Resumo: O conhecimento do real nunca é imediato, nem pleno. O real nunca é o que se poderia achar, mas é sempre o que deveria ser pensado. A partir da compreensão dos princípios das Ciências Naturais e Ciências Humanas, dos obstáculos epistemológicos de Bachelard e dos conceitos sobre complexidade de Morin e Demo, esta pesquisa teve como propósito promover uma incursão, apoiada na epistemologia da complexidade, para discutir as conclusões de uma amostra de 40 manuscritos científicos publicados na 11ª edição do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. Os resultados revelaram um quadro ainda muito afastado da matriz das complexidades. Os pesquisadores ainda mostram um espírito científico incapaz de reconhecer e avaliar o nível de complexidade envolvido em uma investigação científica, uma vez que, piamente, acreditam que o conhecimento científico é o reflexo do real. Tal posicionamento é ainda mais acentuado quando as investigações são orientadas por uma abordagem positivista, com o uso de métodos e técnicas estatísticas. Os autores pouco se aprofundam na análise e compreensão dos resultados obtidos; entendem que as incertezas e inconformidades sejam resolvidas quando dos achados de seus estudos; adotam uma postura simplista, quase ingênua, sobre o processo de construção do conhecimento científico; não atentam para possíveis incompletudes, desordens, contradições, dificuldades lógicas e a complexidade dos fenômenos, constituindo-se enorme desafio tratar do conceito e da epistemologia da complexidade nessa área. Todavia, as mudanças de orientação já experimentadas na pesquisa contábil indicam ser possível mais uma transformação pela incorporação da matriz da complexidade nas pesquisas sobre Contabilidade e Controladoria. |