Anais do XII Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 53, Área Temática: Área VI: Educação

Código: 53

Área Temática: Área VI: Educação

Título: As Competências de um Professor de Contabilidade: um estudo sobre a visão docente e discente

Resumo:
Propósito do Trabalho:
Há diversos estudos que tratam do tema educação; dentre eles, alguns se dedicam à abordagem sobre a formação do universo geral dos professores, bem como as lacunas existentes nesse processo de formação, tanto no cenário nacional, quanto no internacional. Especificamente em Ciências Contábeis, há, por conseguinte, os que se dedicam à pesquisa no campo da educação e da formação do professor, separados, conforme aponta Miranda, Casa Nova e Cornacchione (2013) em três dimensões: qualificação acadêmica, referente à preparação do docente para a pesquisa; qualificação profissional, que estuda a relação entre a docência e a prática profissional; e qualificação pedagógica, que é a preparação para o exercício da docência. O presente estudo foca nessa terceira dimensão, a qualificação pedagógica. Os estudos que focam na qualificação pedagógica possuem relação com o domínio didático pedagógico do docente, metodologias de ensino em Contabilidade e política e programas de apoio à formação contínua do docente. Este estudo sustenta sua relevância em decorrência do alto número de cursos de Ciências Contábeis no Brasil, sendo o sexto em número de matrículas, conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), além da relevância em si que a atividade docente possui. Então, estudar sobre a educação e sua qualidade traz grande contribuição para promover o progresso da sociedade, principalmente com a expansão do quantitativo dos cursos de Contabilidade no Brasil. Amparado nas pesquisas anteriores, especialmente na de Andere e Araújo (2008), este trabalho busca investigar: qual a percepção dos discentes e docentes do Estado de Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre as competências de um professor de Contabilidade?

Base da plataforma teórica:
Devido ao seu papel na formação de novos profissionais, o docente precisa assegurar suas competências intelectuais, técnicas, pedagógicas e políticas. Essas competências estão intimamente ligadas ao papel da docência e fazem parte de um modelo de formação de professor desenvolvido por Vasconcelos (2000) e apresentado por Andere e Araújo (2008): formação prática, formação técnico-científica, formação pedagógica e formação social e política. Formação Prática Quando tratada da formação prática dos docentes, esta se refere ao conhecimento adquirido pela prática profissional do docente, de forma que proporciona aos discentes um cenário mais real e atualizado para dar significado ao conteúdo ensinado em sala de aula (Andere & Araújo, 2008). Formação Técnico-Científica Quando se fala sobre uma formação técnico-científica para os docentes, se aborda questões que abarcam tanto sua formação para a prática docente, ou seja, especialização, mestrado e doutorado, quanto sua capacidade de entendimento e conhecimento de conteúdos teóricos específicos. Na formação técnico-científica, o conhecimento de determinados assuntos específicos da área deve estar acompanhado do entendimento das teorias e dos aspectos mais teóricos que ficam no entorno do assunto em pauta (Andere & Araújo, 2008; Catapan et al., 2012). Formação Pedagógica A formação pedagógica de um docente não deve corresponder apenas ao conhecimento de técnicas de didática;eladeve compreender outras atividades além de ministrar aulas. Esse tipo de formação se remete a todo o processo de planejamento de ensino (cronograma), o que inclui os objetivos gerais da disciplina a ser lecionada, a forma de avaliação dessa aprendizagem e as formas de construção e reconstrução do conhecimento (Andere & Araújo, 2008; Catapan et al., 2012). Formação Social e Política Essa dimensão da formação do docente corresponde ao processo de estabelecimento de que alunos e professores são pessoas que já possuem uma história vida e tem sua cultura específica, onde o contexto em que vivem é norteado por diversas políticas, tais como política de saúde, econômicas e educacionais (Miranda, 2010). Neste sentido, pode-se inferir que é nessa formação que o docente e o discente irão expressar suas posições políticas e sociais. Amparado na literatura existente, desenvolvida por Vasconcelos (2000) e aplicada por Andere e Araújo (2008), este estudo formulou hipóteses que buscassem verificar se o fato de serem docentes e discentes ou ainda alguma variável de perfil afetava a percepção sobre a relevância da formação prática, formação técnico-científica, formação pedagógica e formação social e política. Desta forma, as hipóteses norteadoras dessa etapa do trabalho são as que seguem: H01: Docentes e discentes não atribuem níveis diferentes de concordância quantos aos requisitos do professor. H02: As variáveis de perfil não influenciam o comportamento das variáveis de competência do docente.

