Resumo: O presente artigo teve como objetivo examinar o efeito da substituição dos auditores independentes em empresas de capital aberto brasileiras sobre a qualidade das auditorias, em especial após a implantação do regime de rotação obrigatória dos auditores independentes (“rodízio”) através da Instrução 308 da CVM de 1999. Os escândalos contábeis corporativos internacionais recentes e a atenção regulatória sobre o tema do “rodízio” despertaram um renovado interesse acadêmico no assunto, incluindo o desenvolvimento de proxies para a qualidade das auditorias. Dentre as proxies de qualidade das auditorias identificadas na literatura internacional, elegemos as medidas baseadas em provisões, com ênfase nas provisões ditas discricionárias. Este estudo coletou evidências de que a correlação entre a extensão do relacionamento auditor-auditado e a qualidade das auditorias, avaliada à luz das provisões discricionárias, pode não ser significativa para as empresas que voluntariamente aderiram a níveis especiais de governança corporativa e são auditadas pelas firmas chamadas Big-N, sugerindo que os mecanismos auto-regulados de governança, aliados às políticas e procedimentos de controle de qualidade das grandes firmas internacionais de auditoria, possam neutralizar os efeitos negativos potenciais da relação continuada entre auditor e auditado sobre a qualidade das auditorias, sobre os quais a Instrução 308 da CVM pretendeu atuar. |