Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 253, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 253

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Influencia do Volume de Acoes em Tesouraria no Desempenho Economico Financeiro de Empresas Brasileiras

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O aporte para o contexto do desempenho economico e financeiro ganhou enfase apos a publicacao do trabalho de Modigliani e Miller (1958) que vieram discutir sobre o custo de capital, as financas corporativas e a teoria do investimento visando analisar o resultado de lucro, bem como sua maximizacao, fator que impacta nas decisoes que afetam o valor esperado pelos proprietarios. Assim, o conceito de lucro sugere que as acoes que aumentam o bem estar de longo prazo da empresa, tambem irao aumentar o bem estar de longo prazo dos acionistas (Archer & DAmbrosio, 1967). As acoes mantidas em tesouraria e um fator que pode refletir no alcance de uma estrutura otima de capital. Portanto, sob a perspectiva das teorias (Trade Off, Pecking Order) que abordam os aspectos relacionados a estrutura de capital e preciso considerar as acoes em tesouraria como um fator importante. Assim, Damodaran (2007) comenta que a acao em tesouraria e caracterizada pela variacao de diluicao, onde o numero de acoes e ajustado com o intuito de refletir as opcoes em circulacao, mas os retornos esperados do exercicio sao adicionados ao valor do patrimonio liquido. Portanto, o indicador de retorno do patrimonio liquido pode ser influenciado pela variacao da diluicao das acoes em tesouraria. Diante do contexto apresentado, tem-se a seguinte questao para pesquisa: Qual a influencia do volume de acoes em tesouraria no desempenho economico financeiro de empresas brasileiras? Assim, para atingir a proposta de estudo tem-se o objetivo de identificar a influencia do volume de acoes em tesouraria no desempenho economico financeiro de empresas brasileiras.

Base da plataforma terica:
Estudos refletem o ante exposto e corroboram com a inferencia de que as acoes em tesouraria podem refletir no desempenho economico financeiro das organizacoes. O estudo de Melo, Tinoco e Yoshitake (2012) avaliaram os efeitos economicos e financeiros das combinacoes de negocios e, apontaram que em relacao ao retorno sobre o ativo a empresa nao conseguiu um desempenho na geracao de lucros em relacao aos recursos aplicados no seu ativo entre 2007 e 2008. Esta estrategia foi utilizada para alongar as dividas, acarretando em um acrescimo nas despesas financeiras. O acrescimo tambem foi causado pelas despesas de debentures emitidas para compra de acoes da propria companhia, conforme observado no acrescimo de acoes em tesouraria. Deste modo, percebe-se que o crescimento de acoes em tesouraria pode influenciar no aumento das despesas financeiras que impactam no retorno sobre o ativo. Nota-se que as acoes em tesouraria estao diretamente relacionadas com as operacoes de recompra. De acordo com Reuters (2014) quando uma empresa recompra suas proprias acoes, normalmente as destina para a permanencia em tesouraria, venda posterior e ou cancelamento. Staub, Martins e Rodrigues (2002) a permanencia das acoes em tesouraria e orientada por criterios estabelecidos pela legislacao societaria e provoca a retencao dos recursos relativos aos dividendos nao distribuidos. A venda posterior pode acontecer quando a acao estiver valorizada capitalizando o valor das acoes dos acionistas remanescentes, influenciando diretamente no lucro por acao (Schifrin & Johnson, 1997). Castro Junior e Yoshinaga (2013) explicam que a instrucao CVM N. 10/1980 tratou sobre recompra de acoes de uma forma mais especifica e a instrucao CVM N. 268/1997 estabelece que cada empresa nao pode manter em tesouraria acoes que sejam de sua emissao, na quantidade superior a 10% de cada classe de acoes, incluindo as mantidas em tesouraria por sociedades controladas e coligadas. Staub, Martins e Rodrigues (2002) mencionam que recompra das acoes acontece por estarem subavaliadas e que nessa condicao as acoes sao um bom investimento para os recursos disponiveis no caixa das organizacoes. Alem disso, quando a recompra sugere-se que o mercado tenha uma reacao positiva apresentado comportamento de alta nas acoes. Assim, o anuncio de uma recompra de acoes faz com que haja impulso sobre o desempenho organizacional. Nesta premissa, as acoes mantidas em tesouraria podem, quando negociadas afetar o desempenho organizacional. O interesse das empresas pela aquisicao de suas proprias acoes pode ser explicado por diversos motivos. O desejo de ajustar a estrutura de capital da empresa, a necessidade de reduzir o excesso de caixa como alternativa ao pagamento de dividendo ou sinalizacao para o mercado que e um dos motivos que leva as organizacoes a efetuar a recompra (Ikenberry, Lakonishok & Vermaelen (2000). Alem disso, a recompra de acoes com permanencia em tesouraria e frequentemente utilizada pelos gestores para aumentar o lucro por acao em periodos futuros (Grullon & Ikenberry, 2000).

