Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 216

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Controle da Gestao do Capital Intelectual: Estudo de Caso em uma Unidade de Auditoria do Exercito Brasileiro

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O papel da Contabilidade, segundo Antunes (2006), tem sido questionado diante da expansao acelerada do conhecimento nas organizacoes, principalmente no que se refere as implicacoes da mensuracao dos elementos intangiveis e, consequentemente, do capital intelectual. Polo e Rodriguez (2014) questionam por que reduzida parcela de organizacoes faz a gestao de seus intangiveis, ai incluido o CI, se estes sao considerados tao importantes. Segundo Antunes (2006), a razao e a natureza abstrata desses elementos que sao gerados por componentes igualmente intangiveis, tendo o conhecimento tanto como insumo, quanto como produto e que devem ser vistos isoladamente e tambem no conjunto. Conforme Anthony e Govindarajan (2007), o produto de organizacoes profissionais baseadas em servicos intensivos em conhecimento, como auditoria, nao e medido em termos fisicos como toneladas, nem mesmo o numero de horas dispendidas por um auditor em um trabalho de campo, caracterizam um output, mas um input o que dificulta a gestao da producao. Para os autores, tratam-se de habilidades nao repetiveis, nao sendo possivel reproduzi-las de forma a se construir projetos padrao. A gestao do CI apresenta-se como um fator determinante em organizacoes, principalmente em um negocio que tem no conhecimento humano e nos ativos dai advindos a sua maior fonte de valor. Este trabalho busca contribuir com a pesquisa que trata da gestao do CI ao trazer dados do setor publico, cuja maior parte do valor entregue a sociedade origina-se da producao de servicos. A pesquisa veri?cou o tratamento, em termos de investimento, mensuracao e gestao do CI em uma unidade de auditoria interna do Exercito Brasileiro.

Base da plataforma terica:
Para Lima e Antunes (2013), o CI e o produto proveniente da aplicacao das habilidades dos membros da organizacao com a finalidade de trazer vantagem competitiva materializada em bons relacionamentos com clientes e no desenvolvimento de novas tecnologias. Na otica da Visao Baseada em Recursos (VBR), e medido em tres perspectivas: capital humano (conhecimento dos funcionarios), capital relacional (recursos necessarios a viabilizacao das relacoes externas da empresa com stakeholders) e capital estrutural (propriedade intelectual e ativos de informacao) (MALAVSKI et al., 2010). A gestao do CI deve ser precedida pela identificacao e mensuracao de seus componentes, pois, se ele nao e identificado, nao pode ser medido e, consequentemente, nao pode ser gerido. Nesse contexto, os sistemas de gestao integrados e especificos para a gestao dos elementos intangiveis sao ferramenta util. Trata-se de sistemas estruturados para identificar, mensurar, registrar e avaliar a contribuicao do CI para a geracao de valor das empresas. Esses sistemas podem ser alguns daqueles ja existentes, elaborados segundo a filosofia do Balanced Scorecard ou Navegador da Skandia, ou aplicativos desenvolvidos pelas empresas (ANTUNES, 2006). Francine (2002) sugere a combinacao de indicadores tradicionais com medicoes que tragam outras percepcoes com o objetivo de se criar novos tipos de indicadores de desempenho capazes de orientar a gestao de negocios. O autor considera que esse indicador traduzira o potencial do negocio em gerar fluxo de caixa futuro e que este valor projetado deve ser trazido a valor presente e sera equivalente ao valor do negocio. Sveiby (1998) considera o valor dos ativos intangiveis de uma organizacao financeiramente demonstrados pela diferenca entre o valor contabil de suas acoes e o valor de mercado (market-book value) e classifica-os em tres grupos: competencia do funcionario, estrutura interna e estrutura externa. Para Alvarenga, Barbosa e Pereira (2007), a avaliacao das praticas da gestao do conhecimento, suas metricas e indicadores deve envolver um misto de elementos qualitativos e quantitativos, criacao de novas praticas e uso de modelos reconhecidos, como o BSC, valor economico agregado (EVA), numero de ideias por especialidade, numero de horas por ano de educacao continuada e capacitacao, dentre outros. De acordo com Edvinsson e Malone (1998), para uma ferramenta medir o CI necessita realizar tres tarefas: (i) indicar a posicao, a direcao e a velocidade da organizacao, (ii) visualizar sob a otica de um patamar elevado, de forma a criar metaindices comparaveis aos resultados obtidos nas demonstracoes financeiras; (iii) permitir uma interpretacao facilitada por parte dos usuarios da informacao. A literatura cita o Navegador Skandia como uma ferramenta de mensuracao do CI. Trata-se de um modelo capaz de produzir um relatorio de avaliacao cujas medidas sao organizadas em cinco dimensoes: financeira, do cliente, dos processos, da renovacao e desenvolvimento e humana (MALAVSKIA et al., 2010). Conforme Sarens (2009), as atuais demandas da funcao de auditoria interna exigem caracteristicas tecnicas e comportamentais individuais, relacionadas ao CI, como escolaridade, treinamento, certificacoes, relacionamento interpessoal e habilidades de comunicacao que impactam a qualidade da atividade. Para Lelis e Pinheiro (2012) essas novas orientacoes encerram o ciclo de relacao auditor-auditado baseado em praticas detectivas, policialescas e punitivas cujo produto resumia-se ao relatorio de auditoria.

