Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 254

Área Temática: Área VI: Educação

Título: Perfil do Profissional Contábil: Habilidades, Competências e Imagem Simbólica

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A ênfase dada à Contabilidade e a profissão de contador tem mudado nos últimos anos. As mudanças ocasionadas pela adoção das normas internacionais de contabilidade pelo Brasil proporcionaram alteração não só nas normas e procedimentos contábeis, mas também na forma de atuação do Contador. Ott, Cunha, Cornachione Jr. & Luca (2011) relatam que tais mudanças justificam a preocupação com as demandas do mercado e da sociedade, exigindo novas qualificações para a atuação do profissional contábil. Tais exigências implicam na qualificação profissional quanto às competências, o conhecimento, as habilidades e atitudes exigindo um novo perfil do profissional contábil. No novo contexto de atuação do contador, as Instituições de Ensino Superior são responsáveis pela formação de profissionais dotados de competências necessárias para suprir as demandas do mercado e que irão atuar em diferentes áreas, como: auditoria, finanças, controladoria, planejamento tributário, contabilidade societária, perícias e custos (Pires, Ott & Damacena, 2010). Nesse sentido, torna-se relevante questionar: qual é a percepção dos discentes do curso de Ciências Contábeis com relação às habilidades e competências necessárias para a atuação do profissional contábil? No intuito de captar a percepção dos discentes, a adotar-se-á os preceitos da Teoria das Representações Sociais (TRS) que se mostra é adequada, pois as representações são construídas por meio de senso comum e da consciência coletiva que vão se transformando de simples opiniões para verdades subjetivas (Alves-Mazzotti, 2008). Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar, a partir da percepção dos discentes do curso de Ciências Contábeis, as principais construções sociais que os estudantes possuem em relação à profissão contábil.

Base da plataforma terica:
Cardoso, Riccio & Albuquerque (2009, p. 366) destacam que “o termo competência tem origem no latim competentia significando a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, de fazer determinada coisa, com capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”. Dutra (2004) considera que as competências necessárias de um profissional podem ser previstas e estruturadas de maneira a estabelecer um conjunto ideal de conhecimentos, qualificações técnicas, valores e atitudes éticas que se desenvolvidas oferecem performance superior ao trabalho. Já o termo habilidade tem como origem a palavra habilitate, do latim, que significa saber fazer. É a capacidade do indivíduo de realizar algo, como classificar, montar, calcular, ler, observar e interpretar (Cardoso, Riccio, Mendonça Neto & Oyadomari, 2011). No Brasil, as habilidades e competências necessárias para o desenvolvimento da profissão contábil estão disponíveis na Resolução CNE/CES nº 10/2004 que instituem as diretrizes curriculares nacionais do curso de Ciências Contábeis para as Instituições de Ensino Superior. No cenário norte-americano, segundo Ott et al. (2011), a entidade American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) propõe um modelo de competências padrão que devem ser desenvolvidas pelos profissionais em sua inserção no mercado de trabalho. No contexto da convergência aos padrões internacionais, o International Education Standard 3 (IFAC, 2010), também, relaciona as habilidades que devem ser desenvolvidas pelo profissional contábil (Ott et al., 2011). Desse modo, é possível verificar a convergência existente entre as diretrizes curriculares nacionais do curso de Ciências Contábeis com as dos órgãos internacionais. A Teoria das Representações Sociais (TRS), que serviu de base para este estudo, surgiu no final da década de 1950 a partir de estudos realizados por Serge Moscovici que trouxe em seus trabalhos uma nova percepção a respeito da integração entre os fenômenos perceptivos individuais e sociais. Uma representação social pode ser definida como um conjunto de percepções, imagens, opiniões, crenças e atitudes mantidas por um determinado grupo. Permite investigar como se formam e funcionam os sistemas de referência que se tem utilizado para classificar pessoas e grupos para interpretar os acontecimentos da realidade da vida cotidiana (Alves-Mazzotti, 2008). As relações estabelecidas entre esses elementos induzem os indivíduos que compartilham de uma dada representação, à atribuição de significados próprios a fenômenos sociais (Vergara & Ferreira, 2005). Com base na TRS tem-se que a construção da imagem simbólica de um dado objeto é feita por duas vias, sendo uma pela construção e a outra pela expressão. A construção constitui formas de conhecimento prático orientadas para compreensão do mundo e para a comunicação e a expressão emerge como elaborações (construções de caráter expressivo) de sujeitos sociais a respeito de objetos socialmente valorizados (Spink, 1993). Nem todo objeto ou fenômeno social constitui uma representação (Ferreira, 2005). É preciso que se tenha relevância cultural na comunidade ou grupo para que se possa formar uma representação social, pois alguns objetos trazem apenas opiniões e imagens desconexas. Por isso que não há o porquê de existir uma representação social para cada objeto que se possa imaginar (Ferreira, 2005). Desta forma, é possível que um determinado grupo tenha uma representação de certo objeto enquanto outros apresentem apenas opiniões, informações e imagens sobre o mesmo objeto (Sá, 1998).

