Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 56

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CONFECO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: UTILIZAO DE PRTICAS GERENCIAIS DE CUSTOS E FORMAO DE PREO DE VENDA PARA TOMADA DE DECISO

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Este estudo tem o enfoque no Arranjo Produtivo Local (APL) de confec??es situado no agreste pernambucano, que segundo Bezerra Filho, Suza e Baldi (2007), foi inicialmente composto pelas cidades de Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Posteriormente, outras cidades, como Riacho das Almas e Taquaritinga, v?m ocupando papel importante no contexto do referido arranjo. A relev?ncia e representa??o deste APL no ?mbito nacional s?o elevadas, haja vista que ele ? respons?vel por agregar cerca de 20 mil empresas de confec??es e representou R$ 3,9 bilh?es no PIB no ano de 2009 (SEBRAE, 2013). Desta forma, tendo por base a quantidade de neg?cios existentes e atuantes, destaca-se a relev?ncia da an?lise do processo de tomada de decis?o adotada por estas empresas. Neste sentido, autores como Carruthers e Espeland (1991) defendem que a contabilidade e as suas pr?ticas fornecem, respectivamente, base para a formula??o de alternativas de decis?o e t?cnicas que auxiliam a tomada de decis?o ideal. Burchell, Clubb, Hopwood, Hughes e Nahapiet (1980) relatam ainda que a contabilidade fornece um registro das decis?es organizacionais que ajudam a racionalizar ou a justificar as decis?es tomadas ou a serem tomadas. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo responder a seguinte indaga??o: Qual o n?vel de utiliza??o das informa??es gerenciais relacionadas ? gest?o de custos e forma??o de pre?o pelos gestores do APL de confec??o do Estado de Pernambuco no momento de tomada de decis?es?

Base da plataforma terica:
O conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) remonta ao final do s?culo XIX, quando Marshall utilizou pela primeira vez o termo factory farms (Marshall, 1982), e, apesar da relev?ncia e evolu??o do conceito do APL, esse t?pico possui o foco em abordar e fundamentar aspectos voltados ?s pr?ticas gerenciais. Gest?o de Custos e Forma??o do Pre?o de Venda. Segundo Figueiredo e Caggiano (2008), os custos representam medidas monet?rias dos sacrif?cios com os quais uma organiza??o tem que arcar para atingir seus objetivos e, portanto, sua an?lise ? vital para uma gest?o eficiente das empresas. A compreens?o das rela??es existentes entre custos, produ??o e ponto de equil?brio ? fundamental para o monitoramento dos gastos e para o reconhecimento da rentabilidade do produto (Upchurch, 2000; Hong, 2006). Neste sentido, pode-se afirmar que a gest?o dos custos relaciona-se diretamente com quest?es voltadas ? atividade-fim da entidade, fornecendo subs?dios para o conhecimento dos gastos da produ??o e da aquisi??o de mat?ria-prima, conhecimento este que influencia as decis?es sobre quanto e quando adquirir os estoques (Braga, 1995; Sanvicente, 1997; Weston & Brigham, 2000; Hansen & Mowen, 2001; Garrison & Norren, 2001; Gitman, 2002; Assaf Neto, 2003). De acordo Callado e Callado (2011), a gest?o dos custos ?, pois, provedora de informa??es para que a empresa possa tomar as decis?es mais corretas poss?veis, permitindo a identifica??o de gastos redutores da lucratividade. Sua an?lise adquire uma fun??o estrat?gica dentro da empresa, possibilitando o conhecimento da situa??o geral da empresa (Thompson & Strickland, 2012). A exemplo, pode-se citar a elabora??o or?ament?ria, ferramenta da contabilidade gerencial que fornece informa??es sobre a entidade e que, segundo Atkinson, Banker, Kaplan e Young (2000), reflete as condi??es quantitativas de como alocar recursos financeiros para cada subunidade organizacional, com base em suas atividades e nos objetivos de curto prazo, podendo ser considerado como express?o quantitativa das entradas de dinheiro para determinar se um plano financeiro atingir? suas metas organizacionais. Contudo, a utiliza??o dos m?todos de custeio n?o se reduz apenas ao registro de informa??es passadas, com observ?ncia nos valores de aquisi??o. A gest?o dos custos ? fundamental para decis?es preditivas relacionadas ? margem de lucro, estimativa de resultados, ponto de equil?brio e forma??o de pre?os. A forma??o dos pre?os dos produtos, por exemplo, leva em considera??o os aspectos de custos para a determina??o da margem desejada. No entanto, neste processo, ? necess?rio que tamb?m sejam levados em conta aspectos de mercado, pois nem sempre ser? poss?vel estabelecer um pre?o pr?-determinado para os produtos. Assim, al?m do conhecimento dos custos que ocorrem na aquisi??o dos produtos e durante o processo produtivo, os administradores da empresa devem ter o entendimento do setor de mercado o qual a entidade est? inserida e alinhar tal entendimento ? gest?o de custos e ?s estrat?gias definidas pela mesma para a forma??o do pre?o de venda (Upchurch, 2000). Sendo assim, a gest?o de custos e a gest?o de pre?o de venda n?o podem ser efetuadas isoladamente, e sim sistemicamente, pois as rela??es existentes entre ambas envolvem muitos fatores, alguns deles tratados neste estudo. A interdisciplinaridade da gest?o, conforme descrita por Machado e Souza (2006), abarca uma gama de informa??es e ? necess?rio que os gestores se mantenham informados desse grande conjunto de fatores para que possam gerir racionalmente as atividades empresariais.

