Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 498, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 498

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Determinantes do Disclosure Ambiental nos Relatórios de Empresas Listadas na BM&FBOVESPA

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Nas duas últimas décadas, registra-se uma mudança no comportamento das empresas de países desenvolvidos e em desenvolvimento, que passaram a fazer divulgações ambientais em seus relatórios anuais e através de outros meios de comunicação (Deegan & Gordon, 1996; Kolk, 2003). De acordo com Suttipun e Stanton (2012), alguns estudos demonstraram que o motivo de as empresas divulgarem informações ambientais em seus relatórios anuais está relacionado às demandas dos atores sociais, a pressão dos regulamentos, ao poder de grupos ambientalistas, à influência de concorrentes e empresas multinacionais, e ao crescimento da produtividade e competitividade das empresas. Nesse contexto, tem-se como problema: Quais os fatores que influenciam as divulgações ambientais nos relatórios anuais das empresas listadas na BM&FBOVESPA? Para responder à questão, o trabalho investigará as divulgações de informações ambientais nos relatórios anuais das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) e se existem associações positivas entre a quantidade de divulgação ambiental e outras variáveis como: tamanho, propriedade, país de origem e lucro. O presente estudo contribui para a literatura contábil que trata de relatórios ambientais e está estruturado em cinco seções. A segunda seção apresenta a revisão da literatura; a terceira foca nas hipóteses da pesquisa; a quarta firma-se na exposição da metodologia empregada na pesquisa e da análise de resultados; na última seção as conclusões, bem como as limitações e sugestões para pesquisas futuras.

Base da plataforma terica:
A teoria da legitimidade pode explicar as razões por trás da divulgação de informação ambiental. Prabhu (1998) e Neu, Warsame e Pedwell (1998), postulam que as organizações empresariais devem considerar os direitos da comunidade em geral, e não apenas os dos investidores. Se as empresas não operam dentro dos limites de comportamento considerado adequado pela comunidade, a mesma vai agir para remover o direito da organização de continuar suas operações. Ultimamente, nota-se que as empresas estão aumentando a quantidade de informações ambientais em seus relatórios. Nesse sentido, Adams (2002) argumentou que a razão para o aumento no número de empresas, que produzem relatórios ambientais, não é a pressão pública ou regulatória, mas o desejo de melhorar a imagem da empresa com os clientes, reguladores, investidores e comunidade. Entretanto, a teoria da legitimidade pressupõe que a extensão do disclosure de uma empresa também é produto de exposição à pressão da opinião pública a partir de grupos de interesse no ambiente social, político e regulatório (Boulding, 1978; Cho & Patten, 2007; Darrell & Schwartz, 1997; Patten, 2002). Os defensores da teoria legitimidade argumentam que esse incentivo se aplica, em especial, para as empresas com pior desempenho ambiental, e vários estudos ao longo dos últimos anos fornecem provas dessa relação (Aerts & Cormier, 2009; Cho et al, 2012; Patten, 2002). Nessa visão, pode-se inferir que, quanto maior o impacto ambiental das empresas há uma tendência para uma maior evidenciação ambiental. 2.1 REVISÃO DA LITERATURA SOBRE DISCLOSURE AMBIENTAL Os impactos ambientais gerados pelas empresas e as preocupações dos Stakeholders estão refletindo crescentes expectativas sociais, por isso muitas empresas têm se preocupado com as questões ambientais e econômicas (Suttipun & Stanton, 2012). Tanto no cenário nacional quanto no internacional, diversos autores realizaram estudos acerca da divulgação de informações ambientais. Ahmad et al. (2003) realizaram um estudo no qual examinaram, empiricamente, os incentivos que motivaram as empresas da Malásia a divulgarem informações ambientais em seus relatórios anuais. Os resultados obtidos pelos autores revelam uma relação negativa entre a divulgação voluntária de informações ambientais nos relatórios anuais e a alavancagem financeira das empresas. Este resultado, no entanto, não é isolado. Blancard e Laguna (2010) analisaram a reação do mercado em relação ao disclosure ambiental de empresas no mercado petroquímico e concluíram que os investidores atrelam a divulgação ambiental à causas judiciais, redução de vendas, custos com segurança, dentre outros, identificando que a divulgação afeta o custo de capital das empresas analisadas. Fernandes (2012), por sua vez, encontrou uma correlação negativa entre o disclosure positivo e o custo de capital de empresa listada na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA). A autora utilizou a análise de conteúdo nas notas explicativas, no relatório da administração e no relatório de informações ambientais. Concluiu-se que o retorno anormal não influencia o disclosure ambiental. Enquanto que Suttipun e Stanton (2012) investigaram o conteúdo de divulgação de informações ambientais fornecidas em relatórios anuais das empresas listadas na Bolsa de Valores da Tailândia (SET). Os resultados indicaram que houve uma relação positiva entre a quantidade de divulgações ambientais e o tamanho das empresas, mensurado pelo volume de receita.

