Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 136, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 136

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: IMPACTOS DA ADOO COMPLETA DAS IFRS NAS MTRICAS DE VALOR DAS COMPANHIAS ABERTAS BRASILEIRAS

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A adoção das IFRS afetou a forma de apuração do resultado contábil, o que infere a possibilidade de ter causado impactos relevantes em métricas de valor. O processo mundial de convergência contábil para as IFRS chegou ao Brasil a partir da instrução nº 457/2007 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a qual determinou que as IFRS se tornariam obrigatórias nas demonstrações financeiras consolidadas relativas ao exercício de 2010 e posteriores, de todas as companhias abertas listadas na CVM. No entanto, esse processo de convergência trouxe consigo questões relevantes, como a possibilidade de que essa transição de normas afetasse significativamente as métricas contábeis e de valor. Cabe observar que, apesar da diferença de foco entre os indicadores contábeis tradicionais e as métricas de valor, ambos partem de uma mesma fonte, as demonstrações contábeis, que sofreram diversas modificações em suas rubricas a partir da adoção das normas IFRS, o que consequentemente alterou as demonstrações contábeis. A transição de normas contábeis afetou significativamente em métricas contábeis, podendo, analogamente, causar diferenças em métricas de valor, pois estas utilizam em seu cálculo dados contábeis como Patrimônio Líquido e Lucro Líquido.Por esse motivo, é essencial averiguar o impacto dessas alterações normativas no valuation das empresas. Dessa forma, a questão problema que orientou a realização deste estudo foi: Quais as diferenças encontradas na adoção completa das normas IFRS nas métricas de valor das companhias abertas brasileiras pertencentes ao índice Ibovespa? O objetivo do artigo é verificar as diferenças encontradas na adoção completa das normas IFRS nas métricas de valor EVA e MVA das companhias abertas brasileiras pertencentes ao índice Ibovespa.

Base da plataforma terica:
2.1 Convergência contábil no Brasil Para Oliveira e Lemes (2011), a tendência mundial para a convergência contábil inseriu-se definitivamente no contexto brasileiro a partir da obrigatoriedade de adoção das IFRS pelas companhias abertas listadas na CVM. O processo de convergência seria realizado em duas etapas. Na primeira, desenvolvida em 2008, com a emissão do pronunciamento técnico nº 13 que engloba os CPCs de números 1 a 12 e o pronunciamento técnico CPC 14, priorizou-se a regulamentação das alterações da Lei das Sociedades por Ações (Lei n. 6.404/76) para que a Lei n. 11.638/07 pudesse vigorar já para as demonstrações do exercício findo em 31.12.2008, emitindo normas de transição a serem aplicadas já nas demonstrações dos exercícios 2008 e 2009. Atingidos tais objetivos, a segunda etapa, que abrangeu os CPCs de números 15 a 41 (com exceção do nº 34) e interpretações diversas direcionou seus esforços no sentido de concluir a conversão do padrão nacional às demais normas internacionais por meio dos pronunciamentos CPC emitidos em 2009 e 2010, de adoção compulsória para o exercício encerrado em 31.12.2010. O CPC ainda estabeleceu, através do Pronunciamento 37, que as demonstrações contábeis do exercício 2010 deveriam reapresentar, sob o novo padrão, os balanços patrimoniais dos exercícios 2008 e 2009 e a demonstração do resultado do exercício 2009. (BARCELLOS; SILVA; COSTA JUNIOR, 2012; FIORENTIM et al, 2011). Na segunda etapa, também chamada de FULL IFRS, considera-se que se tenha atingido a adoção completa do padrão internacional, foco do presente estudo. 2.2 Gestão baseada em valor A avaliação econômica das empresas é uma importante ferramenta de decisão para os investidores, devendo ser realizada periodicamente com o intuito de verificar se está ocorrendo maximização da riqueza dos proprietários e demais supridores de capital. (SANTOS, 2008). O valor econômico adicionado (EVA) é “uma medida de criação de valor identificada no desempenho da própria empresa” e “indica se a empresa está sendo capaz de cobrir todos seus custos e despesas, inclusive o custo de capital próprio, e, com isso, gerar riqueza aos seus acionistas” (ASSAF NETO, 2010, p. 148). Já o valor de mercado adicionado (MVA) é “uma ferramenta conceitual elaborada pela Stern Stewart para aferir o quanto a administração agrega de valor ao capital investido na companhia” (SANTOS; WATANABE, 2005, p. 22).