Mtodo de investigao:
Para analisar identificar a influencia do volume de acoes em tesouraria no desempenho economico financeiro de empresas brasileiras, realizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, por meio de pesquisa documental. A populacao da pesquisa compreendeu as companhias abertas brasileiras com dados disponiveis na base de dados Economatica. A amostra foi delineada considerando as empresas que dispunham das informacoes necessarias para operacionalizacao das variaveis em estudo. Assim, primeiramente foram excluidas as empresas que nao continha informacoes sobre as variaveis dependentes Lucro por acao (LPA), Retorno sobre o patrimonio liquido (ROE), Retorno sobre o ativo (ROA), Margem liquida (ROS), Endividamento de curto prazo (ENDCP), Endividamento de longo prazo (ENDLP), EBTIDA e Valor de mercado (VME). Os dados sao nao balanceados em forma de painel e amostra ficou composta de 86 empresas para o ano de 2009, 94 empresas para 2010, 97 empresas para 2011, 90 empresas para 2012 e 107 empresas para 2013, totalizando em 474 observacoes. Os dados relacionados aos indicadores economico-financeiros das empresas foram coletados na base de dados Economatica para o periodo de 5 anos, sendo compreendidos entre os anos de 2009 a 2013. A definicao das variaveis utilizadas neste estudo procurou abranger aquelas que pudessem explicar a influencia do volume de acoes em tesouraria no desempenho economico financeiro de empresas brasileiras. Alem disso, esse conjunto de variaveis representam de forma mais objetiva o retorno gerado para os investidores e o retorno sobre os ativos das empresas. Estes indicadores sao dados contabeis disponiveis nas demonstracoes financeiras padronizadas, o que permite o seu uso com maior seguranca. Para verificar o relacionamento entre as variaveis apresentadas no Quadro 1 e seu comportamento longitudinal (anual), o estudo empregou a tecnica estatistica de analise de regressao linear multipla. Segundo Favero et al. (2009, p. 346), essa tecnica evidencia a relacao entre um conjunto de variaveis explicativas metricas ou dummies e uma variavel dependente metrica. Para aplicar a tecnica empregou-se o software SPSS versao 21.

Resultados, concluses e suas implicaes:
O volume de acoes em tesouraria (ATE) influencia negativamente no lucro por acao (1) ao nivel de significancia de 5% (0,005). E possivel inferir que as organizacoes que possuem maior volume de acoes em tesouraria tendem a apresentar menor lucro por acao. Por meio da analise em painel que visa mostrar a variacao do lucro por acao durante os anos de 2009 a 2013, foi possivel identificar que o lucro por acao manteve uma variacao normal de aumentos e baixas pouco significativos durante os 5 anos analisados. Alem disso, o maior volume de acoes em tesouraria (ATE) influencia negativamente no retorno sobre os ativos (3) ao nivel de significancia de 5% (0,002). As organizacoes que possuem maior volume de acoes em tesouraria tendem a apresentar menor retorno sobre seus ativos, corroborando com as evidencias de Melo, Tinoco e Yoshitake (2012) sobre a influencia do acrescimo de acoes em tesouraria e seu impacto no retorno sobre o ativo. Atraves da analise em painel foi possivel inferir que o retorno sobre os ativos apresentou pequena baixa que se manteve constante durante os 5 anos analisados. Em contrapartida, a variavel volume de acoes em tesouraria (ATE) influencia positivamente no endividamento de longo prazo (6) ao nivel de significancia de 5% (0,001). Para tanto, as organizacoes que possuem maior volume de acoes em tesouraria tendem a apresentar maior endividamento de longo prazo. A relacao apontada pode ser influenciada pelo fato de que as organizacoes nao estao distribuindo seus fluxos de caixa em forma de dividendos, mas estao exercendo a recompra de acoes, nao aproveitando os aspectos tributarios de beneficio da divida em relacao ao patrimonio liquido (David, Nakamura & Bastos, 2009). De maneira geral, as organizacoes podem estar utilizando dos fluxos de caixa disponiveis para a recompra de acoes e para executar as atividades operacionais buscando capital de terceiros o que faz com que aumente o endividamento de longo prazo. A analise em painel demonstra que durante os 5 anos houve pequena diminuicao constante no endividamento de curto prazo, por outro lado, houve pequeno aumento constante no endividamento de longo prazo, que pode ter sido ocasionado pelo aumento no volume de acoes em tesouraria das organizacoes. Do mesmo modo, o maior volume de acoes em tesouraria (ATE) influencia positivamente no EBTIDA (7) ao nivel de significancia de 5% (0,000). Portanto, as organizacoes que possuem maior volume de acoes em tesouraria tendem a apresentar maior EBTIDA, onde contribuem para a inferencia de que as empresas com maior lucratividade nao estao distribuindo dividendos, mas exercendo a recompra de acoes para manter em tesouraria (David et al. 2009). Alem disso, o resultado corrobora com Marinho et al. (2013) que menciona que os resultados do lucro liquido podem ser explicados para carteira de acoes. Verifica-se que durante os 5 anos as organizacoes mantiveram pequena variacao de aumento no EBTIDA. Alem disso, variavel volume de acoes em tesouraria (ATE) influencia positivamente no valor de mercado das empresas (8) ao nivel de significancia de 5% (0,000). Desta forma, as empresas com maior volume de acoes em tesouraria tendem a apresentar maior valor de mercado, corroborando com Staub, Martins e Rodrigues (2002) que o anuncio de uma recompra de acoes, faz com que haja impulso na valorizacao da empresa perante o mercado. Por outro lado, os achados de Castro Junior e Yoshinaga (2013) indicam que o mercado ignora uma sinalizacao oferecida pelos programas de recompra de acoes. O valor de mercado teve oscilacao que se manteve positiva e negativa durante os 5 anos analisados, estas variacoes nao ocasionaram grandes modificacoes no valor de mercado das organizacoes durante o periodo. Por fim, verifica-se que o volume de acoes em tesouraria (ATE) nao influenciam no retorno sobre o patrimonio liquido, na margem liquida e no endividamento de curto prazo, que respectivamente nao apresentaram significancia ao nivel de 5%. O resultado contraria a evidencia de que o volume de acoes em tesouraria pode influenciar no retorno sobre o patrimonio liquido (Damordaran, 2007).