Mtodo de investigao:
Esse estudo utilizou a análise de conteúdo pela contagem de palavras para quantificar a divulgação ambiental nos relatórios anuais de 2012 e relatórios de sustentabilidade das empresas listadas na BM&FBOVESPA. Para tanto, foram coletadas as demonstrações contábeis referentes a 2012 de 43 empresas que estão inseridas nos setores de alto impacto ambiental de acordo com a lei 10.165/00. Segundo Bardin (1977), essa técnica facilita o processo de inferência acerca dos conhecimentos relativos às condições de produção/recepção das mensagens. Nesse sentindo, a análise de conteúdo permite a codificação de informações qualitativas em categorias (Abbott & Monsen, 1979). A classificação, organização e a análise das informações foram feitas com o apoio do software Nvivo 10. Inicialmente, os relatórios anuais das empresas foram utilizados para investigar a divulgação ambiental, pois eles incorporam divulgações tanto oficiais quanto voluntárias. Em segundo lugar, eles podem ser acessados mais facilmente do que outros meios de comunicação (Wiseman, 1982). A coleta dos dados foi baseada na construção de um arcabouço teórico dividido em 8 categorias e 36 subcategorias; e elaborado a partir do trabalho de Murcia et al. (2008). Para atingir os objetivos do trabalho, foi utilizado como base um modelo de regressão linear múltiplo utilizado por Suttipun e Stanton (2012) e formuladas quatro hipóteses com base na literatura. Para atingir os objetivos do trabalho, foi utilizado um modelo de regressão linear múltiplo utilizado por Suttipun e Stanton (2012), no qual o disclosure é função do tamanho da empresa, do tipo de indústria, da propriedade, do país de origem e do lucro líquido. O modelo foi adaptado com a inserção da variável “Big Four”, pois acredita-se que a auditoria realizada pelas empresas pertencentes a esse grupo conduza a um esclarecimento melhor, no sentido de divulgação ambiental. A variável “tipo de indústria” foi retirada, pois todas as empresas são de alto impacto. Por fim, a variável “país” também foi excluída , visto que a amostra apresenta apenas 1 empresa internacional.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Este estudo teve como objetivo investigar os fatores que influenciam as divulgações ambientais nos relatórios anuais das empresas listadas na BM&FBOVESPA. Para alcançá-lo, foram coletadas as demonstrações contábeis referentes a 2012 de 43 empresas que estão inseridas nos setores de alto impacto ambiental de acordo com a lei 10.165/00. Para análise dos dados foi realizada uma análise de conteúdo pela contagem de palavras por meio do Nvivo 10. Após a classificação, organização e categorização dos dados foi aplicado um modelo de regressão linear múltiplo, e testadas quatro hipóteses formuladas com base na literatura. Decorre-se que 24,10% das variações do disclosure são explicadas pelas variações das demais variáveis e duas variáveis, (propriedad) e (Big Four), são estatisticamente significativas ao nível de significância de 5%. Note que o valor relativamente baixo do R2 pode ser indício de multicolinearidade no modelo, fato que não chega a comprometer a análise visto que não se pretende fazer projeções, mas apenas realizar um estudo qualitativo. Infere-se que a auditoria por uma empresa reconhecida internacionalmente tem influencia sobre a divulgação ambiental das empresas, principalmente, no caso em foco quando se considerou apenas empresas de alto impacto. Diante a primeira hipótese, infere-se que o fato de as empresas serem maiores, em termos de vendas, não influencia no aumento da quantidade de divulgações de informações ambientais, deste modo, rejeita-se a H1. Portanto, os resultados são contrários aos achados de Deegan e Gordon (1996) Cormier e Gordon (2001), Ho e Taylor (2007) e Suttipun e Stanton (2012). As organizações privadas auditadas por Big Four tendem a fazer mais divulgações ambientais nos seus relatórios anuais do que as empresas não auditadas por Big Four e do que as empresas públicas, sendo desta forma aceitas as hipóteses 2 e 3 desta pesquisa. Dessa forma, esses resultados coadunam com os estudos de Ahmad; Hassan e Mohammad (2003), Balal (2000), Meyer (1975) e Murcia et al.(2008). Infere-se ainda que o fato de as empresas terem uma alta rentabilidade não influencia no aumento da quantidade de divulgações de informações ambientais, deste modo, rejeita-se a H4. Os resultados estão de acordo com os estudos de Fogler e Nutt (1975), Connelly e Limpaphayom (2004) e Stanwick e Stanwick (2000). Diante dos resultados obtidos, depreende-se que, em relação às empresas listadas na BM&FBOVESPA, o fato de ser privada ou pública, nacional ou estrangeira, tem impacto nas divulgações ambientais sendo o diferencial verificado o fato de a empresa ser auditada ou não por uma Big Four. Quanto às limitações pode-se destacar o tamanho da amostra, visto que neste estudo utilizou-se apenas as empresas de alto impacto, enquanto que Suttipun e Stanton (2012) utilizaram as empresas de baixo e alto impacto. Além disso, a amostra apresentou apenas uma empresa internacional e uma empresa pública. Por fim, a exclusão de duas empresas interferiu no grau de liberdade do modelo. Nesse sentido, sugere-se para pesquisas futuras a ampliação da amostra e da quantidade de variáveis.

