Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 221, Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Código: 221

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: A Influencia dos Fatores Contingenciais nas Praticas Gerenciais de Industrias Paranaenses.

Resumo:
Propsito do Trabalho:
As diferentes tecnicas de contabilidade gerencial foram desenvolvidas com o objetivo de melhorar a gestao das organizacoes. No entanto, a despeito da oferta e dos fatores que influenciam a demanda por essas novas tecnicas gerenciais, estudos concluiram que a absorcao destas pelas empresas pode ser considerada baixa (Grandlund, & Lukka, 1998). O pressuposto e que se as empresas estao inseridas em um ambiente de inovacoes, utilizando modernas tecnologias e processos de gestao, entao, deveriam estar adotando artefatos avancados de contabilidade gerencial. No cenario brasileiro, com relacao as novas tecnicas gerenciais, os achados das pesquisas sugerem que a adocao de praticas de contabilidade gerencial nao acompanha o mesmo ritmo das mudancas presentes no cenario dos negocios brasileiros (Frezatti, 2004). Uma das abordagens utilizadas para tentar explicar a variacao da adocao de artefatos gerenciais e a contingencial, neste enfoque nao ha uma estrutura unica para todas as organizacoes em todas as circunstancias, mas que cada estrutura organizacional e uma resposta a um conjunto de contingencias (Ittner, & Lacker, 2002). Portanto, este estudo analisou ha relacao entre a adocao das praticas de contabilidade gerencial pelas industrias paranaenses e as caracteristicas empresariais. Em termos de cenario brasileiro, e pertinente pesquisar as praticas de contabilidade gerencial adotadas e os possiveis fatores explicativos, para que nao se incorra na tese da relevancia perdida da contabilidade gerencial, preconizada por Johnson e Kaplan (1987). Alem de que a melhor forma de gerir as organizacoes e analisar profundamente as caracteristicas empresarias e as situacoes que se apresentam para elas, pois ha fatores sociais e estruturais interferindo na organizacao (Guerra, 2007).

Base da plataforma terica:
A abordagem contingencial parte dos pressupostos que nao ha uma melhor maneira de se organizar, e nem todas as maneiras de organizar sao igualmente eficazes. Portanto, as praticas gerenciais podem ser entendidas a partir do contexto no qual elas estao sendo implementadas e influenciadas pelas variaveis contingentes incerteza ambiental, grau de centralizacao, estrategia, porte e fatores especificos da industria. Quanto maior o nivel de incerteza, maior sera a quantidade de informacoes necessarias para lidar com essa incerteza (Galbraith, 1977), portanto a primeira hipotese a ser considerada e H1. As empresas que percebem maior grau de incerteza ambiental adotam praticas gerencias mais sofisticadas do que as empresas que percebem menor incerteza ambiental. A incerteza ambiental tem grande influencia na estrutura da organizacao, para Gul e Chia (1994) uma organizacao que atua em um ambiente com elevada incerteza, uma estrutura descentralizada e necessaria, e, consequentemente, deve contar com um sistema de contabilidade gerencial mais sofisticado, assim consideramos que H2. As empresas caracterizadas como descentralizadas adotam praticas gerenciais mais sofisticadas do que as empresas caracterizadas como centralizadas. A estrategia impacta a estrutura organizacional. Langfield-Smith (1997) e Chenhall (2003) concluiram que diferentes sistemas de contabilidade gerencial serao mais adequados para estrategias particulares, a estrategia lideranca de custo nao necessita de sofisticados sistemas de informacao, em contrapartida a estrategia de diferenciacao requerem sistemas mais sofisticados: H3. As empresas que utilizam a estrategia de diferenciacao adotam praticas gerenciais mais sofisticadas do que as empresas que fazem uso de estrategia de lideranca em custo. O porte organizacional pode afetar a estrutura organizacional. Para Chenhall (2003) grandes empresas tem maiores oportunidades de expansao das operacoes, o que requer maior controle por meio da utilizacao das ferramentas gerenciais, alem de que as grandes organizacoes possuem mais recursos, portanto, podem adotar praticas gerenciais mais sofisticadas, diferentemente das pequenas organizacoes: H4. As grandes empresas adotam praticas gerenciais mais sofisticadas do que as pequenas e medias empresas. Outro fator contingente esta relacionado ao poder exercido pelos clientes da organizacao. As empresas que enfrentam altos niveis de poder dos clientes estao em maior risco, portanto, contam com maiores incentivos para utilizar praticas gerenciais sofisticadas, a fim de melhorar o seu controle e seus processos de tomada de decisao, com o intuito de manter seus clientes satisfeitos: H5. O nivel de sofisticacao das praticas gerenciais difere entre as empresas de acordo com o poder de seus clientes. Dessa forma, a pesquisa parte do pressuposto que a organizacao adota diferentes praticas gerenciais em diferentes estagios evolutivos em resposta a contingencias externas e organizacionais.

