Anais do XII Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 279, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 279

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Relacao risco-retorno dos fundos de Renda Fixa versus fundos de Renda Variavel no Brasil

Resumo:
Propsito do Trabalho:
Para a minimizacao dos riscos, nos ultimos tempos uma das alternativas mais acessiveis oferecidas pelo mercado financeiro sao os diversos tipos de Fundos de Investimentos. Fonseca et al. (2007) complementam que os fundos de investimentos permitem que os pequenos investidores tenham acesso a melhores condicoes de mercado, menores custos e contem com a administracao profissional. Desta forma, com o proposito de compreender o funcionamento dos mercados e avaliar solucoes para racionalizacao de decisoes referentes a aplicacoes, surge a questao que norteou esta pesquisa: Fundos de Investimento em Renda Fixa sao superiores em termos de risco-retorno a Fundos de Renda Variavel no Brasil entre janeiro de 2001 a marco de 2014? Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa consiste em comparar se fundos de investimento em Renda Fixa sao superiores em termos de risco-retorno a fundos de Renda Variavel no periodo de janeiro de 2001 a marco de 2014. A relevancia deste trabalho esta no fato do mesmo poder auxiliar investidores, que se aventuram a estudar e compreender um pouco mais sobre o tema, na identificacao da melhor opcao de investimento. Ja que o risco esta comumente presente nas decisoes de investimentos, e para Morin e Suarez (1983) a aversao ao risco aumenta com o passar do tempo, impactando em uma reducao no comportamento mais arriscado pelos investidores, evidenciar categorias que apresentem maior grau de risco-retorno e relevante para aqueles que possuem capital disponivel e vao optar pelo investimento em fundos multimercados.

Base da plataforma terica:
Ha indicios de que os fundos de investimentos surgiram na Europa no seculo XIX, sendo o primeiro o The Foreing and Colonial Government Trust, formado na Inglaterra em 1868 (Gremillion, 2005). Ja no Brasil o primeiro fundo de investimento iniciou suas operacoes em 18/01/1957, o mesmo foi denominado Crescinco e decorreu de iniciativa do grupo Rockefeller, por meio do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC) (Eduardo, 2008). Compreender o conceito de retorno, incerteza e risco e o primeiro passo para investidores que estimem sucesso futuro. Desta forma, retorno pode ser conceituado como o ganho ou perda decorrente de um investimento para um intervalo de tempo fixado (Duarte, 2005, p. 1). No ano de 2004 houve a edicao da Instrucao 409 pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) (CVM, 2004) que estabeleceu novas regras para os fundos de investimentos brasileiros, esta Instrucao consolidou em um unico instrumento as antigas normas dos fundos de Renda Fixa (RF), que eram de atribuicao do Banco Central (BACEN) e dos fundos de Renda Variavel (RV). A CVM classifica os fundos em sete categorias, que sao: curto prazo; referenciado; renda fixa; acoes; cambial; divida externa; e multimercado. A Circular BACEN n 2.688 de 5 de junho de 1996 (BACEN, 1996) que dispoe sobre a aplicacao de recursos de fundos de investimentos brasileiro, expoe que as aplicacoes dos fundos devem estar representadas por ativos financeiros e/ou modalidades operacionais disponiveis no ambito do mercado financeiro, exceto Titulos de Desenvolvimento Economico (TDE) e quotas do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS). Lima et al. (2004) apresentam uma classificacao detalhada, definida pelo BACEN para os fundos de investimento em Renda Fixa, que sao: FIFs referenciados; FIFs nao referenciados (baixo risco); e FIFs genericos. Esta modalidade de fundos, de acordo com o Banco Bradesco (2005), apresenta riscos elevados no curto prazo, mas no longo prazo, historicamente, apresentam melhores rentabilidades quando comparados com os fundos de Renda Fixa. Rassier (2004) ressalta que os fundos de Renda Variavel, devido ao perfil de risco a que estao vinculados e ao conservadorismo do investidor brasileiro, representam uma parcela pequena de patrimonio quando comparado aos fundos de Renda Fixa. Segundo a Revista Clube de Vienna (2014) pode-se citar como os maiores representantes dentro da classe investimentos de Renda Variavel as acoes, subdivididas em: fundos de Renda Variavel (fundos de acoes, multimercados e outros) e commodities; e as moedas divididas em mercados derivativos. Como forma de calcular a performance destes dois tipos de carteiras o indexador mais utilizado como parametro para os fundos de Renda Variavel e o indice da Bolsa de Valores de Sao Paulo (Ibovespa), ja para os fundos de Renda Fixa e o Certificado de Deposito Interbancario (CDI). Schreiber (2008) expoe que durante a crise o mercado de acoes se tornou bastante volatil e o cenario ainda e composto por muitas incertezas. Iquiapaza (2009) complementa que no Brasil, em 2008, houve reducao dos montantes de aplicacoes financeiras na maioria das categorias de fundos, principalmente na de acoes. Essa perda foi produto da reducao do valor dos investimentos como dos resgates efetuados pelos investidores Como os investidores sao um tanto quanto conservadores e avessos ao risco, o efeito da crise economica nao poderia deixar de afetar diretamente a rentabilidade dos fundos de investimentos.

