Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 135

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Relacao entre variaveis contingenciais, profissionalizacao e aprendizagem organizacional em entidades do terceiro setor

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Entidades sem fins lucrativos buscam auxiliar os individuos e a sociedade, preenchendo lacunas muitas vezes nao supridas pelo governo. Por meio das entidades do terceiro setor, objetiva-se principalmente auxiliar os individuos e, como consequencia desse apoio, permitir que a sociedade como um todo seja tambem auxiliada e aprimorada, em sua coletividade. Alem disso, a profissionalizacao da administracao dessas entidades e um fator que auxilia na gestao responsavel dos recursos recebidos, para que haja competencia suficiente para maximizacao dos resultados, sem que incorram problemas com as prestacoes de contas. Por meio de um ambiente de aprendizagem organizacional, as entidades melhoram a capacitacao de seus funcionarios, assim como auxilia no processo de atrair e reter os recursos humanos. A entidade como um todo, os diversos setores que a compoem, e ate mesmo suas estruturas e ferramentas internas sofrem influencias ambientais. A Teoria da Contingencia tem como premissa basica que as condicoes do ambiente, seja interno ou externo, causam transformacoes e mudancas a organizacao. Logo, ha a ligacao tanto entre a profissionalizacao quanto a aprendizagem organizacional com a teoria contingencial. Com isso, o objetivo da pesquisa e avaliar a relacao entre as variaveis contingenciais, de profissionalizacao e de aprendizagem organizacional em entidades do terceiro setor de Santa Catarina.

Base da plataforma terica:
As entidades de terceiro setor sao instituidas para fins sociais e nao buscam o lucro como finalidade (PIZA et al., 2012). Por meio dessas entidades, objetiva-se principalmente auxiliar os individuos e, como consequencia desse apoio, permitir que a sociedade como um todo seja tambem auxiliada e aprimorada, em sua coletividade (MILANI FILHO; CORRAR; MARTINS, 2003). Para Voese e Reptczuk (2011), a contratacao de profissionais no terceiro setor, no que tange ao controle financeiro, abrange a funcao de administrar os recursos recebidos pela entidade e reportar-se na prestacao de contas, tanto para o governo quanto para a sociedade. Os autores Voese e Reptczuk (2011) tambem ressaltam a importancia da qualificacao desses profissionais, para que haja competencia suficiente para maximizacao dos resultados, sem que incorram problemas com prestacao de contas. Alguns conflitos potenciais podem ser resultantes na situacao atual de uma gestao fracamente especializada, conforme Piza et al. (2012), quando afirmam que por um lado existe falta de capacidade administrativa financeira, e por outro lado ha uma quantidade maior e mais significativa dos recursos financeiros cedidos a essas entidades. Os autores ainda colocam que, para complementar, se espera que esses recursos financeiros levem a prestacao de servicos que se caracterizem por sua qualidade, transparencia e eficiencia. O terceiro setor, em sua captacao de profissionais qualificados, esbarra no primeiro e segundo setores, que por diversos fatores (como a arrecadacao publica ou busca por obtencao de lucro) conseguem muitas vezes atrair os profissionais com beneficios que essas entidades nao tem como oferecer, nem mesmo cobrir com ofertas superiores. Outra situacao e que os profissionais podem acreditar que terao menos acesso a conhecimentos de sua area de atuacao do que se fossem parte de uma equipe de uma entidade publica ou empresa privada. Nesse sentido, e discutida na literatura a aprendizagem organizacional. A conceituacao de aprendizagem organizacional, para Bastos, Gondim e Loiola (2004), pode ter duas enfases, sendo a primeira delas na aprendizagem do profissional dentro da organizacao, algo como um plano mais individualizado; e outro em que as organizacoes possuem mecanismos de busca, acesso, estoque e uso do conhecimento que e gerado por seus membros, como a aprendizagem da propria organizacao como entidade. A entidade como um todo, os diversos setores que a compoem, e ate mesmo suas estruturas e ferramentas internas sofrem influencias ambientais. A teoria da contingencia parte da premissa basica de que as condicoes do ambiente, seja interno ou externo, causam transformacoes e mudancas a organizacao (LACOMBE; HEILBORN, 2003). Com isso, ha a ligacao tanto entre a profissionalizacao quanto a aprendizagem organizacional com a teoria contingencial.

