Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Código: 64

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Determinantes do Reconhecimento das Perdas por Impairment do Goodwill

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A imparidade do goodwill conhecida como a diferena resultante do valor contbil do gio e do seu valor justo. Lander e Reinstein (2003) destacam que se o valor contbil do goodwill exceder ao seu valor justo estimado, significa que o ele est desvalorizado e, nesse caso, uma perda por impairment dever ser reconhecida. A valorao do valor recupervel do gio no algo simples de ser estimada. Exige um profundo conhecimento sobre os mtodos de avaliao dos ativos tangveis e intangveis (Seetharaman, Sreenivasan, Sudha & Yee, 2006). Li, Shroff, Venkataraman e Zhang (2011) destacam que h subjetividade ao estimar a perda por impairment com base em valores justos, o que pode reduzir a qualidade das informaes contbeis. Diante do exposto, esta pesquisa visa responder seguinte questo: quais os determinantes do reconhecimento das perdas por impairment do goodwill? No intuito de responder a esta questo, o objetivo do estudo consiste em verificar os determinantes do reconhecimento das perdas por impairment do goodwill. O estudo justifica-se por utilizar um conjunto de variveis identificadas com base na reviso da literatura, as quais diferem dos demais estudos j realizados. Diante disso, h a possibilidade de contribuir com o estado da arte em relao temtica, fornecendo subsdios sobre fatores que podem ajudar a explicar o reconhecimento das perdas por impairment do goodwill em empresas brasileiras. Alm disso, como tais perdas influenciam o resultado da empresa, pode-se considerar como oportuno este estudo para a rea de pesquisa relacionada ao gerenciamento de resultados (Martinez, 2006; Amaro et al., 2013).

Base da plataforma terica:
A varivel Book to Market (BM) corresponde ao retorno das aes (Zang, 2008), o que indica o crescimento da empresa (Jarva, 2009). Empresas com BM mais elevados tendem a ter maior nmero de ativos depreciados (Francis et al., 1996), em decorrncia do seu crescimento. H1: H uma relao significativa e positiva entre o Book to Market e o reconhecimento das perdas por impairment do goodwill (IG). Empresas com diversas unidades geradoras de caixa podem aumentar a perda por IG, alocando a maior parte do gio para unidades que tenham valores recuperveis menores do que seus valores contbeis. Em contrapartida, esta varivel pode ser utilizada para diminuir ou evitar a perda por impairment nos gios, alocando dessa forma, a maior parte do gio para as unidades geradoras de caixa que tenham valores recuperveis maiores do que seus valores contbeis (Abughazaleh et al., 2011). H2: H uma relao significativa entre a quantidade de Unidades Geradoras de Caixa e o reconhecimento das perdas por IG. A varivel turnover corresponde ao volume de negcios e representa uma medida bruta de desempenho da empresa, a qual medida pela variao das receitas totais das empresas (Abughazaleh et al., 2011). Espera-se que quanto maiores forem as receitas, maiores sero os fluxos de caixa para clculo do valor em uso do IG, o que influencia no no reconhecimento das perdas por impairment. H3: H uma relao significativa e negativa entre o turnover e o reconhecimento das perdas por IG. A variao do fluxo de caixa determina o valor das perdas por IG, desde que as estimativas do valor em uso sejam dependentes de projees de fluxo de caixa. Ao se gerar fluxos de caixa inferiores, tem-se o aumento da probabilidade do impairment (Abughazaleh et al., 2011). H4: H uma relao significativa e negativa entre a variao do fluxo de caixa operacional e o reconhecimento das perdas por IG. O valor do goodwill demonstra que uma empresa com maior quantidade de ativos pode reportar mais perdas por IG, pelo fato de que a quantidade dos ativos expostos aos testes maior (Zang, 2008). H5: H uma relao significativa e positiva entre o valor do goodwill e o reconhecimento das perdas por IG. Segundo Zang (2008), empresas com maior variao do ROA esto sujeitas a perdas por IG menores. Para Rield (2004) e Abughazaleh et al. (2011), empresas com menor variao do ROA tendem a ter maior quantidade de perdas por impairment de ativos. H6: H uma relao significativa e negativa entre a variao do ROA e o reconhecimento das perdas por IG. Empresas que possuem restries so mais propensas a subestimar a perda por IG. Empresas com maior alavancagem podem ser mais relutantes na evidenciao de perdas por IG (Zang, 2008; Abughazaleh et al., 2011). H7: H uma relao significativa e negativa entre a alavancagem financeira e o reconhecimento das perdas por IG. Uma nova gesto pode reconhecer maiores perdas por IG atribuindo sua causa s ms decises de seus antecessores (Zang, 2008). Em contrapartida, para Francis et al. (1996), a mudana de gesto pode estar relacionada a baixas perdas por impairment, para que se tenham melhores valores de ativos. H8: H uma relao significativa entre a mudana de gesto e o reconhecimento das perdas por IG como incentivo ao gerenciamento de resultados.

