; GOMEZ, J. M.; GRANADILLO, E. de la H. (2012). Aplicación de análisis discriminante para evaluar el comportamiento de los indicadores financieros en las empresas del sector carbón en Colombia. Entramado, Cali, v. 8, n. 2, Dec. KAISER, H. F. (1974). An index of factorial simplicity. Psychometrika, 39(1), 31-36. LIMA, T. C. M. P. de. (2011). Sicoob Agrorural: uma história escrita a várias mãos. Goiânia: Ed. Da PUC Goiás, 2011. SEGUÍ-MAS, E., IZQUIERDO, R. J. S. (2009). Studying the financial resources for agrifood industry and rural development: description of human capital in credit unions through Delphi analysis. Interciencia: Revista de ciencia y tecnología de América, 34(10), 718-724. VILELA, D. L., NAGANO, M. S., MERLO, E. M. (2007). Aplicação da análise envoltória de dados em cooperativas de crédito rural. Revista de Administração Contemporânea, 11(SPE2), 99-120.

 

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