Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 289, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 289

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Relacao Entre a Distribuicao de Riqueza Apresentada no DVA e o IDH-M dos Municipios Sede de Empresas Abertas

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Toda atividade economica e desenvolvida com a finalidade basica de gerar riquezas, seja para seus detentores diretos, ou para a sociedade em geral. Por conseguinte, a riqueza gerada e distribuida para todos os envolvidos, independente do grau de justica que e praticado no seu processo de reparticao. O resultado dessa distribuicao e a melhoria das condicoes de vida, seja para os detentores dos fatores produtivos ou para os detentores da capacidade laborativa. Se as empresas tem como finalidade gerar riquezas que, ao serem distribuidas, melhoram as condicoes de vida das pessoas envolvidas, capturadas pela medida do IDH de uma regiao, e de se esperar que o valor gerado e distribuido pelas entidades afete a medida desse indicador. Assim, supoe-se que haja relacao entre o valor distribuido pelas empresas, apresentado em seu DVA e o IDH dos municipios (IDH-M) onde elas atuam. Neste sentido, surge a questao a ser investigada na presente pesquisa: O IDH-M dos municipios tem associacao com a distribuicao de riqueza apresentado no DVA das empresas que possuem sede nesses municipios? Dessa forma, o objetivo da presente pesquisa e analisar a associacao entre o IDH-M dos municipios e a distribuicao das riquezas evidenciada na DVA das empresas abertas. Para alcancar esse objetivo, foram analisadas as informacoes publicadas na DVA relacionadas a distribuicao da riqueza das empresas listadas na BM&FBovespa que operam em um so municipio e o IDH-M desses municipios. A amostra e composta por 128 empresas que atuam em 15 municipios, entre os anos de 2009 a 2013.

Base da plataforma terica:
2.1 Demonstracao do valor adicionado - DVA De acordo com Purdy (1983), a teoria que fundamenta a DVA ve o lucro de uma empresa como o resultado de um esforco coletivo de todos os grupos participantes. De acordo com essa perspectiva, o lucro nao beneficia apenas os acionistas, como apresentado na Demonstracao do Resultado do Exercicio (DRE), mas a todos os envolvidos, cabendo, a gestao, a funcao de mediar e distribuir a riqueza gerada entre os participantes. Pode-se notar que a DVA e capaz de evidenciar a relacao da empresa com a sociedade, demonstrando se houve contribuicao para o desenvolvimento economico, que pode ser capturado por meio do IDH. Neste sentido, o proximo topico busca analisar os objetivos e a aplicacao do IDH que se relacionam com a riqueza gerada e distribuida pelas empresas. 2.2 Indice de desenvolvimento humano - IDH No Brasil, alem do IDH que mede o desenvolvimento humano do pais, o Programa das Nacoes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulga, com base em dados do IBGE, o Indice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), usando a mesma metodologia do IDH global. Esse indicador tem como vantagem o ajuste do IDH a realidade dos municipios, refletindo as especificidades e desafios de cada regiao. Outro fator importante do IDH-M e a sua adequacao da metodologia global ao contexto brasileiro. 2.3 Relacao da DVA com o IDH e hipoteses de pesquisa As empresas tem se destacado no cenario socioeconomico, em virtude da participacao nos processos produtivos e na geracao de emprego e renda. Essa participacao afeta a qualidade de vida e a reducao das desigualdades sociais, bem como o desenvolvimento de regioes e municipios (Marolli, 2011). Das empresas instaladas em um determinado municipio, de acordo com Costa, Guimaraes e Mello (2013), espera-se que empreguem a mao de obra local, com vistas a gerar beneficios para a comunidade, por meio da remuneracao e da circulacao de mercadorias e servicos. Com base na expectativa de que elas contribuam para o desenvolvimento das regioes onde estao instaladas e que essa contribuicao esteja expressa no valor adicionado, tem-se as oito hipoteses de pesquisas: H0 - O valor apresentado na DVA pelas empresas como distribuido aos empregados esta associado com o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam. H1 - O valor apresentado na DVA pelas empresas como distribuido aos empregados nao afeta o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam; portanto, nao esta associado com este indice. H2 - O valor apresentado na DVA, pelas empresas, como distribuido as tres esferas de governo, esta associado com o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam. H3 - O valor apresentado na DVA, pelas empresas, como distribuido as tres esferas de governo, nao afeta o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam; portanto, nao esta associado com esse indice. H4 - O valor apresentado na DVA pelas empresas como distribuido aos acionistas e credores esta associado com o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam. H5 - O valor divulgado na DVA pelas empresas como distribuido aos acionistas e credores nao afeta o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam; portanto, nao esta associado com esse indice. H6 - O valor apresentado na DVA pelas empresas, como valor adicionado a distribuir, esta associado com o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam. H7 - O valor apresentado na DVA pelas empresas, como valor adicionado a distribuir, nao afeta o IDH-M dos municipios onde as empresas atuam; portanto, nao esta associado com esse indice.

