Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 360, Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Código: 360

Área Temática: Área III: Contabilidade Financeira

Título: Empresários Contábeis da Grande São Paulo: Atributos Importantes no Desempenho da Profissão

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O universo de atuação da contabilidade alcança pessoas físicas e jurídicas. O profissional deve ter habilidades para desempenhar a profissão em um ambiente de negócios que requer informações para subsidiar decisões. Uma possibilidade é ser empresário nas Organizações Contábeis (OC´s), nas quais o profissional deve aplicar conhecimentos atuais, traduzindo as normas impostas por vários órgãos para aplicá-las de forma correta, orientar colaboradores e enviar informações aos clientes, prestando serviços confiáveis. Isto requer algumas características e atitudes: iniciativa, liderança, criatividade, autodidatismo, agilidade, flexibilidade, gerir riscos, outros idiomas, conhecer informática (Franco, 1999). As características e técnicas contábeis aumentam o leque de atuação profissional, revelam uma promissora carreira e são exigidas na Grande São Paulo, o centro econômico com o maior número de OC´s em atividade. Busca-se resposta à questão: quais os atributos inerentes ao desempenho da profissão contábil de um grupo de sete empresários contábeis da Grande São Paulo? O objetivo central é analisar os atributos inerentes no desempenho da profissão por um grupo de sete empresários contábeis da Grande São Paulo. Os objetivos específicos são: descrever e analisar: características das OC´s e dos respondentes; estratégias adotadas e o perfil de gestão das OC´s; a trajetória profissional e o perfil empreendedor dos respondentes. Não há estudos anteriores, revelando uma lacuna. O número de OC´s com registros ativos no CFC aumentou em 21,5% entre 2004 e 2013. O número de OC´s sob a forma individual reduziu a partir de 2010, crescendo o das constituídas como sociedades e empresárias. A Resolução CFC nº 1.390 (2012) corrobora esta mudança e ajuda a valorizar este segmento da profissão.

Base da plataforma terica:
O porte e a complexidade das OC´s variam em função de constituição, ramo, porte dos clientes e serviços prestados (Figueiredo e Fabril, 2000). A evolução das empresas, a tecnologia e as exigências ambientais afetaram a prestação dos serviços contábeis. Os sócios das OC´s deixaram a execução, passando a comandar os empregados e gerir o negócio (Thomé, 2001). Ao buscar o sucesso, o empresário contábil precisa de uma marca pessoal positiva para sua imagem, oferecer produtos e serviços diferenciados, atender as demandas dos clientes, atento aos anseios e tendências da clientela (Peleias et al, 2007). É preciso oferecer outros serviços além dos contábeis tradicionais (Koonar, 2007). A experiência dos sócios requer conhecimento para aplicação prática, adquirindo atitudes e julgamentos úteis à atuação profissional (Schaeffer e Peluchette, 1995). As OC´s são formadas com base na divisão do trabalho, por especialidade de serviços, setores ou departamentos (Spinelli, 2000). A análise das atitudes dos sócios a cada década permite entender a gestão da moderna OC (GATTI, 2000). Os serviços por elas prestados variam em função das demandas dos clientes, requerendo qualidade e profissionais conhecedores das atividades que realizarão. O perfil dos empregados deve ser adequado à sua atuação e sugere qualificações por área de atuação. O ato de empreender é tão antigo quanto o homem (Ângelo, 2003). O espírito e a cultura empreendedora são parte da história da humanidade e estão enraizados na civilização (Greatti, 2005). O homem não nasce empreendedor, desenvolve a característica em seu meio, positiva ou negativamente afetado pelo ambiente da época (Emmendoerfer, 2001). A evolução do empreendedorismo permite relacionar o comportamento do empreendedor aos resultados do negócio. O empreendedor inova e cria oportunidades (Campos, 2007). É dedicado, determinado, oportunista, percebe oportunidades de negócio (Dornelas, 2012). É um comportamento de pessoas desassossegadas, de características específicas. Concebem ideias a partir de um objetivo central e aprendem em situações boas ou ruins, gerando ideias e resultados. Fatores externos favorecem o empreendedorismo sob os parâmetros psicológicos, demográficos, perspectivas econômicas da região do empreendimento, em função da exploração das oportunidades e da da evolução organizacional requerida em formas estratégicas de atuação (Mello, Neves, Valenzuela, & Machado, 2010). Perfis empreendedores surgem: a) na família, influenciado por pais empreendedores; b) educacionalmente, os instruídos empreendem mais, o que permite ensinar, gerir os problemas e oferece expertise à atividade da empresa; c) dos valores pessoais norteadores do comportamento. Os anseios do empreendedor definem seu posicionamento social, motivam a criatividade e a motivação; d) na faixa dos trinta anos, pois requer experiência; e) da vivência profissional prévia, que condiciona aspectos positivos e negativos, aqueles relativos às áreas conhecidas do empreendedor e estes no caso contrário, culminando em situações de risco. Define-se o empreendedor em termos de comportamentos e atitudes, não de traços de personalidade ou outras características inatas. Não se pode prever quem será empreendedor, mas pode-se ver as características que se tem e quais competências ainda faltam (Ferreira et al, 2010). Empreendedores orientam os liderados ao invés de controlá-los, compreendem e exploram o potencial das pessoas, buscam desenvolver empresa e colaborador (Cruz, 2009). A noção empreendedora surge no proprietário do negócio ou no gerente do empreendimento.

