Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 338, Área Temática: Track III: Gênero, Raça e Sexualidade

Código: 338

Área Temática: Track III: Gênero, Raça e Sexualidade

Título: Mulheres no Conselho Afetam o Desempenho Financeiro? Uma Analise da Representacao Feminina nas Empresas Listadas na BM&FBOVESPA

Resumo:
Propsito do Trabalho:
desde 2002 a presenca feminina nos cargos executivos vem crescendo, para o cargo de presidente observou-se um aumento de cerca de 63%. Verifica-se que as primeiras leis relacionadas ao tema datam de 1993, em Israel. Apos esse acontecimento, leis semelhantes foram implantadas em diversos paises (Africa do Sul (1996), Irlanda (2004), Finlandia (2004), Islandia (2006), Suica (2006) e Dinamarca (2009)), conforme estudo do Banco Mundial em 2011. Um dos principais acontecimentos para a defesa da diversidade de genero nos conselhos deu-se, principalmente, a partir da lei aprovada em 2003 na Noruega, onde a imposicao da participacao feminina nos conselhos ocasionou bons resultados para as corporacoes. Assim sendo, paises como a Belgica, Espanha, Franca, Holanda, Italia e Malasia, tambem implantaram leis em seus paises estabelecendo cotas reservadas para mulheres em empresas com acoes negociadas em bolsa (IBGC, 2013). No Brasil, ainda nao ha nenhuma regulamentacao sobre cotas para mulheres no conselho de administracao. Contudo, observa-se um primeiro passe nesse sentido com o projeto de lei 112/2010, que se encontra em tramitacao e estabelece que os conselhos das empresas publicas, sociedades de economia mista e demais empresas controladas pela Uniao tenham um percentual minimo de 40% de mulheres em sua composicao ate o ano de 2022 Frente a crescente participacao das mulheres no mercado de trabalho e, consequentemente, nos cargos de alta importancia, o presente artigo teve por objetivo analisar a influencia da participacao feminina nos conselhos de administracao sobre a performance das organizacoes.

Base da plataforma terica:
Em ambito internacional, diversos estudos tem investigado a relacao entre a diversidade de genero dos conselhos e o desempenho da empresa. Por exemplo, Carter et al. (2003) utilizaram uma amostra de 1000 empresas da revista Fortune em 1997 e constataram que a diversidade de genero nos conselhos, mensurada pelo percentual de mulheres, e associada positivamente com o desempenho da organizacao, mensurado pelo Q de Tobin. Ademais, Carter et al. (2003), nao constataram o efeito da diversidade do conselho sobre o desempenho financeiro para empresas incluidas na Standard & Poors 500 no periodo de 1998 a 2002 e tambem para 326 empresas da Fortune no ano de 2003. Khan e Vieito (2013) analisaram se as organizacoes com Chief Executive Officer (CEO) feminino apresentavam o mesmo desempenho que empresas com CEO do sexo masculino, no mercado americano. Por meio de analise em painel, no periodo de 1992 a 2004, verificaram que o genero do CEO importa no desempenho das organizacoes, sendo que organizacoes com CEO feminino maior do que empresas administradas por CEO masculino. Aliado a isso, constataram que empresas com CEO feminino apresentaram menor nivel de risco. No mercado europeu, Rose (2007) verificou a relacao entre diversidade do conselho e desempenho financeiro para empresas listadas no mercado dinamarques, no qual observou uma relacao insignificante. Ja Belghiti-Mahut e Lafont (2010), no mercado acionario frances, constataram que a participacao feminina tende a melhorar o desempenho financeiro. Luckerath-Rovers (2013) investigou o desempenho financeiro de empresas holandesas, diferenciando-as pela presenca ou nao de mulheres. Como resultado, verificou-se que empresas que possuem mulheres nos cargos de diretoria apresentaram desempenho financeiro superior as que nao possuiam. Por outro lado, Boubaker, Dang e Nguyen (2014) analisaram tambem a influencia da diversidade do conselho sobre o desempenho financeiro das organizacoes. Utilizando uma analise em painel das empresas listadas na Franca no periodo de 2009 a 2011, obtiveram como resultados uma relacao negativa e estatisticamente significante do percentual de mulheres no conselho sobre o desempenho financeiro, sugerindo que o aumento da participacao de mulheres no conselho podera ser contra produtivo para a empresa e conduzir para um baixo desempenho financeiro. No Brasil, sao poucas as pesquisas que analisam o impacto da presenca feminina nos conselhos de administracao (Almeida et al., 2013). Lazarreti et al. (2013) analisaram a composicao dos conselhos de administracao, por genero, das acoes pertencentes as 99 empresas mais liquidas listadas na BM&FBovespa no ano de 2011. Seus resultados evidenciaram uma baixa participacao feminina nos conselhos, apenas 5,4%. Adicionalmente, de 836 posicoes existentes nos conselhos, apenas 45 delas eram ocupadas por mulheres. Martins et al. (2012) buscaram identificar as principais caracteristicas e competencias dos conselhos dos bancos brasileiros e as suas relacoes com o desempenho financeiro das organizacoes, mensuradas pelo Retorno sobre o Ativo (ROA) e pelo Retorno sobre o Patrimonio (ROE). Utilizando dados financeiros dos anos de 2008 e 2009, verificaram que a quantidade de membros do genero feminino influenciou de forma negativa e estatisticamente significante o desempenho financeiro das organizacoes.