Referncias bibliogrficas:
Aerts, W. & Cormier D. (2009). Media legitimacy and corporate environmental communication. Accounting Organizations and Society. 34(1): 1–27. Cho, C. H., Freedman, M. & Patten, D. M. (2012). Corporate disclosure of environmental capital expenditures: a test of alternative theories. Accounting Auditing and Accountability Journal;25(3):486–507. Deegan, C. M., & Gordon, B. (1996). A study of the environmental disclosure practices of Australian corporations. Accounting and Business Research, 26(3), 187-199. Fernandes, Sheila Mendes. (2012). A Relação entre o Disclosure Ambiental e Retorno Anormal: uma análise das empresas brasileiras listadas na Bovespa. In. EnANPAD 2012. Anais... em CD-ROM. Rio de Janeiro (RJ). 22 a 26 de setembro. Rosa, F. S.; Ensslin, S., Ensslin, L. & Lunkes, R. J., (2012). Environmental disclosure management: a constructivist case. Management Decision,vol. 50 N. 6, pp. 1117-1136. Suttipun, Muttanachai & Stanton, Patricia. (2012). Determinants of Environmental Disclosure in Thai Corporate Annual Reports. International Journal of Accounting and Financial Reporting, Vol. 2, n. 1. Villiers, Charl de & Staden, Chris J. van. (2006). Can less environmental disclosure have a legitimising effect? Evidence from Africa Accounting, Organizations and Society, 31 763–781. Wiseman, J. (1982). An evaluation of environmental disclosures made in corporate annual reports. Accounting, Organizations and Society, 4(1), 123-133.

 

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