Resumo: Propsito do Trabalho: A concorrencia crescente e a sofisticacao das necessidades dos clientes fazem com que as empresas sintam a necessidade de desenvolver novas praticas de minimizacao dos custos sem reducao da qualidade dos produtos e servicos prestados (Lima, 2005).
Neste sentido, destaca-se a importancia dos gestores conhecerem o comportamento dos custos para o processo de tomada de decisoes, em virtude que diversos estudos apontam que os custos podem se alterar em razao do nivel de atividade (Medeiros, Costa & Silva, 2005).
Diversas pesquisas como a de Anderson, Banker e Janakiraman (2003), Balakrishnan, Petersen e Soderstrom (2004), Medeiros, Costa e Silva (2005), Calleja, Steliaros e Thomas (2006), Gomes, Lima e Steppan (2007), Rabelo, Borgert e Almeida (2008), Rabelo, Borgert e Medeiros (2009), Porporato e Werbin (2011), Borgert, Crispim e Almeida (2011), Balakrishnan, Labro e Soderstrom (2011), Richartz, Borgert, Vicente e Ferrari (2012), analisaram o comportamento dos custos, considerando a teoria do sticky costs, entretanto estes estudos um contexto de caso unico ou determinado setor economico de um pais .
Assim, o presente estudo avanca nessa discussao buscando analisar o comportamento dos custos sob otica do sticky costs nas empresas do Grupo dos 20 (G-20), do qual emerge-se a seguinte questao problema: qual o comportamento dos custos das empresas do G-20 sob otica do sticky costs? Nesse sentido a pesquisa busca verificar o comportamento dos custos das empresas do G-20 sob otica do sticky costs.
Esse estudo baseia-se no modelo de verificacao do comportamento de custos de acordo com o modelo utilizado no estudo de Anderson, Banker e Janakiraman (2003), modelo que foi replicado no estudo de Medeiros, Costa e Silva (2005) e no de Richart e Borgert (2013).
Base da plataforma terica: No primeiro topico do referencial teorico e dado enfase a literatura relacionada ao comportamento dos custos e sticky costs, assim destaca-se que concorrencia existente no mercado impulsiona as empresas buscarem inovacoes de produtos e servicos, do qual Garrison e Noreen (2001) ressaltam que as decisoes gerenciais e estrategicas devem ser pautadas em diversos fatores, como o conhecimento do comportamento dos custos, em virtude de que a fata de atencao a este aspecto pode acarretar em problemas como insolvencia das empresas.
O comportamento dos custos e percebido em razao da elasticidade assimetrica em relacao a variacoes nas receitas, o que implica que quando os custos aumentam com maior intensidade a receita tambem apresenta uma taxa de crescimento, mais isso nao ocorre no sentido oposto, de modo que quando ha uma reducao das receitas os custos nao registram essas diminuicoes (Medeiros, Costa & Silva, 2005).
Desta forma, a teoria do sticky costs compreende a um comportamento dos custos identificado como "pegajoso", em virtude que refere-se a custos assimetricos que ocorrem de acordo com as mudancas de atividade (Porporato & Werbin, 2011).
Na literatura tradicional sao encontrados modelos que evidenciam a relacao entre atividades e custos. Basicamente, destaca-se nas pesquisas recentes o uso do modelo proposto no estudo de Anderson, Banker & Janakiraman (2003), aplicando o metodo de Ordinary Least Squares (OLS) para analisar uma serie temporal de 20 anos com dados de uma amostra composta por 7629 que receberam o tratamento estatistico por meio do pooled regression, do qual os resultados da medida da variacao assimetrica dos custos evidenciam que os mesmos comportam-se proporcionalmente as mudancas de atividade.
Neste contexto, apresentaram-se estudos anteriores (Medeiros, Costa & Silva, 2005; Calleja, Steliaros & Thomas, 2006; Anderson & Lanen, 2007; Balakrishnan & Gruca, 2008; Yasukata, 2011; Richartz, Borgert, Vicente & Ferrari, 2012; Costa, Marques, Santos & Lima, 2013; Richartz, Borgert & Lunkes, 2014; Balakrishnan, Labro & Soderstrom, 2014) que analisaram o comportamento dos custos assimetricos relacionados com a teoria do sticky costs, inclusive a utilizacao do modelo apresentado por Anderson, Banker & Janakiraman (2003).
