Anais do XI Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
Anais do XI Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
Página Anterior Próxima Página
Trabalhos Disponíveis: 45
Anais do XI Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
Página inicial Voltar para a página anterior Fale conosco

RESUMO DO TRABALHO

Abrir
Arquivo

Clique para abrir o trabalho de código 288, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 288

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Efeito do Resultado Abrangente nos Indicadores de Desempenho das Companhias Abertas Brasileiras

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Visto que o Brasil está em pleno processo de convergência às Normas Internacionais de Contabilidade, o que pode ser verificado pelas alterações na lei societária e publicação contínua dos Pronunciamentos Técnicos do CPC, o tópico trabalhado neste estudo é a evidenciação do lucro abrangente por companhias abertas brasileiras. Uma vez que a literatura sustenta que o lucro abrangente demonstra melhor o desempenho das empresas do que o lucro líquido, o objetivo do presente estudo é verificar o impacto da evidenciação do resultado abrangente na análise de indicadores financeiros de rentabilidade (ROE e EPS), após a convergência das normas de contabilidade brasileiras para as normas internacionais. Pesquisas anteriores exploraram a forma de evidenciação do lucro abrangente, suas diferenças com as demais formas de apresentação do lucro, bem como exploraram o uso do lucro abrangente para a avaliação de desempenho das empresas. Existem pesquisas apontando que o lucro abrangente não é superior ao lucro líquido na avaliação de desempenho das empresas (Dastgir & Velashani, 2008), por outro lado, há pesquisas que relatam a mensuração do resultado abrangente como significativamente associada ao preço das ações e retornos de mercado (Kanagaretnam, Mathieu & Shehata, 2009). Desta forma, espera-se por meio deste estudo contribuir com as pesquisas anteriores, mostrando possíveis impactos da divulgação da DRA nos resultados das empresas, de forma a incentivar àquelas que ainda não divulgam ou que estão iniciando a adoção às IFRS, no atendimento à norma estabelecida pelo IASB, bem como contribuir com a literatura sobre o resultado abrangente que ainda é incipiente.

Base da plataforma terica:
Viceconti e Neves (2011, p. 33), ressaltam que “a convergência é uma contribuição da classe contábil ao crescimento da economia global, pois viabiliza o fluxo de capitais e os investimentos oriundos do exterior”. E com este processo de convergência, no cenário brasileiro, surge o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), com o objetivo de orientar a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, por meio de seus pronunciamentos contábeis. De acordo com Pinheiro et al (2012), os normativos elaborados com base nos pronunciamentos buscam empenhadamente alternativas para fornecer informações que reflitam a posição financeira das instituições com maior fidedignidade. Entre os pronunciamentos emitidos está o CPC 26, o qual trata da apresentação das Demonstrações Contábeis, e introduz uma nova demonstração - a Demonstração do Resultado Abrangente. No Brasil, a DRA passou a ser exigida para as companhias abertas por meio do pronunciamento técnico CPC 26, a partir de 2010. No entanto, o CPC 26 não expõe as opções fornecidas pela norma internacional com relação à apresentação de uma ou duas demonstrações, sendo que, segundo este pronunciamento, a entidade deve evidenciar os itens de receita e de despesa em duas demonstrações: Demonstração do Resultado do período e Demonstração do Resultado Abrangente do período, sendo que esta última se inicia com o resultado líquido e inclui os Outros Resultados Abrangentes (CPC, 2011). Segundo Lemes e Carvalho (2010), a DRA é composta pela DRE e Outros Resultados Abrangentes, os quais compreendem receitas e despesas reconhecidas diretamente no Patrimônio Líquido que não resultam de ações dos sócios como proprietários. De acordo com Soutes e Schvirck (2006), existem diferentes formas de se mensurar e evidenciar o lucro, as quais podem gerar informações muito divergentes, sem que nenhuma delas possa ser considerada errada do ponto de vista conceitual. Ademais, estes autores alertam para o fato de que os usuários das informações contábeis devem analisar se as informações disponibilizadas pelas empresas são suficientes, pois o formato no qual o resultado do período é divulgado interfere de maneira direta na informação necessária (Soutes & Schvirck, 2006). Mazzioni, Oro e Scarpin (2013), concluíram em suas pesquisas que não há nenhuma evidência de que o resultado abrangente possua capacidade preditiva superior ao lucro líquido. Quanto aos indicadores financeiros, na pesquisa foram utilizados o ROE e o EPS. O ROE (Return on equity), ou Retorno sobre o Patrimônio Líquido, segundo Martins, Diniz e Miranda (2012) é o mais importante dos indicadores, porque demonstra a capacidade de a empresa remunerar o capital que foi investido pelos sócios, sendo relevante utilizar o Lucro Líquido na fórmula, pois é o que sobra para os sócios. Estudos anteriores (Soutes & Schvirck, 2006), utilizaram também o ROE para verificar quais foram os impactos nos indicadores financeiros motivados pela apresentação da DRA. O EPS (Earnings per Share), ou Lucro por Ação, por outro lado, é considerado um importante indicador de rentabilidade, especialmente para o mercado acionário, pois, por meio dele, é possível mensurar a rentabilidade de cada ação em determinado período, isto é, aponta o retorno de mercado da ação (Rossetti, 2008). Desta forma, foram utilizados ambos os indicadores financeiros no presente estudo, alternando o uso do lucro líquido e o lucro abrangente, com a finalidade de se identificar o impacto dos resultados abrangentes para a avaliação do desempenho da empresa, conforme objetivo da pesquisa.