Mtodo de investigao:
Trata-se de pesquisa descritiva, pois buscou-se entender como os fenomenos relacionados ao CI sao gerenciados pela unidade de auditoria objeto de estudo, procurando descreve-los e interpreta-los com base na teoria. Quanto ao metodo, a pesquisa e de natureza qualitativa, por ser mais subjetiva e examinar e refletir as percepcoes para se obter um entendimento de atividades sociais e humanas existentes. Utilizou-se da metodologia de estudo de caso unico em que definem como um exame extensivo de um exemplar unico de um fenomeno de interesse (COLLIS, & HUSSEY, 2005). Em seguida a producao do referencial teorico, e de acordo com o preconizado por Yin (2010), confeccionou-se um protocolo de estudo de caso, onde foram definidos os questionarios e os procedimentos para coleta de dados. Os dados e informacoes coletados foram analisados por meio da tecnica de analise de conteudo que, conforme Bardin (2011) A coleta de dados foi planejada de forma a extrair informacoes a partir de entrevistas realizadas com os auditores da unidade pesquisada, a mapear as rotinas de trabalho, seus inputs e outputs, e a identificar as habilidades e competencias necessarias a realizacao das auditorias. A partir desses dados, colhidos entre os meses de agosto a dezembro de 2014, foram pesquisados documentos produzidos e sistemas utilizados com o objetivo de se confirmar e complementar as informacoes extraidas das entrevistas. Complementarmente, foi aplicada em todas as unidades auditadas a Parte III do questionario produzido por Camargo (2012), contendo 40 questoes. A aplicacao deste questionario deu-se a partir de um formulario on line do Google Docs disponibilizado aos auditados no seguinte endereco eletronico https://docs.google.com/forms/d/1WoyWeijrnRfkfoNNc1kMEyh4tBpNMFuJ0jGxqnsE10A/viewform?c=0&w=1&usp=mail_form_link, em que buscou-se confirmar e complementar os dados extraidos a partir do primeiro. Obtiveram-se 139 respostas, das quais cinco foram desconsideradas em funcao de declaracao dos respondentes que informaram sentirem-se despreparados para responderem haja vista terem realizado contato superficial com os auditores.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Foram identificados aspectos positivos no que se refere ao capital intelectual (CI) e sua gestao na unidade de auditoria interna pesquisada: (i) o capital humano que, conforme Edvinsson e Malone (1998), e o nucleo do CI; (ii) o uso intensivo de tecnologia da informacao; e (iii) a sistematizacao de procedimentos (SARENS, 2009). O capital humano, representado pela experiencia profissional, habilidades comportamentais e tecnicas e competencias, esta representado por profissionais com vasta experiencia na auditoria em unidades militares. A estrutura de TI apresenta uma configuracao que atende aos trabalhos de auditoria. Os procedimentos de auditoria estao bem sistematizados em manual de auditoria proprio. Deficiencias no capital humano foram encontradas em areas especificas de conhecimento como saude e engenharia, alem de falta de exigencia para que o auditor realize avaliacoes periodicas e mantenha certificacao em determinada area de interesse com vistas a garantir um nivel de desempenho desejado. O capital estrutural incidiu em deficiencias, como a falta de planejamento e de procedimentos de auditoria baseados em risco, sistema de avaliacao fraco e ausencia de metodologia capaz de medir a criacao de valor por parte do CI. O CI da SAF/3 ICFEx baseia-se fortemente em normas, deixando de planejar e executar procedimentos de auditoria com foco na gestao. Infere-se que esta deficiencia venha do baixo indice de renovacao (15%) da equipe combinado a nao observancia aos preceitos atuais de se estabelecer uma auditoria com foco no alcance dos objetivos da organizacao que privilegia a essencia sobre a forma, conforme estabelece o IIA. O sistema de avaliacao precisa de aperfeicoamento com vistas a conduzir a unidade de auditoria a uma melhoria continua dos processos. As lacunas de conhecimento criam vulnerabilidades e, portanto, aumentam o risco do EB na gestao de recursos publicos. A unidade nao mede o valor criado pelo seu CI, perdendo-se a oportunidade de se acompanhar a relacao entre investimento em CI e ganhos economicos advindos da intervencao do trabalho de auditoria em acoes danosas (fraudes e erros) por parte das unidades auditadas. A capacitacao dos auditores necessita de ajustes com o objetivo de mitigar lacunas de conhecimento com vistas a se criar um modelo de auditoria mais voltado para a gestao do risco. A implementacao destes ajustes aliada a um modelo de medicao do CI, conforme o proposto pelo navegador Skandia, e o constante acompanhamento podem significar uma evolucao na direcao da eficiencia e eficacia na gestao de recursos publicos. Espera-se que a pesquisa contribua com o estudo da gestao do CI no tema auditoria interna, especificamente na area publica, e sugere-se que trabalhos futuros apresentem modelos para a medicao da criacao de valor pelo CI na auditoria interna ou que ampliem este estudo, avaliando a auditoria interna em todo o EB, no ambito do Ministerio da Defesa ou no Poder Executivo Federal.

