Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 240

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Empresas sao regidas por razao ou emocao? Evidencias Empiricas da Influencia do Estilo de Lideranca no Orcamento

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Pesquisadores apontam que o estilo de lideranca relaciona-se a forma como o sistema de controle gerencial e utilizado nas empresas (Fleishman & Peters, 1962; Hopwood, 1978) e ha indicios na literatura de suas interferencias no desempenho organizacional (Bass, 1985). Nao obstante, o estilo de lideranca dos gestores reflete na projecao de tal sistema (Abernethy, Bouwens & van Lent, 2010); influenciando a mecanica de relacionamentos entre elementos que compoem a estrutura organizacional (Meyer, 1975). A teoria contingencial legitima estudos da contabilidade gerencial principalmente no sentido de apontar fatores que possam impactar nas dimensoes design e uso do sistema de controle gerencial das empresas (Otley, 1980; Gordon & Narayanan, 1984; Chenhall, 2006; Aguiar, Pace & Frezatti, 2009). A partir destes pressupostos teorico-empiricos, tem-se a seguinte questao a ser investigada: Ha relacao entre o estilo de lideranca, o design e uso do orcamento empresarial, e o desempenho? Nesta investigacao assume-se, como pressuposto, que a natureza da relacao entre as variaveis em pauta e dinamica e varia em distintos contextos; congenere a obra de Mia (1988). A ampla pesquisa do orcamento provocou impactos positivos para o aumento da sua massa critica (Schiff & Lewin, 1970; Brownell & Dunk, 1991; Davila & Wouters, 2005), o que fez com que ele se destacasse no contexto internacional da pesquisa em contabilidade gerencial (Covaleski et al., 2006), fatos esses que sustentam o fulcro do orcamento nesta investigacao.

Base da plataforma terica:
2.1 ESTILO DE LIDERANCA Em linhas gerais, a literatura concebe a lideranca organizacional como a capacidade de influenciar o comportamento dos sujeitos, subordinados, grupos ou membros organizacionais, a fim de orienta-los para a realizacao de tarefas comuns (Fleishman & Peters, 1962; Chemers, 2000). O estilo de lideranca sinaliza a forma como o lider exerce seu papel nas instituicoes, sendo qualificado em consonancia com um conjunto de comportamentos que o caracterizam (Bass, 1990). O final da decada de 1980 foi marcado por um extenso rol de estudos operacionalizados com a finalidade de apresentar distincoes entre dois estilos de lideranca: transacional e transformacional (Ardichvili & Gasparishvili, 2001; Judge & Piccolo, 2004). Segundo Judge e Piccolo (2004), o primeiro autor a introduzir os termos "lideranca transacional e transformacional" e suas concepcoes foi Burns, em 1978. O modelo teorico proposto por Bass (1990), para o estilo de lideranca, e composto por duas categorias, lideranca transacional e lideranca transformacional. Conforme exposto pelo autor, a lideranca transacional elucida o lider cujo foco esta em recompensas aos subordinados pelo desempenho nas atividades, ou ainda, na inercia da tomada de decisao frente as demandas organizacionais; ao passo que, o lider transformacional influencia seus subordinados mediante seu carisma e o estimulo intelectual, neste caso a enfase volta-se a motivacao ao individuo e grupos de trabalho. Uma terceira dimensao, o estilo Laissez-faire, e posteriormente adicionado na literatura, sendo definido como a ausencia de lideranca (Eagly, Johannesen-Schmidt & van Engen, 2003). Para esta pesquisa, o estilo de lideranca foi investigado com base no estilo de lideranca transacional, transformacional e laissez-faire; a opcao por tal quadro teorico deu-se em detrimento da possibilidade de associacao ao modelo de Simons (1995) de Levers of Control, numa tentativa de estabelecer um contraste entre o estilo de lideranca dos gestores e o estilo de uso do orcamento. 2.2 ORCAMENTO EMPRESARIAL O orcamento qualifica-se como um subsistema do sistema de controle gerencial (Abernethy & Brownell, 1999; Van der Stede, 2001). Nesses termos, estende-se o conceito do orcamento para uma peca integrante do processo de gestao e da estrutura de governanca das entidades (Frezatti et al., 2011), que representa um plano financeiro para operacionalizacao das estrategias (Simons, 1990), o qual tambem esta associado ao controle de custos, avaliacao de desempenho e remuneracao de pessoal (Covaleski et al., 2006). A guisa de explicacao, o estilo de lideranca e abordado enquanto fator contingencial interno, uma vez que ha suporte empirico outorgado aos pressupostos e fundamentos articulados (Thompson & Vecchio, 2009); e, em decorrencia disso, as relacoes investigadas entre ele e o orcamento empresarial sao ancoradas nos ditames e pressupostos da teoria contingencial. Dito isso, especula-se que o estilo de lideranca, especificamente o estilo transacional, transformacional e laissez-faire, influenciam o design e uso do orcamento. Cabe destacar que o design do orcamento foi mapeado atraves dos componentes orcamentarios e da participacao o orcamentaria, e que o estilo de uso do orcamento foi identificado atraves do uso diagnostico, interativo e disfuncional.

