Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 192

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Informacoes Financeiras Ambientais: Diferenca entre o Nivel de Disclosure entre Empresas Brasileiras

Resumo:
Propsito do Trabalho:
As questoes relativas ao meio ambiente e a sustentabilidade tem motivado interesses da comunidade academica e das organizacoes. O modelo de sociedade que tem se desenvolvido e permeado pela producao e consumo excessivos, o que vem agravando a relacao do homem com a natureza. E um fato que a sociedade para sua subsistencia necessita da fabricacao de produtos e execucao de servicos, porem sabe-se tambem que fabricar produtos e prover servicos, impactam o meio ambiente. O impacto e diferenciado conforme a atividade desenvolvida. No Brasil, a Lei n 10.165/2000 dispoe sobre a Politica Nacional do Meio Ambiente e classifica as empresas em pequeno, medio e alto impacto ambiental. Nota-se que a sociedade vem exigindo posicionamento das organizacoes e uma forma de atuar mais responsavel com relacao as atividades que desenvolvem, visto que e inevitavel a utilizacao dos recursos do meio ambiente e, desta forma e fundamental o uso consciente dos mesmos. Para que a organizacao tenha boa reputacao no aspecto social e ambiental e importante que conduza as acoes com transparencia e confiabilidade. Esta publicidade normalmente esta relacionada com os pontos da gestao que a empresa queira e decida que sejam importantes, e o faz de forma discricionaria. O proposito deste trabalho e, portanto, o de analisar o disclosure voluntario das informacoes financeiras ambientais em empresas brasileiras, classificadas em setores com diferentes impactos ambientais.

Base da plataforma terica:
As questoes relacionadas ao meio ambiente e a sustentabilidade nas diferentes areas bem como na contabilidade socioambiental tem motivado interesse nao so da comunidade academica, mas tambem das empresas (GRAY, 2002; PARKER, 2011). Pela importancia cada vez maior que se tem dado as questoes do meio ambiente, diversos autores direcionaram seus estudos para a evidenciacao ambiental e assim houve uma proliferacao ainda maior de pesquisas relacionadas ao tema (CHO, ROBERTS E PATTEN (2010); CHO ET AL. (2012); FERNANDES (2013); MOREIRA ET AL. (2014). Outra exigencia diz respeito a crescente demanda pela melhoria da evidenciacao dos fatos que afetam nao so o meio ambiente, mas tambem as questoes financeiras e economicas das empresas. Nota-se que as organizacoes tem sido pressionadas a se posicionarem em relacao as suas atividades e as questoes ambientais. Em resposta a exigencia por parte dos interessados, percebe-se que o disclosure de informacoes financeiras ambientais por parte das organizacoes tem se tornado uma pratica crescente e voluntaria. Varios paises ja desenvolveram desde a decada de 1970, um processo de conscientizacao, pois perceberam a necessidade de controlar processos de fabricacao de produtos bem como emissoes de residuos. Porem, Rover et al (2008) esclarecem que no Brasil nao ha obrigatoriedade da evidenciacao da informacao ambiental, mas algumas organizacoes buscam apresentar diretrizes sobre o disclosure ambiental para as empresas. Mesmo nao havendo obrigatoriedade, ha normas que tentam padronizar a informacao ambiental para auxiliar o entendimento. Algumas empresas divulgam separadamente tais informacoes em relatorios, entretanto, o documento formal obrigatorio e utilizado por todas as empresas que estao listadas na Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) sao as Demonstracoes Financeiras Padronizadas (DFPs). No Brasil, nao e obrigatoria a evidenciacao de informacoes ambientais e nao e claro como as disposicoes sobre as questoes ambientadas devem ser alocadas no Relatorio de Administracao, Notas Explicativas e quadros suplementares. Deste modo, a preocupacao pelas questoes relativas ao meio ambiente tem impulsionado as organizacoes a evidenciarem informacoes e, mesmo que nao seja obrigatoria, a divulgacao de tais dados, tem sido apontada como uma estrategia e uma vantagem competitiva. Assim, observa-se que ha preocupacao em identificar quais variaveis influenciam positivamente ou negativamente no que tange a evidenciacao de informacoes ambientais, alem de se buscar verificar que tipos de informacoes ambientais sao mais citadas e se influencia o nivel de disclosure participar de algum indice da area ambiental. Mas, ha ainda uma falta de normalizacao legal, tem se documentos que orientam quanto a forma e conteudo da divulgacao das informacoes de natureza ambiental, mas em sua maioria, os documentos produzidos sao dissertativos e nao especificam quantificacoes.