Mtodo de investigao:
3 METODOLOGIA Com base nas hipoteses e suas associacoes entre o IDH-M e o valor distribuido pelas empresas, do ponto de vista metodologico, a presente pesquisa pode ser considerada de carater descritivo (GIL, 2002), pois procura delinear a associacao entre a riqueza distribuida pelas empresas e o IDH-M dos municipios sede. No que diz respeito aos procedimentos tecnicos de coleta e analise de dados, configura-se como documental (GIL, 2002; SILVA, 2003). A principal fonte documental usada neste estudo foi a DVA publicada no conjunto de demonstracoes contabeis das empresas analisadas. Quanto a forma de abordagem do problema, caracteriza-se como pesquisa quantitativa, uma vez que foram utilizados instrumentos estatisticos para verificar a relacao entre os valores distribuidos de riqueza pelas empresas e o IDH-M dos municipios onde elas estao localizadas. A coleta dos dados foi efetuada a partir das DVAs publicadas na BM&FBOVESPA entre os periodos de 2009 a 2013. A populacao pesquisada compreende as 460 empresas listadas na BM&FBOVESPA. Com base nos dados da populacao, foram selecionadas 128 empresas que apresentavam atividades concentradas em apenas um municipio. A partir desse criterio, foram verificados os municipios de localizacao das empresas e o IDH desses municipios para analise da associacao entre o IDH-M e o valor adicionado e distribuido pelas organizacoes. Desta forma, a amostra e composta por 15 municipios que constituem a amostragem do IDH. Para a analise, foram utilizados os dados do IDH-M medido pelo IBGE em 2010, disponivel no sitio do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil. Para o diagnostico da associacao entre o IDH-M dos municipios sede das empresas e o valor distribuido por estas, foi utilizada a analise dos coeficientes de correlacao de Pearson, por meio do programa Excel 2011.