Mtodo de investigao:
Para atingir o objetivo da pesquisa, foram coletados dados das demonstrações financeiras de uma amostra de empresas brasileiras. Na sequência foram calculados os indicadores ROE e EPS, utilizando-se o lucro líquido nas fórmulas, e, em um segundo momento, valendo-se do lucro abrangente. Adicionalmente, para caracterização da amostra, além da razão social da empresa, os seguintes dados foram coletados: segmento de negócio a que pertence; valores do lucro líquido, lucro abrangente e patrimônio líquido; e número de ações. Nesse sentido, os resultados obtidos com os cálculos dos indicadores sob as duas perspectivas (lucro líquido e lucro abrangente) foram separados em dois grupos. Posteriormente, foi utilizado o método estatístico teste T de Student, pois se pretendeu, neste trabalho, realizar a comparação da média dos valores dos indicadores financeiros num grupo (lucro líquido) com a média dessa variável noutro grupo (lucro abrangente). Desta forma, para alcançar os resultados pertinentes ao estudo, foram estabelecidas hipóteses, testando se as médias dos indicadores financeiros calculados com base na ótica de lucro líquido e com base no lucro abrangente são iguais. Para a realização desta pesquisa, foram utilizados os relatórios financeiros (DRE e DRA) divulgados pelas companhias abertas brasileiras, com ações negociadas na BM&F Bovespa, e pertencentes ao Índice Bovespa (Ibovespa). Dado a relevância do Ibovespa na determinação das empresas com maiores negociações na BM&F Bovespa, foram extraídas informações das demonstrações financeiras das 65 companhias listadas neste índice em junho de 2013. No entanto, foram selecionadas somente as empresas que divulgaram o lucro abrangente nos anos de 2010, 2011 e 2012, totalizando 39 empresas. Foram coletados dados desses anos, visto que o CPC 26 incluiu a DRA no rol das demonstrações a serem divulgadas pelas companhias abertas brasileiras em 2009, com aplicabilidade a partir de 2010.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Em relação à aderência de companhias abertas brasileiras, listadas no índice Bovespa, às Normas Internacionais de Contabilidade, no que tange à divulgação do resultado abrangente, evidenciou-se que somente 39 empresas divulgaram a DRA concomitantemente em 2010, 2011 e 2012, com uma redução da não evidenciação ao longo dos períodos. Verificou-se que em 2011 e 2012 a variação positiva no resultado prevaleceu dentre as empresas da amostra, pois a soma dos Outros Resultados Abrangentes ao lucro líquido provocou o crescimento do lucro, redução do prejuízo, e até mesmo, a inversão de prejuízo para lucro. Entretanto, os testes realizados apontaram que não existem impactos do lucro abrangente sobre os indicadores financeiros de rentabilidade ROE e EPS, visto que não existem diferenças significativas entre os indicadores calculados sob as duas formas de mensuração do lucro (líquido e abrangente). Esses resultados relacionados ao ROE corroboram com os resultados encontrados por Resende et al. (2011), que detectaram que a média do ROE, calculado a partir do Lucro Líquido ou Abrangente, não apresentava diferença para o ano de 2009. Já com relação ao EPS, os resultados contrastam com o trabalho realizado por Kanagaretnam et al. (2009), que evidenciaram que, nas empresas canadenses, o resultado abrangente é mais fortemente associado com preço das ações e retornos do que o lucro líquido, sendo um melhor indicador do lucro futuro, o que não foi percebido no presente estudo. Salientou-se que, embora os testes estatísticos realizados neste trabalho apontem para a igualdade entre as médias dos indicadores financeiros calculados com base no lucro líquido e abrangente (aceitando-se a hipótese nula), este estudo permitiu verificar que, individualmente, as empresas podem ser diferentemente interpretadas, caso recorram ao lucro líquido ou ao lucro abrangente para cálculo de indicadores de desempenho (ROE e EPS). Não obstante, os resultados obtidos neste estudo permitem oferecer algumas reflexões sobre a análise do resultado abrangente, tema ainda pouco explorado no Brasil em decorrência da recente relativa obrigatoriedade de divulgação. Por exemplo, atualmente, não existe nenhum indicador financeiro, nas referências tradicionais, que utilize, especificamente, o lucro abrangente em sua fórmula, pois todos englobam outras formas de mensuração do lucro, tais como lucros líquidos e operacionais. Com este estudo, espera-se ter contribuído para o aumento da discussão empresarial e acadêmica desse tema no Brasil. No meio empresarial, espera-se que as companhias abertas brasileiras busquem a divulgação da DRA, evidenciando informações completas e fidedignas conforme normas estabelecidas pelo IASB, com reflexo no CPC. Por sua vez, no meio acadêmico espera-se que os resultados desta pesquisa tenham contribuído com a literatura e instiguem a construção de outras pesquisas científicas envolvendo o resultado abrangente.