Mtodo de investigao:
A investigação é qualitativa, feita para identificar e mensurar fenômenos subjetivos, envolvendo reflexões sobre as percepções, para obter um entendimento das atividades sociais e humanas. É descritiva, pois foi usada para identificar e obter dados sobre características de determinado problema ou questão. Houve a pesquisa de campo com entrevistas presenciais, usando a técnica da história oral. Buscou-se obter os dados sobre os atributos relativos à trajetória e ao perfil empreendedor dos sete entrevistados, da forma como ocorre na realidade estudada. Houve a coleta de dados e o registro de variáveis consideradas relevantes, diretamente na realidade, para subsequentes análises. A história oral é um procedimento integrado a uma metodologia que privilegia entrevistas e depoimentos com pessoas que participaram de processos históricos ou viveram acontecimentos em sua vida privada ou coletiva (Delgado, 2006). O indivíduo é a fonte de dados, ao contar a história ou dar seu depoimento, sem ser ele próprio o objeto de estudo; a matéria prima do entrevistador é a narrativa do entrevistado; o pesquisador tenta aprender as relações sociais em que o fenômeno relatado e seu narrador se inserem (Lang, 1996). A história oral permite trazer vida para dentro da história (Thompson, 1992). Houve o contato prévio, sendo declarados os objetivos de pesquisa aos entrevistados, que aceitaram participar. Usou-se, nas entrevistas presenciais gravadas, um roteiro com questões sobre a administração da OC e as competências empreendedoras do entrevistado. O roteiro de entrevista possui 13 perguntas abertas e 2 blocos. Os entrevistados tiveram liberdade para falar sobre o assunto perguntado. O bloco 1, com sete perguntas, levantou o perfil de administração da OC. O bloco 2, com seis perguntas, levantou o perfil empreendedor do entrevistado. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra (Thompson, 1992). A transcrição gravações foi feita de acordo com as orientações de Alberti (2005): ouviu-se uma parte da gravação para a familiarização do discurso; ouviu-se a construção das frases e realizou-se a transcrição. O material transcrito, respeitando o discurso original, foi remetido aos entrevistados, para a validação requerida. Os achados foram analisados em cotejo com a plataforma teórica.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Os entrevistados, escolhidos por sua representatividade e fatos comuns a eles no segmento, fundaram sete OC´s de destaque na Grande São Paulo. Todos presidiram órgãos da profissão federais, estaduais e municipais: Conselho Federal de Contabilidade; Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo; Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo e Sindicato dos Contabilistas de São Um foi deputado estadual por seis mandatos. As perguntas do bloco 1 revelaram que: em todas as OC trabalham parentes dos sócios em cargos de relevância, o que para a maioria influencia na gestão da OC confirmando-se parcialmente Liba et el (2001) e Ferreira el al (2010); há delegação de autoridade, uma característica de liderança, em sintonia com o trabalho de Cruz (2009); existe boa relação profissional entre sócios e empregados, em um ambiente de trabalho agradável e de liberdade, corroborando o processo de mudança no comportamento dos sócios apontado por Gatti (2000); o recrutamento privilegia os jovens, honestos, dedicados, com vontade de crescer, que gostem da profissão e alinhados ao perfil das OC. A experiência fica em segundo plano, pois os serviços serão aprendidos com o tempo, como apontado por Thomé (2001) e Brundo et al (2004); não há estratégias de marketing declaradas e os novos clientes são conquistados por indicações dos antigos, confirmando os achados de Peleias et al (2007), na mesma Região; ocorre o planejamento estratégico, com reuniões periódicas com os gestores das OC, achado diferente do relatado por Peleias et al (2011) após analisarem 50 OC´s da mesma Região; as outras OC são consideradas parceiras na profissão, não concorrentes. Foi apontada a existência de profissionais despreparados, oferecendo serviços baratos e de má qualidade, desvalorizando a profissão. As perguntas do bloco 2 revelaram que: as características requeridas ao sucesso no segmento são: conhecimento, manter-se atualizado, competência, honestidade, seriedade, luta, dedicação e persistência, confirmando Dornelas (2012), Ferreira et al (2010) e Mirshawka (2004); as características que explicam o sucesso dos entrevistados são: agir com ética; seriedade e honestidade com os clientes; confiança, persistência e perseverança; entendem que o profissão passa por um bom momento com várias oportunidades e que não se deve olhar apenas o dinheiro, pois é uma consequência natural; quatro deles consideram que está mais difícil ter sucesso como empreendedor devido a complexidade do mercado, um acha que está mais fácil, basta acreditar e se convencer daquilo que se deseja, dois acham indiferente, pois depende de se estar preparado para agarrar as oportunidades que surgem; todos se consideram empreendedores, por questões como: buscar novos desafios, sempre planejar e empreender algo novo, começaram suas empresas de forma pequena e hoje ocupam lugar de destaque na profissão, confirmando os achados de Matias e Carvalho (2012) e Silva e Solino (2012). Considera-se que os objetivos propostos foram alcançados e que as respostas dos entrevistados revelam características e perfis inerentes ao desempenho da profissão, tais como: iniciaram as organizações de forma simples, em torno de um ambiente familiar; são estruturadas de forma departamentalizada delegando poderes; atingiram com muito trabalho, dedicação e persistência lugar de destaque dentro da profissão contábil; executam as atividades pautados na ética, honestidade e seriedade; procuram novos desafios e empreendimentos e possuem como meta a valorização da profissão contábil. Pela importância do tema e a riqueza das entrevistas efetuadas sugere-se realizar novas pesquisas para identificar atributos importantes no desempenho da profissão contábil em outras regiões, podendo ser efetuadas comparações posteriores com essa pesquisa.

