Anais do XII Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade
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RESUMO DO TRABALHO

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Clique para abrir o trabalho de código 134, Área Temática: Área VI: Educação

Código: 134

Área Temática: Área VI: Educação

Título: Percepcao dos Discentes da Graduacao em Ciencias Contabeis quanto ao Comportamento no Ambiente de Trabalho: um estudo baseado na Teoria X e Y

Resumo:
Propsito do Trabalho:
A Teoria X, intitulada por McGregor como "hipotese da mediocridade das massas", o homem comum evitara, sempre que possivel, o trabalho; ou seja, possui uma aversao natural ao que e proprio de sua condicao enquanto trabalhador. Isto provoca uma especie de dependencia de ordens superiores que o impulsionem a produzir algo, ordens estas cumuladas de algum subterfugio que o incentive, dada a sua ambicao, a um maior empenho. Por sua vez, a Teoria Y aduz a ideia de que o trabalho e algo tao natural ao homem que se equipara ao lazer, em que pesem as condicoes lhe sejam favoraveis. Num paradoxo a teoria anterior, o cumprimento dos objetivos organizacionais esta ligado aos ganhos associados e nao ao controle rigido e as punicoes, eis que os homens sao altamente competentes em seus trabalhos, com responsabilidade e criatividade proprias, autogerindo-se, o que lhes apraz e diverte na realizacao de suas funcoes. A justificativa desse estudo reside na necessidade de se conhecer o perfil atual dos discentes dos cursos de graduacao em Ciencias Contabeis, em decorrencia da ampliacao do numero de vagas disponibilizadas e da proliferacao de instituicoes de ensino superior que o oferecem, e sua relacao com a postura que assumem no ambiente de trabalho, com a finalidade de identifica-los dentro do que dispoe a Teoria X e Y de McGregor (1960) e auxiliar as empresas a reconhecerem os profissionais que mais se enquadram na cultura da organizacao. Atraves do exposto, surge o questionamento direcionador da pesquisa: Qual o perfil dos discentes de Ciencias Contabeis e o comportamento destes no ambiente de trabalho de acordo com os pressupostos da Teoria X e Y?

Base da plataforma terica:
O aumento dos cursos superiores e observado atraves do Censo do Ensino Superior, elaborado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira), o qual mostrou, de 2007 a 2012, um aumento no numero de cursos superiores de 29,5%. No ambito do curso de Ciencias Contabeis, tambem e possivel verificar o aumento na oferta deste curso, assim como no numero de estudantes matriculados. Conforme informacoes fornecidas pelo INEP no Censo do Ensino Superior, os cursos presenciais de contabilidade tiveram um aumento de 26,1%, ja o numero de matriculas cresceu 30,7%. Diante desses aspectos de expansao dos cursos superiores, com foco no curso de Ciencias Contabeis, e necessario se conhecer um pouco do perfil dos discentes. As Teorias X e Y tornaram mais maduro o campo das relacoes humanas na gestao organizacional. Desenvolvida por Douglas McGregor esta sugere que as relacoes humanas nao trabalham bem em organizacoes com abordagem autocratica sem ideias que ajudem a motivar as pessoas (Hoque, 2006). Kaplan, Tausky e Bolaria (1972) destacam que as Teorias X e Y permitem uma melhor compreensao da natureza do homem e seu compromisso com o trabalho. Os autores afirmam ainda que a Teoria X trata de uma ideia mais convencional da gestao sobre o comportamento humano, enquanto que a Teoria Y possui pressupostos mais adequados sobre a natureza e a motivacao humana. McGregor (1999) destaca que a Teoria Y nao e definitivamente provada, mas esta tem sido aceita como a mais coerente tendo em vista o atual conhecimento das ciencias sociais. Quanto a comprovacao da validade da Teoria Y, Schein (1975) destaca que esta teoria e valida e suficiente para maioria dos comportamentos dos trabalhadores. Esta afirmacao esta baseada em quatro argumentos: 1- A teoria Y nao e uma teoria sobre como gerir trabalhadores ou uma organizacao e sim uma teoria sobre a motivacao humana; 2- A teoria nao afirma que todos os objetivos da organizacao e do trabalhador sao congruentes, mas que isso e possivel se a administracao escolher tornar possivel; 3- a Teoria Y nao propoe um modelo de gestao participativa sendo apenas uma declaracao do comportamento das pessoas e se este comportamento e ou nao adequado diante do perfil organizacional; 4- Os pressupostos da Teoria Y embasam a maioria das pesquisas sobre comportamento em grupo, conflitos gerenciais, resolucao de conflitos e grupos de referencia. Estudos anteriores apontam em seus resultados que o perfil das pessoas (genero, faixa etaria, faixa salarial) estao associados ao seu comportamento organizacional conforme a Teoria X e Y (Eagly, Johannesen-Schmidt, & van Engen, 2003; Kopelman et al., 2010; Russ, 2011, 2013). Kopelman, Prottas e Falk (2010) atraves de uma survey com estudantes, verificaram caracteristicas inerentes aos pressupostos da Teoria X e Y. Eles destacaram que variaveis como curso do respondente, empresa onde este trabalha e o genero interferem na visao quanto ao comportamento do empregado na organizacao. Eagly, Johannesen-Schmidt, Engen (2003) tambem afirmam que o genero interfere no comportamento organizacional e no estilo de lideranca. Russ (2011) verificou que o estilo de iniciativa a tomada de decisao influencia o comportamento destes perante as Teorias X e Y. Em outro estudo, Russ (2013) destacou que gestores que possuem algum tipo de receio, ansiedade ou medo de falar em publico sao mais orientados pela Teoria X.Desta forma, a hipotese norteadora do presente estudo e: H1: O perfil dos estudantes tem relacao com o comportamento destes diante dos pressupostos das Teorias X e Y.

