Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 345, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 345

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Relacao da Teoria da Sinalizacao com o desempenho das Empresas a partir dos seus Indicadores de Performance de DivulgacaoVoluntaria

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Em um mercado considerado eficiente, a informacao deve ser disponivel a todos os agentes racionais, para que estes tomem as melhores decisoes possiveis com a finalidade de maximizarem seus lucros. Neste sentido, com o objetivo de reduzir a assimetria da informacao, as empresas visam disponibilizar informacoes para seus atuais e potenciais investidores (DAINELLI; BINI; GIUNTA, 2013). Com isso, o mercado de acoes, quando baseado em decisoes de agentes racionais, reflete decisoes economicas que estejam pertinentes com a qualidade da informacao e rentabilidade das acoes (GROSSMAN; STIGLITZ, 1980; RASMUSEN, 1987; LAFFONT, 1989; ARMSTRONG; GUAY; WEBER, 2010). Esse comportamento no mercado de acoes pode ser a associado a teoria da sinalizacao que foi desenvolvida para ajudar a explicar como os tomadores de decisao interpretam e reagem a situacao onde as informacoes disponiveis sao incompletas e assimetricamente distribuidas dentre os agentes de um mercado (SPENCE, 1973, 1974). Buscando eliminar a assimetria da informacao, as empresas comecaram a incluir uma quantia crescente de divulgacoes minuciosas e voluntarias em seus demonstrativos anuais ao longo do tempo, buscando desta forma, superar as limitacoes de informacao financeira obrigatoria e reduzir as assimetrias de informacao entre os investidores do mercado (MEEK et al., 1995; HEALY; PALEPU, 2001). Diversas pesquisas tem investigado as divulgacoes voluntarias para confirmar a Teoria da Sinalizacao e evidencias empiricas mostram alguns resultados conflitantes. Com base nos trabalhos ja desenvolvidos, objetivou-se identificar a presenca de mecanismos de sinalizacao no mercado brasileiro, por meio da divulgacao de informacoes nos demonstrativos financeiros anuais.

Base da plataforma terica:
A assimetria informacional existe no momento em que os resultados reportados pelos informantes nao sao apresentados da forma esperada pelos usuarios da informacao. Atraves do processo de sinalizacao, essa assimetria de informacoes entre os gestores e stakeholders do mercado de acoes pode ser reduzida. Desta forma, objetivando explicar este processo, surge a teoria da sinalizacao que tem o objetivo de identificar como a sinalizacao da informacao pode diminuir a assimetria informacional. Tal teoria pode explicar o comportamento de duas partes (individuos ou organizacoes) que tem acesso a informacoes diferentes. Normalmente, o remetente deve escolher se quer e como quer sinalizar as informacoes, e a outra parte, o receptor, deve escolher como interpretar o sinal, tal como descrito por Connelly et al. (2011). Alguns estudos internacionais e nacionais trataram desta tematica da pesquisa, como, o estudo de Penman (1980) associou a ocorrencia da sinalizacao com a divulgacao de previsoes de lucros e descobriu que empresas com bons resultados, no intuito de se diferenciar de empresas com fraco desempenho, divulgam previsoes de lucros de forma voluntaria com maior frequencia. Da mesma forma, Clarkson, Dontoh, Richardson, e Sefcik (1992), no estudo de empresas canadenses que abriram seu capital, encontraram que empresas que divulgam suas previsoes de lucros tendem a possuir melhores desempenhos do que as que nao divulgam. Miller (2002) investigou a divulgacao de resultados esperados/projetados e encontrou uma forte relacao entre a rentabilidade e a quantidade, local e tipo de divulgacao por parte das empresas. Ja no Brasil, estudos como o de Ponte et al. (2007) indicou que as demonstracoes contabeis publicadas passaram a incluir maior volume de informacoes contabeis de natureza avancada e nao-obrigatoria, em virtude do apelo da sociedade para adocao de boas praticas de governanca corporativa. Para Salotti e Yamamoto (2008) ao avaliarem os motivos da divulgacao voluntaria da DFC, foi encontrado que as companhias abertas que divulgavam, voluntariamente, a DFC tinham melhor desempenho, menores custos de divulgacao e maiores niveis de assimetria informacional e houve uma diminuicao desses niveis provocada pela divulgacao. Ainda no cenario brasileiro, Murcia e Santos (2009), no estudo sobre as praticas de disclosure voluntario das companhias abertas no Brasil, constataram uma grande heterogeneidade no disclosure das empresas analisadas. Klann e Beuren (2011) afirmam que esse tipo de evidenciacao voluntaria pode contribuir para as empresas brasileiras, facilitando o acesso ao capital e diminuindo o seu custo de captacao. Diferentemente dos autores citados, que se dedicaram especificamente aos indicadores de desempenho contabil, a presente pesquisa investiga tanto os indicadores de desempenho financeiros quanto os nao-financeiros. Assim como Dainelli, Bini e Giunta, (2013), outro diferencial a ser destacado e o fato da pesquisa basear-se em informacoes voluntarias de valor incremental, isto e, nao devem ser apenas voluntarias mas devem abranger tambem informacoes complexas capazes de respaldar os investidores para a sua tomada de decisao estrategica como colocado pelo Comite de Orientacao para Divulgacao de Informacoes ao Mercado (CODIM), atraves do Pronunciamento de Orientacao no 13, de 15 de junho de 2012.