Mtodo de investigao:
A populacao desse estudo e composta pelas industrias paranaenses cadastradas em 2013 na FIEP. Para os propositos desta pesquisa, foram selecionadas as empresas com numero de funcionarios superior a 99, criterio definido para selecionar empresas consideradas de grande porte. Desta forma, a populacao compreende 1.162 industrias. Os questionarios foram enviados a cada industria, direcionados ao controller. Retornaram 23 questionarios devidamente respondidos. A primeira parte do instrumento de pesquisa constitui-se de 38 assertivas, baseadas no estudo desenvolvido por Abdel-Kader e Luther (2008) sobre praticas gerenciais. A segunda parte tratou das variaveis contingenciais utilizadas na pesquisa, estas foram adaptadas de estudos conduzidos por Miles e Snow (1978), Gordon e Narayanan (1984), Govindarajan e Fisher (1990), Dean e Snell (1996), Krumwiede (1998), Sim e Killough (1998). O periodo de coleta de dados ocorreu de novembro de 2013 a janeiro de 2014. Para realizar a analise dos dados foram utilizadas as tecnicas estatisticas analise de clusters e Kruskal-Wallis. Para analise das 38 praticas de contabilidade gerencial, inicialmente foi calculada a media das respostas em relacao a utilizacao de cada pratica, para cada empresa respondente. Em seguida, as pontuacoes medias foram utilizadas para classificar as empresas individuais em grupos por meio da analise de cluster. Nessa pesquisa foi adotada a abordagem aglomerado hierarquica porque gera grupos nao sobrepostos. A distancia entre cada dois sub-grupos foi medida utilizando o metodo de Ward. Portanto, para cada empresa uma media foi calculada para o conjunto de praticas gerenciais referentes a cada fase da IFAC. Apos este processo as empresas foram classificadas em clusters A, B, C e D. Para validar a analise de cluster foi efetuada a analise discriminante multipla. Os resultados demonstram que 100% das empresas foram corretamente classificadas nos grupos A, B, C e D. O proximo passo envolveu a rotulagem dos clusters, considerando o nivel de sofisticacao das praticas gerenciais (Nivel 1, Nivel 2..). Apos a classificacao, as hipoteses de pesquisa foram testadas por meio do teste nao-parametrico de Kruskal-Wallis, que avalia as diferencas entre as medias para determinar se sao ou nao significativas.