Mtodo de investigao:
Este estudo teve como universo as unidades produtivas do APL de Confec??o do Estado de Pernambuco, que segundo relat?rio elaborado pelo SEBRAE (2013), compreende 10 munic?pios, quais sejam: Agrestina, Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Cupira, Riacho das Almas, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim, Taquaritinga do Norte, Toritama e Vertentes. Segundo o citado relat?rio, ? estimado que haja cerca de 18.803 unidades produtivas nesses munic?pios. No entanto, o relat?rio do SEBRAE (2013) tamb?m indicou que os munic?pios com maior concentra??o de unidades produtivas se encontravam em Santa Cruz do Capibaribe (38%), Caruaru (24%) e Toritama (15%). Dessa forma, o presente estudo voltou-se principalmente para essas cidades. A amostra inicial da pesquisa foi composta por 52 empresas, onde foram obtidos em eventos de moda e empreendedorismo e in loco, atrav?s de visitas ?s cidades. A constru??o do instrumento de coleta de dados foi baseada em estudos anteriores. Foi elaborada uma matriz de estudos, em forma de tabela, com vistas a apresentar as refer?ncias utilizadas para a elabora??o e fundamenta??o de cada perquiri??o utilizada para caracteriza??o das pr?ticas gerenciais referentes aos custos e forma??o de pre?o de venda. Essa matriz apresenta em sua primeira coluna as quest?es que constam no instrumento de coleta, na segunda coluna os direcionadores de custos (por exemplo, custos das mat?rias primas) e, na ?ltima coluna apresenta os autores. Os dados coletados foram tabulados em Excel e no SPSS vers?o 20.0. Para a an?lise dos blocos (aspectos relacionados ao perfil e ? gest?o) fez-se uso da an?lise descritiva, atrav?s de frequ?ncias, m?dias e desvio-padr?o, em alguns casos. J? para busca de associa??es existentes entre as vari?veis de cada bloco de an?lise recorreu-se ao Teste Qui-Quadrado, visto que esse estudo contempla uma amostra formada por 52 empresas. Para a consecu??o do teste foram utilizadas vari?veis sem tratamento, ou seja, sem ajustes em sua apresenta??o, e tamb?m as vari?veis adaptadas. Essa adapta??o consistiu em transformar as vari?veis testadas em vari?veis bin?rias com an?lise criteriosa para que os dados n?o sofressem quaisquer altera??es. Esses ajustes se tornaram necess?rios dada a restri??o apresentada pelo Teste Qui-Quadrado haja vista que, em sua an?lise, todas as caselas apresentadas nas tabelas devem conter uma frequ?ncia esperada m?nima de 5.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Por meio dos dados coletados, verificou-se que 75% dos respondentes utilizam-se do ?Custo Estimado? (substituto do Custo Padr?o) para o acompanhamento dos custos tra?ados e os efetivamente incorridos; enquanto que pouco mais de 60% dos perquiridos realizam a elabora??o de demonstrativos para apura??o dos custos de mercadorias. Por outro lado, a mensura??o dos custos de produ??o ? realizada por pouco mais de 50% das empresas estudadas. As pr?ticas menos utilizadas pelos entrevistados se referiram a ado??o de m?todos de custeio, com quase 40% de utiliza??o; e a pr?tica de elabora??o de planos or?ament?rios, realizada por apenas cerca de 30% dos respondentes. J? quanto ao aspecto relacionado ? gest?o dos estoques, percebeu-se que os entrevistados os adquirem baseados na demanda pelos produtos (50%), ou de forma peri?dica (37%), independentemente do pre?o da mat?ria prima ou da demanda observada. Quanto ? estocagem, percebeu-se que esse mercado se caracteriza como de curto prazo, e que quase todas as empresas afirmaram que os produtos n?o chegam a passar mais de um ano dentro da empresa (94% das empresas analisadas t?m um prazo curto de estocagem). Os respondentes tamb?m afirmaram que focam na produ??o semanal ou quinzenal, sendo as vendas realizadas em grande quantidade, semanalmente. Quanto ? determina??o do pre?o de venda, percebeu-se que os respondentes utilizam, na maioria das vezes, o c?lculo do custo mais margem (48% dos entrevistados); e tamb?m de forma conjunta, o m?todo de custo mais margem e o pre?o de venda de mercado (38,5% dos entrevistados). Percebeu-se que a minoria (9,6% dos entrevistados) utiliza apenas o pre?o de mercado para determina??o do pre?o venda. Observou-se ainda que pouco menos da metade dos respondentes (47,1%) negociam o pre?o de venda do produto, n?o conseguindo vender pelo pre?o estimado. Observou-se, tamb?m, que menos de 15% dos respondentes utilizam o ponto de equil?brio nas suas empresas, enquanto menos de 25% dos entrevistados utilizam a margem de contribui??o. Constatou-se que, apesar de o ponto de equil?brio apresentar um menor percentual, ambas as pr?ticas exibem baixa utiliza??o. A ?ltima an?lise tratou das estrat?gias adotadas pelos respondentes em suas empresas, verificando-se que a estrat?gia mais utilizada foi a de diferencia??o (66% dos entrevistados afirmaram aplic?-las), e em segundo lugar a estrat?gia de baixo custo (26%). Assim, a maioria das empresas tendem a adotar a pr?tica de aumentar seus custos com vistas a obter uma maior qualidade do produto. Quanto ?s associa??es encontradas demonstrou-se que a utiliza??o de demonstrativos para apura??o dos custos das mercadorias est? associada com a elabora??o dos custos de produ??o e com a ado??o de m?todos de custeio. Essas associa??es refletem um alinhamento entre rela??es esperadas entre os dados, a confiabilidade dos dados coletados. A segunda vari?vel analisada foi o or?amento, obtendo-se uma associa??o entre este e a ado??o de m?todo de custeio. Dessa forma, o fato de se elaborar or?amento est? associado a ado??o de algum m?todo de custeio. A terceira vari?vel evidenciada se refere a negocia??o dos pre?os de venda, no entanto, essa rela??o apresenta um p-valor de 0,090*, sendo superior ao n?vel de signific?ncia estabelecido para esse estudo (5%). Optou-se por ainda assim demonstrar essa associa??o visto que levanta uma sugest?o para an?lise futura e mais aprofundada de que a ado??o de uma estrat?gia de ado??o pode favorecer a n?o negocia??o do pre?o de venda.A ?ltima associa??o encontrada se refere a ado??o de m?todos de custeio e a estrat?gia de baixo custo. Assim, verificou-se que aqueles que utilizam quaisquer modalidades de custeio tendem a n?o adotar a estrat?gia de baixo custo, haja vista que estes preferem n?o abrir m?o de uma qualidade de produto elevada com vistas a obter uma diminui??o dos custos. Diante do exposto, os resultados da pesquisa apontam uma tend?ncia ainda insatisfat?ria dos procedimentos de gest?o de custos, visto que o que est? representado nessa pesquisa indica que a minoria, em m?dia, utiliza da totalidade das ferramentas e as que adotam o fazem de maneira informal.