Mtodo de investigao:
Esta pesquisa utilizou os seguintes tipos de delineamento: quanto aos objetivos, trata-se de um estudo descritivo; quanto aos procedimentos, compreende uma pesquisa de levantamento; e quanto a abordagem do problema, consiste de um estudo quantitativo. A populacao da pesquisa constitui-se pelas entidades sem fins lucrativos de Santa Catarina constantes no Cadastro Nacional de Entidades, de responsabilidade do Ministerio da Justica, totalizando uma amostra de 532, das quais 63 responderam. A coleta de dados foi realizada por meio de questionario, enviados por e-mail para toda a populacao da pesquisa. As variaveis da pesquisa, relacionadas a profissionalizacao e aprendizagem organizacional, sao enquadradas nas cinco classificacoes de variaveis contingenciais descritas por Chenhall (2003). A analise dos dados foi realizada por Correlacao Canonica, que verifica se ha correlacao entre os grupos de variaveis. A analise de correlacoes canonicas foi proposta por Hotelling (MINGOTI, 2005) e tem como objetivo principal o estudo das relacoes lineares existentes entre dois conjuntos de variaveis (MINGOTI, 2005, p.143). Basicamente, a tecnica resume a informacao de cada conjunto de variaveis-resposta em combinacoes lineares, sendo que a escolha dos coeficientes dessas combinacoes e feita tendo-se como criterio a maximizacao da correlacao entre os conjuntos de variaveis-resposta. Essas combinacoes lineares construidas sao denominadas de variaveis canonicas, enquanto que a correlacao entre elas e chamada de correlacao canonica. Essa correlacao mede o grau de associacao existente entre dois conjuntos de variaveis. Matematicamente pode-se dizer que a regressao e uma generalizacao da regressao linear multipla, ou que esta e um caso particular da primeira. Formalmente, define-se o primeiro par de variaveis canonicas. A primeira analise realizada foi a relacao entre as variaveis contingenciais e as de profissionalizacao. Ja a segunda analise realizada foi a relacao entre as variaveis contingenciais e as de aprendizagem organizacional. A terceira analise realizada foi a relacao entre as variaveis de profissionalizacao e as de aprendizagem organizacional.

