Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 164

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Ciclo de Vida Organizacional: Uma Analise dos Lucros Anormais nos Diferentes Estagios do Ciclo de Vida das Empresas Listadas na BM&FBOVESPA

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O objetivo deste estudo foi identificar em qual estagio do ciclo de vida das empresas listadas na BMF&Bovespa os lucros anormais sao mais persistentes. A metodologia seguiu a perspectiva dos estudos de Anthony e Ramesh (1992) e utilizou-se de dados contabeis (crescimento das vendas, payout dos dividendos, despesa de capital) e dado nao contabil (a idade e usada para minimizar o efeito da possivel associacao de risco com o estagio do ciclo de vida.) para identificacao dos estagios de crescimento, maturidade e declinio. O periodo do estudo foi de 1997 a 2012 e a analise final utilizou dados representados em 4.525 observacoes de 283 empresas, em duas etapas: o periodo integral e o periodo subdividido em periodos menores, estes de quatro anos. Os lucros anormais foram calculados pela perspectiva do modelo de Feltham e Ohlson (1995). Na investigacao do periodo completo, no que diz respeito aos lucros anormais, os resultados encontrados indicaram que empresas no estagio de declinio tendem a evidenciar mais persistentemente lucros anormais, quando em comparacao com empresas nos demais estagio do ciclo de vida. No que se refere aos lucros operacionais anormais, os resultados encontrados indicam que empresas situadas no estagio de maturidade sugerem expectativas de potencializar seus lucros operacionais anormais futuros mais do que as empresas em estagio de crescimento e de declinio. Na investigacao dos subperiodos de quatro anos, os lucros anormais foram reportados mais persistentemente por empresas que foram classificadas no estagio de maturidade.

Base da plataforma terica:
A Teoria do Ciclo de Vida das Empresas parte da definicao de ciclo de vida do produto desenvolvido, o qual e segmentado por conceitos microeconomicos e de marketing (Mueller & 1972; Myers, 1977; Rink & Swan, 1979). De acordo com a Teoria Economica, o ciclo de vida das empresas pode ser dividido em quatro estagios, tais como: nascimento (start-up), crescimento, maturidade e declinio. O primeiro economista a tratar sobre a Teoria do Ciclo de Vida foi Alfred Marshall, bem como a argumentar como as empresas e industrias evoluiam. (Schumpeter, 1985). De acordo com Marshall (1982), o processo de evolucao acontece da seguinte forma: a empresa, ao nascer, nao possui todas as informacoes do mercado (fornecedores e consumidores) e, por ser pequena, nao possui habilidade operacional por falta de experiencia. Marshall (1982) explica que ao longo do tempo a empresa evolui, adquire habilidade e passa a conhecer melhor o mercado, bem como seus fornecedores e consumidores. O proprietario adquire experiencia aprendendo a reorganizar o processo produtivo buscando elevar a eficiencia com a diminuicao dos custos, fazendo com que haja crescimento. Esses estagios do ciclo de vida sao caracterizados de acordo com atributos economicos (nivel de incerteza quanto aos retornos dos investimentos, posicionamento dos ativos operacionais e perspectiva de investimento) especificos de cada empresa, conforme enfatizado por Mueller (1972). A Teoria do Ciclo de Vida da Empresa descrita por Mueller (1972) esta direcionada na constatacao e identificacao dos estagios vivenciados pela empresa, isto e, como a organizacao cresce, amadurece e declina. Na literatura economica (Spence, 1981; Jovanovic, 1982; Wernerfelt, 1985; Jovanovic; Macdonald, 1994) os atributos ou caracteristicas responsaveis pela classificacao dos estagios do ciclo de vida de uma empresa podem ser conceituados pelo comportamento da producao, pelo conhecimento ou experiencia de mercado, pelo investimento realizado, como tambem pela detencao do mercado em que a empresa atua. O estagio do ciclo de vida das empresas pode capturar diferencas existentes em economia subjacente. Os atributos economicos atuais de uma empresa sao susceptiveis de ter um impacto sobre a escolha da empresa baseado em regras de medicao contabil (Park & Chen, 2006). Os estagios do ciclo de vida podem ser utilizados como substitutos dos atributos economicos, a medida que se consegue identifica-los como caracteristicas pertencentes aos estagios de inicio, crescimento, maturidade e declinio (Black, 1998). Com base na literatura, com referencia na economia, na administracao e na contabilidade, pelos estudos de Marshall (1982), Spence (1979), Kotler (1980), Schumpeter (1985), Anthony e Ramesh (1992), Black (1998), e possivel a identificacao de variaveis que podem ser utilizadas como proxy para determinacao dos estagios inicial, crescimento e maturidade. Por meio dos estudos de Easton e Zmijewski (1989) e Collins e Kothari (1989), pode-se encontrar que as variaveis financeiras escolhidas como indicadores dos ciclos de vida sao diretamente relacionadas com o risco da organizacao. Assim, as empresas classificadas com base nessas variaveis poderiam ter um diferencial informacional quanto a medidas de desempenho, mesmo sem consideracoes especificas sobre o ciclo de vida.Park e Chen (2006) partir do modelo de avaliacao Feltham e Ohlson (1995), verificaram se investidores atribuem um maior valor em empresas que apresentam elevados lucros anormais e que se encontram no estagio de crescimento do que em empresas em estagio de maturidade ou declinio.