Mtodo de investigao:
A coleta dos dados foi estruturada a partir de um levantamento do tipo survey, junto a industrias paranaenses cadastradas na Federacao das Industrias do Estado do Parana - FIEP, em 2013 (16 edicao). O aparato conceitual e empirico para o delineamento dos constructos desta investigacao adveio de obras amplamente discutidas e referenciadas na literatura gerencial e organizacional. Como instrumento de coleta de dados adotou-se um questionario estruturado autoadministrado contendo questoes fechadas de multipla escolha. Cada variavel foi adaptada para representar uma serie quantitativa. As variaveis foram mensuradas mediante uma escala do tipo Likert de 0 a 10 pontos, a qual visou mensurar um continuum entre os extremos "Discordo Totalmente" e "Concordo Totalmente". O questionario foi estruturado em blocos e, e em cada bloco, pautou-se uma serie de afirmativas em que, para o maior grau de concordancia era atribuida uma pontuacao igual a 10, e para a menor, 0 pontos. Assim, percebe-se que ao respondente era facultada a possibilidade de abster-se de resposta, ou seja, a escala detem ponto neutro. O pre-teste do questionario contou com a participacao de oito colaboradores, os quais mantinham contato direto com o orcamento da empresa em que laboravam. Dentre os respondentes, sete afirmaram ser responsaveis pela gestao do orcamento (elaboracao, acompanhamento e controle) e um pontuou que e responsavel pela elaboracao do orcamento de despesas e custo fixo, acompanha o orcamento de custo variavel e realiza o controle total do orcamento de sua organizacao. Tais questionarios foram excluidos da amostra final, e calculo do Alfa de Cronbach resultou em 0,875. A populacao foi estratificada em conformidade com o numero de funcionarios empregados pelas industrias investigadas. Foram selecionadas 1365 industrias, sendo excluidas as Micro e Pequenas Empresas, pois a ausencia de ferramentas de gestao e o baixo nivel de conhecimentos gerenciais dos gestores e/proprietarios desses empreendimentos, inviabilizam a estruturacao das relacoes investigadas. Ao total, foram auferidas 193 respostas ao questionario. A abordagem ao problema ocorreu de modo quantitativo. Para analise dos dados, duas tecnicas estatisticas foram empregadas: Estatistica Descritiva e modelagem de Equacoes Estruturais, mediante estimacao de ajuste de Minimos Quadrados Parciais (Partial Least Square - PLS).