Mtodo de investigao:
A amostra inicial que compoe o objeto de estudo do presente trabalho foi formada pelos estudantes do curso de graduacao em Ciencias Contabeis da cidade de Recife. Considerando o objetivo subjacente da pesquisa, que foi verificar qual o perfil dos estudantes e a relacao deste perfil com caracteristicas elencadas na Teoria X e Y sobre comportamento no ambiente de trabalho, foi realizada uma pesquisa survey com os estudantes que jaestagiavam ou trabalhavam. Foram aplicados em 02 instituicoes, uma publica e uma privada, do municipio de Recife, estado de Pernambuco. Desta forma, esta pesquisa teve como amostra inicial 280 estudantes de cursos de graduacao em Ciencias Contabeis, mas para a amostra final, soforam considerados validos o quantitativo de 215 questionarios. Os questionarios foram aplicados in loco, durante o periodo de aulas, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014. O instrumento de coleta utilizado foi adaptado do estudo desenvolvido por Kopelman et al.(2010), e foi divido em dois blocos: o primeiro bloco foi composto por perguntas de identificacao do respondente, de forma a permitir tracar seu perfil; o segundo bloco tratou das questoes sobre aspectos da Teoria X e Y. Todos os 15 itens deste segundo bloco foram pontuados atraves da escala Likert de 05 pontos, onde (1) significava discordo totalmente e (5) concordo totalmente. Para a primeira e segunda parte do questionario foi utilizada a estatistica descritiva, como forma de conhecer o perfil dos respondentes e a distribuicao das respostas em relacao as assertivas que trataram sobre os aspectos da Teoria X e Y. A segunda parte do questionario teve sua consistencia interna testada atraves do Alfa de Cronbach, o qual demonstra a confiabilidade interna do instrumento de coleta. Tambem foi realizado o teste de fator unico de Harman, que de acordo com Podsakoff, MacKenzie, Lee e Podsakoff (2003), tem sido uma das tecnicas mais utilizadas por pesquisadores para verificar o numero de fatores que sao necessarios para explicar a variancia de metodo. Para testar a hipotese H1 , foi realizado o teste qui-quadrado. Na organizacao e tabulacao dos dados foi utilizada a planilha MS-Excel 2010. Em seguida utilizou-se o software Statistical Package for Social Scienses SPSS para a analise dos dados.

