Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 433

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Estrutura de Capital, Dinamismo Ambiental e Inovação: variáveis que influenciam o desempenho financeiro da companhia

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Um ambiente dinâmico provoca muitas turbulências nas empresas no tocante às estratégias de investimento e financiamento. Conforme Bertucci e Hirscheimer (2005) é necessário que a empresa defina seu direcionamento estratégico, bem como os sistemas de avaliação que irá utilizar para poder mensurar o desempenho obtido. Para que as estratégias sejam executadas, são necessários recursos financeiros, de capital próprio ou de terceiros. Tais fontes de financiamentos, i.e., a estrutura de capital, utilizada pelas empresas na realização de seus projetos, apresenta características distintas que podem afetar seu desempenho financeiro. Diversas pesquisas (Kochhar & Hitt, 1988; Li & Simerly, 2002), a partir de Modigliani e Miller (1958), têm feito inferências sobre a relação entre a estrutura de capital e a estratégia competitiva adotada pelas empresas, demonstrando que diversos fatores externos podem influenciar a escolha da estrutura ótima de capital, como: cultura, ambiente, performance e inovações. Em geral, esses estudos sugerem a importância da relação entre as áreas de estratégias e finanças. Ao se estudar o relacionamento conjunto entre dimensões como ambiência de negócios, inovação, estrutura de capital e desempenho de companhias, no Brasil, constatam-se dificuldades em função da instabilidade do ambiente de negócios. Por isso, é relevante entender os impactos no desempenho das organizações e como as empresas reagem ao ambiente, por meio de decisões estratégicas e de escolhas de financiamentos. O objetivo foi analisar se as variáveis estrutura de capital, dinamismo ambiental e inovação são determinantes no desempenho financeiro de companhias brasileiras negociadas na BM&FBOVESPA entre 2001 e 2010.

Base da plataforma terica:
A estrutura de capital é a forma como a empresa compõe o seu passivo - origens de recursos financeiros em termos de capital próprio (patrimônio líquido) e capital de terceiros (passivo circulante e não circulante). Uma empresa pode utilizar uma grande quantidade de capital de terceiros, ou então, aplicar pouco capital de terceiros, ou ainda, escolher uma proporção de capital de terceiros igual à de capital próprio (Ross, Westerfield & Jaffe, 2002). Modigliani e Miller (1958) sugeriram que, em um mercado de capitais com inexistência de impostos, a configuração da estrutura de capital seria irrelevante, na valoração da empresa. Após muitas críticas, em 1963, incorporaram os efeitos tributários ao estudo. Apesar disso, contribuíram à teoria de finanças ao se identificar em quais circunstâncias a decisão sobre a estrutura torna-se relevante. Esse trabalho forneceu subsídios ao desenvolvimento de outras teorias sobre a estrutura de capital, como a teoria de Static Trade Off; a abordagem dos Custos de Falência, a teoria Pecking Order, a teoria da Assimetria de Informação e a perspectiva dos custos de agência. A estrutura de capital foi analisada por meio das variáveis: EstCap 1 e EstCap 2. Trata-se de uma medida muito utilizada nos estudos de Pereira (2000), Simerly (2002), Pereira Filho e Louvet (2002). O dinamismo ambiental está relacionado à concepção das organizações como sistemas abertos, consolidada inicialmente na administração pela abordagem contingencialista, considera que a organização e seu ambiente externo são partes de um mesmo sistema que interagem continuamente. A organização troca recursos objetivos (de natureza concreta) com o ambiente externo para garantir sua sobrevivência (como matéria-prima, insumos, equipamentos, produtos desenvolvidos, e retribuição monetária) e se adapta às contingências ambientais que lhe facultam acesso aos recursos externos que necessita (Donaldson, 2001). A mensuração do dinamismo deu-se pela proxie, utilizada por Keats e Hitt (1988), Li e Simerly (2002) e Pereira Filho e Lovet (2008). Segundo Correia Neto e Albuquerque (2006), inovação relaciona-se à transformação e mudanças, criar algo novo e diferente daquilo que é praticado pela concorrência, transformando o ambiente em que a organização esteja inserida. Senge e Fallon e Senn (2006) expõem que a criatividade só tem sentido quando a empresas foca nos resultados. Assim, a invenção de novos processos ou produtos seria essencial para garantir o negócio satisfazendo as necessidades dos clientes a medida que surgem novas necessidades. A inovação foi quantificada pela proxie INOV, utilizada pelo IBGE (2008). Quanto ao desempenho das empresas, pode ser mensurado por vários indicadores para fazer avaliação das empresas. Fombrun e Shanley (1990) esclarecem que um desempenho econômico-financeiro positivo retrata aos acionistas e credores boa qualidade interna dos processos da empresa. Se apresentam bom desempenho e baixo nível de risco, sinalizam ao mercado de capitais o sucesso de suas decisões estratégicas e as expectativas de futuro. Esses resultados positivos induzem os investidores a adquirirem ações, ampliando seu valor de mercado. O desempenho financeiro foi capturado pela variável ROA. Com base na literatura, foram testadas as seguintes hipóteses teóricas: H1: de que forma, estrutura de capital, dinamismo ambiental e estrutura de capital relacionam-se com a performance da empresa. H2: as variáveis estrutura de capital, dinamismo ambiental e estrutura de capital são determinantes e predominantes nas performances das empresas.

