Anais do XI Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 106, Área Temática: Área I: Atuária

Código: 106

Área Temática: Área I: Atuária

Título: Anlise das Mudanas na Estrutura Etria e seus Efeitos sobre as Receitas e Despesas dos Fundos de Penso

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Dado o rápido processo de envelhecimento que vem ocorrendo na população do Brasil, surgem grandes desafios para pesquisadores demógrafos, estatísticos e atuários, principalmente nas áreas de previdência e seguridade. Considerando que os regimes previdenciários devem ser norteados pelo Princípio do Equilíbrio Financeiro e Atuarial instituído pela Emenda Constitucional nº. 20 de 1998, e que uma das variáveis mais importantes para a manutenção desse Princípio é a mortalidade experimentada pela massa de participantes desses planos de benefício, o aumento da expectativa de vida dos seres humanos a cada ano vem obrigando os planos de previdência a mudarem sua tábua atuarial. Consequentemente, a atualização dos parâmetros demográficos a partir do envelhecimento da massa de participantes ativos e assistidos de um fundo de pensão traz repercussões contábeis, com a geração de passivos cujas previsões devem ser revisadas periodicamente, a fim de restabelecer o equilíbrio financeiro e atuarial determinado pelo Princípio Constitucional. Nesse sentido, considerando que as transformações no padrão etário da população brasileira podem repercutir no equilíbrio financeiro e atuarial dos fundos de pensão, o objetivo do presente estudo é analisar os efeitos das mudanças na estrutura etária de uma massa de participantes sobre as receitas e despesas dos fundos de pensão.

Base da plataforma terica:
Na visão de CAPELO (1986), um fundo de pensão deve ser uma pessoa jurídica, separada da empresa patrocinadora e ter, entre outros, um porte mínimo para se manter atuarialmente equilibrado. Deve possuir independência patrimonial, contábil e financeira, e ter em regulamento os direitos e obrigações da entidade, patrocinadores, participantes e assistidos. Além dos critérios de elegibilidade, a previdência privada é constituída com base no regime financeiro de capitalização, onde as contribuições são vertidas para uma “poupança” (individual ou coletiva), que será utilizada futuramente para custear o beneficio do participante (WEINTRAUB, 2004). De acordo com Gushiken et al (2002), os regimes previdenciários devem ser norteados pelo principio constitucional do equilíbrio financeiro e atuarial, que foi instituído pela Emenda Constitucional nº. 20, de 15 de dezembro de 1998. O equilíbrio financeiro é aquele que garante, em um exercício financeiro, que as receitas sejam suficientes para o pagamento de todas as despesas previdenciárias. Já o equilíbrio atuarial se dá quando as receitas são suficientes para pagar todas as despesas fixadas atuarialmente, ou seja, nos próximos exercícios previstos os recursos devem ser suficientes para o pagamento das despesas projetadas no cálculo atuarial (VAZ, 2009). Assim, utilizam-se projeções futuras que consideram uma série de hipóteses atuariais, como expectativa de vida, invalidez, taxa de juros, taxa de rotatividade, taxa de crescimento salarial, dentre outros, que incidem sobre a população de segurados e seus correspondentes direitos previdenciários. Por sua vez, devem ser estabelecidas, mediante aplicação de metodologias de financiamento reguladas em lei e universalmente convencionadas, as alíquotas de contribuição suficientes para a manutenção dos futuros benefícios do sistema (THOMPSON, 2000). Segundo esse pesquisador, um sistema previdenciário estruturado no regime de capitalização é bastante sensível às modificações das taxas de juros e da longevidade. As taxas de juros afetam diretamente a reserva a ser constituída, pois potencializa a acumulação monetária, incorporando ganhos financeiros ao longo do tempo. No caso da longevidade, se expressa pelo aumento da expectativa de sobrevida do segurado, afetando diretamente o equilíbrio do plano previdenciário, pois este deve ser capaz de honrar o pagamento de todas as parcelas da renda vitalícia. Com base na velocidade que o envelhecimento populacional vem ocorrendo no Brasil, surgem grandes desafios para pesquisadores demógrafos, estatísticos e atuários, principalmente nas áreas de previdência e seguridade. Como o pagamento de rendas de sobrevivência (aposentadoria e pecúlio) depende do provisionamento de recursos, e o tempo é determinado por meio de “tábuas de mortalidade”, há o risco de não refletir a realidade atual e futura dos participantes dos fundos de pensão (PIROLLO JÚNIOR, 2009).

