Anais do XIV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 161, Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Código: 161

Área Temática: Área IV: Contabilidade Gerencial

Título: Anlise da Utilizao de Custo de Concorrentes: um Estudo em Empresas do Segmento Metal Mecnico do RS

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O objetivo do artigo é identificar o conhecimento e o uso de técnicas de análise de custos de concorrentes por empresas do segmento metal mecânico do Rio Grande do Sul. As técnicas de análise de custos de concorrentes, emergem do entendimento da estratégia competitiva, dos elementos que compõem a concorrência em suas várias dimensões, inserindo-se no contexto da gestão estratégica de custos. Trata-se de um estudo exploratório com abordagens descritiva e quantitativa. Os dados foram obtidos por questionários respondidos por 43 empresas localizadas nos Vales do Rio Pardo, Vale do Taquari e Serra Gaúcha, no estado do RS. Para tratamento dos dados utilizou-se a estatística descritiva e a análise de componentes principais. Os achados da pesquisa indicam que as principais fontes de informações sobre os concorrentes utilizadas pelas empresas são os clientes, o pessoal da área comercial e os fornecedores. Os resultados evidenciam também que das oito práticas de análise de custo de concorrente pesquisadas, a de maior conhecimento é a engenharia reversa, porém a de maior utilização é o acompanhamento da posição competitiva. Os elementos porte e posicionamento estratégico não representaram fatores contingencias a utilização da análise de custos de concorrentes. As análises permitiram ainda agrupar as praticas em três componentes, o que pode facilitar a aplicação das técnicas por parte das empresas, bem como faz emergir a possibilidade da construção de uma teoria diferente daquela até então conhecida. Como limitações identificou-se a escassa literatura sobre o tema, tanto internacional como nacional, bem como a amostra utilizada que foi composto por um único segmento industrial e de uma região específica, não permitindo a generalização dos resultados.

Base da plataforma terica:
Os recursos pelos quais os concorrentes competem, não ficam limitados apenas em termos de menor custo do produto, maior qualidade e melhores prazos de entrega, mas em todas as variáveis estratégicas (Bromwich, 1990). A concorrência é uma característica de mercado decorrente da ação de empresas rivais, denominadas competidoras ou concorrentes (Bertucci & Milani Filho, 2010). A análise de custos de concorrentes pode ser definida como a previsão e análise de dados de custos das empresas em relação a sua concorrência (Simmonnds, 1981). Esta análise é utilizada para o desenvolvimento e acompanhamento da estratégia de negócios, especialmente os níveis relativos à evolução dos custos, preços, volume, quota de mercado, fluxo de caixa e a proporção exigida dos recursos totais de uma empresa e dos seus concorrentes. O objetivo da análise de custos de concorrentes é construir uma base de dados sobre os concorrentes, a ser constantemente atualizada a fim de identificar potenciais vantagens competitivas sustentáveis (Ward, Hewson & Srikanthan, 1992). Isso está alinhado a Porter (1980), que sugere que a análise da concorrência é fundamental para a busca da vantagem competitiva, uma vez que estes dados podem permitir que a empresa tenha condições de desenvolver estratégias pró ativas, antevendo o que o mercado vem fazendo. O tema vem sendo abordado desde Simmonds (1981, 1982, 1986), sendo este considerado um dos seus autores seminais. Outras contribuições relevantes foram desenvolvidas por Guilding (1999), que além da discussão sobre a contabilidade focada nos concorrentes (CFA), traz três fatores contingencias que foram encontrados e desempenham papéis significativos relacionados ao uso da CFA e cuja relevância é percebida: tamanho da empresa, estratégia competitiva e missão estratégica. Estes três fatores de Guilduing (1999) fazem emergir a necessidade da inserção na discussão do tema, a teoria da contingência, que afirma que características empresariais precisam se adequar ao nível de variáveis contingenciais, a fim de ter um desempenho superior. Essa adaptação organizacional ocorre quando uma organização provoca mudanças em suas características, em função de mudanças no ambiente (Donaldson, 2012). A teoria considera que uma gestão está sujeita a várias restrições internas e externas, e estas podem influenciar o desempenho de uma organização (Ganescu, 2012). A otimização da estrutura varia diretamente com os fatores contingenciais, sendo eles a estratégia, o tamanho, o grau de disponibilidade ao risco e incerteza, a tecnologia, entre outros (Donaldson, 2012). A análise de custos de concorrentes representa uma forma eficaz de verificar se a companhia utiliza-se de uma estrutura de custos competitiva ao se comparar com a estrutura de seus concorrentes (Casella, 2008). Identificar os principais fatores determinantes de custos em um dado setor ou empresa pode indicar caminhos para melhorar os sistemas de inteligência competitiva e refinar as análises de concorrência no que tange aos custos. Não há unanimidade na determinação fixa sobre quais práticas devem ser utilizadas nos diversos contextos, bem como no seu entendimento na literatura. A aplicabilidade das técnicas apresenta limitações de entendimento e, sobremaneira, no que tange a disponibilidade das informações por parte das empresas sobre seus concorrentes, visto que em grande parcela trata-se de informações estratégicas.

