Resumo: O presente artigo teve como objetivo examinar a percepção dos investidores do efeito da troca de auditores independentes em empresas de capital aberto brasileiras sobre a qualidade das auditorias, em especial após a implantação do regime de rotação obrigatória dos auditores independentes em 1999. Os escândalos contábeis corporativos internacionais recentes e a atenção regulatória sobre o tema do “rodízio” despertaram um renovado interesse acadêmico no assunto. Através da análise dos retornos anormais no mercado brasileiro, o estudo coletou evidências que sugerem uma associação positiva entre a percepção do mercado, a qualidade dos resultados e a extensão do relacionamento entre o auditor independente e seu cliente, considerando-se as empresas que voluntariamente aderiram aos níveis especiais de governança corporativa da Bovespa e são auditadas pelas firmas chamadas Big-N. Os resultados sugerem que os mecanismos auto-regulados de governança, aliados às políticas e procedimentos de controle de qualidade das grandes firmas internacionais de auditoria, eventualmente neutralizam os efeitos negativos decorrentes da ameaça à independência em função da exposição continuada entre auditor e cliente, que foi um dos aspectos sobre o qual a Instrução 308 da CVM pretendeu atuar. |