Mtodo de investigao:
Como amostra deste estudo foram analisadas as empresas mais liquidas da BM&FBOVESPA, listadas no IBRX 100, sendo considerada a carteira teorica ao final de cada ano, nos anos de 2010 a 2013. Escolheu-se esse periodo principalmente pelo fato do ano de 2010 ocorrer a obrigatoriedade de padronizacao das demonstracoes contabeis pelas as empresas. Adicionalmente, a razao para a escolha dessas empresas foi o fato de que elas representam os ativos mais visiveis no mercado de acoes brasileiro e, como tal, podem ser tratados como representantes dos conselhos de administracao das empresas brasileiras (Kellen et al., 2013). Conforme Silveira (2004) a utilizacao de apenas empresas com acoes listadas na bolsa, embora possa enviesar os resultados, pode ser utilizada com base no argumento que apenas nessas empresas ocorre de fato a separacao entre propriedade e controle. Baseado nos trabalhos anteriores, buscou-se verificar a significancia da participacao das mulheres no conselho de administracao sobre o desempenho das empresas. Neste artigo, como variavel de desempenho, foi utilizada a aproximacao do Q de Tobin proposta por Chung e Pruitts (1994). Em consonancia com Campbell e Minguez-Vera (2008) e Boubaker et al. (2014), sao utilizadas duas medidas para avaliar a participacao da mulher no conselho de administracao sobre o desempenho das organizacoes. Adicionalmente, para tentar melhor mensurar o efeito da participacao das mulheres, sao incluidas algumas variaveis de controle que podem influenciar no desempenho corporativo. Conforme estudos anteriores, observa-se que a maioria dos estudos utiliza a analise de Minimos Quadrados Ordinarios (MQO), em painel ou probit, para se mensurar a influencia da participacao feminina nos conselhos sobre o desempenho das organizacoes. Contudo, conforme sugere Carter et al. (2003), a relacao entre composicao do conselho e desempenho podera sofrer problemas de endogeneidade.Assim sendo, a conducao de regressao por minimos quadrados, ignorando o problema de endogeneidade, pode conduzir a vies de estimacao e a erros de interpretacao. Nesse sentido, consistente com Carter et al. (2003), Campbell e Minguez-Vera (2008) e Boubaker et al. (2014), para lidar com o problema de endogeneidade utilizou-se a estimacao por minimos quadrados em dois estagios.

Resultados, concluses e suas implicaes:
A amostra inicial obtida por meio das empresas mais liquidas da BM&FBOVESPA, listadas no IBRX 100, no periodo de 2010 a 2013. Assim sendo, observou-se que no periodo analisado obteve-se uma amostra composta por 120 empresas e apos a coleta de dados no banco de dados da Economatica, as empresas com missing values foram retiradas, fazendo com que a amostra final deste estudo fosse composta por 366 observacoes. Seguindo os mesmos procedimentos adotados por Adams e Ferreira (2009), Belghiti-MMahut e Lafont (2010) e Boubaker et al. (2014), analisou-se se as caracteristicas da empresa dependem da presenca feminina ou nao. A Tabela 2 apresenta que, em media, quando comparadas, as empresas que possuem participacao feminina apresentam um melhor desempenho, capturado pelo Q de Tobin e pelo ROA, estatisticamente significantes aos niveis de 10 e 5%, respectivamente. Entretanto, quando verificado pelas caracteristicas de Tamanho da Empresa, Alavancagem e Tamanho do Conselho, nao foi possivel constatar a diferenca significativa das medias entre os grupos.Por influencia dos resultados de endogeneidade nos estudos internacionais, iniciou-se primeiramente a estimacao por Minimos Quadrados em 2 Estagios (MQ2E), sendo os resultados apresentados na Tabela 3. Conforme os resultados, observa-se que o percentual de mulheres no conselho e negativamente relacionado com o desempenho financeiro, mensurado pelo Q de Tobin, enquanto que a dummy para a presenca feminina apresentou influencia positiva sobre o desempenho. Entretanto, ambos nao apresentaram significancia estatistica. Resultado semelhante e apresentado tambem por Adams e Ferreira (2009), que relatam que a relacao entre a presenca feminina e o desempenho financeiro se torna negativa apos ocorrer o tratamento estatistico com relacao a endogeneidade. Os resultados apresentaram que a presenca feminina, mensurada pelo percentual em relacao a numero total do conselho ou pela dummy para Presenca de Mulheres nos conselhos, apresentaram um efeito positivo sobre o desempenho. Porem, ambos nao significativos estatisticamente. Uma possivel explicacao para isso e o tokenism, no qual ha a insercao da minoria em grupos onde ha a prevalencia de grupos dominantes, porem a mulher, por ser minoria, nao possui o mesmo poder, nem a influencia do grupo dominante, portanto, nao interferindo muito nos resultados. Observou-se que em media 63% das empresas analisadas nao apresentam mulheres em seu conselho de administracao. Adicionalmente verificou-se uma baixa representacao feminina nos conselhos, apresentando um percentual de 5,6%, em media, de mulheres nos conselhos de administracao encontrados. Conforme destacado por Kellen et al. (2013) a baixa participacao feminina nos conselhos podem ser devidos a fatores culturais e sociais, sendo necessario, esforcos por parte do governo, das organizacoes e das mulheres para superacao dessa barreira

Referncias bibliogrficas:
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