Mtodo de investigao:
Para o estudo foram selecionadas as empresas listadas no indice IBRX-50 referentes a carteira de maio a agosto de 2014, (2011, 2012 e 2013) que mede o retorno total de uma carteira composta por 50 acoes selecionadas entre as mais negociadas na BM&FBOVESPA. A amostra englobou empresas com os tres niveis de poluicao (pequeno, medio e alto) (Lei n 10.165). A amostra final e composta por 47 empresas, pois tres delas (Bradesco, Petrobras e Vale) participam do indice com acoes preferenciais e ordinarias. A BB Seguridade foi constituida em dezembro de 2012 e abriu seu capital em abril de 2013. A evidenciacao foi categorizada em: qualitativa, quantitativa nao monetaria e quantitativa monetaria. A informacao qualitativa e mencionada em termos descritivos, a quantitativa nao monetaria e relatada em numeros de natureza nao financeira e quantitativa monetaria, em numeros de natureza financeira. Para a metrica foram elaboradas as categorias: investimentos ambientais com cinco subcategorias, ativos ambientais tangiveis com tres subcategorias, ativos ambientais intangiveis com duas subcategorias, ativo contingente, passivos e contingencias ambientais com quatro subcategorias, receitas ambientais com quatro subcategorias e custos e/ou despesas ambientais com doze subcategorias, totalizando, sete categorias e trinta subcategorias. As informacoes foram extraidas das DFPs, com base na busca e leitura de palavra- chaves, sendo elas: ambient, poluent, residuo, recicl, carbono, sustent, degrad e ecoeficiente. No decorrer da pesquisa, foi adicionado o subitem gastos com aquisicao de creditos de carbono, inicialmente foi adicionado na metrica apenas receita com a venda de creditos de carbono. Para a analise de dados, utilizou-se analise de conteudo e tecnica estatistica que pode ser realizada pelos testes parametricos ou nao parametricos. A escolha depende dos resultados dos testes de normalidade e homogeneidade. O teste de normalidade univariada abrange o teste de Kolmogorov-Smirnov e o Shapiro-Wilk e o teste de homogeneidade de variancias foi realizado atraves do teste de Levene (FAVERO et al., 2009). Como os resultados dos testes de normalidade univariada e homogeneidade de variancias rejeitaram as hipoteses nulas, para este estudo utilizou-se o teste nao parametrico de Kruskal-Wallis que considera K amostras independentes.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar o disclosure voluntario das informacoes financeiras ambientais em empresas, classificadas em setores com diferentes impactos ambientais. Para atingir a este objetivo, foram analisadas as DFPs das empresas que compoem o Indice IBRX-50, referentes ao periodo de 2011 a 2013. Com a analise de conteudo obtida a partir da metrica proposta, os resultados da pesquisa demonstraram que foram evidenciadas 595 sentencas relacionadas as informacoes financeiras ambientais, sendo 190 em 2011, 211 em 2012 e 194 em 2013. Ao identificar as informacoes financeiras ambientais nas DFPs, a categoria mais evidenciada foi a de investimentos ambientais com 348 sentencas, representando 58% das informacoes divulgadas. A categoria, na qual, as empresas evidenciaram mais recursos foi a de passivos e contingencias ambientais, com R$ 259,84 bilhoes. Em relacao a evidenciacao nas subcategorias, na categoria investimentos ambientais, onde ocorreram mais sentencas foi em programas e projetos ambientais, sendo tambem o maior valor investido, R$ 107,07 bilhoes. Nos ativos ambientais tangiveis, a maior evidenciacao ocorreu na subcategoria maquinas/ equipamentos/ instalacoes para reducao de residuos poluentes, onde ocorreu tambem a maior aplicacao de recursos, R$ 231,01milhoes. A subcategoria marca, licenca e/ou patente foi a mais divulgada em ativos ambientais intangiveis, sendo a unica que divulgou valores monetarios. Quanto a categoria de ativos contingentes, nao houve divulgacao. A maior evidenciacao na categoria passivos e contingencias ambientais foi a subcategoria passivo e provisao provavel, com 67 sentencas, sendo tambem a que possui maior valor evidenciado, R$ 225,41 bilhoes. Nas receitas ambientais, a venda de residuos foi a que melhor representou a categoria, com cinco sentencas, sendo esta a unica subcategoria que evidenciou valores monetarios. E na categoria custos e/ou despesas ambientais, a subcategoria licenciamentos e/ou certificacoes ambientais foi a que mais divulgou sentencas, contudo a subcategoria que apresentou a maior aplicacao de recursos nos anos do estudo foi a de manutencao nos processos operacionais para a melhoria do meio ambiente, com R$ 75,65 milhoes. Em relacao ao disclosure medio por potencial de poluicao, nos tres anos da pesquisa, percebe-se a maior media nas empresas de alto impacto ambiental; na sequencia, as de medio, pequeno e as nao poluidoras. Contudo, se considerado a media de quantidade de sentencas divulgadas por ano, observa-se que ha uma media maior entre as nao poluidoras, ao inves das de pequeno impacto ambiental. O teste nao parametrico de Kruskal-Wallis, e os resultados demonstraram que em relacao ao disclosure de informacoes financeiras ambientais, as empresas de alto impacto ambiental estao na primeira colocacao em evidenciacao, seguida das de medio, pequeno e nao poluidoras, confirmando a analise deste estudo. Foi possivel perceber diante dos resultados que as empresas com alto potencial poluidor sao as que mais divulgam informacoes.

Referncias bibliogrficas:
Cho, C. H., Roberts, R. W., Patten, D. M. (2010). The language of US corporate environmental disclosure. Accounting, Organizations and Society, 35, pp. 431443. Cho, C. H. et al. (2012). Do actions speak louder than words? An empirical investigation of corporate environmental reputation. Accounting, Organizations and Society, 37, pp.14-25. Favero, L. P.; Belfiore, P.; Silva, F. L. ; Chan, B. L. (2009) Analise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisoes. Rio de Janeiro: Elsevier. Fernandes, S. M. (2013). Fatores que influenciam o disclosure ambiental: um estudo nas empresas brasileiras no periodo de 2006 a 2010. Revista Ambiente Contabil, 5 (2) 250 267. Gray, R. (2002). The social accounting project and accounting organizations and society. Privileging engagement, imaginings, new accountings and pragmatism over critique? Accounting, Organizations and Society, 27 (7), pp.687-708. Moreira, N. B. et al. (2014). Fatores que Impactam a Divulgacao Voluntaria de Informacoes Socioambientais na Percepcao dos Gestores. REUNIR: Revista de Administracao, Contabilidade e Sustentabilidade, 4 (1), pp. 62-82. Parker, L. (2011). Twenty-one years of social and environmental accountability research: A coming of age. Accounting Forum, 35, pp. 1-10. Rover, S.; Murcia, F. D.; Borba, J. A.; Vicente, E. F. R. (2008) Divulgacao de informacoes ambientais nas demonstracoes Contabeis: um estudo exploratorio sobre o disclosure das empresas brasileiras pertencentes a setores de alto impacto ambiental. RCO Revista de Contabilidade e Organizacoes, 3(2), pp. 53 - 72.

 

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