Assim, no segundo topico sao comentados aspectos relacionados ao desenvolvimento economico dos paises do G-20. Inicialmente faz-se mencao ao rapido processo de evolucao que a economia mundial tem registrado nos ultimos anos, fato que leva a considerar a economia um ambiente complexo e dinamico, que contribuiu para a eclosao da crise mundial de 2008 iniciada nos Estados Unidos que atingiu toda a economia mundial (Dincer, Gencer, Orhan & Sahinbas, 2011).
Varios impactos negativos desencadearam da crise de 2008, paises emergentes e europeus registraram aumento das taxas de inflacao, das taxas de desemprego, reducao de credito financeiro, reducao do PIB, reducao das taxas de crescimento e de desenvolvimento economico. Na Europa a instabilidade foi maior devido a problemas relacionados ao deficit das contas publicas (Ngozi, 2009; Shah, 2010; Yurtsever, 2011).
Neste ambiente economico hostil ganhou enfase e importancia internacional a organizacao do G-20, que tornou-se a lider no direcionamento de acoes para sucumbir os impactos negativos da crise e criar estrategias de recuperacao (Ciceo, 2010; Persaud, 2010). Porem, Prasad (2010) discorre que mesmo o G-20 tendo participacao de economias desenvolvidas e emergentes ainda apresenta-se disparidade nas decisoes economicas tomadas.
Mtodo de investigao: A pesquisa caracterizou-se como descritiva, documental e quantitativa. A populacao compreendeu a todas as empresas de capital aberto listadas nas bolsas de valores dos paises do G-20.
Para composicao da amostra excluiu-se as empresas financeiras e de seguros, e as empresas que nao apresentaram as informacoes necessarias para realizacao da analise dos dados, bem como os paises Arabia Saudita, Argentina, Indonesia e India que nao tinham numero de empresas suficientes para suportar a analise estatistica.
Dessa forma, a amostra da pesquisa compreendeu a 47 empresas da Australia, 72 empresas no Brasil, 159 na China, 112 na Alemanha, 47 na Franca, 146 no Reino Unido, 81 na Italia, 911 no Japao, 278 na Coreia do Sul, 32 no Mexico, 19 na Russia, 45 na Turquia, 937 nos Estados Unidos e 25 empresas na Africa do Sul.
Os dados foram coletados anualmente, correspondente ao periodo de 2004 a 2013, de modo que a coleta foi realizada nas bases de dados Thomson Financial, Worldscope e Compustat. As informacoes coletadas relacionavam-se a receita liquida de vendas, custos dos produtos vendidos, despesas de vendas, despesas administrativas.
Utilizou-se o modelo de analise do comportamento dos custos desenvolvidos por Anderson, Banker e Janakiraman (2003), que tem a capacidade de servir como base para os testes de variacao assimetrica dos custos. Foi aplicado o logaritmo as equacoes devido a diversidade de empresas com relacao a desempenho e tamanho, de modo que essa tecnica forneceu uma melhor comparacao das variaveis diminuindo a heteroscedasticidade transversal dos dados. Para analise dos dados, aplicou-se estatistica descritiva e analise de dados em painel, desenvolvidas por meio dos softwares Statistical Package for Social Sciences (SPSS) e STATA.
Resultados, concluses e suas implicaes: Realizou-se uma analise descritiva das medias de relacao dos Custos dos Produtos Vendidos (CPV) em relacao a receita liquida de vendas (RECEITA) ao longo do periodo analisado para cada pais.
Os dados revelam que o Brasil, o Mexico, a China e a Turquia sao os paises que mais apresentaram uma tendencia de aumento das receitas para cobrir os custos de suas atividades desenvolvidas. Este resultado corroborou com o estudo de Richartz et al. (2012) que destaca que e preciso mais receitas para cobrir os custos das atividades, de modo que pode-se mencionar que quanto mais as empresas do Brasil, Mexico, China e Turquia vendem menos eficiente se tornam em termos de tratamento dos custos, isso significa que o CPV consome cada vez mais as receitas registradas pelas empresas, considerando o periodo analisado.