Resultados, concluses e suas implicaes:
A pesquisa em questao buscou analisar se ha relacao entre a adocao das praticas de contabilidade gerencial e as caracteristicas empresariais em industrias paranaenses. Em relacao aos artefatos de contabilidade gerencial utilizados nas industrias paranaenses, pode-se concluir que o orcamento e utilizado principalmente para o planejamento e para o controle de custos e despesas; as avaliacoes de desempenho ainda em sua maioria sao baseadas em medidas financeiras, sendo que as medidas nao-financeiras relacionadas aos clientes, operacoes e funcionarios sao considerados claramente muitos influentes, mas sua utilizacao nao espelha a importancia atribuida. Em relacao ao metodo de custeios os resultados sugerem que o custeio variavel e muito mais utilizado do que o custeio por absorcao. Ainda em relacao aos artefatos utilizados, pode-se concluir que as industrias paranaenses no presente estao mais interessadas no planejamento de longo prazo convencional e analises competitivas, do que em analises da industria, do ciclo de vida, retorno do acionista e de analises contextuais. No entanto, a importancia atribuida a estas praticas e grande, o que sugere que a sua utilizacao pode se tornar mais generalizada e frequente. Em relacao as informacoes para a tomada de decisao, observa-se que as analises de curto prazo sao as mais utilizadas, e com maior importancia atribuida. Estes dados fornecem uma indicacao de que as praticas de contabilidade gerencial tradicionais ainda sao mais utilizadas do que as tecnicas mais sofisticadas. No entanto, os resultados indicam uma leve mudanca no cenario gerencial, pois as empresas que utilizam praticas sofisticadas representam um numero consideravel da amostra (39%). Quanto a Hipotese 1, constatou-se que a incerteza ambiental nao influencia diretamente na adocao das praticas gerenciais, sendo que a percepcao de uma certa estabilidade ambiental poderia justificar parcialmente os resultados. Assim, pode-se considerar que os resultados sao influenciados pela especificidade da amostra e, portanto, nao se confirma H1. Com relacao a Hipotese 2, os resultados sugerem que a centralizacao ou a descentralizacao da estrutura organizacional nao esta intimamente ligada a adocao das praticas gerencias consideradas simples ou sofisticadas, ou seja, nao necessariamente as empresas classificadas no quarto estagio evolutivo utilizam praticas sofisticadas em decorrencia de uma estrutura descentralizada. Dessa forma H2 nao pode ser suportada. A Hipotese 3 estabelece que a estrategia influencia na adocao das praticas gerenciais, nao sendo relevante qual a estrategia utilizada, seja de lideranca em custo ou diferenciacao. Tais resultados podem ser decorrentes do fato de que todas as empresas adotam ambas as estrategias. Ao testar a Hipotese 4, constatou-se que a utilizacao de praticas gerenciais nao esta relacionada ao porte, ou seja, que maiores ativos nao estao positivamente associados a uma maior quantidade e intensidade de uso de ferramentas gerenciais. De forma analoga, a Hipotese 5 evidencia que a utilizacao de praticas gerenciais nao esta relacionada a percepcao de poder dos clientes. No entanto, ao se considerar a analise descritiva do constructo poder dos clientes, observa-se que as empresas da amostra nao sao sensiveis ao poder de grandes clientes, podendo-se considerar que os resultados sao influenciados pela especificidade da amostra, refutando-se, assim, H5. Os achados da pesquisa sugerem uma reflexao sobre as implicacoes academicas e gerenciais quanto a adocao de praticas de contabilidade gerencial. Em termos academicos, prover os professores com achados que permitam uma reflexao dos conteudos ensinados e, se necessario, redireciona-los e/ou adequa-los. E salutar que as reflexoes sobre os conteudos e estrategias de ensino sejam suportadas por dados de pesquisas empiricas, de modo que o ensino reflita e acompanhe o dinamismo do mundo empresarial. Quanto a pratica gerencial, disponibilizar para os gestores interessados material que permita avaliar e direcionar seus projetos de educacao continuada, como tambem uma reflexao sobre a adequacao ou nao de suas praticas nas empresas que atuam.

Referncias bibliogrficas:
Abdel-Kader, M, & Luther, R. (2008). The impact of firm characteristics on management accounting practices: A UK-based empirical analysis. The British Accounting Review, v. 40, n. 1, p. 2-27. Baines, A., & Langfield-Smith, K. (2003). Antecedents to management accounting change: a structural equation approach. Accounting, organizations and society, v. 28, n. 7, p. 675-698. Chenhall, R. H. (2003). Management control systems design within its organizational context: findings from contingency-based research and directions for the future. Accounting, organizations and society, v. 28, n. 2, p. 127-168. Chenhall, R. H., & Langfield-Smith, K. (1998). Adoption and benefits of management accounting practices: an Australian study. Management accounting research, v. 9, n. 1, p. 1-19. Ittner, C. D., & Larcker, D. F. (2002). Empirical Managerial Accounting Research: Are We Just Describing Management Consulting Practice? The European Accounting Review. v. 11, n. 3, p. 787-793. Langfield-Smith, K. (1997). Management control systems and strategy: a critical review. Accounting, organizations and society, v. 22, n. 2, p. 207-232. Tillema, S. (2005). Towards an integrated contingency framework for MAS sophistication case studies on the scope of accounting instruments in Dutch power and gas companies. Management Accounting Research, volume 16, issue 1, p.101-129.

 

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