Mtodo de investigao:
A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, de natureza qualitativa e quantitativa. O estudo foi realizado com amostra de 134 estudantes que se dispuseram a participar da pesquisa. A amostra configura-se como não probabilística e formada pelo critério de acessibilidade. Os dados, de origem primária, foram coletados entre os meses de novembro/2013 e janeiro/2014. Utilizou-se da técnica de evocação de palavras, que conforme Vergara (2010), trata-se do método de coleta de dados que solicita aos indivíduos pesquisados que mencionem, oralmente ou por escrito, palavras que lhe vem à cabeça, a partir da evocação, pelo pesquisador, de uma expressão indutora. A expressão indutora utilizada referia à atuação do profissional contábil. Foi solicitado aos discentes que escrevessem as primeiras palavras que lhe vinham à cabeça quando ouvissem a expressão “habilidades e competências necessárias para atuação do profissional contábil”. Para medir as variáveis que constituíam atitudes por escala foram utilizadas questões em escala do tipo Likert, que consiste em um conjunto de itens apresentados em forma de afirmações ou juízos perante os quais se pede a reação dos indivíduos (Sampieri, Collado & Lucio, 2006). As afirmações qualificam o objeto de atitude que está sendo medido e devem expressar apenas uma relação lógica (Sampieri, Collado & Lucio, 2006). A afirmativa utilizada na escala tipo Likert se fundamentou na importância atribuída pelo respondente às habilidades e competências necessárias para atuação do profissional contábil exigidas pela Resolução do CNE/CES nº10/2004 do curso de Ciências Contábeis. As questões variavam de 1=“Não é Importante”, 2=“Pouco Importante”, 3=“Importante”, 4=“Muito Importante”, 5=“Indispensável”. Os dados de natureza qualitativa, referentes ao teste de evocação de palavras foram tabulados utilizando como apoio do MS Excel. Calculou-se a frequência de cada palavra evocada no intuito de descrever a representação social que os discentes possuem com relação às habilidades e competências da profissão contábil. Os dados, de natureza quantitativa, foram analisados por meio de procedimentos estatísticos manipulados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) v. 20.0® e MS Excel, a partir da utilização da Estatística Descritiva, do Alfa de Cronbach, do Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) e o do teste U de Mann-Whitney.