Mtodo de investigao:
O presente estudo pode ser classificado, em relação à sua natureza, como uma pesquisa aplicada, e, quanto a seus objetivos, como uma pesquisa descritiva. Com relação à abordagem, a pesquisa pode ser classificada como quantitativa e, com relação aos procedimentos técnicos, será realizada uma pesquisa bibliográfica e documental. O universo da pesquisa foram as sociedades anônimas de capital aberto listadas e com demonstrações financeiras consolidadas anuais, encerradas em 31 de Dezembro de 2010, disponíveis no site do BM&FBovespa. A amostra selecionada compreendeu as companhias componentes do Índice Ibovespa, da qual foram excluídas todas as instituições financeiras, resultando em uma amostra final de 53 empresas. Para o tratamento estatístico dos dados, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Para a estimativa do custo de capital, foram utilizadas as métricas de valor fornecidas pelo Instituto Assaf Neto. Para verificar a significância estatística entre as rubricas, foram realizados diversos testes estatísticos: o teste Kolmogorov-Smirnov, para testar a normalidade dos dados da amostra; o teste t de student para dados emparelhados, em caso de distribuição normal, utilizado para verificar se as médias de duas amostras relacionadas com distribuição normal, extraídas da mesma população, são ou não significativamente diferentes (FAVERO et al, 2009 apud PRADO, 2013); o teste de Wilcoxon, para casos que não haja normalidade, ao nível de significância de 5%. O intervalo de confiança foi de 95%, e o nível de significância, usado para todos os testes, foi de 5%. Dessa forma, para o teste Kolmogorov-Smirnov, se os resultados apresentarem p-value > 0,05, considerar-se-á que a distribuição dos dados é normal. Já para os testes t de student e teste de Wilcoxon, se os resultados apresentarem p-value > 0,05, considerar-se-á que não há diferenças significativas. Mas se p-value < 0,05, considerar-se-á que há diferenças significativas nos valores das rubricas apuradas em BR GAAP em relação às IFRS.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Foi calculado o EVA e o MVA em BR GAAP e em IFRS para cada empresa e apurada a diferença, subtraindo-se do valor em IFRS o valor em BR GAAP. Dessa forma, se a diferença fosse positiva, significaria que a adoção das normas IFRS adicionou valor para as empresas. Observou-se que em 24 empresas o valor do EVA e MVA aumentou, em 27 empresas o valor do EVA e MVA foi reduzido e em 2 empresas, a Natura S.A. e a Brookfield S.A não houve alteração com a mudança normativa. Desse modo, pode-se inferir com os resultados deste trabalho que a tendência é que o Padrão IFRS conduza a menores métricas de valor, pois o EVA e MVA aumentaram em 24 empresas, mas reduziram em 27 empresas. Através do teste Kolmogorov-Smirnov, verificou-se que nenhuma das variáveis apresentou distribuição normal. Portanto, aplicou-se o teste de Wilcoxon, usado em casos de distribuição não normal. A verificação desse teste revelou que as diferenças não foram significativas, pois o p value foi de 0,189 e 0,206, valores maiores que 0,05. Os resultados dos testes estatísticos efetuados revelam que apesar de haverem diferenças nas métricas de valor calculadas nos padrões contábeis analisados, as diferenças encontradas não foram estatisticamente significativas, indicando que a transição de normas não causou diferenças estatisticamente significativas nas métricas de valor. Esse resultado confirma o estudo de Vieira e Dalmácio (2013), que não conseguiram identificar a existência de relação entre a adoção do IFRS e o valor do EVA, assim como não foram encontradas diferenças significativas na maioria dos índices econômico-financeiros do trabalho de Prado (2013). Deve ser evidenciado, no entanto, que apesar de Prado (2013) ter encontrado diferenças significativas no PL e Lucro líquido, que são base para as métricas de valor, isso não as atingiu de maneira estatisticamente significativa. A questão que orientou essa pesquisa foi: quais as diferenças encontradas na adoção completa das normas IFRS nas métricas de valor das companhias abertas brasileiras pertencentes ao índice Ibovespa? A fim de responder o problema de pesquisa, foram formuladas algumas hipóteses. Essas hipóteses foram testadas, sendo que não se deve rejeitar H01, de que não houve diferenças significativas no indicador Valor Econômico Adicionado (EVA) com a adoção das normas IFRS, visto que não se conseguiu encontrar diferenças significativas no indicador Valor de Mercado Adicionado (MVA) com a adoção das normas IFRS. Da mesma forma, não deve ser rejeitada a hipótese H02, de que não houve diferenças significativas no indicador Valor de Mercado Adicionado (MVA) com a adoção das normas IFRS, pois não se encontrou significância para as diferenças encontradas na variável MVA antes e depois da adoção das IFRS. No entanto, notou-se que apesar de não serem estatisticamente significativas, foram encontradas diferenças, que variaram bastante entre as empresas e os setores. A observação empresa a empresa das diferenças quantitativas encontradas permitiu concluir que, pelo menos na amostra analisada, o padrão IFRS conduz a menores métricas de valor, pois o EVA e o MVA aumentaram em 24 empresas, mas reduziram em 27 empresas. Dessa forma, os resultados desse artigo confirmam o trabalho de Vieira e Dalmácio (2013) em sua constatação de que não houve aumento do valor agregado para as empresas que adotaram as normas IFRS, tendo em acréscimo observado que, pelo menos na amostra pesquisada, a quantidade de empresas que tiveram suas métricas de valor reduzidas é maior do que as que tiveram suas métricas de valor aumentadas. Os resultados encontrados também confirmam a afirmativa de Poldervaart (2010), que concluiu que existem diferenças entre o EVA ajustado para o padrão IFRS e o não ajustado.

