Anais do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 16, Área Temática: Área II: Auditoria e Perícia

Código: 16

Área Temática: Área II: Auditoria e Perícia

Título: A Percepo dos Auditores na Mensurao dos Instrumentos Financeiros a Valor Justo nas Instituies Financeiras

Resumo:
Propsito do Trabalho:
O valor justo, tem sido, h quase quarenta anos, um padro de avaliao de ativos e passivos pelo Financial Accounting Standard Board (FASB) em mais de trinta pronunciamentos como mensurao de valor. Defensores do valor justo como (BARTH (1994)(2006); BARTH e LANDSMAN, (2010); PEYTCHEVA e WRIGHT, (2010); GLAVAN (2010)) acreditam que essa a melhor representao da posio financeira de uma entidade por fornecer maior transparncia e relevncia das informaes para seus usurios. Opositores como (SCHIPPER, (2003); BESTON, BROMWICH e WAGENHOFER, (2006)), apontam maior complexidade e um julgamento inerente ao processo com subjetividade, o que facilitaria a ocorrncia de manipulaes contbeis. Identificar as causas na opinio dos auditores de uma questo polmica, controvrsia como a questo de mensurao, identificar possveis falhas no processo, e apontar as correes ou melhorias para a identificao de valores mais acurados e com isso minimizar o efeito da subjetividade. Assim sendo, qual a percepo dos auditores frente aos desafios e dificuldades existentes sobre o valor justo dos instrumentos financeiros complexos? O objetivo da pesquisa analisar a percepo dos auditores especialistas em instituies financeiras, em relao mensurao do valor justo dos instrumentos financeiros complexos nvel 3, nos aspectos de relevncia, mensurao e estimativas contbeis. A limitao do trabalho quanto opinio dos auditores. Vale ressaltar que a pesquisa retrata a situao paralela de 4 temas relacionados intrinsicamente, como: a) conceito e modalidade do valor justo; b) dificuldades inerentes ao processo de Fair Value Measurement; c) eficcia nos procedimentos de auditoria sobre o assunto de estimativas e d) complexidade de avaliao de derivativos

Base da plataforma terica:
As pesquisas sobre a opinio dos auditores na literatura estrangeira so escassas: Pannese e DelFavero (2010); Peytcheva e Wright (2010); Cohen et al. (2011); Kumarasiri e Fisher (2011),. No Brasil: Carvalho (1996), Antunes (1998), Martinez (2008, 2009); Almeida e Almeida (2009); Almeida e Colomina (2009), Braunbeck (2010), Araujo (2011), e Dantas (2012) dentre outros, contudo, os trabalhos se concentram mais na pesquisa sob os rodzios de auditoria, o tamanho da firma de auditoria (big four) e qualidade de auditoria. Pesquisas sobre a opinio do auditor algo indito onde h uma polemica sobre valor justo e custo histrico. Argumentos a favor e contra da contabilidade a fair value esto em curso h muitos anos. O principal argumento, a favor da avaliao de todos os ativos e passivos a fair value, que a mtrica fornece maior informao para o investidor, maior transparncia e maior utilidade dos relatrios de auditoria, ou seja, o FVA pode fornecer um retrato mais realista da posio financeira do que o custo histrico. Barth e Landsman (2010) contrapem afirmando que o SFAS 157 Fair Value Measurement FVM (FASB, 2006) especifica como estimar valores de mercado, limitando assim o alcance da capacidade da administrao para manipular essas estimativas. O assunto controverso, tanto para os contadores que so responsveis por sua mensurao como para os auditores que as examinam, que podem atingir efeitos relevantes s demonstraes financeiras, com reflexo direto na qualidade da informao contbil, alm do seu ambiente e aos seus usurios. Esses reflexos acabam surgindo como deficincias na qualidade da informao e so atribuveis mensurao do valor justo (FVM), e os procedimentos de auditoria e de imparidade repercutem em certas deficincias de avaliao, conforme consta nos ltimos relatrios de inspeo emitidos pelo Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) de abril de 2012 e 2013. O argumento a favor dos relatrios a custo histrico que no possui subjetividade. Ao contrrio do fair value, que pode exigir extensivo uso de julgamento, e frequentemente exige especialista de avaliao, o custo histrico geralmente mais objetivo. Com isso mais fcil se comprovar a avaliao e facilita o trabalho do auditor.A profisso de auditoria e os mecanismos de governana corporativa tm trabalhado para melhorar a qualidade do processo de informao financeira. Os auditores manifestaram apoio a um regime de contabilidade baseado em princpios que permitissem um maior julgamento sobre a representao das demonstraes financeiras sob a realidade econmica (DiPiazza et al.,(2008). O aumento da responsabilidade dos auditores susceptvel medida que percebem que h uma maior cobrana pela qualidade de seu julgamento e na tomada de deciso (PEYTCHEVA; WRIGHT, 2010).A Teoria Contbil recomenda que o aumento de responsabilidade em um processo utilizado para alcanar uma deciso, em oposio responsabilidade do resultado em si, melhora a qualidade do julgamento (SIEGEL-JACOBS & YATES, 1996; LERNER & TETLOCK, 1999). O principal argumento que normas baseadas em princpios induzem um alto nvel de qualidade no processo de prestao de contas por parte dos auditores (PEYTCHEVA & WRIGHT, 2010). Assim, como possvel alternativa e soluo para a subjetividade inerente ao processo de avaliao, a norma tenta restringir seus aspectos de gerenciamento, conforme afirma Barth e Lansman (2010).

