Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 24

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Determinantes do Price to Book, Setor Regulado e Estratgias de Investimento

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A aplicabilidade de mltiplos de mercado usual em processos de avaliao de ativos e na adoo de estratgias de investimento, pelos profissionais financeiros. Dentre tais mltiplos, destaca-se a razo entre o valor de mercado e o valor contbil, o conhecido Price to Book (P/B). O principal objetivo do presente estudo identificar os fatores determinantes do P/B. Entre os candidatos a fatores determinantes, incluiu-se a varivel dummy que indica se a empresa pertence a um setor regulado. As empresas em tais setores no sofrem concorrncia e uma das funes das agncias reguladoras a de "substituir" a concorrncia. A compreenso da influncia da regulao na razo P/B de grande interesse. Como objetivo complementar, pretende-se investigar se o P/B seria capaz de identificar empresas subprecificadas, sendo um filtro na identificao de estratgias vencedoras de investimento, como forma de colaborar com esta linha de pesquisa. Por fim, testou-se a significncia do P/B no retorno das aes das empresas da amostra pelo perodo de anlise, identificando uma relao negativa estatisticamente significante O perodo de anlise do 4o trimestre de 2004 ao 3o trimestre de 2014, totalizando quarenta trimestres e a amostra composta de aes de 168 empresas brasileiras listadas na BMF&Bovespa.

Base da plataforma terica:
H diversas tcnicas para se estimar o valor de uma empresa (Copeland et al. 2002; Damodaran, 2007; Martelanc et al. 2010; Serra & Wickert, 2014) e, dentre elas, a embasada em fluxo de caixa descontado. Para a aplicao desta tcnica, pode-se optar pelo Free Cash Flow to Equity FCFE - ou a abordagem do conjunto dos investidores (credores e acionistas), que corresponde ao Free Cash Flow to Firm - FCFF. Em ambas abordagens, considera-se o fluxo de caixa por um horizonte de projeo e, ao trmino deste, para fluxos perptuos, um valor residual ou terminal, usualmente calculado por uma perpetuidade. Em perspectiva conceitual, ao se considerar o fluxo de caixa como perpetuidade em sua integralidade, o valor da empresa seria expresso, de forma que os fatores determinantes do P/B so: retorno, custo de capital e crescimento. Desde Stattman (1980) e a partir de Fama e French (1992), diversos autores tm pesquisado a relao entre P/B e retorno. H uma corrente que identificou uma relao estatisticamente significativa entre P/B e retorno (Capaul et al., 1993; Davis, 1994; Lakonishok et al., 1994; Fama & French, 1998; Mlaga & Securato, 2004; Fama & French, 2006; Phalippou, 2007; Cardoso & Cabral, 2008; Yalin & Ersahin, 2011; Cho et al., 2012; Serra & Martelanc, 2014). Outra linha de pesquisa, por sua vez, discorda da metodologia utilizada por tal corrente ou da relao encontrada entre P/B e retorno (Black, 1993; Kothari et al., 1995). Alm do P/B, outras variveis foram utilizadas, de forma pioneira, para explicar retorno: (i) beta (Sharpe, 1964; Fama e MacBeth, 1973), (ii) tamanho (Banz, 1981), (iii) alavancagem (Bhandari, 1988) entre outras. A partir de Chan et al. (1991) no Japo e Fama e French (1992) nos Estados Unidos, os estudos passaram a considerar mais de uma varivel simultaneamente. No entanto, nota-se reduzido nmero de trabalhos que abordam os fatores determinantes do P/B, principalmente quando se considera uma janela de tempo mais contempornea. Bernard (1994) observou que o retorno pode explicar, apenas em parte, a variao do P/B. Corvas e Torres (2002), a partir de uma amostra de empresas negociadas na Bolsa de Madri entre 1986 e 2000, identificaram que o retorno e crescimento possuram relao positiva com o P/B, enquanto o risco mensurado pelo beta apresentou sinal negativo.