Resultados, concluses e suas implicaes:
A percepcao das organizacoes como unidades estaticas e imutaveis ja nao encontra subsidios a plenitude de conviccao. As entidades coexistem em um universo heterogeneo de constantes inversoes ambientais, condicionando o meio com igual intensidade em que por ele sao influenciadas. A multiplicidade de intervencoes e a complexidade manifestada pelas acoes empresariais demanda uma perspectiva diferenciada de abordagem, formando um conjunto continuo de relacoes possiveis a serem investigadas no contexto organizacional. O subjetivismo intrinseco as relacoes interpessoais e intergrupais passou a centralidade das analises da pesquisa gerencial, suscitando novas proposicoes. Com efeito, a presente pesquisa desenvolveu-se sob tais silogismos. Cabe destacar que as conclusoes auferidas distendem-se para as industrias situadas na amostra em estudo. O estilo laissez-faire de lideranca nao se manifestou na amostra investigada. O significado expresso nesse achado refuta o substrato da ausencia de lideranca, que manifesta-se dentre os mais recentes achados das pesquisas que versam sobre tal tematica. Ou seja, ha uma corrente na literatura que defende que a ausencia de lideranca (representada pelo estilo laissez-faire) existe com igual intensidade dos demais estilos, transacional e transformacional, legitimando a possibilidade dos lideres se eximirem da funcao de liderar, delegando-a aos seus liderados, o que nao foi constatado na amostra investigada. O estilo de lideranca provoca influencias na forma como o orcamento e concebido nas organizacoes, contudo, somente o estilo transformacional influencia a participacao orcamentaria. Deve-se notar que o lider transformacional, por definicao, desempenha um papel diferenciado perante seus subordinados, adotando uma perspectiva motivadora, e mesmo, motivadora, de abordagem. Logo, cabe a abstracao de que suas acoes direcionam-se ao estimulo a equipe de trabalho, a inclusao de grupos nas decisoes, suposicoes essas suportadas pela presente investigacao. No tocante as influencias desencadeadas pelo estilo de lideranca no uso orcamento empresarial, obteve-se suporte estatistico a todas hipoteses pontuadas. A figura do lider surge da necessidade de direcionar pessoas e grupos para fins previamente estabelecidos, por conseguinte, presume-se que seja passivel de influenciar a forma como os atores organizacionais utilizam o sistema de controle gerencial. De fato, verificou-se que o lider e acometido de habilidades para influenciar os tres estilos de uso investigados do orcamento: diagnostico, interativo e disfuncional. No que concerne as limitacoes da investigacao, pontua-se a ausencia de elementos direcionadores a cultura organizacional. Pois, talvez, poder-se-ia analisar fatores tangenciais explicativos aos fenomenos organizacionais. Em adicao, salienta-se a configuracao espacial do estudo, que ainda que trate de medias e grandes organizacoes, limitou-se a empresas situadas no Estado do Parana. Como tambem, o estudo concentrou-se em uma data realidade, circunscrita a um espaco-tempo presente, o que resignou as observacoes a um contexto especifico de ocorrencia dos fenomenos. Evidencias adicionais sao fornecidas por esta investigacao, ja que o arranjo estabelecido entre o design, o uso e o desempenho do orcamento expressou que o uso diagnostico e o uso interativo influenciam o desempenho do orcamento organizacional. Por esse achado, pode-se contestar o argumento de que a participacao orcamentaria impacta no desempenho elevado dos sistemas organizacionais, uma vez que nao se obteve subsidios a aceitacao dessa hipotese. Dito isto, conclui-se que os elementos organizacionais concretos, o orcamento no caso em questao, sao o reflexo de fatores subjetivos e que o melhor arranjo a ser edificado entre eles depende, principalmente, da percepcao dos lideres e gestores quanto aos potenciais beneficios a serem desencadeados. Com efeito, pode-se pressupor um antagonismo, pois as entidades internalizam - com igual potencial - elementos que podem instigar o sucesso ou o fracasso do sistema e controle gerencial e, como consequencia, dos seus subsistemas.

Referncias bibliogrficas:
Abernethy, M. A., & Brownell, P.(1999). The role of budgets in organizations facing strategic change: an exploratory study. Accounting, Organizations and Society, 24,189-204. Bass, B. M. (1990). From Transactional transformational leadership: Learning to Share the Vision. Organizational Dynamics, 18(3), 19-31. Bass, B. M. (1997). Does the transactional-transformational leadership paradigm transcend organizational and national boundaries? American Psychologist, 52(2), 130-139. Bisbe, J., & Otley, D. (2004). The effects of the interactive use of management control systems on product innovation. Accounting, Organizations and Society, 29, 709-737. Cuguero-Escofet, N., & Rosanas, J. M. (2013). The just design and use of management control systems as requirements for goal congruence. Management Accounting Research, 24, 23-40. Simons, R. (1990). The role of management control systems in creating competitive advantage: news perspectives. Accounting, Organizations and Society, 15(1/2), 127-143. Simons, R. (1994). How new top managers use control systems as levers of strategic renewal. Strategic Management Journal, 15, 169-189. Simons, R. (1995). Levers of Control. Harvard Business School Publishing. Tessier, S., & Otley, D. (2012). A conceptual development of Simons Levers of Control framework. Management Accounting Research, 23, 171 185.

 

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