Resultados, concluses e suas implicaes:
A primeira anlise realizada foi a relao entre as variveis contingenciais e as de profissionalizao. Quanto ao primeiro grupo, h forte correlao entre as variveis contingenciais e as de profissionalizao, na ordem de 96,55%. A significncia, vista pelo P-Value, de 0,0276. A correlao significativa toda vez que o valor do P-Value for abaixo de 0,05, e quanto mais prximo ao 0 (zero), mais significante a relao, o que demonstra que, nesse caso, a correlao tem significncia muito alta. Com isso, conclui-se que a correlao entre essas variveis grande (96,55%), e com tima significncia ao nvel de 5% (0,0276). J a segunda anlise realizada foi a relao entre as variveis contingenciais e as de aprendizagem organizacional. A correlao para esse grupo deu um resultado alto, de 89,28%. Alm disso, o P-Value deu uma significncia de 0,0228, o que demonstra tima significncia. Com isso, conclui-se que entre esses grupos de variveis, existe uma correlao alta, assim como uma significncia tima. A terceira anlise realizada foi a relao entre as variveis de profissionalizao e as de aprendizagem organizacional, que at possuem correlao razovel, de 77%, porm no possuem P-Value que demonstre significncia, pois de 0,1877. Com isso, no h indcios para sustentar que existem relao entre essas variveis. A literatura sobre o tema traz indcios de que h influncia entre a profissionalizao e a aprendizagem, pois por um lado, quanto mais um funcionrio aprende na organizao mais preparado se encontra para atuar na sua profisso, e tambm o inverso, pois quanto maior a profissionalizao do indivduo mais ele estaria preparado para assimilar a realidade gerencial da entidade em que atua (EASTERBY-SMITH; ARAUJO, 2001); (NOVOA, 1997). Outro fator, que d a sensao clara de que h relao entre as variveis de profissionalizao e aprendizagem organizacional, que a literatura traz pontos de convergncia entre os temas. Alguns aspectos so verificados igualmente no tema de profissionalizao e de aprendizagem organizacional. Por exemplo, treinamentos e capacitaes oferecidos aos funcionrios, internamente na organizao; compartilhamento de informaes e conhecimentos entre os prprios indivduos da organizao; a utilizao de processos caractersticos e nicos de uma organizao, retido em forma de conhecimento pela aprendizagem organizacional (organizao que aprende), que depois influenciam na profissionalizao de um indivduo; dentre outros (BERMAN, 1999); (HANSEN; NOHRIA; TIERNEY, 2001); (ASSIS; VIEGAS; CKAGNAZAROFF, 2012). Por isso, nesta pesquisa, a fim de definir as subvariveis utilizadas, foi realizado o levantamento do referencial terico sobre profissionalizao e aprendizagem organizacional, e das subvariveis encontradas sobre ambos os temas em separado, pois no encontrou-se pesquisas unificadas. A partir da, os aspectos que eram comuns aos dois temas foram eliminados, pois rodar uma correlao entre dois aspectos iguais resultaria numa relao bvia e no acurada. Se mostrou necessrio verificar se h relao entre os fatores diferenciados e nicos a cada um dos temas. Com as subvariveis utilizadas neste estudo, no houve significncia. uma lacuna realizar reviso da escala e alcance da literatura buscando novos resultados com subvariveis diferentes. Quando verificada a relao entre ambas individualmente e as variveis contingenciais, encontrou-se relao, o que demonstra que as caractersticas das subvariveis abordadas no estudo, quando relacionadas com fatores especficos, so vlidas como parmetro. Porm, como entre elas no existiu relao, pode ser que somente essas caractersticas das subvariveis da Aprendizagem Organizacional (oportunidades de aprendizagem, melhoria contnua, treinamento/capacitao) e da Profissionalizao (formao, experincias profissionais e conhecimento especializado) no sejam suficientes para relacionar essas duas variveis. H uma lacuna na literatura de pesquisas que tentem relacionar a Aprendizagem Organizacional e a Profissionalizao de outras maneiras, a fim de verificar se realmente existe ou no algum tipo de relao entre as duas.

Referncias bibliogrficas:
Akingbola, K. (2013). Context and nonprofit human resource management. Administration & Society, 45(8), 974-1004. Ayres, L. F. (2008). As influencias da aprendizagem individual e grupal na aprendizagem organizacional. Dissertacao de Mestrado em Administracao, Universidade Presbiteriana Mackenzie. Bakhru, A. (2000). A contingency approach to reward strategy in the UK not-for-profit sector. International Journal of Nonprofit and Voluntary Sector Marketing, 5(4), 303-317. Broxton, M. L. (2012). The relationship between nonprofit capacity building, organizational learning and organizational effectiveness: a case study of strengthening communities fund program in central Florida. Tese de Doutorado, University of Central Florida Orlando. Chenhall, R. H. (2003). Management control systems design within its organizational context: findings from contingency-based research and directions for the future. Accounting, Organizations and Society, 28(2-3), 127168. Hayes, D. C. (1975). The contingency theory of managerial accounting: an empirical test of an assessment model. Tese de Doutorado em Filosofia e Contabilidade, The Ohio State University. Karpouzas, A. (2006). Analise do processo de formacao de estrategias em organizacoes do terceiro setor: um estudo de caso em duas ONGs comunitarias. Dissertacao de Mestrado em Administracao, Pontifica Universidade Catolica do Rio Grande do Sul. Soares, A. C., & Melo, M. C. (2010). Desafios gerenciais de organizacoes do terceiro setor de belo horizonte: tecnicos, politicos, criticos e praxeologicos. Gestao & Planejamento, 10(1).

 

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