Referncias bibliogrficas:
Antunes, M. T. P.. (2006). A controladoria e o capital intelectual: um estudo empirico sobre sua gestao. Revista Contabilidade & Financas, 17 (41), 21-37. Dias, M. A. H., Zarelli, P. R., & Selig, P. M.. (2013) Intellectual capital and public management: a bibliometric analysis. Journal of US-China Public Administration, 11(2), 108-120. Edvinsson, L.; & Malone, M. S. (1998). Capital intelectual: descobrindo o valor real de sua empresa pela identificacao de seus valores internos. Sao Paulo: Makron Books. Francini, W. S.. 2002. A gestao do conhecimento: conectando estrategia e valor para a empresa. RAE-eletronica, 1(2). Lelis, D.M., & Pinheiro, L.T.. (2012). Percepcao de auditores e auditados sobre as praticas de auditoria interna em uma empresa do setor energetico. Revista Contabilidade & Financas. 23(60), 212-222. Lima, J. P. C., & Antunes, M. T. P.. (2013). Fatores relevantes para a gestao do capital intelectual sob a otica da Visao Baseada em Recursos (VBR): um estudo baseado na percepcao dos gestores da Sanofi Aventis Brasil. Sociedade, Contabilidade e Gestao, 7(1). Malavskia, O. S., Lima, E. P., & Costa, S. E. G.. (2010). Modelo para a mensuracao do capital intelectual: uma abordagem fundamentada em recursos. Producao, 20 (3), 439-454. Sarens, G. (2009). Internal auditing research: Where are we going? Editorial. International Journal of Auditing, 13(1), 1-7.

 

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