Embora, na Italia, Alemanha e Estados Unidos os resultados apontaram uma diminuicao significativa nas receitas em relacao aos custos das atividades, resultado que corrobora com os achados do estudo de Richartz e Borgert (2013), que evidenciou uma tendencia de queda nas receitas nas empresas brasileiras durante o periodo de 1994 a 2011. Esse fato da queda das receitas demonstra que o comportamento dos custos mostra empresas com mais eficiencia nessa relacao entre receita e custos.
Ainda em relacao aos paises da Europa, mais especificadamente da zona do Euro, destaca-se baixas oscilacoes entre os custos e as receitas durante todo o periodo de analise que corresponde a 2004 a 2013, assim percebe-se consonancia dos resultados que podem ser atrelados aos achados de Yurtsever (2011), destacando que o periodo da crise mundial proporcionou instabilidade nos custos e receitas dos paises europeus, provocando reducoes na taxa de crescimento das receitas a fim de cobrir os custos.
Quanto a analise do comportamento assimetrico dos custos, destaca-se que na Australia, Brasil, China, Italia, Japao, Mexico, Russia, Turquia e Africa do Sul existe assimetria da informacao em torno dos custos, em virtude que demonstraram um maior aumento nos custos quando a receita aumenta do que quando a receita diminui. A partir deste resultado, enfatiza-se que o mesmo corrobora com a teoria de sticky costs de modo que vai ao encontro do estudo elaborado por Anderson, Banker e Janakiraman (2003), que identificaram essa variacao assimetrica.
Os resultados implicam que na Franca, Reino Unido e Estados Unidos, a teoria de sticky costs nao se aplica, devido que foi registrado nesses paises que a diminuicao dos custos em relacao a diminuicao da receita foi maior do que na relacao das duas variaveis quando ambas aumentam.
Na Alemanha e na Coreia do Sul, os resultados apontam que nao houve diferenca significativa entre o coeficiente de CPV de aumento e das receitas, de modo que nao pode-se confirmada a teoria dos sticky costs em ambos os paises.
Neste contexto, observa-se que os paises do G-20 em relacao ao comportamento dos custos apresentaram tendencias diferentes, quando comparados os paises desenvolvidos com os paises emergentes.
Desta forma, ressalta-se que os resultados observados contemplam um aspecto dos setores economicos de modo geral das empresas do G-20, fato que pode inferir em uma limitacao da pesquisa, assim como uma sugestao para que futuras pesquisas realizem a analise dos paises diferenciando os resultados por ramo de atuacao das empresas, bem como aumentar o periodo de analise e/ou abordar outros paises para verificar o comportamento dos custos e confronta-los com estes resultados.
Referncias bibliogrficas: Anderson, M. C., Banker, R. D., & Janakiraman, S. N. (2003). Are selling, general, and administrative costs sticky?. Journal of Accounting Research,41(1), 47-63.
Calleja, K., Steliaros, M., & Thomas, D. C. (2006). A note on cost stickiness: Some international comparisons. Management Accounting Research, 17(2), 127-140.
Medeiros, O. R. D., Costa, P. D. S., & Silva, C. A. T. (2005). Testes empiricos sobre o comportamento assimetrico dos custos nas empresas brasileiras. Revista Contabilidade & Financas, 16(38), 47-56.
Richartz, F., Borgert, A., Ferrari, M., & Vicente, E. F. R. (2012). Comportamento dos custos das empresas brasileiras listadas no segmento de Fios e Tecidos da BM&F BOVESPA entre 1998 e 2010. In. In XIX Congresso Brasileiro de Custos. Anais... Bento Goncalves.
Richartz, F., & Borgert, A. (2013). O comportamento dos custos das empresas brasileiras listadas na BM&FBOVESPA entre 1994 e 2011 com enfase nos sticky costs. Contaduria y Administracion, 59(4), 39-70.
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