Mtodo de investigao:
O presente estudo utilizou-se das demonstracoes contabeis de 1996 a 2012 disponiveis na Economatica para acesso aos dados contabeis e dos relatorios de referencias, e no sitio da BM&FBovespa para acesso aos dados nao contabeis de 605 empresas que compoem a lista de empresas nao financeiras da BM&FBovespa, correspondendo, inicialmente, ao total de 10.285 observacoes. O ano de 1996 foi utilizado apenas como ponto de partida para obtencao dos resultados dos calculos realizados para 1997. As empresas financeiras foram excluidas, pois sao caracterizadas por se apresentarem alavancadas e com regulamentacao diferente das demais, entendendo-se o que essa falta de homogeneidade causaria dificuldades na analise ao serem consideradas com as empresas nao financeiras. A pesquisa apresenta dados desbalanceados, pois as empresas da amostra nao apresentaram os mesmos dados em todos os periodos investigados. Desse modo, trabalhou-se com dados cross section e dados empilhados (pooling). Foi analisado todo o periodo de 1997 a 2012, em seguida a amostra foi dividida em quatro periodos (compostos por quatro anos, cada), conforme a disponibilidade de dados, visando verificar se existe (ou nao) o mesmo comportamento das variaveis estudadas no periodo completo. Para avaliacao do modelo empirico utilizado nesta pesquisa, utilizou-se dos criterios estatisticos e econometricos. Na analise para identificacao dos estagios de crescimento, maturidade e declinio, o processo de selecao por disponibilidade de dados resultou em aproximadamente 4.525 observacoes, correspondente a uma media de 283 empresas por ano. Essa amostra inicial foi utilizada para a analise do lucro anormal (LA), entretanto, para o lucro operacional anormal (LOA), o numero de observacoes foi reduzido para 1.432 para o total dos 16 anos analisados. A reducao na amostra limitou a analise dos quatro periodos no que se refere ao lucro operacional anormal. Para classificacao dos estagios do ciclo de vida das empresas analisadas, utilizou-se a metodologia aplicada por Anthony e Ramesh e Park e Chen (2006). Utilizando a analise multivariada, as firmas foram classificadas anualmente em: crescimento, maturidade e declinio. As variaveis proxies utilizadas para identificar os estagios do ciclo de vida da empresa foram: indice de despesas de capital, indice de crescimento das vendas indice de payout dos dividendos e idade da fima