Mtodo de investigao:
Trata-se de um estudo exploratório com abordagem quantitativa. Essa abordagem metodológica apresenta três características principais, ou seja, envolve a coleta de informações através de questionários estruturados, é predominantemente um método quantitativo e estruturado através de uma amostra selecionada (Malhotra & Grover, 1998). A natureza da pesquisa enquadra-se como descritiva (Gil, 2008), pois seu foco é descrever o fenômeno investigado como ele se encontra no ambiente, no caso a utilização das práticas de análise de custos de concorrentes por empresas do ramo metal mecânico do Rio Grande do Sul. A amostra foi selecionada por conveniência e facilidade de acesso do pesquisador. Classifica-se, portanto, como não probabilística. Para coleta de dados foi elaborado um questionário de pesquisa, cujas questões foram definidas considerando principalmente os conceitos de Guilding (1999), Hoffjan e Heinen (2005) e Hesford (2008). Com afirmações estruturadas, utilizando-se a escala do tipo Likert de seis posições (1:equivalente a discordo totalmente; 5 concordo totalmente). A posição 6 equivale a NS (não sei). Primeiramente foi realizado um pré-teste com três gestores de empresas que atuam no ramo metal mecânico. Nesta etapa foi identificada a necessidade de ajustar as descrições de várias práticas de análise visando facilitar a compreensão dos respondentes. Além disso, houve também a recomendação de questões repetitivas e/ou de duplo sentido. Após esse processo o questionário foi disponibilizado de forma eletrônica para aquelas empresas que aceitaram participar de pesquisa. A análise dos dados foi feita por meio da estatística descritiva, sendo realizadas análises quantitativas, como o cálculo das médias, mediana, desvio padrão, coeficiente de variação e coeficiente de correlação entre as variáveis testadas (práticas de análises de custos de concorrentes, porte da empresa e o posicionamento estratégico). Também foi feito o teste t de Student e a análise de componentes principais. As análises foram desenvolvidas com o apoio do SPSS versão 20.