Mtodo de investigao:
Para obtencao da rentabilidade mensal dos fundos, os dados foram coletados no Sistema de Informacoes da ANBID e, quando necessario, foi consultado os sites dos administradores dos fundos selecionados para analise. Este estudo abordou o periodo de aproximadamente 13 anos, de janeiro de 2001 a marco de 2014, estes anos foram escolhidos para dar continuidade e cotejar os resultados encontrados por Fonseca et al. (2007), ao qual abordaram o periodo de maio de 2001 a maio de 2006. Quanto a analise dos dados obtidos, com o calculo dos indicadores de performance, foram realizados testes de hipoteses, teste t, com as medias dos retornos dos grupos de fundos e com as variancias dos mesmos. Como limites deste estudo destacam-se: a) existencia de outras variaveis estatisticas de avaliacao de performances conhecidas como: indice de Treynor (IT); indice de Jensen (IJ); Modigliani; dentre outras, porem este estudo contemplou os indice de Sharpe (IS) e indice Sortino (ISor); b) os calculos serao efetuados apenas para os fundos em atividade durante o periodo analisado, o que pode gerar o vies de sobrevivencia; e c) nao serao realizados calculos para todos os grupos de fundos de Renda Variavel e de Renda Fixa. A populacao deste trabalho foi composta por aproximadamente 3.000 fundos, das categorias acoes livre (Renda Variavel) e Renda Fixa. Com o intuito de testar com maior significancia a relacao risco-retorno entre as categorias propostas por este estudo, selecionou-se uma amostra aleatoria de 60 fundos que continham mais de 30 observacoes para cada periodo. Esta amostra foi submetida aos mesmos testes efetuados para a populacao, sendo feito posteriormente uma comparacao nos resultados a fim de verificar a confiabilidade e semelhanca dos mesmos.