Referncias bibliogrficas:
Dastgir, M., & Velashani, A. S. (2008). Comprehensive Income and Net Income as Measures of Firm Performance: Some Evidence for Scale Effect. European Journal of Economics, Finance and Administrative Sciences. v.12. pp. 123-133. Kanagaretnam, K., Mathieu, R., & Shehata, M. (2009). Usefulness of comprehensive income reporting in Canada. Journal Accounting and Public Policy. n. 28. pp. 349–365. Lemes, S., & Carvalho, L. N. (2010). Contabilidade Internacional para Graduação: texto, estudos de casos e questões de múltipla escolha. São Paulo: Atlas. Martins, E., Diniz, J. A., & Miranda, G. J. (2012). Análise Avançada das Demonstrações Contábeis: uma abordagem crítica. São Paulo: Atlas. Mazzioni, S.; Oro, I. M.; & Scarpin, J. E. (2013). Lucro Versus Resultado Abrangente como Medida Preditiva do Desempenho das Empresas do Setor Elétrico Brasileiro. Registro Contábil, Ufal, Maceió/AL, v. 4, n. 3, p. 89-104. Resende, L. L., Pinheiro, L. E. T., & Maia, S. C. (2011). As diferentes formas de mensuração do lucro e o reflexo no ROE das empresas que aderiram ao padrão IFRS. In: SEMEAD – SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 14. out. 2011. São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: USP, 2011. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp. br/semead/14semead/resultado/trabalhosPDF/244.pdf>. Acesso em 26 jan. 2013. Soutes, D. O., & Schvirck, E. (2006). Formas de Mensuração do Lucro e os Reflexos no Cálculo do ROA. BBR – Brazilian Business Review. Vitória, v. 3, n. 1, pp 74-87. Viceconti, P., & Neves, S. das. (2011). Contabilidade Avançada e Análise das Demonstrações Financeiras. 16 ed. São Paulo: Saraiva.

 

APOIO
REALIZAÇÃO
PATROCINADORES
Logos dos Realizadores Logos dos Patrocinadores
Anais do XI Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade