Resumo: Propsito do Trabalho: A discussao pautada na obra Relevance Lost especula reflexoes acerca da extremidade existente nos modelos e tecnicas de contabilidade gerencial e da seriedade destinada aos demonstrativos financeiros, que atendem, prioritariamente, os usuarios externos. Todavia, a Teoria Contabil prega o escopo da Contabilidade em atender adequadamente os seus diferentes usuarios. Isto posto, a interacao entre teoria e pratica ocorreria na consolidacao entre as areas financeira e gerencial. A conjunta apresentada envolve relacoes complexas entre empresa e investidores nos quesitos (i) expectativa de resultados, (ii) expansao do seu portfolio de mercado e (iii) melhoraria continua do processo comunicacional. O fato gera um mercado financeiro fomentado pela divulgacao de demonstracoes que atendam as carencias dos usuarios externos. Nacionalmente, o reconhecimento da divulgacao transparente e promovida por meio do Trofeu Transparencia Anefac, evento que analisa o disclosure das companhias. Todavia, salienta-se que o mesmo volta-se prioritariamente as demonstracoes financeiras, fato que gera a reflexao no gap acerca da intensidade na divulgacao de informacoes gerenciais. Neste contexto, questiona-se por meio desta investigacao: Quais avancos, em termos de disclosure de praticas de controle gerencial, sao percebidos pelas empresas ganhadoras do Premio de Transparencia Anefac em relacao as demais organizacoes? Compreende-se nesta pesquisa que a divulgacao transparente auxilia e amadurece a visao dos investidores, e a divulgacao de informacoes notaveis ao atendimento dos quesitos supramencionados, perfaz as carencias de seus usuarios internos por meio da maior adocao e divulgacao das ferramentas de controle gerencial. Como premissa a esta conjuntura esta a utilizacao destes artefatos.
Base da plataforma terica: A abordagem acerca da forma da divulgacao de informacoes datam antes mesmo dos conhecidos escandalos financeiros (Grossman & Hart, 1980; Grossman, 1981). Todavia, os decorrentes acontecimentos envolvendo a apresentacao de informacoes fraudadas, bem como as crises financeiras internacionais, desencadearam globalmente um processo de reformas de regulamentacao com maiores exigencias neste quesito. A implantacao de regulamentos vale-se de argumentos de exigencia de mais e melhores informacoes, todavia a discussao acerca desta vertente apresenta aspectos positivos e ceticos. Considera-se que divulgacoes corporativas tem o potencial de alterar o valor da empresa no mercado, afetar decisoes dos gestores e, consequentemente, a redistribuir os fluxos de caixa futuros. Ademais, a exigencia de divulgacoes positivas, vale-se da avaliacao e distincao dos stakehoulders de bons e maus investimentos. Nesta discussao estudos pautam o papel dos diversos orgaos contabeis regulamentadores e seus regimes de divulgacao. Sua atribuicao consiste em preservar um mercado justo, ordenado e eficiente, a partir da promulgacao de leis e normas que regem o mercado de valores mobiliarios e os leva a harmonizar as informacoes divulgadas e, consequentemente, proteger os investidores (Leuz & Wysocki, 2006). O cumprimento aos regimes de apresentacao de informacoes tem por pressuposto a capacidade de incentivar, voluntaria ou involuntariamente, o comportamento das organizacoes por meio de pressoes de orgaos externos. Vale salientar que os orgaos regulamentadores aplicam, prioritariamente, a vertente financeira da divulgacao, esquecendo-se que por vezes, a area de gestao das empresas. Todavia, lembra-se que a contabilidade possui por escopo atender as necessidades dos usuarios, e o mecanismo de divulgacao nao deve ser visto como algo unilateral, mas um processo interativo (Vaccaro & Madsen, 2009). Neste contexto, sabe-se que a evolucao da contabilidade tem sua origem nos conflitos de atendimento aos interesses e objetivos entre proprietarios e gerentes, onde a contabilidade gerencial torna-se subarea das Ciencias Contabeis e, auxilia o cenario empresarial ao disponibilizar aos usuarios ferramentas que auxiliam em suas funcoes de gestao (Crepaldi, 2011). Estudos preconizam sua fragmentacao em quatro estagios evolutivos, aprimorando-se conforme as carencias da sociedade, cada qual com suas respectivas peculiaridades (IFAC, 1998). Assim, a adequacao das organizacoes aos estagios nao ocorre de forma exatamente limitada, mas procede-se de forma gradual, surgindo conforme a necessidade de adaptacao, e de objetivos frente as novas condicoes ambientais e sociais as quais as mesmas enquadram-se. Convem salientar que a eficaz integracao entre as ferramentas aplicadas na contabilidade produz e dissemina informacoes relevantes aos gestoes tornando-se imprescindivel ao processo de tomada de decisao nas organizacoes. Todavia, dissemelhante a Contabilidade Financeira, os principios da Contabilidade Gerencial nao obedecem a autoridade de nenhum orgao regulador (Anthony & Govindarajan, 2006). Como consequencia, o fato da inexistencia de um modelo unico de gestao empresarial, permitindo a flexibilidade na adaptacao nos modelos decisorios de cada gestor (Ricardino, 2005) e gerando, por vezes, o diferencial nos resultados. A discussao acerca da apresentacao destas informacoes aos usuarios externos e ponto chave nesta investigacao.
Mtodo de investigao: A investigacao possui aspectos metodologicos empiricos, aplicando-se metodos qualitativos para analise dos dados. A pesquisa aplicou como parametro de disclosure as informacoes divulgadas pelas companhias indicadas ao premio Trofeu Transparencia da Associacao Nacional dos Executivos de Financas, Administracao e Contabilidade (ANEFAC). A escolha do evento deve-se ao seu reconhecimento nacional como a maior premiacao contabil do pais na area, atingindo companhias sediadas em todo Territorio Nacional. Desta forma, compreende-se que sua realizacao fomenta o processo de investimento nas companhias, decorrentes da divulgacao de informacoes com melhor qualidade e confere destaque no mercado as organizacoes. A fim de responder a questao norteadora da pesquisa e o objetivo proposto, padroes de categorizacao sao inicialmente mapeados por meio dos Relatorios de Administracao (RAs) de 2013 das empresas ganhadoras do Trofeu de Transparencia de 2014. Delimitou-se dentre o rol de vencedoras aquelas enquadradas como de capital aberto, considerando criterios de equiparacao de amostras, posteriormente realizados as demais companhias listadas na Bolsa de Valores de Sao Paulo (BM&FBOVESPA). O procedimento de analise aplicado refere-se ao levantamento de indicadores de ferramentas de controles gerenciais descritos nos RAs das premiadas. Esta e constatada por meio da analise interpretativa dos discursos que compoem os informativos supramencionados. A parametrizacao possui como foco a divulgacao de informacoes referentes ferramentas gerenciais, considerando o escopo central da Contabilidade em atender aos usuarios da informacao, representando, desta forma, um menor grau de assimetria informacional e, consequentemente, a melhoria na qualidade das informacoes contabeis divulgadas. A analise pauta-se nas ferramentas de controles gerenciais definidas no estudo de Soutes (2006) e, adaptados aos padroes de divulgacao estabelecidos no cenario atual. Os parametros levantados sao aplicados como criterios para a analise do grau de divulgacao de informacoes das demais companhias listadas na BM&FBOVESPA. A analise realizou-se em 19 companhias premiadas e 129 companhias listadas na BM&FBOVESPA. As ultimas foram aleatoriamente selecionadas dentre os niveis de governanca corporativa, estimando-se 90% de confianca para a selecao de cada um deles.
Resultados, concluses e suas implicaes: Pautados sob a vertente dos demonstrativos das companhias premiadas, observa-se que, em geral, a estrutura dos RAs apresenta-se em quatro grandes secoes, a citar (i) o contexto economico do setor; (ii) parcela de mercado atendida; (iii) analise economico-financeira organizacional; e, (iv) as acoes no mercado de capitais. A analise realizada aponta cunho predominantemente financeiro dos RAs, com indicadores enquadrados no primeiro estagio da Contabilidade Gerencial. Abordagens relativas a indicadores de desempenho, iniciativas estrategicas e a criacao de valor aos stakehoulders fazem-se, tambem, presentes com avidez. Em contrapartida, elementos que representam expectativas intraorganizacionais, como missao, visao e valores; a adocao ao estilo Kaizen; e a descricao de ferramentas de controle e planejamento das atividades, fazem-se de forma sucinta, com descricoes limitadas. Semelhantemente, o perfil das 129 companhias listadas na BM&FBOVESPA apresentam sua estrutura de RAs preponderantemente sob a otica financeira. O foco volta-se essencialmente a descricao de receitas, despesas, custos e resultados derivados das atividades. Todavia, percebe-se que o nivel de detalhamento destes indices diversifica-se dentre os niveis de governanca. Neste contexto, o segmento Bovespa Mais, primeiro a ser analisado, nao apresentou niveis equivalentes de transparencia no quesito ferramentas de controles gerenciais. A divulgacao dos controles financeiros e indicadores de desempenhos faz-se presente em 77% dos RAs. Em contrapartida, a abordagem quanto as politicas de gestao de pessoas, de projetos sociais e de Benchmarking mostram-se incipientes. A analise respaldada nas companhias do Novo Mercado apontou um elemento peculiarmente diferente dos apresentados, a alta descricao de praticas de gestao de pessoas, politicas de beneficios, planos assistenciais, e de cargos e salarios. Trechos analisados refletem a perspectiva das companhias relativa a atuacao no mercado, de seus esforcos para a continuidade, assim como seu foco na criacao de valores. Todavia, estas abordagens nao possuem uma constancia em nivel de abordagem e/ou detalhamento, ora dispondo-se com mais robustez, ora sucinta. Destaca-se uma secao comumente apresentada nos RAs, o relato de seu historico e as premiacoes recebidas por atividades. O Nivel 2 de Governanca Corporativa atinge o pico de frequencia dos indicadores predominantemente financeiros dentre as analises. A abordagem pautada na vertente intraorganizacional perfaz somente 30% dos RAs. A divulgacao de praticas de gestao nas companhias e apresentada superficialmente, assim como a descricao de suas medidas de avaliacao de desempenho. A mencao clara do uso do Balanced Scorecard faz-se presente neste nivel. Sequencialmente a este, o Nivel 1 de Governanca Corporativa detem como caracteristica prevalecente o nivel de detalhamento de suas politicas de gestao de pessoas e incentivos destinados a projetos sociais, semelhantemente ao Novo Mercado, porem a percentuais superiores. Em contrapartida, o foco a criacao de valor e a divulgacao de filosofias Kaizen dispoem-se de forma menos frequente. Por fim, o segmento Bovespa Tradicional caracteriza-se por RAs com menor extensao e focados a apresentacao da produtividade e atividades exercidas. A disposicao dos discursos comporta-se com descricoes compactas e enxutas, fato que tem gera a omissao de alguns indicadores aplicados a analise. Dissemelhante aos demais niveis, este apresenta o menor percentual de indicadores predominantemente financeiros, e maior concentracao de discursos que prezam a disseminacao de valores organizacionais. A ponderacao realizada ao final das analises aponta o comportamento inversamente proporcional aos niveis de governanca referente aos indicadores de ferramentas gerenciais divulgadas. Percebe-se que a essencia financeira dos relatorios e parcialmente amenizada ao longo da reducao de hierarquia dos niveis de governanca. Entretanto, as praticas e ferramentas gerenciais sao sutilmente apresentadas aos usuarios e, acredita-se que esta conjuntura e parcialmente influenciada pelo aspecto negativo da transparencia abordado no marco teorico desta investigacao.
Referncias bibliogrficas: Anthony, R. N. & Govindarajan, V. (2006). Sistemas de controle gerencial. Sao Paulo: Atlas.
Crepaldi, S. A. (2011). Contabilidade gerencial: teoria e pratica. Sao Paulo: Atlas.
Grossman, S. (1981). The Informational Role of Warranties and Private Disclosure about Product Quality. Journal of Law and Economics, 24 (3), pp. 461-483. Recuperado em 13 dezembro, 2014, de http://www.jstor.org/stable/725273.
Grossman, S. J. & Hart, O. D. (1980). Disclosure Laws and Takeover Bids. Journal of Finance, 35(2), 323-334.
International Federation of Accountants (IFAC). (March 1998). International management accounting practice statement: management accounting concepts.
Leuz, C. & Wysocki, P. (2006). Economic consequences of financial reporting and disclosure regulation: What have we learned? Working paper, University of Chicago. Recuperado em 13 dezembro, 2014, de http://ssrn.com/abstract=1105398.
Ricardino, A. (2005). Contabilidade gerencial e societaria: origens e desenvolvimento. Sao Paulo: Saraiva.
Vaccaro, A. & Madsen, P. (2009). Corporate dynamic transparency: The new ict-driven ethics? Ethics and Information Technology, 11(2), 113-122.
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