Mtodo de investigao:
As informaes contbeis relativas ao perodo de 40 trimestres (4o trimestre de 2004 ao 3o trimestre de 2014) capital investido, dvida bruta, vendas lquidas, resultado operacional e as informaes de mercado equity value e preo foram obtidas no sistema de informao Economtica. Foram obtidos de aes ativas em dezembro de 2014, no total, 398 empresas de 641 aes (considerando apenas a classe mais lquida). Para os dados de preo, foram coletados registros desde 31 de dezembro de 2001. Deste total, aps os filtros aplicados (empresas com todas as informaes necessrias, no financeiras, com P/B positivo, com pelo menos 2 empresas no setor de atuao), trabalhou-se com 168 empresas. A informao da taxa Selic foi obtida no site do Banco Central do Brasil. Foram consideradas as variveis: price to book do ativo (P/B), tamanho (Tamanho), beta alavancado (Beta_L), beta desalavancado (Beta_U), endividamento (Alavancagem), retorno sobre capital investido (ROIC), crescimento das vendas no ltimo trimestre (C_vendas_1t), crescimento das vendas no ltimo ano (C_vendas_1a) e uma varivel dummy representando se a empresa pertence a um setor regulado (Reg). Como a amostra composta de at 168 observaes por 40 perodos, para testar os determinantes do P/B, utilizou-se a regresso OLS, Fixed effects e Random effects. Para deciso do melhor modelo, aplicou-se o teste de Breusch-Pagan e o teste de Hausman. O painel curto desbalanceado e foram utilizados modelos robustos, com a correo pela matriz de White, para atenuar problemas decorrentes de heterocedasticidade. Para o impacto do P/B em estratgias de investimento utilizou-se teste de normalidade da distribuio, teste de homogeneidade de varincia e teste de igualdade de mdia. A normalidade das distribuies foi testada por meio do teste KS. A homogeneidade da varincia foi testada: (i) no caso de a distribuio ser normal, por meio do teste-f e (ii) no caso de a distribuio no ser normal, por meio do teste de Levene. A igualdade da mdia foi testada: (i) no caso de a distribuio ser normal e a varincia homognea, por meio do teste-t unicaudal para dados emparelhados, (ii) no caso de a distribuio ser normal e a varincia no homognea, por meio do teste-t unicaudal para varincia desigual e (iii) no caso de a distribuio no ser normal, por meio de teste no-paramtrico unicaudal.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Uma firma vale o capital investido mais a futura agregao de valor (Miller e Modigliani, 1961, p. 417). Para que uma empresa agregue valor preciso que ela remunere o capital acima do seu custo; uma situao salutar ocorre quando uma companhia agrega valor e expande a base de capital. esperado que, empresas com boas perspectivas tenham seu preo acima do capital investido; logo, seu P/B ser maior do que 1. Caso contrrio, se tiver perspectivas desfavorveis, pode ser que seu preo seja inferior ao valor do capital investido e seu P/B ser menor do que 1. O price to book (P/B) , portanto, um ndice que mede esta perspectiva futura. Tal perspectiva reflexo da capacidade da empresa rentabilizar o capital investido acima do seu custo e da sua capacidade de crescer (Equao 2). Desta forma, esperado que o P/B tenha relao com retorno (positiva), custo de capital (negativa) e crescimento (positiva). Analisando 168 empresas listadas na BMF&Bovespa por 40 trimestres (do 4o trimestre de 2004 ao 3o trimestre de 2014) identificou-se que as variveis retorno (ROIC) e crescimento (inferido pelo crescimento do ltimo trimestre) tm relao positiva - estatisticamente significante - com o P/B e a varivel beta desalavancado e alavancagem (como proxy do custo de capital) tm relao negativa - estatisticamente significante - com o P/B. Alm destas variveis, foram identificados outros determinantes estatisticamente significativos: tamanho (relao positiva) e pertencer a um setor regulado (relao negativa). No que diz respeito empresas grandes terem maior P/B, pode-se supor que empresas maiores tenham melhores condies, comparativamente a pequenas, de desenvolver e manter vantagens competitivas e, portanto, retorno acima do custo de capital. No que diz respeito a empresas pertencentes a setores regulados terem menor P/B, surge o questionamento: (i) este um resultado positivo: as agncias reguladoras tm conseguido impedir que as empresas tenham retornos anormais, mais at do que a prpria competio do mercado brasileiro teria impedido e/ou (ii) este um resultado negativo: as interferncias regulatrias tm contribudo para um adicional de risco e/ou (iii) a que se deve este resultado? Os resultados podem sinalizar, no que diz respeito a estratgias de investimento: A prevalncia das estratgias de investimento em aes de valor, pois: (i) carteiras formadas com aes com P/B menores ou com as empresas menores (em termos de tamanho) e o ndice de Sharpe foi superior para tais carteiras. (ii) ao contrrio do que era de se esperar, a carteira formada por empresas de maior beta (alavancado e desalavancado) se valorizou menos e apresentou risco estatisticamente igual comparativamente a carteira formada com empresas de menor beta; o ndice de Sharpe indica que carteiras com empresas de menor beta teriam sido melhores; Carteira com empresas de maior alavancagem traduziu-se em risco maior; Carteiras com empresas com maior ROIC e maior crescimento das vendas no ltimo ano apresentaram menor risco. No entanto, o ndice de Sharpe indicaria a superioridade das carteiras com menor ROIC ou das carteiras com maior crescimento de vendas do ltimo ano; e Carteiras com empresas com maior crescimento das vendas no ltimo trimestre apresentaram maior retorno. Dessa forma, o trabalho contribui com a linha de estudos sobre os mltiplos de mercado, importantes dada a sua aplicabilidade usual em processos de avaliao de ativos e na adoo de estratgias de investimento.Futuros estudos poderiam, alm de avaliar outras janelas de tempo, incluir variveis macroeconmicas, apresentar outras mtricas para representar as variveis e analisar a causalidade entre elas, o que no foi o foco do artigo.

Referncias bibliogrficas:
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