Mtodo de investigao:
A pesquisa se caracteriza como descritiva, de abordagem quantitativa desempenhada por meio da analise documental. O desenvolvimento metodologico do estudo consiste em testar a Teoria da Sinalizacao, avaliando a relacao entre o desempenho das empresas (variaveis independentes) com a divulgacao de indices de carater incremental (variavel dependente). A amostra e composta por empresas listadas na Bovespa, delimitando-se aquelas que compuseram o Indice Brasil, IBrX-100, do ano de 2013. Bancos e demais empresas financeiras foram eliminados da amostra por possuirem regimento diferenciado, como aponta o estudo de Hossain, Tan e Adams (1994). Dentro desse universo, a amostra consistiu em um total de 76 empresas, destas, 16 foram excluidas por falta de dados, ao todo 60 empresas foram investigadas. A coleta de dados ocorreu atraves de demonstrativos e relatorios anuais de carater publico adquiridos por meio da base de dados da Economatica, da BM&F Bovespa e da busca individual de cada relatorio por meio de acesso ao website de cada umas das empresas investigadas. Para definicao do indices de carater incremental, variavel dependente, utilizou-se do estudo de Dainelli, Bini e Giunta (2013), atentando-se aos criterios estabelecidos para reconhecimento das informacoes incrementais, nos relatorios anuais de cada empresa foram identificadas informacoes de indices financeiros e nao-financeiros de carater voluntario. Para o estabelecimento das variaveis independentes, com base na literatura existente, a rentabilidade da empresa foi definida por meio do indice de Rentabilidade do Ativo (ROI). Ja para definir o tamanho das companhias utilizou-se: Total de Vendas, Valor de Mercado e Total de Ativos. E para definir o risco das companhias, utilizou-se o Beta Index. Como a presente pesquisa investiga o processo de divulgacao voluntaria e incremental das empresas, foi relacionado o numero de indicadores de performance informados voluntariamente com a variacao ocorrida de 2012 para 2013 dos valores referentes a rentabilidade, tamanho das empresas e risco. A pesquisa, por meio do software Gnu Regression, Econometrics and Time-series Libray (gretL 1.9.92) , estimou um modelo de analise de regressao multipla para identificar a relacao entre o numero de indicadores de performance incrementais com a rentabilidade, o tamanho das empresas e o risco.