Referncias bibliogrficas:
Atkinson, A. A.; Banker, R. D.; Kaplan, R. S.; Young, S. M. (2000). Contabilidade Gerencial. S?o Paulo: Atlas. Burchell, S.; Clubb, C.; Hopwood, A.; Hughes, J.; Nahapiet, J. (1980). The roles of accounting in organizations and society. Accounting, Organizations and Society, 5(1), 5-27. Carruthers, B. G; Espeland, W. (1991). Accounting for rationality: double-entry bookkeeping and the rhetoric of economic rationality. The American Journal of sociology. 1, 31-69. Machado, D. G.; Souza, M. A. (2006). An?lise das rela??es entre a gest?o de custos e a gest?o do pre?o de venda: um estudo das pr?ticas adotadas por empresas industriais conserveiras estabelecidas no RS. Revista Universo Cont?bil, Blumenau - SC, 2(1), 42-60. Marshall, A. (1982). Princ?pios de Economia. S?o Paulo, Abril S. A. Cultural e Industrial, 1. SEBRAE. (2013). Estudo Econ?mico do Arranjo Produtivo Local de Confec??es do Agreste Pernambucano. Relat?rio Final. Thompson, A.; Strickland, A. (2012). Strategic Management: Concepts and Cases. Irwin/McGraw-Hill, Alabama. Upchurch, A. (2000). Management accounting: Principles & Practice. Financial Times Management, London.

 

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