Resultados, concluses e suas implicaes:
Verificando a persistencia dos lucros operacionais anormais, observou-se que, nas empresas localizadas no estagio de declinio, o LOA e mais persistente do que nas empresas em maturidade, conforme apresentado na Tabela 8. Na analise do LOA, o modelo nao se mostrou significativo para as empresas classificadas no estagio de crescimento, ao nivel de significancia de 5%, conforme a estatistica F, que apresentou p-value de 0,102, logo, esse estagio foi desconsiderado nessa analise. Os residuos das empresas dos estagios de maturidade e declinio se mostraram homocedastico pelo teste de White, entretanto identificou-se autocorrelacao positiva nos residuos da amostra que compoem o estagio de declinio e ausencia de autocorrelacao nas empresas maduras. Empresas localizadas no estagio de declinio se mostram com lucros anormais mais persistentes que as empresas localizadas no estagio de crescimento e maturidade, o R e mais representativo para as empresas maduras (R = 0,418). Cerca de 42% das variacoes ocorridas nos lucros anormais futuros sas explicadas pelas variacoes ocorridas nos lucros anormais do periodo, em empresas no estagio de maturidade Os resultados desta pesquisa apontaram que os lucros anormais se comportam diferentemente em diversos estagios do ciclo de vida organizacional, de acordo com os achados de Park e Chen (2006). Nesta pesquisa verificou-se que as empresas da amostra localizadas no estagio de maturidade tendem a potencializar a geracao de lucros operacionais anormais futuros por apresentarem seus ativos operacionais menores (ou subestimado) em relacao aos demais estagios, bem como os parametros de persistencia maiores para lucros anormais, sugerindo-se que a busca pela elevacao do seu valor de mercado leva as empresas do estagio de maturidade a sinalizarem lucros maiores. Este estudo esta direcionado ao entendimento de Park e Chen (2006), de que as variaveis contabeis sao determinantes importantes para a formacao da estrategia utilizada na empresa, por isso utilizou-se de dados contabeis como componentes de classificacao dos estagios do ciclo de vida da empresa. Os estagios do ciclo de vida organizacional podem capturar diferentes caracteristicas existentes em setores economicos, em economias subjacentes, conforme afirma Black (1998). Sendo assim, verificou-se, neste estudo, que o estagio do ciclo de vida e importante para o entendimento do comportamento dos lucros anormais para a amostra utilizada. As limitacoes encontradas foram: os lucros futuros realizados sao utilizados como proxy para os lucros futuros esperados; as empresas que nao apresentaram dados em determinados periodos ficaram fora da amostra, bem como aquelas que apresentavam dados que as classificavam como outliers; o numero de empresas estudadas e caracteristica predominante da Bolsa de Valores do Brasil, bem como as variaveis utilizadas como proxy. Essas limitacoes sao alguns pontos que distinguem esta pesquisa dos estudos realizados por Anthony e Ramesh (1992), Black (1998) e Park e Chen (2006), os quais utilizaram dados disponibilizados no Compustat e empresas com caracteristicas diferentes da amostra utilizada na pesquisa, esta pesquisa limita-se ao numero de dados disponibilizado pela Economatica. Estudos sobre ciclo de vida com a utilizacao nao apenas de questionarios, mas de dados contabeis, tem sido frequentes em pesquisas internacionais. Esta pesquisa utilizou-se dos criterios de numeros contabeis para classificacao dos estagios do ciclo de vida das empresas brasileiras negociadas na BM&FBovespa. Entretanto possui limitacao quanto a amostra e a segregacao setorial. Por apresentar dados com caracteristicas peculiares ao Brasil, recomenda-se, para futuras pesquisas, segregar a amostra em setores e investigar o comportamento dos lucros anormais entre essas empresas com caracteristicas setoriais homogeneas, com o objetivo de verificar se os lucros anormais se apresentam o mesmo em diferentes estagios do ciclo de vida.

Referncias bibliogrficas:
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