Mtodo de investigao:
Para obteno da percepo do auditor independente, foi encaminhado atravs do surveymonkey um questionrio e como avalio a escala de Likert, desenvolvidas por Rensis Likert, no incio dos anos 30, sob a teoria organizacional. Foram catalogados 264 auditores independentes, no stio LiKedin, com qualificao julgada necessria para responder pesquisa. Assim foi possvel identificar: a) 122 auditores da KPMG Auditores Independentes; b) 53 auditores da PriceWaterHouse (PWC); c) 39 auditores da Deloitte Touche Tohmatsu Limited; d) 25 auditores da Ernst & Young Global Limited (EY); e) 4 auditores da Baker Tilly Brasil (hoje a 5 maior empresa de auditoria); f) 2 auditores da BDO Auditores Independentes; g) 17 auditores de Bancos entre eles: 1) 5 auditores do Sistema de Cooperativa de Crdito do Brasil SICOOB; 2) 3 auditores do Banco do Brasil AS; 4) 3 auditores da Caixa Econmica Federal CEF; 5) 2 auditores do Banco Central do Brasil BACEN; 6) 2 auditores do Banco Mercantil do Brasil BMB; 7) 2 auditores do Banco SAFRA; e h) 2 auditores de outras empresas de auditoria. O cadastro nesse stio permitiu identificar o estado, a regio e o pas do auditor conectado. Foi obtido um retorno de 23,49%, representando uma amostra de 62 respondentes, sendo considerada satisfatria devido s dificuldades na obteno de respondentes qualificados. Posterior analise das respostas foi aplicado o teste de regresso logstica (LOGIT) justificado pela necessidade de estimar a probabilidade de ocorrncia, ou no, de atitude e de perfil do auditor. O intervalo de confiana adotado foi de 95%. O segundo teste aplicado foi o teste de Kruskal-Wallis, a fim de identificar as caractersticas de cada grupo formado por mais de trs componentes como foi o caso da idade dos auditores e qualificao. O terceiro teste foi anlise de correspondncia (AC) que uma tcnica de anlise exploratria, levando em conta algumas medidas de correspondncia entre linhas e colunas. Como varivel dependente utilizou-se a formao acadmica (formado ou no em cincias contbeis), tempo de experincia na profisso (abaixo ou acima de quatro anos), idade do auditor (abaixo ou acima de 35 anos) e posio do auditor (neste caso, regresso logstica multinominal para scio, gerente e snior).