Mtodo de investigao:
Para compreender em que medida as mudanças na estrutura etária de uma massa de participantes podem afetar o equilíbrio financeiro e atuarial dos fundos de pensão, foi efetuado estudo de caso em uma entidade fechada de previdência complementar patrocinada, para avaliar o impacto no custo previdenciário dos planos de beneficio. A Entidade analisada está classificada entre os dez maiores fundos de pensão do Brasil e um dos maiores da América Latina, com um patrimônio ativo total superior a 40 bilhões de reais e aproximadamente 130 mil participantes (ativos, pensionistas e aposentados). Para avaliar a evolução do envelhecimento da massa de participantes, foram utilizados dados referentes ao período de 2003 a 2012, segregados por faixa etária. Esse período foi escolhido por trazer as alterações decorrentes das leis complementares 108 e 109, ambas de 2001. O estudo elaborado levou em consideração as variáveis demográficas relacionadas à mortalidade, as receitas financeiras oriundas das contribuições previdenciárias (participante e patrocinadora) e as despesas com benefícios pagos durante os períodos avaliados. A variável mortalidade foi utilizada para calcular o valor atual dos benefícios futuros que podem ser gerados devido ao evento de morte, ocasionando o beneficio de pensão, ou também a sobrevivência, dando origem ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuição ou idade (PINHEIRO, 2005). Para avaliar a relação direta entre as mudanças na estrutura etária e as receitas e despesas, foram utilizadas na análise apenas as receitas com contribuições efetivadas pelos participantes ativos e as despesas com benefícios pagos. Com relação às receitas de contribuições, foram levantados valores no período de 2003 a 2012, a partir do volume de contribuição dos participantes da entidade analisada.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Analisando o crescimento da população segregada por grupos de idade, verificou-se que tanto o número de participantes assistidos como o número de ativos quase dobrou em 2012 comparativamente a 2003, e que a massa de participantes que mais cresce está localizada na faixa de 25 a 55 anos, ratificando as considerações do Banco Mundial sobre o fato de o Brasil passar por uma transição demográfica com uma maior proporção de pessoas jovens ativas. Na análise do número de assistidos por faixa etária, o estudo mostra que a quantidade de aposentados na faixa etária de 41 a 70 anos vem crescendo a cada ano, mostrando que, de fato, há uma tendência de envelhecimento da população do fundo de pensão. Em relação à situação dos participantes, foi possível observar um crescimento de 77,58% dos participantes aposentados e 79,52% dos ativos, no período de 2003 a 2012. Considerando que a expectativa de vida está aumentando, e que a quantidade de assistidos representa 21% da massa de participantes, a tendência é que, com o passar dos anos, esse percentual avance em relação à quantidade de participantes ativos. Com relação à evolução das receitas previdenciárias, verificou-se crescimento contínuo durante o período analisado, que pode ser explicado pela crescente quantidade de participantes ativos, que representam novos contribuintes para o fundo. Por outro lado, com relação às despesas, o aumento do volume de gastos pode ser explicado pelo crescimento da quantidade de aposentados na faixa de 41 a 70 anos, mostrando que o efeito do envelhecimento já é uma realidade nos fundos de pensão. Considerando os parâmetros utilizados na avaliação, pode-se inferir que a quantidade de participantes assistidos vem aumentando anualmente, o que acarreta maior quantidade de benefícios a serem pagos. Ao avaliar a evolução do percentual de contribuição das receitas previdenciárias em relação às despesas previdenciárias, verifica-se que enquanto em 2006 os benefícios representarem apenas 17% dos valores arrecadados, em 2012 esse percentual ultrapassou a casa dos 30%. Diante do exposto, o estudo mostra que o envelhecimento populacional impactou o equilíbrio financeiro do fundo de pensão analisado, uma vez que, comparativamente, o crescimento das despesas com o pagamento dos benefícios foi superior ao crescimento das receitas de contribuições no período de 2003 a 2012. Com os avanços da medicina e com as melhorias nas condições gerais de vida da população, aumentando, consequentemente, a expectativa de vida da massa de participantes, a tendência é que com o passar dos anos não só o envelhecimento populacional como também o aumento da longevidade venha impactar equilíbrio atuarial do fundo de pensão analisado, em razão das evidências de envelhecimento da sua massa de participantes ativos e assistidos. Para futuras pesquisas, recomenda-se que sejam realizados estudos da mesma natureza em outras entidades patrocinadas, contribuindo para o debate sobre os efeitos da dinâmica demográfica na previdência complementar privada.