Mtodo de investigao:
Trata-se de uma pesquisa empírico-descritiva e quantitativa (Collis & Hussey, 2005). As unidades de análise são 110 companhias brasileiras, dos setores de petróleo e gás, energia elétrica, tecnologia da informação, eletroeletrônicos, telefonia fixa e telefonia móvel, com ações negociadas na BM&FBOVESPA. A opção por tais setores foi pelo motivo de serem permeados por elevada tecnologia, ambientes bastante mutáveis e turbulentos. As unidades de observação são os demonstrativos contábeis (Balanços Patrimoniais - BP e Demonstrações de Resultados do exercício - DRE) disponíveis no site da Economática e da BM&FBovespa. Os dados são de janeiro de 2001 até dezembro de 2010, totalizando 10 (dez) anos, porém, com dados trimestrais, perfazendo 40 (quarenta) trimestres (ou observações) de cada variável coletada. Foram criados dois modelos, a fim de analisar dois períodos de 5 (cinco) anos, tendo em vista as mudanças na economia brasileira: do 1º trimestre de 2001 ao 4º tri de 2005; do 3º tri de 2005 ao 4º tri de 2010. A amostra selecionada contou com 47 companhias do setor de energia elétrica, 37 do setor eletroeletrônicos, 7 do setor de telefonia fixa, 7 do setor de tecnologia da informação, 7 do setor de petróleo e gás e 5 do setor de telefonia móvel. Os dados foram analisados por meio de regressão linear múltipla (examina a existência de relação linear entre as variáveis dependente e independentes), com testes da causalidade de Granger (visa identificar as relações de causa e efeito entre as variáveis analisadas e teste Chow e análise de Cusum (verificam a ocorrência de quebra estrutural e análises dos coeficientes) (Gujarati, 2000; Hair Jr. et al., 2009). Para mensurar a proxie INOV, um dos seus pressupostos é que as séries temporais sejam estacionárias para que as inferências estatísticas sejam válidas. O efeito da inovação foi mensurado pelos ativos imobilizado e intangível dos setores. No entanto, o intangível continha missings em mais de 50% do total de dados, o que prejudicaria as estimativas dos coeficientes de regressão. Para evitar isso, imobilizado e intangível foram agrupadas em uma única variável e delas estimados os resíduos por meio do software TRAMO-SEATS, com modelos ARIMA. Verificaram-se os pressupostos da regressão (Hair Jr. et al., 2009). Realizaram-se as análises, pelos softwares R e EVIEWS.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Constatou-se que a inovação, o dinamismo ambiental e a estrutura de capital têm relações positivas ou negativas com a rentabilidade empresarial, quando, nos diversos modelos testados, as variáveis apresentaram significância estatística, confirmando-se as hipóteses H1 e H2 para todos eles. Em cada setor, as variáveis assumiram importâncias distintas no desempenho das companhias, como pode ser sumarizado a seguir. O setor de Petróleo e Gás sinalizou forte influência da alavancagem no seu desempenho. Essa estratégia de se financiar com capital de terceiros, pode levar essas organizações a apresentarem desempenho positivo ou negativo e, conforme é o nível de endividamento a empresa sofrer processo insolvência, mesmo sendo detentora de monopólio natural. As variáveis do setor de Energia Elétrica apontaram influência menor, com destaque para a Inovação. Como é um setor estratégico para a economia nacional, demanda cuidados especiais para melhorar seu desempenho, sob pena de prejudicar o restante da economia. No setor de TI, alavancagem financeira predominou e com sinal negativo, apontando que quando de sua