Resultados, concluses e suas implicaes:
No primeiro momento a identificao das funes dos auditores. Composta por 14 scios de empresas de auditoria (28% da amostra); 21 gerentes de auditoria (41% da amostra) e 16 sniores (31% da amostra), e 11 auditores que foram classificados como presidentes e diretores. No segundo, mister conhecer os dados demogrficos dos respondentes, como gnero, idade, grau de instruo, rea de formao e qualificao do auditor para, posteriormente, utilizar escalas e mapear o perfil dos respondentes. Quanto ao gnero, 87% da amostra so do gnero masculino, com 52 representantes. A maioria na faixa etria entre 26 a 35 anos; 78% de auditores com graduao completa, 8% de auditores com mestrado e 3% de auditores com doutorado. Como principal desafio e deficincia frente a contabilidade a FV, os auditores concordaram que os inputs no observveis so subjetivos e com dificuldade de implementao. Quanto aos modelos de avalio aplicados, foi considerado um impasse, com uma leve tendncia a considerar como consistentes e adequados. Quanto s melhorias no processo de estimativas contbeis, a maioria indicou como principal motivo a formao acadmica nos cursos de bacharelado em Cincias Contbeis como sendo insuficiente para o desenvolvimento pleno do trabalho de auditoria de FVM. Como segundo ponto, a ausncia de envolvimento de um especialista em finanas nas equipes de auditoria para suprir a falta de expertise do profissional de contabilidade em avaliar modelos de precificao de instrumentos financeiros. A anlise de regresso indicou que para os auditores formados em Cincias Contbeis, as variveis de reconhecimento de mensurao e controle de derivativos apresentaram p-value significativo. Para os auditores mais experientes (acima de 4 anos de profisso), as variveis significativas foram os princpios bsicos de controle e dificuldades inerentes em afirmaes de mudanas. Para os auditores acima de 30 anos, as variveis significativas foram ausncia de normas, ausncia do envolvimento do especialista. Como melhoria, sistema adequado de controle; Na qualificao, foi apontada divergncia de opinio quanto ao scio e gerente de auditoria na questo de falha de superviso. Por meio do teste de Kruskal-Wallis, foi identificada divergncia de opinio entre o gerente e o scio de auditoria nas questes sobre: a) os modelos de avaliao consistentes; b) necessrio um sistema de controle adequado para operaes com derivativos; c) a classificao do valor justo em hierarquia. Para o grupo de idades, foi identificado que os auditores acima de 30 anos concordaram mais com as questes que os mais jovens nos itens: a) necessrio um sistema de adequado de controle para operaes com derivativos; b) ausncia de normas de contabilidade; c) ausncia de envolvimento de especialista em finanas. A Anlise de Correspondncia teve como objetivo uma maior aproximao das respostas dos auditores e indicou para qualificao dos auditores as questes: a) ausncia de normas de contabilidade; b) ausncia de ceticismo profissional dos auditores; c) ausncia de envolvimento de especialistas em finanas nas equipes de auditoria. Para anlise da idade do auditor, o teste foi significativo fazendo um paralelo com a idade de maior frequncia de 35 anos e qualificao gerente, presumindo um cuidado maior nos controles para o planejamento de trabalho: a) um sistema de controle adequado de gerenciamento de riscos de derivativos; b) ausncia de ceticismo profissional dos auditores. A questo demonstra que a maioria dos auditores que discordaram da questo est na faixa etria de 31 a 35 anos. Os auditores que nem concordam e nem discordam esto na faixa etria acima de 50 anos, e a maioria que concordou est faixa etria mais nova de carreira com at 35 anos de idade. Os auditores mais jovens, com idade at 35 anos, que ainda executam trabalho de campo, consideram que a ausncia de ceticismo profissional pode prejudicar o trabalho de auditoria, o que vai de encontro com a teoria comentada devido volatilidade, ceticismo e o risco de auditoria.

Referncias bibliogrficas:
ACUITAS, INC.S. Survey of fair value audit deficiencies. April, 2012; http://www.acuitasinc.com/documents/Survey_of_Big_Four_Fair_Value_Audit_Deficiencies_as_Reported_in_the_Wall_Street_Journal_-_final.pdf. Acesso em 12/10/2013; BARTH, Mary E. Fair value accounting: Evidence from investment securities and the market valuation of banks. The Accounting Review, 69(1), p. 1-25, 1994. _______.Including estimates of the future in todays financial statements. Accounting Horizons: September 2006, Vol.20, n 3, pp 271-285. 2006. BARTH, Mary E. LANDSMAN, Wayne R. How did financial reporting contribute to the financial crisis? European Accounting Review, vol. 19, n 3, 399-423, 2010. BENSTON, G. J. 'Fair-value accounting: A cautionary tale from Enron', Journal of Accounting and Public Policy, 25(4), pp. 465-484. 2006; FASB. Determining the fair value of a financial asset when the market for that asset is not active. FASB Staff Position, FSP FAS 157-3, October 10. http://www.fasb.org/pdf/fsp_fas157-3.pdf. Acesso em 12/08/2012 , FAS 159, The Fair Value Option For Financial Assets and Financial Liabilities Including an Amendment of FASB Statement Number 115, FASB, February 2007 NELSON, Mark W.; ELLIOTT, John; TARPLEY, Robin L. Evidence from Auditors about Managers and Auditors Earnings Management Decisions. The Accounting Review, vol.77, p. 175-202, Suplement, 2002.

 

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