Resultados, concluses e suas implicaes:
No que diz respeito ao Patrimonio das categorias estudadas, observa-se um crescimento deste para os fundos de Renda Fixa, no periodo de crise, tanto quando se trata da populacao quanto da amostra deste estudo. Ja para os fundos de Renda Variavel percebe-se uma leve diminuicao em seus valores de patrimonio, tambem neste periodo. Este crescimento nos fundos de Renda Fixa no periodo de crise, e consequentemente a leve queda nos fundos de Renda Variavel, pode ser explicado por investidores mais conservadores poderem ter optado neste periodo em fazerem seus investimentos na primeira categoria. Em ambos os periodos houve diferenca significativa, ao nivel de 95% de confianca, para a amostra selecionada. Obteve-se como resultado valores superiores de Renda Fixa para o periodo nao crise comparados ao periodo crise. Cabe destacar que estes resultados foram os mesmos obtidos com o calculo do indice para a populacao do estudo. Os fundos de Renda Variavel tiveram comportamento semelhante, menores valores para o periodo crise, o que tambem corrobora com o ja evidenciado para as carteiras completas. Evidenciando-se que os retornos destes fundos neste periodo foram menores e/ou o desvio padrao do risco desta carteira foi maior. Resultados similares foram evidenciados por Klafke (2010), que tambem constatou no periodo de 2008 a 2010 que investimentos em forma de acoes sao muito frageis quando alcancados pelos efeitos de uma crise. Ou seja, nestes periodos, para investidores preocupados na relacao risco-retorno de seus investimentos e preferivel a opcao pelo investimento em Renda Fixa que, conforme mostra a Tabela 2, apresentou indices superiores aos fundos de Renda Variavel. Pode-se observar que para todos os periodos o calculo deste indice foi negativo, o que indica que o retorno dos fundos nao esta sendo suficiente para cobrir a parcela de risco que os mesmos estao expostos. Destaca-se que estes resultados devem ser avaliados com cautela, pois o benchmark utilizado nesta etapa foi o Ibovespa, um indice que nao e uma taxa livre de risco, mas e a recomendada para o calculo deste indice. E importante ainda mencionar que o Indice de Sortino se torna eficiente quando analogo a outros indices, principalmente com o Indice de Sharpe, conforme argumentam os autores Caldeira e Oda (2007). Estes resultados contrariam os de Fonseca et al. (2007), ja que em seu trabalho os autores encontraram valores positivos para o periodo de 2001 a 2006 o que declara que seus retornos foram superiores ao retorno minimo aceitavel durante todo este periodo, o que nao foi evidenciado neste trabalho. De forma geral os fundos de Renda Variavel com o calculo do indice de Sortino foram superiores em termos de risco-retorno aos fundos de Renda Fixa. Porem, com a evidenciacao destes valores negativos constata-se que os valores do Ibovespa foram superiores durante todo o periodo ao retorno proporcionado pelas carteiras. Sendo assim, tanto para aqueles investidores conservadores, quanto para os mais arriscados a decisao de investimento nao deve ser tomada com base somente nos valores apresentados por este indice. Assim como constatado com calculo do Indice de Sortino para os 3000 fundos, este resultado de melhores valores durante a crise para os fundos de Renda Variavel provavelmente ocorreu em razao de o Ibovespa, por ser um indicador de renda variavel, ter um comportamento para a volatilidade semelhante aos fundos de renda variavel. Com isso, as reducoes ocorridas na rentabilidade dos fundos de renda variavel foram acompanhadas pelo Ibovespa (nao se esta afirmando, aqui, necessariamente, uma relacao de causa e efeito); como os fundos de renda fixa nao apresentam alta correlacao com os retornos do Ibovespa, este indicador pode tender a apontar um menor valor para estes fundos, que possivelmente terao maior numero de observacoes na cauda inferior na estimativa do downside risk. Sendo assim, tendo em vista as limitacoes e o objetivo geral deste trabalho, conclui-se que tanto para investidores mais conservadores quanto para aqueles mais arriscados, visando a relacao risco-retorno, o ideal seria que os mesmos optassem por investirem seus recursos em fundos de Renda Fixa.

Referncias bibliogrficas:
Banco Central. (1996) Circular n 2.688, de 5 de junho de 1996. Dispoe sobre a aplicacao de recursos de fundos de investimento financeiro. Disponivel em: . Acesso em: 12 agos. 2014. Comissao de Valores Mobiliarios. (2004) Instrucao CVM n 409, de 18 de agosto de 2004. Dispoe sobre a constituicao, a administracao, o funcionamento e a divulgacao de informacoes dos fundos de investimento. Disponivel em: . Acesso em: 12 agos. 2014. Fonseca, N. F., Bressan, A. A., Iquiapaza, R. A., & Guerra, J. P. (2007) Analise do Desempenho Recente de Fundos de Investimento no Brasil. Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, v. 18, n. 1, p. 95-116. Gremillion, L. (2005) Mutual Fund Industry Handbook. Disponivel em: . Acesso em: 01 fev. 2014. Iquiapaza, R. A. (2005) Condicionantes do Crescimento dos Fundos Mutuos de Investimento no Brasil e no Peru: um estudo das captacoes liquidas agregadas. 191f. Dissertacao (Mestrado) Curso de Administracao, Faculdade de Ciencias Economicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Morin, R. A., & Suarez, F. (1983) Risk Aversion Revisited. The Journal of Finance, [s. l.], v. 38, n. 4, p. 1201-1216. Rassier, L. H. (2004) Analise de retorno dos fundos de renda fixa brasileiros atraves de indicadores de mercado. 130f. Dissertacao (Mestrado) Curso de Administracao, Escola de Administracao, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Stutzer, M. A. (2009) Portfolio Performance Index. In: LAWTON, P.; JANKOWSKI, T. Investment Performance Measurement: evaluating and presenting results. CFA Institute Investment Book.

 

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