Referncias bibliogrficas:
Brundo, A. S., Macke, J., & Ghedine, T. (2004, outubro). Um estudo exploratório-descritivo das competências individuais em empresas de serviços contábeis de Porto Alegre. Revista Eletrônica de Administração – REAd, 10(5). Recuperado em 22 julho, 2012, de http://www.read.ea.ufrgs.br/edicoes/pdf.php?cod_artigo=296&cod_edicao=41&cod_lista_edicao=41 Delgado, L. A. N. (2006). História oral – memória, tempo, identidades. Belo Horizonte: Autêntica. Dornelas, J. C. A. (2012). Empreendedorismo: transformando ideias em negócios (3a ed. rev. atual.) Rio de Janeiro: Campus. Figueiredo, S., & Fabri, P. E. (2000). Gestão de empresas contábeis. São Paulo: Atlas. Gatti, I. C. (2000, fevereiro). As empresas de serviços contábeis no ano 2000. Revista Brasileira de Contabilidade, (121), 8-21. Koonar, K. (2007, june). CPA firms and functions. Retrieved november 1, 2011, from http://www.easyarticlesubmit.com/Article/CPA-Firms-and-Functions/9024 Lang, A. B. da S. G. (1996). História oral: muitas dúvidas, poucas certezas e uma proposta. In J. C. S. B. Meihy (Org.). (Re)Introduzindo a história oral no Brasil. São Paulo: Xamã. Peleias, I. R., Castro, F. H. F., Jr., Cunha, M. L., & Segreti, J. B. (2011, abril). Planejamento estratégico em organizações contábeis na Cidade de São Paulo. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade - REPeC, 5(1), 73-98. Recuperado em 15 abril, 2012, de http://repec.org.br/index.php/repec/article/viewArticle/56

 

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