Resultados, concluses e suas implicaes:
O presente trabalho teve por objetivo verificar qual o perfil dos estudantes de Ciencias Contabeis e a relacao deste perfil com caracteristicas elencadas na Teoria X e Y sobre comportamento no ambiente de trabalho. A Teoria X assume que o homem possui aversao ao trabalho e ira evita-lo e que ele deve ser coagido, dirigido e ameacado para que se esforce e realize os objetivos organizacionais, visto evitar a responsabilidade e possuir pouca ambicao. Ja a Teoria Y, por outro lado, preve que o homem entende que o trabalho e uma parte natural da vida e aprende a aceita-lo, de forma que se compromete com os objetivos da empresa sem que exista ameaca e punicao, alem de nao apenas aceitar, mas em certos momentos, buscar novas responsabilidades. Observou-se que, atraves dos 215 questionarios analisados, o perfil do estudante de graduacao seria do genero feminino, cursando o 6 periodo, no periodo noturno, com idade entre 18 e 24 anos, com vinculo empregaticio do tipo regido pela CLT, com renda variando entre 1 e 3 salarios minimos e por fim o setor de concentracao e o de servicos e comercio. Diante desse perfil levantado, verificou-se que existe uma concordancia com o perfil levantado em outros estudos (Gomes et al., 2013; Leal et al., 2013; Miranda et al., 2015). Com excecao da predominancia do genero masculino, visto a literatura ( Panucci Filho, 2011; Schmidt et al., 2012) apresentar uma maior concentracao de estudantes do sexo feminino no curso de Ciencias Contabeis. Com relacao a aceitacao das Teorias X e Y verificou-se que os respondentes estao mais alinhados ao abordado pela teoria Y embora em alguns pontos nao concordem totalmente com seus pressupostos. Adicionalmente, buscou-se relacoes estatisticamente significantes entre o perfil dos estudantes e as caracteristicas da Teoria X e Y. Desta forma, identificou-se que existe relacao com o comportamento dos estudantes diante dos pressupostos das Teorias X e Y, visto que as variaveis genero e idade interferem na percepcao de alguns dos pressupostos da Teoria X e Y destacadas neste trabalho, podendo-se assim aceitar parcialmente a hipotese H1 testada neste estudo. Diante dessas constatacoes, pode-se inferir que algumas variaveis de perfil (genero e idade) estao associadas com a Teoria X e Y. Tal fato corrobora com a literatura, visto estudos anteriores apontarem que variaveis de perfil interferem na visao e no comportamento organizacional no que tange a Teoria X e Y (Eagly, Johannesen-Schmidt, & van Engen, 2003; Kopelman et al., 2010; Russ, 2011, 2013). Portanto, pode-se concluir que, de forma geral, existe um alinhamento entre a literatura e a presente pesquisa quanto ao perfil dos estudantes e quanto a constatacao de que este perfil se associa a algumas caracteristicas da Teoria X e Y. Com base nos resultados, uma limitacao da pesquisa encontra-se na amostra utilizada, consistindo em apenas estudantes de graduacao de 2 instituicoes de ensino superior da cidade de Recife. Assim, como sugestao para pesquisas futuras recomenda-se a aplicacao de tal estudo em outras instituicoes, outros cursos de graduacao, como tambem em cursos de pos-graduacao, para possivel comparacao de resultados.

Referncias bibliogrficas:
Kopelman, R. E., Prottas, D. J., & Falk, D. W. (2010). Construct validation of a Theory X/Y behavior scale. Leadership & Organization Development Journal, 31(2), 120135. doi:10.1108/01437731011024385 Eagly, A. H., Johannesen-Schmidt, M. C., & van Engen, M. L. (2003). Transformational, transactional, and laissez-faire leadership styles: A meta-analysis comparing women and men. Psychological Bulletin, 129(4), 569591. doi:10.1037/0033-2909.129.4.569 Gurbuz, S., Sahin, F., & Kksal, O. (2014). Revisiting of Theory X and Y. Management Decision, 52(10), 18881906. doi:10.1108/MD-06-2013-0357 Kaplan, H. R., Tausky, C., & Bolaria, B. S. (1972). The Human Relations View of Motivation. Organizational Dynamics, 1(2), 6780. doi:10.1016/0090-2616(72)90013-7 Russ, T. L. (2013). The relationship between Theory X/Y: assumptions and communication apprehension. Leadership & Organization Development Journal, 34(3), 238249. doi:10.1108/01437731311326675 Schein, E. H. (1975). In defense of theory Y. 1Organizational Dynamics, 4(1), 1730. doi:10.1016/0090-2616(75)90002-9 Davis, K. (1972). Human Behavior at Work: Human Relations and Organizational Behavior. New York: McGraw-Hill Book Company. Hoque, Z. (2006). The human Relations Theory. In: Hoque, Z. (org.).Methodological Issues in Accounting Research. London: Spiramus.

 

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