Resultados, concluses e suas implicaes:
No intuito de agrupar as palavras evocadas foi realizada uma categorização das expressões de acordo com as competências e habilidades do profissional contábil, que estão dispostas nos órgãos nacionais e internacionais da contabilidade, sendo formadas as categorias: Habilidades/Competências Pessoais; Conhecimentos; Habilidades/Competências Funcionais; Habilidades/Competências relacionadas aos Negócios; Habilidades Intelectuais; e Habilidades de Comunicação e Interpessoais. As habilidades e competências pessoais apresentam-se como as mais importantes para os discentes, uma vez que foram as mais evocadas (204 vezes). Isso significa que mesmo inconscientemente, os sujeitos da pesquisa valorizam mais as habilidades e competências pessoais, pois estas constituem o universo semântico do objeto estudado. A diferença das frequências entre as palavras dessas categorias e as demais reforça essa ideia. Assim, as habilidades e competências pessoais constituem o núcleo central da representação social estudada. O conhecimento do núcleo central da representação social propicia maior clareza a respeito da visão dos discentes com relação as habilidades e competências. Destaca-se que esses resultados não indicam que os discentes desvalorizem as outras habilidades e competências na atuação do contador, elas apenas possuem cotação secundária na percepção daqueles. Para análise das habilidades e competências exigidas pelo CNE, IFAC e AICPA foram estabelecidas quatro dimensões: Habilidades e Competências Pessoais; Habilidades e Competências Técnicas e Funcionais; Habilidades Intelectuais e do Conhecimento; e Habilidades e Competências Organizacionais e Relação Interpessoal. Com o intuito de testar a confiabilidade das variáveis componentes de cada dimensão utilizou-se a técnica do Alfa de Cronbach. Todas as dimensões obtiveram valores do alfa superiores a 0,60 mostrando que são relevantes. Tais resultados determinaram que os constructos refletiram com confiabilidade suas respectivas variáveis. O teste K-S confirmou o pressuposto da não normalidade das distribuições, e, portanto, procedeu-se ao teste U de Mann-Whitney com o intuito de verificar se havia diferenças estatísticas entre os dois grupos criados: estudantes do 2º e 4º períodos, denominados iniciantes e estudantes de 6º e 8º período, denominados concluintes. Os resultados apontam que com relação as dimensão Habilidades e Competências Técnicas e Funcionais há diferença estatística entre os dois grupos (p valor < 0,05), sendo que os iniciantes valorizam mais essas habilidades e competências técnicas e funcionais (média = 4,19) do que os concluintes (média = 4,06). Com relação à dimensão Habilidades e Competências Pessoais constatou-se que há diferenças entre os dois grupos de estudantes (p valor < 0,05). Pela média de pontuação da dimensão verifica-se que os alunos que estão em fase de conclusão do curso valorizam mais as habilidades e competências pessoais para atuação do contador (média = 4,18) que os alunos que estão no início do curso. Para as dimensões Habilidades e Competência Intelectuais e Habilidades e Competências Organizacionais e Relação Interpessoal os resultados indicam que não há diferença estatísticas entre os dois grupos (p valor > 0,05). Sendo assim não há diferença entre a percepção dos discentes que estão iniciando e concluindo a graduação com relação à importância dessas habilidades e competências para atuação do profissional contábil. Portanto, a representação social que os discentes formaram foi de um profissional que deve ter como principal característica o desenvolvimento de habilidades e competências pessoais, ou seja, o contador, na percepção discente, deve ser dotado de condutas éticas, de conhecimento teórico tanto em sua área como nas afins, organização para executar o trabalho, responsabilidade nas suas ações e comprometimento com a profissão. E, também, de habilidades intelectuais e do conhecimento para o bom desempenho do profissional contábil.

Referncias bibliogrficas:
Alves-Mazzotti, A. J. (2008) Representações sociais: aspectos teóricos e aplicações à educação. Revista Múltiplas Leituras, 1(1), 18-43. Cardoso, R. L., Riccio, E. L., Mendonça Neto, O. R. & Oyadomari, J. C. (2011). Entendo e explorando as competências do contador gerencial: uma análise feita pelos profissionais. Advances in Scientific and Applied Accounting, 3(3), 353-371. Ferreira, V. C. P. (2005). ONGs no Brasil:um estudo sobre suas características e fatores que têm induzido seu crescimento. Tese de Doutorado. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Moscovi, S. (1978). A Representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. Ott, E., Cunha, J. V. A., Cornachione Junior, E. B. & Luca, M. M. M. (2011). Relevância dos conhecimentos, habilidades e métodos instrucionais na perspectiva de estudantes e profissionais da área contábil: estudo comparativo internacional. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós Graduação em Ciências Contábeis, Vitória, ES, Brasil. 5. Sampieri, R. H., Collado, C. F. & Lucio, P. B. (2006). Metodologia de Pesquisa, 3.ed, São Paulo: McGraw-Hill. Spink, M. J. P. (1993). O Conceito de Representação Social na Abordagem Psicossocial. Cadernos de Saúde Pública, 9 (3), 300-308.

 

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