Mtodo de investigao:
O presente estudo caracteriza-se como descritivo, documental e quantitativo. A populao do estudo compreendeu as empresas listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de So Paulo (BM&FBOVESPA). A amostra composta pelas empresas que apresentaram valor contabilizado na conta perda por impairment do goodwill e que dispunham de todas as informaes necessrias para a consecuo deste estudo, totalizando 43 empresas. A coleta de dados ocorreu por meio da utilizao da base de dados Economtica e Thomson One Banker. Os dados coletados correspondem aos perodos de 2009 a 2013. O modelo foi adaptado do estudo de Abughazaleh et al. (2011). O clculo da variao do ROA foi realizado com base no estudo de Francis et al. (1996). Alm disso, foram includas duas novas variveis, Alavancagem Financeira (ALAV), de acordo com estudo de Zang (2008), e a Mudana de Gesto (MGEST), conforme os estudos de Francis et al. (1996), Rield (2004) e Zang (2008). Dessa forma, a alavancagem financeira e a mudana de gesto, relacionadas ao reconhecimento das perdas por impairment do goodwill, so consideradas incentivos para o gerenciamento de resultados. A seguir apresenta-se o modelo: IMPGOODW: ALAV + MGEST + BM + UGC + TURN + ?FCO + ?ROA + GOODW Aps a coleta, para o tratamento e anlise dos dados foi utilizada a regresso de dados em painel do tipo POLS, por meio do software STATA.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Os resultados demonstraram que apenas os fatores Unidade Geradora de Caixa (UGC) e turnover (TURN) foram significantes para determinar as perdas por impairment do goodwill. Este resultado indica que quanto maior a quantidade de UGC e maior o TURN, maiores foram as perdas por impairment do goodwill reconhecidas pelas empresas da amostra. Empresas com vrias UGC podem aumentar as perdas por impairment do goodwill ao alocar a maior parte do gio para as unidades geradoras de caixa que tenham valores recuperveis menores do que seus valores contbeis (Abughazaleh et al., 2011). J empresas com maior volume de negcios, devido ao seu nmero de ativos, tendem a ter maiores perdas por impairment do goodwill. Dessa forma, a hiptese H2 no foi rejeitada. A hiptese H3 foi rejeitada, pois esperava-se uma relao significativa e negativa. Os fatores Book to Market, variao no fluxo de caixa, goodwill e variao no ROA no apresentaram efeitos significativos nas empresas da amostra, levando rejeio das hipteses H1, H4, H5 e H6 do estudo. As variveis alavancagem e mudana de gesto, que poderiam representar incentivos ao gerenciamento de resultados no reconhecimento das perdas por impairment do goodwill, no foram significativas, rejeitando-se assim, as hipteses H7 e H8. Isto indica que estas variveis no se constituem incentivos ao gerenciamento de resultados por meio das perdas por impairment do goodwill nas empresas analisadas. Diante disso, conclui-se, de modo geral, que diferentemente de estudos internacionais, as perdas por impairment do goodwill reconhecidas nas empresas analisadas no foram determinadas por fatores especficos, no sendo possvel estabelecer motivaes particulares que levaram essas empresas a reconhecer tais perdas. Foram encontradas limitaes para a execuo deste estudo. A amostra se limitou apenas s empresas que em algum dos anos analisados divulgaram o valor das perdas por impairment do goodwill. Alm disso, possvel que outros fatores determinantes para as perdas por impairment do goodwill no tenham sido considerados, o que abre a possibilidade de novos estudos nessa direo. Sugere-se ainda a continuidade de estudos com o enfoque no gerenciamento de resultados, abrangendo outras contas em que h oportunidade de ocorrer o gerenciamento. Outra sugesto seria o desenvolvimento deste estudo com outra amostra, a fim de comparar os resultados, bem como a utilizao de outros pases.

Referncias bibliogrficas:
Abughazaleh, N. M., Al-Hares, O. M. & Roberts, C. (2011). Accounting discretion in goodwill impairments: UK evidence. Journal of International Financial Management & Accounting, 22(3), 165-204. Francis, J., Hanna J. D. & Vincent L. (1996). Causes and Effects of Discretionary Asset Write-Offs. Journal of Accounting Research, 34, 117134. Riedl, E. J. (2004). An Examination of Long-Lived Asset Impairments. The Accounting Review, 79, 823852. Zang, Y. (2008). Discretionary behavior with respect to the adoption of SFAS no. 142 and the behavior of security prices. Review of Accounting and Finance, 7(1), 38-68. Jarva, H. (2009). Do firms manage fair value estimates? An examination of SFAS 142 goodwill impairments. Journal of Business Finance & Accounting, 36(9-10), 1059-1086. Lander, G. H. & Reinstein, A. (2003). Models to measure goodwill impairment. International Advances in Economic Research, 9(3), 227-232. Li, Z., Shroff, P. K., Venkataraman, R. & Zhang, I. X. (2011). Causes and consequences of goodwill impairment losses. Review of Accounting Studies, 16(4), 745-778. Seetharaman, A., Sreenivasan, J., Sudha, R. & Yee, T. Y. (2006). Managing impairment of goodwill. Journal of Intellectual Capital, 7(3), 338-353.

 

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