Resultados, concluses e suas implicaes:
4 RESULTADOS E DISCUSSAO Os resultados encontrados na pesquisa surpreendem as expectativas sobre a existencia de algum nivel de associacao significativa. As causas provaveis dessa ausencia podem ser muitas. No que diz respeito aos dados da pesquisa, destaca-se que esse fator pode ser provocado pelo tamanho das empresas da amostra. Como o criterio de selecao das empresas para a amostra era operar em um unico municipio, a maioria das empresas, apesar de ser empresa aberta, nao possui a capacidade de afetar a renda dos municipios onde elas atuam. Outro fator a ser ressaltado e o tamanho dos municipios da amostra. Municipios como Sao Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre sao menos impactados pelo valor adicionado, distribuido por um grupo de empresas, fazendo com que o efeito no IDH-M advenha de outros fatores nao capturados na amostra das empresas, objeto da pesquisa. Como resposta a questao de pesquisa, verificou-se que o IDH-M dos municipios pesquisados nao apresentou associacao significativa com a distribuicao de riqueza exposta na DVA das empresas locais. Com base nos coeficientes de correlacao apurados e analisados, constata-se que a associacao entre o IDH-M dos municipios e a distribuicao da riqueza gerada pelas empresas abertas, que concentram suas atividades em um unico municipio, e muito baixa. Assim, e possivel deduzir que o valor agregado distribuido aos stakeholders nao afeta diretamente as condicoes de renda, longevidade e melhorias de vida que, consequentemente, impactam no IDH-M dos municipios. Destaca-se a possibilidade de que o IDH-M possa nao ser suficiente para captar a relacao entre o valor adicionado evidenciado na DVA e o nivel de desenvolvimento humano, provocado pela distribuicao da riqueza realizada pelas empresas. Isso pode resultar do fato de que os recursos distribuidos em um municipio tenham sido direcionados a determinado problema social o qual pode nao ter sido capturado no IDH-M de 2010, tendo em vista nao ter, ainda, ocasionado resultados suficientes para afetar os indicadores. Ou ainda, os indicadores municipais agregados nao revelam a heterogeneidade social que caracteriza os municipios de maior porte que fazem parte da amostra. Do ponto de vista da utilidade da DVA, como o relatorio que demonstra quanto a empresa esta contribuindo para a geracao de riqueza em determinada regiao (De Luca, 1998), verifica-se que essa riqueza nao esta sendo captada pelos indicadores de desenvolvimento humano. Essa constatacao sugere que os stakeholders beneficiados pela distribuicao do valor adicionado das empresas, de um lado, estao sendo penalizados quando esses mesmos recursos nao se convertem em melhores condicoes de vida para a populacao onde os mesmos trabalham. Do ponto de vista macroeconomico, os resultados nao corroboram as afirmacoes de Morley (1979) e De Luca (1998), tendo em vista a ausencia de associacao entre os valores evidenciados pelas empresas e o IDH-M dos municipios. Para os autores, a DVA e vista como um substituto para mensurar o PIB. Por outro lado, Peruzzolo (2006) afirma que o IDH e um indicador melhor que o PIB e tem o potencial de representar dimensoes adicionais ao ser apresentado pelo PIB. No entanto, os resultados desta pesquisa nao demonstram essa capacidade destacada pelos autores. A ausencia de associacao entre a DVA e o IDH-M dos municipios evidencia a necessidade de analisar, com maior profundidade, a possibilidade de a DVA servir como indicador de desenvolvimento economico, em substituicao ao PIB, pela sua capacidade de demonstrar a riqueza gerada e distribuida pelas empresas.

Referncias bibliogrficas:
REFERENCIAS ADROGUE, C; CRESPO, R. (2010). Implicit assumptions when measuring in economics: the Human Development Index (HDI) as a case study. Revista Cultura Economica, [s.l.], n. 79, p. 33-42, Diciembre. ATRILL, P; McLANEY, E. (2005). Financial accounting for decision makers. 4. ed. London: Prentice Hall. COSTA, C. L. O. GUIMARAES, T. R. MELLO, L. C. B. B. (2013) Os possiveis beneficios gerados pela obrigatoriedade da publicacao da demonstracao do valor adicionado pelas empresas de capital aberto. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciencias Contabeis da UERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 77-93, set./dez. COSTA, D. M. (2002) O Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil a partir de 1995: uma analise critica das politicas publicas durante a gestao FHC a partir da proposta de uma nova metodologia de calculo o indice de desenvolvimento humano ampliado (IDHA). Monografia (Bacharelado em Ciencias Economicas) Faculdades Integradas Antonio Eufrasio de Toledo, Sao Paulo. CUNHA, J. V. A. RIBEIRO, M. S. SANTOS, A. (2005). A demonstracao do valor adicionado como instrumento de mensuracao da distribuicao da riqueza. R. Cont. Fin. USP, Sao Paulo, n. 37, p. 7 23, Jan./Abr. DE LUCA, M. M. M. (1998). Demonstracao do valor adicionado: do calculo da riqueza criada pela empresa ao valor do PIB. Sao Paulo: Atlas. MEEK, G. K. GRAY, S. J. (1988). The value added statement: an innovation for US companies? Accounting Horizons, [s.l.], v. 2, n. 2, Jun. p. 73-81. MORLEY, M.F. (1979). The value added statement in Britain. The Accounting Review, Sarasota, v. 54, n. 3, Jul.

 

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