ampliação, houve piora no desempenho das companhias, conforme seus fluxos de caixa confirmaram. O setor Eletroeletrônico mostrou-se mais sensível à Inovação e, pouco, à relação dívida/ativo total. Portanto, sofreu menor influência do seu endividamento, talvez porque o utiliza em menor quantia. No setor de Telefonia, a inovação assume uma influência maior que nos outros setores, apontando a presença de vantagens competitivas para essas empresas. Todavia, a Telefonia Fixa apresentou relação negativa da relação dívida/ativo total com o desempenho e, ainda, baixo nível de investimentos. A Telefonia Móvel, ao contrário da Fixa, sofreu pouca influência do endividamento, sendo que o dinamismo ambiental retratou maior efeito positivo sobre a rentabilidade do setor. Na verificação da existência de relação causal entre a o desempenho e as suas variáveis explicativas, tanto no setor de Petróleo e Gás, como no de Energia Elétrica, o desempenho ocasionou o volume de endividamento bruto e a composição da estrutura de dívidas. No setor de TI a relação dívida/ativo total, a inovação e o dinamismo geraram o desempenho. Já no de Eletroeletrônicos, apenas a configuração da estrutura de capital foi causa do desempenho. Naquele de Telefonia Fixa, o volume de dívida, a inovação e o dinamismo são causas da rentabilidade. Já na móvel, apenas a inovação e o dinamismo antecedem o desempenho. Concluiu-se que se a companhia almeja ter longevidade é necessário que se faça investimentos em inovação, no seu capital e na sua estrutura produtiva. Em alguns setores predomina sobre a rentabilidade de seu ativo uma ou outra variável, conforme as especificidades de cada setor. Mas é importante frisar que em todos os modelos, dos diferentes setores, houve variável que explicaram o desempenho da companhia. Como contribuição à academia, a pesquisa inovou, em utilizar, conjuntamente, as variáveis estrutura de capital, inovação e dinamismo ambiental para avaliar o desempenho de companhias brasileiras, quando, em vários casos, as mesmas agiram, simultaneamente, na melhora da performance das empresas. Para o mercado, apresentaram-se indicativos de que cada setor deve ter um cuidado maior com as variáveis predominantes no seu setor, o que pode gerar vantagem competitiva, melhoria no desempenho e no valor da empresa.

Referncias bibliogrficas:
Correia Neto, J. S., & Albuquerque, C. R. S. (2006). A inovação de produtos sob a ótica do CRM: um estudo de caso. In: ENANPAD, 30., 2006, Salvador (BA). Anais...Rio de Janeiro: ANPAD. Donaldson, L. (2001). The contingency theory of organizations. Foundations for Organizational Science. Fombrun, C. J., & Shanley, M. (1990). What's in a name? Reputation building and corporate strategy. Academy of Management Journal, 33(2), 233-58. Gujarati, D. N. (2000). Econometria básica. 3. ed. trad. São Paulo: Makron Books. Hair, J. F., Black, W. C., Babin, J. B., Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2009). Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman. Li, M., & Simerly, R. L. (2002). Environmental dynamism, capital structure and innovation: an empirical test. International Journal of Organizational Analysis, 10(2), 156-171. Modigliani, F., & Miller, M. H. (1958). The cost of capital, corporation finance and the theory of investment. American Economic Review, 48, 261-297. Modigliani, F., & Miller, M. H. (1963). Corporate income taxes and the cost of capital: a correction. American Economic Review, 53, 433-443.

 

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