Método de investigação:
Esta pesquisa teve como amostra 361 estudantes do curso de Ciências Contábeis do Estado de Pernambuco e Rio Grande do Norte, incluindo os cursos de nível técnico, superior e pós-graduação lato sensu. Além da análise de opinião dos discentes, o estudo procurou a opinião de docentes, obtendo-se o total de 34 respondentes. Os questionários foram aplicados in loco, durante o período de aulas, entre os meses de junho e novembro de 2014. O instrumento de coleta foi composto por uma seção de perguntas de identificação do respondente, as quais buscaram traçar o perfil do estudante e docente, tais como curso, natureza da instituição vinculada, faixa etária e sexo. O segundo bloco tratou de requisitos que os discentes/docentes podem ou não julgar necessários para a competência do professor. Ao total, foram elaborados 12 requisitos os quais foram valorados de acordo com a Escala Likertde5 pontos, onde 1 significava “discordo totalmente” em um processo de gradação, 5 significava “concordo totalmente”. Para a primeira parte do questionário, a qual trata das questões sobre o perfil dos respondentes, tanto os discentes quanto os docentes, foi utilizada a estatística descritiva para descrever e resumir as informações coletadas, possibilitando conhecer o perfil dos discentes e docentes. Para testar as hipóteses, foram realizados dois tipos de teste. Para a hipótese H01 “docentes e discentes não atribuem níveis diferentes de concordância quantos aos requisitos do professor” optou-se pela utilização do teste U de Mann-Whitney, visto este teste buscar por relações significativas entre duas amostras independentes. A hipótese H02 “as variáveis de perfil não influenciam o comportamento das variáveis de competência do docente”, foi analisada através do teste qui-quadrado com o objetivo de se identificar associações entre o perfil dos discentes e docentes (primeira parte do questionário) e as competências dos docentes (segunda parte do questionário). Embora se tenha trabalhado com uma amostra composta por respondentes (discentes e docentes) de dois estados distintos (Pernambuco e Rio Grande do Norte), não faz parte do escopo deste estudo a realização de análises comparativas entre os resultados obtidos dos dois estados, de forma que os dados foram analisados em conjunto, sem quaisquer diferenciações.

Resultados, conclusões e suas implicações:
Sobre as competências, os respondentes, tanto docentes quanto discentes, concordam em sua maioria com a literatura no que tange à formação prática, afirmando que o conhecimento prático representado em itens como o alinhamento entre teoria e prática, a experiência na docência e a aquisição de saberes na prática profissional, são requisitos para um bom professor. Já sobre as competências referentes à formação técnico-científica, verifica-se que existe uma aceitação comum entre discentes e docentes sobre o domínio do conteúdo, enquanto aspectos sobre uma formação específica se encontram dentro uma faixa de menor relevância para formação de um professor, conforme opinião dos discentes e docentes da amostra. Assim como sobre a produção científica, os docentes acreditam que esse aspecto é importante para um bom professor, enquanto os discentes concordam com um menor percentual. As competências que envolvem a formação pedagógica também apresentam, em termos gerais, concordância com o apresentado pela literatura, onde seguir um cronograma, incitar o debate e ter bom relacionamento com os alunos, é um requisito necessário para um professor, foram apresentados baixos índices de discordância sobre as assertivas entre os discentes e os docentes. Já a formação política e social apresenta maiores discordâncias em relação a literatura, onde a relevância do posicionamento social e político do professor é colocada a prova como um requisito para ser um bom professor, mas os valores éticos definidos e a interdisciplinaridade foram itens aceitos como importantes para ambos os questionados. Sobre as inferências através da busca de relações estatisticamente significantes entre o perfil e os requisitos de competência, encontrou-se a relação entre a Natureza da Instituição e as Posições Políticas e Sociais. Dessa forma, os vinculados às instituições públicas tentem a não concordar mais com a relevância da posição política e social como uma competência do professor, que aqueles oriundos de instituições privadas. Esse resultado rejeita parcialmente a hipótese nula. Portanto, pode-se concluir que, de forma geral, existe um alinhamento entre a literatura e a presente pesquisa quanto as perspectivas técnico-científica, e principalmente a prática e a pedagógica. Entretanto, observa-se certo distanciamento entre literatura e a pesquisa sobre a relevância da perspectiva política e social, tanto por parte dos docentes, - que observaram em seu trabalho a pouca relevância dada a essa perspectiva na formação de professores de Contabilidade -, quanto por parte dos discentes, que também se mostraram de certa forma indiferentes a algumas características políticas e sociais como sendo relevantes a atividade docente. O presente estudo limitou-se a investigar a perspectiva dos discentes e docentes em relação às competências de um professor de contabilidade tanto no ambiente universitário de graduação em Ciências Contábeis, como no ambiente dos cursos técnicos de contabilidade.

Referências bibliográficas:
Andere, M. A., & Araújo, A. M. P. (2008). Aspectos da formação do professor de ensino superior de Ciências Contábeis: uma análise dos programas de pós-graduação. Revista Contabilidade Finanças, 19 (48), 91-102. Catapan, A., Colauto, R. D., &Sillas, E. P. (2012). Percepção dos discentes sobre os docentes exemplares de contabilidade em IEs públicas e privadas. RIC - Revista de Informação Contábil, 6 (2), 63-82. Miranda, G. J. (2010). Docência universitária: uma análise das disciplinas na área da formação pedagógica oferecidas pelos programas de pós-graduação stricto sensu em Ciências Contábeis. REPeC - Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 4 (2), 81-98. Miranda, G. J., Casa Nova, S. P. C., & Cornachione, E. B. (2013). Ao mestre com carinho: relações entre as qualificações docentes e o desempenho do discente em Contabilidade. RBGN – Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 15 (48), 462-481. Vasconcelos, M. L. M. C. (2000). A formação do professor do ensino superior (2a ed.). São Paulo: Pioneira.

 

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