Referncias bibliogrficas:
Bastos, D. D., Nakamura, W. T., & Basso, L. F. C. (2009). Determinantes da estrutura de capital das companhias abertas na america latina: um estudo empirico considerando fatores macroeconomicos e institucionais. RAM - Revista de Administracao Mackenzie, 10(6), 47-77. David, M., Nakamura, W. T., & Bastos, D. D. (2009). Estudo dos modelos trade-off e pecking order para as variaveis endividamento e payout em empresas brasileiras (20002006). Revista de Administracao Mackenzie,10(6). Fama, E. F. (1998). Market efficiency, long-term returns, and behavioral finance. Journal of financial economics, 49(3), 283-306. Gabrielli, M. F., & Saito, R. (2004). Recompra de acoes: regulamentacao e protecao dos minoritarios. RAE-Revista de Administracao de Empresas,44(4), 54-67. Griliches, Z. (1998). Patent statistics as economic indicators: a survey. In: R&D and productivity: the econometric evidence. University of Chicago Press, 287-343. Grullon, G., &; Ikenberry, D. L. (2000). What do we know about stock repurchases?. Journal of Applied Corporate Finance, 13(1), 31-51. Ikenberry, D., Lakonishok, J., & Vermaelen, T. (2000). Stock repurchases in Canada: Performance and strategic trading. The Journal of Finance, 55(5), 2373-2397. Lang, L., Ofek, E., & Stulz, R. (1996). Leverage, investment, and firm growth. Journal of financial Economics, 40(1), 3-29. Modigliani, F., & Miller, M. H. (1958). The cost of capital, corporation finance and the theory of investment. The American economic review, 261-297. Myers, S. C. (1977). Determinants of corporate borrowing. Journal of financial economics, 5(2), 147-175. Myers, S. C. (1984). The capital structure puzzle. The journal of finance,39(3), 574-592. Myers, S. C., & Majluf, N. S. (1984). Corporate financing and investment decisions when firms have information that investors do not have. Journal of financial economics, 13(2), 187-221. Staub, I. D., Martins, H. C., & Rodrigues, S. B. (2002). Governanca corporativa e criacao de valor para o acionista: da teoria a pratica, os impactos organizacionais e financeiros. Revista Economia & Gestao, 2(3). Yang, C. C. (2012). The effect of environmental management on environmental performance and firm performance in Taiwanese maritime firms. International Journal of Shipping and Transport Logistics, 4(4), 393-407. Fischmann, A. A., & Zilber, M. A. (2009). Utilizacao de indicadores de desempenho para a tomada de decisoes estrategicas: um sistema de controle. Revista de Administracao Mackenzie, 1(1).

 

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