Referncias bibliogrficas:
CAPELO, Emilio Recamonde. Fundos Privados de Pensão: uma introdução ao estudo atuarial. São Paulo: FGV, 1986. Tese (Doutorado em Administração) - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 1986. GOMES, Marília Miranda Forte; LIMA, Diana Vaz de; WILBERT, Marcelo Driemeyer. O Impacto da Utilização de Diferentes Tábuas de Mortalidade nas Estimativas de Pagamento de Benefícios no RGPS. Revista Brasileira de Risco e Seguro, Rio de Janeiro, v.8, n. 16, p. 19-40, 2013. GIAMBIAGI, Fábio, TAFNER, Paulo. Demografia: a ameaça invisível: o dilema previdenciário que o Brasil se recusa a encarar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GUSHIKEN, Luiz; FERRARI, Augusto Tadeu; FREITAS, Wanderley José. Previdência Complementar e Regime Próprio – Complexidade e Desafios – Indaiatuba, SP: Instituto Integrar Integração, 2002. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da População do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050. Revisão 2008. Estudos e Pesquisas: informações demográficas e socioeconômicas, n. 24. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. LIMA, Diana Vaz de. A Dinâmica Demográfica e a Sustentabilidade do Modelo de Financiamento do Regime Geral de Previdência Social. Brasília: UNB, 2013. 164 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) – Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de Brasília, 2013. PINHEIRO, Ricardo Pena. Riscos Demográficos e Atuariais nos Planos de Benefício Definido e de Contribuição Definida num Fundo de Pensão. Minas Gerais: UFMG, 2005. 320 f. Tese (Doutorado em Demografia) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, 2005 PINHEIRO, Ricardo Pena. A Demografia dos Fundos de Pensão. Coleção Previdência Social, volume 24, 2007. PIROLLO JÚNIOR, Guerino. Graduação Bayesiana e Projeção de Taxas de Mortalidade Aplicadas á Populações de Fundos de Pensão do Setor Elétrico. Curitiba: UFPR, 2009. 123 f. Dissertação (Mestre em Ciências) – Centro de Estudos em Engenharia Civil, Universidade Federal do Paraná, 2009. THOMPSON, Lawrence. Mais Velha e Mais Sábia: a economia dos sistemas previdenciários; Brasília. Ministério da Previdência e Assistência Social, v.4, 2000. VACCARO, Stefania Becattini. Fundos de Pensão: Um Caminho Socioeconomicamente Viável?. Vitória: UFES, 2009. 120 f. Dissertação (Mestre em Política Social) – Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Universidade Federal do Espírito Santo, 2009. VAZ, Levi Rodrigues. O Principio do Equilíbrio Financeiro e Atuarial no Sistema Previdenciário brasileiro. Revista Direitos Fundamentais & Democracia. Curitiba, v.6, n.1, p. 4-35, 2009. WORLD BANK. Becoming Old in an Older Brazil: implications of population aging on growth, poverty, public finance and service delivery. Human Development Department Latin America and the Caribbean Region. Document of de World Bank, April, 2011, 204 fls. WEINTRAUB, Arthur Bragança. Previdência Complementar Privada. Revista do Advogado, São Paulo, v. 1, n.80, p. 13-17, 2004.

 

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