Referncias bibliogrficas:
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BARCELLOS, L. P.; SILVA, A. H. C.; COSTA JUNIOR, J. V. Impactos da adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil: uma investigação no setor de siderurgia e metalurgia. Pensar Contábil, v. 14, n. 54, p. 4-14, 2012. OLIVEIRA, V. A.; LEMES, S. Nível de convergência dos princípios contábeis brasileiros e norte-americanos às normas do IASB: uma contribuição para a adoção das IFRS por empresas brasileiras. Rev. contab. finanç. [online], vol.22, n.56, pp. 155-173, 2011. POLDERVAART, R. EVA vs traditional performance measures in Europe: analyses on stock based performance and influence of IFRS. 2010. Master Thesis Accounting, Auditing & Control. Erasmus School of Economics. Disponível em: <https://www.google.com.br/?gws_rd=cr&ei=0QU_UsH7FLi24APggYGQDQ#q=%22EVA+vs+traditional+performance+measures+in+Europe%3A+Analyses+on+stock+based+performance+and+influence+of+IFRS%22>. Acesso em: 21 set. 2013 PRADO, T. A. R. Os impactos da primeira adoção das normas IFRS nas demonstrações contábeis das companhias abertas brasileiras. 2013. Dissertação (Mestrado em Administração).- Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2013. SANTOS, J. O. Avaliação de empresas: cálculo e interpretação do valor das empresas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. SANTOS, J. O.; WATANABE, R. Uma análise da correlação entre o EVA® e o MVA® no contexto das empresas brasileiras de capital aberto. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 19-32, 2005. VIEIRA, D. D.; DALMÁCIO, F. Z.. Análise da adoção do IFRS na criação de valor agregado de empresas brasileiras listadas na BM&FBovespa. In: Congresso USP, 10. 2013. São Paulo. Desafios e Tendências da Normatização Contábil. Disponível em: <http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos132013/507.pdf>. Acesso em: 21 set. 2013.

 

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