Resultados, concluses e suas implicaes:
Constatou-se que a principal fonte de informações sobre os concorrentes são os clientes, com ocorrência em 93,3% dos casos, seguido do pessoal da área comercial e fornecedores com 60,0% e 53,3% respectivamente. O uso da internet como fonte também é expressivo, apesar de menor que os anteriores, situado em 40%. Dados divulgados pelo Governo, relatórios financeiros, empresas terceirizadas e ex- funcionários tiveram uma baixa utilização. Outras fontes de informações além das questionados não foram identificadas. Quando questionados se possuem na empresa uma metodologia definida para analisar seus concorrentes, apenas 20% declarou que sim, logo, 80% da amostra, não possui um método definido para analisar o custo de seus concorrentes. Dentre as práticas de análises de custos de concorrentes pesquisadas, aquela que apresentou ser mais utilizada é a do acompanhamento da posição competitiva, divergindo com o resultado identificado por Souza, Jaroseski e Marengo (2012), que identificou a prática da engenharia reversa. Contudo, confirmou o que Guilding (1999) identificou como a de maior observação. O estudo de Guilding (1999) também identificou que há correlação entre as práticas de análise de custos de concorrentes e a posição competitiva, missão estratégica e o porte da empresa, demonstrando que as mesmas apresentam fator de contingência ao estudo. De forma comparativa, foi feito o calculo do coeficiente de correlação (r), testando primeiramente os resultados com base no conhecimento sobre as práticas de análise versus o posicionamento estratégico e, após, as práticas com o porte das empresas Em relação ao conjunto de práticas, pode-se concluir que há uma fraca correlação entre as práticas e o porte das empresas com um resultado (r) de apenas 0,12; já em relação ao posicionamento estratégico, o resultado indica uma correlação moderada, não se confirmando o que havia sido identificado por Guilding (1999), onde as duas variáveis apresentaram correlação com as práticas. Quanto ao porte, que apresentou mais fraca correlação, tal resultado pode ter como principal motivador o fato de que não houve uma paridade entre as empresas de portes distintos, uma vez que do total de participantes, 80% eram micro ou pequenas empresas. O estudo possibilitou identificar o nível de conhecimento e utilização da análise do custo de concorrentes em empresas do setor metal mecânico localizadas nos Vales do Rio Pardo, Taquari e Serra Gaúcha, do Rio Grande do Sul. A média ponderada do nível de conhecimento das práticas foi de 2,20 pontos, em uma escala de 1 a 5, já o nível de utilização identificado foi de 2,50 pontos. Os resultados podem ser considerado baixos, devido a relevância desta ferramenta na gestão de custos das empresas, alcançando assim parte do objetivo do estudo. Em relação as variáveis posicionamento estratégico e porte constatou-se correlação moderada no primeiro caso e fraca correlação no segundo em relação ao porte. O que demonstra que dado o perfil das empresas pesquisadas a utilização da análise do custo de concorrentes não apresenta limitação para uso. Novas práticas de análise não foram identificadas como de uso abrangente, com exceção da engenharia reversa. Quanto a qualidade e confiabilidade das informações internas nas empresas, o nível identificado foi de aproximadamente 62%. As principais fontes de informações sobre concorrentes utilizadas pelas empresas foram os clientes, pessoal próprio da área comercial e fornecedores. Quanto a necessidade de maior compreensão das práticas, o estudo demonstrou que é possível reduzir o número de práticas, agrupando em apenas três componentes o que pode facilitar a aplicação por parte das empresas, bem como faz emergir a possibilidade da construção de uma teoria diferente daquela até então conhecida. Dadas as limitações da amostra utilizada nesta pesquisa (único segmento industrial e de uma região específica), tem-se como sugestão para estudos futuros a utilização de amostra mais variada em diversos segmentos e de várias regiões geográficas. Acredita-se que com amostra mais robusta seja possível extrair achados e conclusões mais significativas.

Referncias bibliogrficas:
Costa, S. A. (2011). Análise de custos de concorrentes: um estudo dos determinantes de custos no setor de eletroeletrônicos (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Donaldson, L. (2012). The Contingency Theory of organizations. London: Sage Publications. Guilding, C. (1999). Competitor-focused accounting: an exploratory note. Accounting, Organizations and Society, 24(7), 583-595. Heinen, K. C., & Hoffjan, A. (2005). The strategic relevance of competitor cost assessment - an empirical study regarding competitor accounting. Jamar, 3(1), 17-34. Hesford, J. W. (2008). An empirical investigation of accounting information use in competitive intelligence. Journal of Competitive Intelligence and Management, 4(3), 17-49. Krzyzanowska, M., & Tkaczyk, J. (2013). Identifying competitors: challenges for start-up firms. Journal Internacional of Management Cases, 15(4), 234-247. Simmonds, K. (1981). Strategic management accounting. Management Accounting (UK), 59(4), 26-29. Souza, M. A., Marengo, S. T., & Jaroseski; S. (2012). Adoção de práticas de gestão externa de custos: um estudo multicaso em empresas da região da serra gaúcha. Revista Universo Contábil, 8(2), 43-63.

 

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