Resultados, concluses e suas implicaes:
A estatistica descritiva dos dados indica que o nivel de divulgacao do indice voluntario incremental das companhias sao relativamente baixo, apresentando um percentual medio de 19% de divulgacao, e atingindo um nivel maximo de 64% de indices de divulgacao incremental voluntaria. Analisando as hipoteses do estudo, buscou-se inicialmente identificar se o numero de indicadores de performance (com valor incremental) publicados no relatorio anual da empresa esta positivamente relacionado com a rentabilidade da empresa. Porem, os resultados estimados mostraram significancia (p-valor = 0,00006) na relacao negativa entre a Rentabilidade e o nivel de Divulgacao dos Indices Voluntarios. Verificando assim que quanto maior rentabilidade de uma empresa menor sera o nivel de divulgacao voluntaria incremental, como tambem descreve o estudo de Inchausti (1997), desenvolvido na Espanha. Nesse sentido, foi possivel observar aspectos da Teoria da Sinalizacao de acordo com os resultados obtidos no modelo, visto que empresas com menor rentabilidade buscam se diferenciar de outra forma ao divulgarem informacoes incrementais, de modo que influenciem as decisoes de investimento e se beneficiem, como tambem foi apontado no estudo Alves e Graca (2013). Outro aspecto da pesquisa e a relacao do nivel de IDV com tamanho de uma entidade. A hipotese da pesquisa procurou testar se o numero de indicadores de performance (com valor incremental) publicados no relatorio anual da empresa esta positivamente relacionado com o tamanho da empresa. Para tanto foram determinadas as variaveis de tamanho, representadas pelo Ativo Total (AT), Receita Total (RT) e Valor de Mercado (VM). A relacao destas varaveis com o IDV no modelo evidenciaram significancia no nivel de 1% para RT e significancia de 5% para AT e VM. O modelo explica que quanto maior for a variacao do Valor de Mercado e da Receita Total menor sera o nivel de divulgacao voluntaria. Por outro lado, existe uma relacao positiva entre o Ativo Total e o IDV. No entanto, a relacao mais significativa se refere a variavel RT. Os achados revelam um comportamento oposto a pesquisa de Dainelli, Bini e Giunta (2013), a qual nao obteve relacao significativa entre divulgacao voluntaria e Receita Total. O que permite inferir que quando as empresas diminuem seu volume de vendas tendem a sinalizar mais informacoes de carater voluntario. Em relacao ao Risco, a pesquisa testou se empresas que possuem maior risco apresentam um nivel maior de divulgacao voluntaria, todavia o modelo nao indicou relacao entre a variavel de Risco (Beta Index) e o IDV. Diferentemente da pesquisa de Dainelli, Bini e Giunta (2013) que indicou quanto maior o grau de risco mais as empresas estao inclinadas a publicar indicadores de performance. Expostos os resultados da pesquisa, concluiu-se que, entre os achados da pesquisa, evidenciou-se que o processo de sinalizacao atraves de indicadores voluntarios ocorreu de maneira discreta, nao havendo uma alto nivel de divulgacao voluntaria. Das praticas de divulgacao voluntaria em relacao a Teoria da Sinalizacao, a pesquisa encontrou uma forte relacao do Indicadores de Divulgacao Voluntaria com a variacao da Rentabilidade e do Tamanho das empresas, em contraste, no que se refere aos niveis de risco nao houve associacao significativa. Em geral, o estudo provou que empresas tendem a sinalizar atraves de seus indicadores de performance voluntarios quando ocorre uma queda no desempenho. Assim, atraves dos resultados do estudo, verificou-se que empresas divulgam informacao na busca reduzir a assimetria informacional para convencer aos seus usuarios externos que estao agindo de forma optimizada, assim como identificado no estudo de Watson et al. (2002). Como limitacao da pesquisa tem-se a restricao da amostra a 60 empresas, sugere-se que estudos posteriores facam uma pesquisa com uma populacao maior e que possam ser acrescentadas mais variaveis.

Referncias bibliogrficas:
Dainelli, F., Bini, L., & Giunta, F. (2013). Signaling strategies in annual reports: Evidence from the disclosure of performance indicators. Advances in Accounting, 29(2), 267-277. Healy, P.M., &Palepu, K.G. (2001). Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital markets: a review of the empirical disclosure literature, Journal of Accounting and Economics, 31(1/3), pp. 405440. Klann, Roberto Carlos; Beuren, Ilse Maria (2011). Caracteristicas de empresas que influenciam o seu disclosure voluntario de indicadores de desempenho BBR - Brazilian Business Review, vol. 8, num. 2, abril-junio, pp. 96-118. Miller, G. S. (2002). Earnings performance and discretionary disclosure. Journal of Accounting Research, 40(1), 173204. Penman, S. (1980). An empirical investigation of the voluntary disclosure of corporate earnings forecasts. Journal of Accounting Research, 18(1), 132160. Watson, A., Shrives, A. P., & Marston, C. (2002). Voluntary disclosure of accounting ratios in the UK. The British Accounting Review, 34(4), 289313.

 

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